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TERCEIRIZAÇÃO – ANÁLISE DO

SISTEMA BRASILEIRO – PARTE II

Prof.: Dalton Leal


CONCEITO
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 A Terceirização deriva do latim tertius, o qual, primariamente, seria o


estranho a uma relação entre duas pessoas. Terceiro é o intermediário,
o interveniente, tal como um estranho a uma relação construída entre o
terceirizante e seu cliente, daí se mantendo fora desta.
 Modernamente, terceirização também guarda origens no termo inglês
outsourcing, que, literalmente, significa “fornecimento vindo de fora” e
como visto anteriormente, só foi possível através dos mecanismos
trazidos pela Carta Magna de 1988, cujo intuito, certamente, foi o de
satisfazer as necessidades modernas, equilibrando-a com a força e
pressão trazida pelo capital.

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TERCEIRIZAÇÃO
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 Como expressa o dicionário Houaiss, é


 [...] a forma de organização estrutural que permite a uma
empresa transferir a outra suas atividades-meio,
proporcionando maior disponibilidade de recursos para sua
atividade fim, reduzindo a estrutura operacional, diminuindo
os custos, economizando recursos e desburocratizando a
administração.

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Classicamente, consiste, pois, na possibilidade de se contratar terceiro,


através de empresa criada com este fim, na realização das atividades
que geralmente não constituem o objeto principal da empresa, tanto na
produção de bens como serviços, tal como assente nos serviços de
limpeza, vigilância e temporários, que agregam a atividade-meio da
contratante, em caráter de complementariedade, cujo objetivo comum é
o de imprimir qualidade dos serviços no mercado, com a redução de
custos (que se tornam variáveis, máxime os trabalhistas e
previdenciários), agilidade, competitividade no mercado e melhor
aproveitamento do processo produtivo, com a transferência do capital
para investimento em tecnologia, desenvolvimento estrutural e na
concepção de novos produtos.

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 Para Georgenor de Sousa Franco Filho, a terceirização,
precisamente, é
 [...] a contratação, feita por uma empresa de prestação de
serviços de uma pessoa física (profissional autônomo) ou
jurídica (empresa especializada) para realizar atividades
de que necessite, sem que possua os elementos naturais da
relação de emprego, tais como a subordinação,
habitualidade, horário, pessoalidade e salário, e não
estejam relacionados às suas atividades-fim.
 FRANCO FILHO, Georgenor de Sousa. Curso de Direito do
Trabalho. 2 ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 159.

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 Gabriela Neves Delgado define o termo terceirização da seguinte
forma
 [...] relação trilateral que possibilita à empresa tomadora de serviços
(“empresa cliente”) descentralizar e intermediar suas atividade
acessórias (atividade-meio), para empresas terceirizantes (“empresa
fornecedora”), pela utilização de mão-de-obra terceirizada
(“empregado terceirizado”), o que, do ponto de vista administrativo, é
tido como instrumento facilitador para a viabilização da produção
global, vinculada ao paradigma da eficiência nas empresas.
 DELGADO, Gabriela Neves. Terceirização: paradoxo do Direito do
Trabalho Contemporâneo. op. cit. p. 142.

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 Assim, a terceirização é a fórmula que “permite a desconexão entre a relação
correspondente com o próprio tomador de seus serviços”, através de uma uma
separação artificial entre o tomador de serviços e o empregador do obreiro,
justamente pela intermediação da empresa prestadora de serviços.
 Como já dito alhures, através da terceirização, instituem-se pequenas empresas
que, por sua vez, gravitam em torno de uma grande empresa para prestar-lhe
mão-de-obra, primeiramente em funções não essenciais à sua finalidade,
justamente para coibir gastos e por outro lado, ter a possibilidade de se concentrar,
com mais, primazia, na atividade-fim, com mais tecnologias e qualidade nos
produtos ou serviços a serem produzidos.

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Neste mesmo raciocínio, lecionam Vanessa Rocha Ferreira e Zaíra Manuela Pereira,
pois que O escopo da terceirização é a diminuição de custos e a melhoria da
qualidade do produto ou do serviço, apontando a denominação “especialista
flexível”, que consiste no surgimento de empresas com elevado grau de
especialização determinada, com capacidade de atender a mudanças de pedidos de
seus clientes.

Diante disto, os contratos de terceirização representam possibilidade de verdadeiros


benefícios às empresas tomadoras destes serviços, ocorrendo a possibilidade da
transferência da atividade-meio a um terceiro, a quem caberá gerenciar efetivamente
toda a execução do trabalho a ser desenvolvido no âmbito da empresa tomadora. Sob
a perspectiva empresarial econômica, a terceirização revela-se muito eficaz e com
muitos pontos positivos.

