VII Simpósio Internacional Trabalho, Relações de Trabalho, Educação e
Identidade – SITRE DE 28 a 30 de Maio de 2018
BELO HORIZONTE/MG
Profa. Dra. Karla Sousa
Departamento de Educação II
GT16 – Relações étnico-raciais, gênero e produção do
conhecimento REPRESENTAÇÕES DA ÁFRICA E DO NEGRO POR ESTUDANTES DE NÍVEL SUPERIOR O QUE DISCUTIMOS NA PESQUISA?
Nessa pesquisa discutimos os estereótipos
étnicos.
Os estereótipos étnicos não vinculados à
narrativa dos docentes, mas sim à narrativa dos jovens estudantes de nível superior. O QUE NÓS TENTAMOS?
Observar mais de perto como os estudantes
de nível superior fazem representações sociais dos negros e como compartilham suas crenças e valores a partir dos estereótipos étnicos. O QUE NÓS TENTAMOS?
Discutimos a educação para as relações étnico-
raciais dentro dos cursos de licenciaturas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), tomando por base a experiência realizada em um minicurso denominado “Estereótipos étnico-raciais e trabalho docente – do discurso à ação” no qual ficou evidenciado a presença de estereótipos raciais no imaginário dos estudantes de nível superior, especificamente no curso de Pedagogia da referida instituição. Qual nossa problemática?
Como será que discentes de nível superior,
docentes da educação básica e demais profissionais da educação representam os negros em seu imaginário? Aspectos teóricos
O estereótipo é então um produto social fruto das
relações sociais estabelecidas entre os indivíduos. Determinado sociologicamente porque são visões que temos acerca das relações sociais. Ele funciona como uma “crença generalizada, que combina cognição com afetividade” (LIMA, 1997) ou crenças múltiplas, conforme Bhabha (2007). Aspectos metodológicos Abordagem qualitativa Metodologia das TRS Outras situações foram propostas aos sujeitos-atores, incluindo observação e diálogos a partir das atividades desenvolvidas por eles, o que permitiu a tabulação de dados discursivos em pesquisa qualitativa. Técnica da livre associação (Abric) Resultados da pesquisa Livre Associação: África Tema Frequência Fome 3 Savanas 2 Desigualdade 1 Diversidade 1 Doença 1 Egito 1 Negros 1 Pobreza 1 Riqueza 1 Total 12 Discussão Se observamos em um primeiro momento a tabela, perceberemos facilmente uma primeira estereotipia étnica em relação à África, consequentemente ao povo negro. Conforme a tabela para os discentes a África significa fome. Entendemos que o significado é algo construído socialmente a partir das relações entre os homens.
Estes significados estão relacionados ao lugar no qual se
originam. Todos nós precisamos de uma casa para morar, de uma escola para estudar. O homem não pode ficar sem lugares que dão suporte às atividades humanas, em outras palavras, a percepção do ambiente é a percepção de si. Resultados parciais No caso específico desse estudo, as representações que os discentes de nível superior fazem sobre a África e o negro, estão ancoradas principalmente na ideia de ensino-aprendizagem-estudo, revelada pela pesquisa de campo.
A maioria dos discentes mencionaram que durante
todo seu processo de escolarização o imaginário construído sobre a África e seu povo era uma imagem de escravos, fome, miséria, desigualdade, nunca uma imagem positiva do negro ou do continente africano. Resultados parciais Outra estereotipia que aparece com segunda maior frequência foi que a África lembra as savanas. O padrão de explicação dado por eles quando questionamos porque savanas é o mesmo apresentado para a estereotipia fome.
Os discentes responderam que sempre passam
documentários sobre as savanas africanas como local permissivo para caças de animais selvagens e/ou local de passeio “exótico”. Desse modo, podemos afirmar que os estereótipos são variados e se inserem no que Bhabha (2007, p. 115) chama de cadeia polimorfa e que deve ser lido em termos de fetichismo porque ele é uma articulação “de crenças múltiplas”. Resultados parciais Baseados em Moscovici (2003, 1978) postulamos que as representações iniciais dos estereótipos étnicos evoluem a partir das experiências sociais vividas, essa questão ficou evidente nas discussões realizadas com os discentes de nível superior durante o minicurso sobre estereótipos étnicos.
A estereotipia representada pelos termos negro e
fome revelam o imaginário dos discentes sobre a África. Resultados parciais
Sendo possível concordar com Bhabha (2007, p.
106), que por sua vez, entende:
julgar a imagem estereotipada com base em uma
normatividade política prévia é descartá-la, não deslocá-la, o que só é possível ao se lidar com sua eficácia, com o repertório de posições de poder e resistência, dominação e dependência, que constrói o sujeito da identificação colonial. Resultados parciais Se assim for possível entender, “o deslocar a imagem” depende da sutileza de sua reinterpretação, ou seja: deslocar pode ser o que estamos entendendo como dar um novo papel, uma iconização pela imagem positivada que não hierarquiza a presença do negro da visão colonialista contada Bhabha (Ibidem).
A imagem da África e do povo negro pode ser introduzida
em situações que estão além da necessidade de construir sua representação como sujeitos ativos na história brasileira. Imagens que revelem novas possibilidades de convivência entre diferentes grupos sociais, respeitando, por exemplo, as características diversas de cada grupo social e étnico. Resultados parciais Mesmo discentes de nível superior, portanto, com nível maior de escolarização, parecem ter o pensamento moldado por crenças e concepções de um processo de esteriotipização dos negros, fruto do espaço escolar e familiar que possuem características estereotipais quanto à cultura africana.
Há nas representações dos discentes de nível superior uma
distorção confirmatória, isto é, tendência para selecionar informações que confirmem nossas crenças e preconceitos. Esse aspecto foi verificado quando na técnica de livre associação a palavra mais evocada foi fome. Confirmando a crença de que o povo negro africano passa fome, como se só essa população em todo o mundo convivesse com o problema da fome. Resultados parciais
Concluímos por meio da análise dos dados obtidos
que a representação do negro estereotipada é resultado de uma construção coletiva, ninguém cria novas imagens individualmente, grupos de pessoas criam e, uma vez criadas, tomam corpo, adquirem vida própria e através dos veículos de comunicação tornam-se senso comum. Muito obrigada!