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Este documento resume o sermão "Sermão de Santo António aos Peixes" de Padre António Vieira através de três frases: 1) O sermão é estruturado em seis capítulos e apresenta uma estrutura argumentativa clássica; 2) Utiliza diversos recursos expressivos como a alegoria, metáfora e ironia para persuadir a audiência; 3) Através da alegoria dos peixes, critica implicitamente os maus-tratos dos colonos aos indígenas no Brasil.
Este documento resume o sermão "Sermão de Santo António aos Peixes" de Padre António Vieira através de três frases: 1) O sermão é estruturado em seis capítulos e apresenta uma estrutura argumentativa clássica; 2) Utiliza diversos recursos expressivos como a alegoria, metáfora e ironia para persuadir a audiência; 3) Através da alegoria dos peixes, critica implicitamente os maus-tratos dos colonos aos indígenas no Brasil.
Este documento resume o sermão "Sermão de Santo António aos Peixes" de Padre António Vieira através de três frases: 1) O sermão é estruturado em seis capítulos e apresenta uma estrutura argumentativa clássica; 2) Utiliza diversos recursos expressivos como a alegoria, metáfora e ironia para persuadir a audiência; 3) Através da alegoria dos peixes, critica implicitamente os maus-tratos dos colonos aos indígenas no Brasil.
contextualização histórico-literária 1. O que significa a expressão “oratória barroca”? A oratória é a arte de falar em público, também designada eloquência. O barroco é um período cultural que abrange o século XVII, em Portugal, e que se caracteriza, em literatura, pela exuberância formal. Quando utilizamos a expressão “oratória barroca”, estamos, geralmente, a referir o conjunto de sermões (sermonário ou parenética) de Padre António Vieira, que foi o nosso mais eminente orador daquele período. 2. Quem é o Padre António Vieira?
Padre António Vieira foi um padre
missionário da Companhia de Jesus que viveu no século XVII. Figura multifacetada, desempenhou, ao longo da sua vida, vários cargos: professor, sacerdote, pregador régio, político, diplomata, missionário, defensor dos direitos dos índios e dos cristãos-novos. 3. Em que contexto Vieira faz sermões?
Vieira é sacerdote e as suas capacidades
de orador brilhante desenvolvem-se no contexto eclesiástico. A fama dos seus sermões espalhou-se rapidamente em Lisboa e as pessoas com antecedência “lançavam tapete” na Capela Real para marcarem lugar para o poderem ouvir. 4. Onde foi pregado o “Sermão de Santo António aos Peixes”?
O “Sermão de Santo António aos Peixes”
foi pregado em S. Luís do Maranhão, Brasil, em 1654. Três dias depois, Vieira foi obrigado a embarcar para Lisboa em busca de apoio para a sua missão no Maranhão, pois a sua pregação foi mal recebida no Brasil. 5. Há mais sermões com o mesmo título?
Vieira escreveu muitos sermões com o
título “Sermão de Santo António”. Optamos por designar o sermão que estudaste como “Sermão de Santo António aos Peixes” para o distinguir dos restantes. Objetivos da eloquência (docere, delectare, movere); intenção persuasiva e exemplaridade 1. Quais são os objetivos da eloquência?
Os objetivos da eloquência são
designados comummente por três verbos latinos: docere, delectare e movere que, neste contexto, significam: ensinar, deleitar e persuadir. 2. De que modo se relacionam os objetivos da eloquência com o sermão estudado? Com este sermão, o orador pretende ensinar ao auditório o caminho da virtude, cativá-lo, através da utilização expressiva de vários recursos, e influenciá-lo a mudar o rumo das suas ações. 3. Como se concretiza a intenção persuasiva e a exemplaridade no “Sermão de Santo António aos Peixes”? Para persuadir o auditório, o orador recorre a várias estratégias argumentativas: enumeração de vários argumentos de diferentes categorias, referência a exemplos concretos, utilização de vários recursos expressivos diversificados, com especial ênfase para a alegoria dos peixes. Entre os mais relevantes, podemos referir os argumentos de autoridade retirados da Bíblia escritos em latim e o recurso à vida exemplar dos Santos da Igreja. Crítica social e alegoria 1. Quem pretende o orador atingir com a sua crítica?
Todos os que têm comportamentos
eticamente condenáveis são alvo da crítica de Vieira. No caso concreto deste sermão, o orador critica quase explicitamente o comportamento de abuso dos colonos em relação aos indígenas. 2. Em que medida o recurso à alegoria é eficaz na estratégia argumentativa? O recurso à alegoria é um dos aspetos mais originais deste sermão. Alegoria é dupla, uma vez que o orador assume o papel do santo seu homónimo (cf. Santo António e Padre António Vieira) e, para além deste aspeto, torna os peixes, agrupados segundo características humanas, os seus únicos interlocutores. Este facto condiciona quer a argumentação quer a exemplificação de todo o sermão e contribui para o efeito de deleite que se pretende causar no auditório. Linguagem, estilo e estrutura: visão global do sermão e estrutura argumentativa 1.Qual é a estrutura do “Sermão de Santo António aos Peixes”?