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Para Maurício Godinho Delgado, a ciência empresarial criou uma espécie de
neologismo, pois que a expressão denota a presença de um terceiro estranho
à relação primária havida entre determinadas partes, justamente nestas
atividades tidas como acessórias, reforçado pelo fato destas ocuparem o setor
terciário da economia; todavia, esta análise diz respeito a questões externas
ao direito, mais ligadas a ciência empresarial.

Através dela, o obreiro interage ativamente no processo produtivo da empresa


tomadora, sem que com ela sejam estabelecidos os vínculos empregatícios
oriundos das relações de trabalho. De outra banda, tais liames se
estabelecem entre o obreiro e a empresa interposta, sendo que esta é quem
figura como a clássica empregadora, em seus direitos e obrigações. Forma-
se, então, uma relação triangular de trabalho, como a figura melhor descreve
abaixo:

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 Nesse sentido, Márcio Túlio Viana aduz que a “terceirização não


é apenas uma forma de reduzir custos ou especializar a produção,
mas um modo que a grande empresa encontrou para enfrentar a
perda da flexibilidade que o sistema anterior lhe garantia.”
 Na mesma toada, Maurício Godinho Delgado, entende,
outrossim, que a terceirização consiste de “fórmula de gestão
social, que tem tido grande impacto na redução dos ganhos do
trabalho no mundo capitalista.”
 E arremata, ao afirmar que “é o fenômeno pelo qual se desassocia
a relação econômica de trabalho da relação justrabalhista que lhe
seria correspondente”
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 Jorge Luiz Souto Maior aprofunda a discussão, pois para ele


 [...] fábricas, seguindo o modelo toyotista, se pulverizaram. A
produção não se faz mais, integralmente, em um mesmo local,
ganhando relevo a terceirização da produção, assim como a atividade
de prestação de serviços. A terceirização apresenta-se, assim, como
uma técnica administrativa, que provoca o enxugamento da empresa,
transferindo parte de seus serviços para outras empresas. Argumenta-
se que a terceirização permite à empresa preocupar-se mais
intensamente com as atividades que constituem o objeto central de seu
empreendimento. Esta técnica transformou-se em uma realidade
incontestável por todo o mundo do trabalho, desafiando os estudiosos
do direito do trabalho a encontrem uma fórmula jurídica para sua
regulação
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 Nesse sentido, Grijalbo Fernandes Coutinho arremata a


questão
 [...] O neoliberalismo defende a tese de que o mercado livre
é sinônimo de democracia multipartidária, cuja forma de
organização é a única com capacidade de conduzir a
sociedade ao jogo de regras democráticas, porque a
compreende em situa inteireza. Sob um forte viés ideológico,
a mensagem neoliberal pretende eternizar a situação e, ao
mesmo tempo, impedir qualquer tipo de relação ao modelo
vigente de relações econômicas e sociais.
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 Em outras palavras, a ideologia neoliberal busca submeter o destino


de todas as relações sociais e as atividades produtivas das pessoas à
trajetória do capital, para que somente assim o regime econômico
capitalista controle de maneira aberta todos os movimentos, sob pena
de não haver democracia multipartidária, felicidade e liberdade na
doutrina nos neoliberais. [...] A ideologia neoliberal difunde as suas
concepções entre os mais variados espaços de disputa política e
cultural, na certeza de que as injustiças sociais serão naturalizadas,
quando não enaltecidas pela falácia da igualdade de oportunidades
oferecida às pessoas pela economia de mercado globalizada

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 De igual forma, Daniela Muradas Reis aprofunda a discussão ao defini-la, posto que,
enquanto mecanismo adotado pelo setor empresarial para reduzir os custos de
produção, traz consigo, em contrapartida, evidentes retrocessos sociais, ao eliminar
conquistas obreiras, com destaque aos Direitos Humanos assegurados em diplomas
jurídicos diversos, nacionais e internacionais.
 No particular, imperioso ressaltar o seu escol quando afirma que
 [...] a subcontratação e a terceirização são mecanismos próprios da Empresa Enxuta
e do Estado Mínimo e tem por substrato comum a ideia de eficiência, razão
instrumental aplicada à produção e ao serviço público com vistas à maximização dos
resultados com minimização de custos de produção ou de gastos públicos. Para
atender aos padrões de eficiência, combinam-se a especialização das atividades
patronais, mediante a descentralização empresarial e a desconcentração
administrativa, e precarização das condições laborais, através da utilização de
figuras atípicas, flexíveis e com padrões sócio-jurídicos inferiores. A parcialização,

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 outrora aplicada ao trabalho, no capitalismo tardio passa


também a se referir às estruturas do capital, especialmente após
a reestruturação produtiva, e, no âmbito do Estado mediante o
processo de privatizações, após a crise do Estado de Bem Estar
Social. No setor privado, a descentralização empresarial
caracteriza-se pela transferência de etapas fabris,
tradicionalmente concentradas na mesma fabrica, à empresas-
parceiras, com produção em cadeia.
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 No âmbito público, a desconcentração se perfez através


de contratação indireta de atividades, de transferência
de atividades para entidades estatais reguladas pelo
regime privado(Empresas Públicas) e de privatizações. Por
outro lado, ainda sob a perspectiva da equação imposta
pela eficiência, a precarização de vínculos e condições de
trabalho tendeu a se expandir tanto no setor privado,
quanto público, com a regulamentação jurídica de
fórmulas atípicas de trabalho, dentre as quais a
terceirização é a mais emblemática
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 No tocante ao contrato de trabalho regido pela Terceirização, vê-se que, enquanto


no modelo clássico, temos o empregado prestando serviços de natureza econômico-
material, diretamente ao empregador, pessoa física, jurídica ou ente
despersonificado, através do vínculo de emprego formal, consoante art. 2º, caput,
CLT. Por sua vez, na relação trilateral terceirizante o empregado presta serviços a
um tomador, muito embora não seja empregado efetivo, pois a relação de emprego
é estabelecida com outro sujeito, a empresa interveniente ou fornecedora.
 Nesse diapasão, Gabriela Neves Delgado unifica os conceitos sobre tema,
analisando a terceirização em conceito próprio, chegando à ilação de que é possível
 [...] compreender a terceirização dos serviços como a relação trilateral que
possibilita à empresa tomadora de serviços (empresa cliente) descentralizar e
intermediar suas atividades acessórias (atividades-meio), para empresas
terceirizantes (empresa fornecedora) pela utilização de mão-de-obra terceirizada
(empregado terceirizado), o que, do ponto de vista administrativo, é tido como
instrumento facilitador para a viabilização da produção global, vinculada ao
paradigma da eficiência nas empresas Prof.: Dalton Leal
CLASSIFICAÇÃO
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 Didaticamente falando, a terceirização é dividida em estágios, quais sejam, o inicial,


quando a empresa contratante repassa a terceiros atividades que não são
essenciais, tais como restaurantes, conservação e limpeza, vigilância, transporte,
assistência contábil e jurídica, dentre outras.
 Ademais, o segundo estágio é tido como intermediário, quando as atividades estão
indiretamente ligadas à atividade fim da empresa, a exemplo da manutenção de
máquinas, usinagem de peças e por fim, avançada, quando ínsitas à atividade da
empresa, a exemplo da gestão de fornecedores, fornecimento de produtos, e ainda,
avançado, quando temos a terceirização das atividades ligadas diretamente à
atividade da empresa, como de gestão de fornecedores, fornecimento de produtos,
etc, atingindo, pois, a atividade-fim da empresa, o que, aliás, veio como a grande
novidade e a pedra de toque da reformulação do instituto trazida pela Lei nº
6.019/74 e 13.467/2017, como veremos seção à frente.

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 Por fim, a terceirização pode ser desenvolvida de forma interna e externa. Na


primeira, empresa repassa a terceiros suas atividades de produção sendo que as
empresas terceirizadas laboram dentro da empresa terceirizante, o que é muito visto
nas linhas de produção das indústrias automobilísticas.
 Na segunda, a empresa apenas repassa para terceiros, certas etapas de sua
produção, que são feitas fora da empresa.
 Quando externa, a terceirização fragmenta cada empresa em múltiplas parceiras,
espalhando também os trabalhadores – mas dessa vez sem os problemas de antes,
pois as novas tecnologias viabilizam o controle a distância. Em outras palavras, já é
possível produzir sem reunir.
 Quando interna, a terceirização divide em cada empresa os trabalhadores, opondo
efetivos a terceirizados, estes se sentindo – não sem alguma razão – inferiores
àqueles, e ameaçando veladamente o seu lugar. Desse modo, já é possível até
mesmo reunir sem unir.
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 Em consequência, a terceirização afeta duramente – e de três modos – as fontes do


Direito do Trabalho. Primeiro, dificultando a criação de normas protetivas. Segundo,
facilitando a edição de normas precarizantes. Terceiro, enfraquecendo aquela
sanção paralela e, desse modo, debilitando cada artigo da CLT.
 Não custa notar, a propósito, que as fontes materiais têm esse nome porque são elas
que nos dão a matéria, o conteúdo, do Direito. Desse modo, quando as fontes se
transformam, o Direito também se altera em termos de efetividade e de intensidade
normativa
 No tocante à atividade em si, como é cediço, poderá ser meio (acessória), ou fim (a
principal, primordial); quanto à sua duração, temporária, tal como regida pela nº
6.019/74, a de prazo indeterminado, como nas empresas de vigilância.
 Particularmente, à natureza da atividade, pode ser desempenhada na atividade
pública e na atividade privada e finalmente quanto aos seus efeitos, pelo que
poderá ser tida como lícita ou ilícita.
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A TERCEIRIZAÇÃO E A FLEXIBILIZAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Das hipóteses legais de flexibilização permitidas em nosso ornamento jurídico
pátrio