Este sermão está estruturado em seis
capítulos. O capítulo I constitui o exórdio, os capítulos II e IV a exposição, os capítulos III e V a confirmação e o capítulo VI a peroração. Assim, o sermão em Vieira corresponde ao plano clássico com exórdio, desenvolvimento (com argumentação, demonstração, confirmação) e peroração ou conclusão. 2. O que é o conceito predicável?
O conceito predicável é uma frase latina
retirada da Bíblia que constitui o tema que serve de fio condutor a todo o sermão. Ex: Vos estis sal terrae 3. Em que consiste a argumentação?
A argumentação consiste na organização
estratégica de um conjunto de razões com o intuito de convencer e persuadir. 4. Que tipo de argumentos conheces?
Existem vários tipos de argumentos: de
autoridade, de quantidade, de qualidade, universais, proverbiais, por analogia, de experiência, históricos,… 5. A que se destina a explicitação de argumentos e exemplos?
Os argumentos destinam-se a apoiar ou
refutar a tese inicial e os exemplos sustentam a argumentação. 6. Por que razão dizemos que o sermão apresenta uma estrutura argumentativa?
O sermão é um género textual que apresenta
uma estrutura específica e constitui um dos géneros maiores da literatura barroca. O sermão, pelas suas marcas específicas, apresenta uma estrutura argumentativa: assim, os argumentos, ou seja, um conjunto de razões que sustentam um ponto de vista, são uma peça fundamental neste género de texto. 6. Por que razão dizemos que o sermão apresenta uma estrutura argumentativa? (cont.) Os argumentos devem ser desenvolvidos, de modo a verificar-se a sua validade, e devem ser confirmados por provas. A ornamentação do discurso permite a amplificação dos argumentos. 7. O sermão apresenta marcas de género comuns a outros textos?
O sermão apresenta marcas de género
comuns ao artigo de opinião, ao texto de opinião e ao debate, pois todos estes géneros textuais recorrem à argumentação. O discurso figurativo: a alegoria, a comparação, a metáfora. 1.Qual é a importância do discurso figurativo no sermão analisado?
A alegoria e a metáfora têm um lugar de
destaque na argumentação. A alegoria é um recurso expressivo que consiste na expressão de uma ideia ou conceito através de uma representação figurativa, convocando-se assim o plano literal e figurado. A eloquência não dispensa também a ironia e a sátira, poderosos instrumentos de persuasão em todas as épocas. 2. Por que razão recorrerá o orador a tantos recursos expressivos, na elaboração do sermão? Os recursos expressivos são um dos meios utilizados pelo orador para, por um lado, desenvolver os argumentos expostos e, por outro, deleitar a audiência e captar a sua atenção, condição essencial à persuasão e correção de comportamentos. Outros recursos expressivos: a anáfora, a antítese, a apóstrofe, a enumeração e a gradação 1. Qual é recurso expressivo presente quando duas frases são iniciadas pela mesma expressão? O recurso expressivo presente quando duas frases são iniciadas pela mesma expressão designa-se anáfora. Ex: “Ou é porque o sal não salga, (…) Ou é porque o sal não salga” 2. Qual é o recurso expressivo utilizado quando está presente uma oposição semântica? O recurso expressivo utilizado quando está presente uma oposição semântica designa-se antítese. Ex: “os pregadores dizem uma cousa e fazem outra” 3. Quando o orador interpela um destinatário real ou fictício, a que recurso expressivo recorre? O sujeito recorre a uma apóstrofe quando interpela um destinatário real ou fictício. Ex: “Começando, pois, pelos vossos louvores, irmãos peixes” 4. Em que consiste uma enumeração?
A enumeração é um recurso expressivo
que consiste na designação sucessiva de elementos que mantêm uma correlação lógica ou semântica. Ex: “Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira (…)” 5. Em que consiste uma gradação?
A gradação é um recurso expressivo em
que um grupo de palavras, pela sua intensidade semântica, amplifica ou diminui o significado de um elemento textual, assumindo uma direção ascendente (progressiva) ou descendente (regressiva). Ex: “começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos” 6. Qual é o recurso expressivo utilizado na frase: “Este é, peixes, em comum o natural, que em todos vós louvo, e a felicidade, de que vou dou o parabém e não sem inveja.”? Nesta frase, é utilizada uma apóstrofe.