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 Como alinhavado alhures, vimos que a crise mundial do petróleo de 1973 e a queda
do estado do Bem-Estar Social foram fulcrais no sentido de redesenhar a relação
capital x trabalho, o que, certamente, interferiu sobremaneira no Direito do Trabalho.
 Para Nelson Manrich, a surgimento da flexibilização guarda três causas
determinantes, quais sejam, a econômica, como a crise do petróleo sobredita, o
aumento da competitividade internacional decorrente da globalização e a formação
de blocos econômicos regionais. Demais disso, temos as causas sociológicas, oriundas
do aumento do setor terciário e a reorganização do mercado e por fim, as fatores
tecnológicos, com a acelerada evolução da microeletrônica e informática, o que
agravou o aumento da mão de obra ociosa.

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 Prossegue, inferindo que a flexibilização envolve o conflito entre duas concepções: a


intervencionista, invocando a função social do Estado, e de conseguinte, a proteção
estatal ao trabalhador, e a liberal, pelo que o Estado deverá intervir o mínimo no
eixo da relação patrão x empregado, com atribuições mínimas, cabendo ao direito
do trabalho gerar novos e bons empregos, contrapondo, bem assim, os princípios da
livre concorrência e iniciativa e um lado e o valor social do trabalho e valorização
do trabalho humano de outro.
 Pelo que, cabe ao Direito do Trabalho promover uma desigualdade jurídica de modo
a compensar a desigualdade econômica entre as partes contratantes, mas refuta
ambas, porquanto este ramo do direito deverá defender o hipossuficiente e utilizar-
se da flexibilização para adaptá-la às mudanças econômicas e sociais, através do
suave afastamento do Estado para fortalecer a negociação coletiva, ajustando as
normas jurídicas à realidade econômica.

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 Desta forma, almejando imprimir um critério de coexistência e reequilíbrio neste


contexto, eis que surge o instituto da Flexibilização das normas trabalhistas,
construído justamente para adaptar o dinamismo impresso às relações jurídico-
laborais em decorrência deste contexto histórico.
 Flexibilização, de acordo com Sérgio Pinto Martins é “um conjunto de regas que tem
por objeto instituir mecanismos tendentes a compatibilizar as mudanças da ordem
econômica, tecnológica ou social existentes na relação entre capital e trabalho.”
 Por sua vez, José Martins Catharino, sobre o assunto alude que: “Certo é ser
Flexibilização antônima de rigidez ou enrijamento. Flexibilizar é fazer do rígido
flexível, ou o que já o é mais ainda.”

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 Para Rosita de Nazaré Sidrim Nassar, a flexibilização das normas trabalhistas faz
parte integrante de um processo maior direcionado ao próprio mercado de
trabalho, composto de medidas destinadas a dotar o Direito do Trabalho de novos
mecanismos e diretrizes capazes de compatibilizá-lo com as mutações decorrentes
de fatores de ordem econômica, tecnológica ou de natureza diversa. Isto significa
dizer, decerto, que a flexibilização das normas trabalhistas não se exaure em
caráter único e imediato, porquanto compreende estratégias políticas, econômicas e
sociais, e não apenas jurídicas.
 E prossegue, aludindo que os instrumentos flexibilizatórios buscam, pois, propiciar o
rápido amoldamento do complexo normativo laboral às mudanças decorrentes
destas flutuações econômicas, das evoluções tecnológicas ou quais outras alterações
que requeiram imediata adequação da norma jurídica, destituindo-se, bem assim, do
rigor com que tradicionalmente se revestem as regras laborais, permitindo ajustes
que justamente se alinhem às novas contingências socioeconômicas.

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 Os exemplos mais comuns do instituto são a flexibilização da jornada de trabalho


(flextime), muito utilizada nos países de língua inglesa, com a entrada e saída mais
cedo do empregado ou o contrário, ou com variações de horas durante a semana ou
mês, o job sharing tida como a divisão do trabalho por mais de uma pessoa.
 Ademais, temos o contrato segundo as necessidades do empreendimento (Kapovaz),
do direito alemão; o part-time, isto é, o trabalho em tempo parcial, o teletrabalho ou
trabalho à distância, o trabalho temporário; o contrato de prazo determinado; o
contrato de safra ou de temporada; e por fim, o trabalho avulso, geralmente
desempenhado na orla marítima, cujo trabalhador, filiado ou não ao sindicato,
presta serviços a uma ou mais empresas, sob a intervenção daquele órgão
representativo Idem.

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 Rosita de Nazaré Sidrim Nassar denomina de “Flexibilização do Emprego”, a


subempreitada, a locação de mão de obra (vigilância bancária, o trabalho
temporário, o trabalho a domicílio) o contrato por prazo determinado (de
aprendizagem, do técnico estrangeiro, do atleta profissional de futebol, do safrista)
e do contrato de estágio, o que, de toda forma poderá desaguar na redução de
salários, bem como do ato da despedida pelo empregador.
 Tecnicamente inferindo, a flexibilização do trabalho tem-se dividido em: quantitativa
externa, a qual versa sobre a contratação do trabalhador e da facilidade com que
pode ser despedido, consoante as necessidades da empresa; quantitativa interna, a
qual engloba a utilização do tempo do empregado, horário de trabalho e o seu
manejo e a funcional, a qual concerne aos métodos e técnicas de gestão de mão de
obra em decorrência das exigências da produção.

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 No que concerne à classificação, sucede quanto à remuneração, utilização da força


de trabalho e em relação à estabilidade no tempo de duração do contrato de
trabalho.
 De fato, a terceirização, sem sombra de dúvidas, não deixa de ser uma forma de
flexibilização trabalhista, desde há muito vista nos contratos de subempreitada,
locação de mão de obra, como já prevista na vigilância bancária (Lei nº 7.102/83,
o trabalho temporário (Lei nº 6019/74), o trabalho em domicílio (arts. 6º e 83, da
CLT), o contrato de prazo determinado (art. 443 e parágrafo 2º da CLT), o contrato
de aprendizagem (art. 428 da CLT), o contrato de técnico estrangeiro (Decreto-lei nº
691, de 18.07.69), o contrato de safra (art. 14 e seu parágrafo único da Lei nº
5.889/73), e o estágio (Lei nº 11.788/08).

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 Certamente, com decorrência lógica do fenômeno, a flexibilização acode às novas


tecnologias na área da informática, da robotização, cujo avanço de eras, certamente,
ultrapassou da fase industrial para a pós-industrial, desaguando, decerto, em um
crescimento no setor terciário da economia e com ele os seus revezes, que descabam no
aumento da mão-de-obra e em contraponto, fomentam os contratos distintos da relação de
emprego clássica, a exemplo do contrato de trabalho em tempo parcial, de temporada e o
intermitente, o qual sofreu repaginação com o advento da novel Lei nº 13.467/2017.
 Com efeito, a flexibilização visa assegurar um arcabouço de regras e direitos mínimos ao
trabalhador, todavia, mantendo a empresa em riste, e bem assim, com azo de legalidade
trazida pela normatização dos feitos, criando um padrão civilizatório mínimo a ambas as
partes envolvidas na relação (empresário e empregado), sobremaneira nos tempos de crise
econômico financeira mundial, bem como nacional, considerando o hodierno contexto
vivenciado em nosso país.
 De fato, é uma forma de se reordenar o ciclo produtivo, de modo a preservar a atividade
empresarial e de conseguinte, manter as relações laborais de forma hígida e perene, à
saciedade.
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 Nesse contexto, a atuação do ente sindical é imprescindível de modo a compor a interface


necessária a resguardar os direitos dos trabalhadores, bem como a mantença dos postos de
trabalho, e ao mesmo tempo, fazer manter este mínimo cinturão de direitos, tal como
preconizado em nossa Carta Magna de 1988 e dessarte, equilibrar a conveniência de
ambos os lados nesta eterna luta dialética travada entre o capital versus o trabalho.
 Como se não bastasse, a nossa Lei Fundamental de 1988, desde o seu advento, em seu art.
7º, VI e XIII, já previa a possibilidade de redução salarial mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho e de igual forma, a compensação de jornada ou o seu aumento em
turnos ininterruptos de revezamento, assim como a participação do ente sindical em todas as
negociações coletivas (art. 8º, VI, CF/88), sem falar ainda na participação dos lucros e
resultados empresariais (art. 7º, XI, da Lei Ápice), também se insere no instituto, porquanto
oportuniza que o empregado participe democraticamente nos rumos da atividade
empresarial.
 De fato, flexibilizar, pois, significa, acima de tudo, adaptar, quebrar a rigidez, em muito se
diferindo do termo desregulamentar, este sim, significando o que há de pior para os
trabalhadores, a derrocada de direitos e garantias jurídico-legais.
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 Nesse contexto, o instituto da terceirização se insere exatamente nesta tônica, na


tentativa benéfica de se compatibilizar a eficácia econômica com novos métodos
gerenciais da mão de obra para justamente dar conta de atender as exigências
trazidas pelas inovações tecnológicas, e o novo ciclo produtivo que se desenha no
orbe terrestre, considerando que a globalização trouxe, de fato, uma nova era a
qual devemos, realmente, coexistir, adaptar-se, indubitavelmente e não o seu
contrário, isto é, precarizar a mão de obra, a jornada de trabalho e os demais
direitos.
 Nesse sentido, Pedro Vidal Neto clareia este contexto, pois que para ele a
“flexibilização não consiste em suprimir direitos já adquiridos, mas em interpretar e
aplicar normas jurídicas conforme suas finalidades e atentando para as
peculiaridades da cada caso concreto.”
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 Certamente, o critério de competitividade imposto pelas novas ondas tecnológicas


trazidas pela globalização, bem como por toda a releitura do capitalismo na nossa
economia mundial, mormente face à crise econômica, trouxe consigo a necessidade
de se dar mais agilidade em todas as etapas gerenciais da produção, bem como
construiu, por assim dizer, uma cultura de se enxugar custos.
 Entretanto, importante frisar que os neoliberais defendem com primazia a omissão
do Estado no particular, aguardando pela desregulamentação, cada vez maior, do
Direito do Trabalho, para que as leis do mercado sejam as únicas passíveis de reger
as condições de emprego.
 Ademais, os defensores do modelo neoliberal difundido em nosso país alegam, em
sua defesa, de que o sistema jurídico atual não possibilita a devida flexibilização,
pois que os tributos e encargos incidentes sobre a folha salarial elevam
excessivamente o afamado “custo Brasil”, fatores estes que acabam por atravancar
a economia nacional.
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 Em se tratando de América Latina, em geral, Arnaldo Süssekind entende que a


flexibilização decorre de maneira selvagem, em virtude da revogação ou
alteração de normas protetivas dos obreiros, bem como da ampliação da
franquia para reduzir direitos e condições de trabalho, através de contratos
coletivos ou, até mesmo, atos unilaterais dos empregadores.
 Motivado, pois, pela própria história, pelas condições geopolíticas e pelo
estágio das condições socioeconômicas que, certamente, determinam uma
grande influência externa sobre os países latino-americanos, inspirando a
menor participação do Estado na regulamentação das relações de trabalho.
 Como já salientado, a terceirização surge na vigência do Estado Neoliberal e
é fruto do modelo toyotista, tendo como objetivo principal a construção de
empresas cada vez mais enxutas, em que as atividades não essenciais são
descentralizadas do empreendimento, diminuindo custos, aumentando a
produtividade e a eficiência.
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 Nesse diapasão, imprescindível ressaltar o ensinamento de


Pastore, ao declarar que
 Há uma realidade que não pode ser ignorada: com as novas
tecnologias, o trabalho foi fragmentado. É com base nessa
fragmentação que se chega à produção de massa, com
eficiência e diversificação. Hoje em dia, o consumidor pode
comprar um carro pela Internet e estabelecer tudo o que deseja
nesse carro, de forma que a fábrica recebe a mais variada
demanda de modelos que são montados simultaneamente em
uma só linha de produção. Para tanto, conta com equipes
especializadas, algumas da fábrica, outras terceirizadas.

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 Entretanto, a conclusão que temos, desde já, é a de que o


instituto da flexibilização, nela inserida a terceirização,
não podem ser escravizadas pela avidez de bons
resultados econômicos sob a única e egoística ótica
patronal, máxime em se consideramos o fim maior de todo
o nosso ordenamento jurídico legal e constitucional, de
construir a norma para alcançar, ao máximo, e com
absoluta concretude, a finalidade social e as exigências do
bem comum, como bem expressa o art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil
Da evolução jurisprudencial
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acerca da terceirização
 Como já dito anteriormente, face à carência legislativa acerca do instituto
Terceirização, temos que a jurisprudência também veio compor a sua
regulamentação, pois como é cediço, as Súmulas do Tribunal Superior do
Trabalho são, decerto, norteadoras da aplicação e interpretação do direito
vigente, pois representam a jurisprudência reiterada daquela corte acerca
de determinado assunto ou matéria, previamente julgados.
 Com efeito, como leciona Maurício Godinho Delgado, as súmulas do TST, por
muito tempo, exercem um mister muito importante na realização que intitula
como “controle civilizatório” da terceirização trabalhista em nosso país,
máxime em razão do fato que, somente no corrente ano, o instituto foi
realmente apontado em legislação específica, com a reformulação da Lei nº
6.019/74 e Lei nº 13.467/2017, como adiante analisaremos com mais
vagar.
37

 Para ele, tem-se que “Não obstante o pequeno grupo de normas autorizativas da
terceirização, o processo acentou-se e generalizou-se no segmento privado da
economia nas décadas seguintes a 1970 – em amplitude e proporção muito
superior às hipóteses permissivas contidas nos diplomas acima mencionados. Tais
circunstâncias induziram à realização de esforço hermenêutico destacado por parte
dos tribunais do trabalho, na busca da compreensão da natureza do referido
processo e, afinal, do encontro da ordem jurídica a ele aplicável.”
 Igualmente, Gabriela Neves Delgado segue a mesma linha de pensamento, pois
que
 “Diante do conflituoso embate entre a pungente exigência econômica por
flexibilização da organização empresarial e a imperatividade protetiva do Direito
do Trabalho, a Justiça do Trabalho estabeleceu uma cuidadosa divisa conceitual
entre a legítima terceirização de atividades auxiliares, de apoio, e a
intermediação fraudulenta de mão de obra, num complexo processo de adaptação
hermenêutica.”

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 De conseguinte, temos que a primeira produção jurisprudencial


acerca do tema foi a Súmula nº 239, do ano de 1985, cujo teor era,
à época, o seguinte: “É bancário o empregado de empresa de
processamento de dados que presta serviço a banco integrante do
mesmo grupo econômico.”
 O objetivo do verbete foi o de evitar a fraude recorrente no setor
financeiro, quando os bancos instituíam empresas de processamento
de dados, de modo a burlar os direitos contidos legislação específica
à categoria profissional os bancários, máxime no que tange à
jornada de trabalho, para eles, em caráter reduzido face aos limites
configurados na Lex Mater, desaguando, pois na necessidade de se
decretar solidariedade de ambas em eventual condenação via
sentença.
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 Em seguida, tivemos a Súmula nº 256, editada no ano de 1986,


a qual proibiu a contratação de mão de obra por empresa
interposta, justamente para que não se transformasse o trabalho
em mercadoria, a qual dispunha que
 Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de
vigilância, previstos nas Leis 6.019, de 03/01/74 e 7.102, de
20/06/83, é ilegal a contratação de trabalhadores por
empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício
diretamente com o tomador dos serviços.
40

 Do exposto, verifica-se que havia uma grande restrição à


terceirização trabalhista, porquanto era permitida apenas nas
hipóteses de labor temporário e serviços de vigilância especificados
pela Lei n.º 7.102/83, de modo que qualquer outro modelo, afora os
dois supracitados, era considerado ilícito.
 Destarte, as atividades de conservação e limpeza, antes tidas como
lícitas, foram reinterpretadas em sentido contrário se executadas por
empresas terceiras; demais disso, deixou de cuidar das atividades
desta natureza no tocante à Administração Pública, de cuja abertura
já tinha havia sido entabulada através do Decreto-lei nº 200/67,
como dito em linhas remotas.
41

 Para Maurício Godinho Delgado, a interpretação trazida pela


Súmula
 [...] pareceu fixar um leque exaustivo de exceções terceirizantes
(Leis n. 6.019/74 e 7.102/83, o que comprometia sua própria
absorção pelos operadores jurídicos. Afinal, as expressas e claras
exceções contidas no art. 10 do Decreto-lei n. 200/67 e Lei n.
5645/710 – exceções consubstanciadas de um comando legal ao
administrador público – não constavam do leque firmado pela
súmula em exame. A par disso, a posterior vedação expressa de
admissão de trabalhadores por entes estatais sem concurso público,
oriunda da Carta Constitucional de 1988 (art. 37, II e § 2º), não
tinha guarida na compreensão estrita contida na Súmula 256.

42

 De fato, a restrição dada aos serviços prestados por empresa


interposta, com toda razão, gerou um anacronismo, já que a
terceirização estava consolidado como técnica de gestão
administrativa na grande maioria das empresas de nosso país,
tanto no setor privado quanto no público, pelo que não se
fazia mais possível ser extirpado de aplicação em nosso
ordenamento jurídico.
 Em seguida, foi editada a Súmula n.º 257, a qual firmou o
entendimento d que o vigilante, contratado diretamente por
banco ou por intermédio de empresas não é bancário,
afastando, bem assim, de qualquer tipo de enquadramento
destes quanto ao previsto nos arts. 224 a 226 da CLT.
A Súmula n.º 331 do Colendo TST
43

 A Resolução Administrativa nº 23/93, de 17 de dezembro


de 1993, aprovou a Súmula nº 331, a qual
precipuamente vedou a simples interposição de mão de
obra, justamente para evitar a transformação do trabalho
em uma mercadoria, definida pela doutrina como
marchandage, definida por Castro como “[..] a existência
de mero intermediário que, sem assumir os riscos da
atividade econômica, interpõe-se entre o trabalhador e a
empresa contratante”.
44

 Em outros termos, a marchandage significa “comércio de


trabalhadores”, em através do qual o intermediário coloca à
disposição do tomador de serviços de terceiro, auferindo seu lucro
tão-somente com a exploração da mão-de-obra deste, desaguando
em patente fraude ao direito material do Trabalho, por franca
remessa ao art. 9º da CLT.
 Classicamente, para Orlando Gomes, deságua o instituto na
realização de diversas subempreitadas com o propósito de livrar o
dono da obra de certas responsabilidades que lhe adviriam se
contratasse diretamente os trabalhadores.
 Para Georgenor de Sousa Franco Filho, em uma visão mais lata,
consiste em um trabalho subordinado no qual o obreiro é contratado
por uma empresa para prestar serviços a outro empregador
45

 Sem laivo de dúvidas, a mera interposição de mão de


obra é terminantemente vedada por nosso ordenamento
jurídico, porquanto incompatível com os princípios do
Direito do Trabalho, máxime o princípio da Dignidade da
Pessoa Humana, justamente porque reduziria o homem-
trabalhador a uma reles mercadoria, mero objeto para a
consecução do lucro pelo capitalista e a contratação
seria, tão somente uma interposição de mão de obra, em
patente fraude à legislação trabalhista.
46

 De conseguinte, vejamos, pois, o inteiro teor do verbete:


 Súmula nº 331 do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e
inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011,
DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - A contratação de trabalhadores por empresa
interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com
o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho
temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
47

 II - A contratação irregular de trabalhador, mediante


empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os
órgãos da Administração Pública direta, indireta ou
fundacional (art. 37, II, da CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a
contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de
20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a
de serviços especializados ligados à atividade-meio do
tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a
subordinação direta.
48

 IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por


parte do empregador, implica a responsabilidade
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas
obrigações, desde que haja participado da relação
processual e conste também do título executivo judicial.
49

 V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta


respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da
Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre
de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
empresa regularmente contratada.
 VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da
prestação laboral.
50

 O primeiro item da Súmula 331, como já dito alhures,


proíbe a “marchandage”, à exceção em se tratando de
trabalho temporário ou por meio de autorização legal,
como já permitido pela Lei n.º 6.019/74.
 O segundo item da Súmula refere-se à terceirização na
Administração Pública, certamente, almejando alcançar
maiores resultados gerenciais, cuja abertura legislativa
ocorrera desde o Decreto-Lei n.º 200/1967, já explanado
em linhas remotas.
51

 Tudo, certamente, o fora em razão do fenômeno jurídico


da Descentralização das atividades da Administração
Federal, fomentando os contratos de concessão (serviços
públicos de energia elétrica e telecomunicações), bem de
delegação de serviços públicos e hodiernamente a PPP –
Parceria Público - Privada e o Terceiro Setor, através das
Organizações Sociais – OS, em tudo, visando alcançar
maior eficiência na prestação destes serviços, porquanto é
uma questão principiológica guardada na própria
Constituição da República.
52

 No tocante ao inciso II, temos, sem mais, que o mesmo diploma, a rigor do que
preceitua o art. 37, II, exige a prévia aprovação em concurso público, porém, não
afasta a responsabilidade subsidiária pelos débitos trabalhistas havidos nesta
contratação terciária, uma vez verificada a conduta culposa por parte da
Administração Pública, como constante do inciso V do dito verbete sumular.
 O item III da Súmula 331 estatui as atividades-meio como passíveis de terceirização,
designando-as como atividades de limpeza, vigilância, conservação, bem como as
diferiu da atividade-fim.
 Nesse sentido, consoante Georgenor de Sousa Franco Filho, entenda-se por
atividade-fim “a atividade principal de uma empresa, as que, geralmente estão
descritas na cláusula objeto de seu contrato social.” Já a atividade-meio “é aquela
não essencial da empresa, secundárias, complementares, as que objetivam completar
as atividades principais constantes em seus objetivos sociais, mas, note-se, sem as
quais o fim não será adequadamente alçancado”
53

 Para Sérgio Pinto Martins, atividade-fim é central da empresa, direta


e a atividade-meio aquela que justamente não coincida com os seus
fins principais, de apoio ou complementar.
 Jorge Luiz Souto Maior critica o critério de atividade-meio e
atividade-fim manejado pela Súmula 331 do TST para definir a
licitude da terceirização, uma vez que a depender das práticas que a
tomadora desenvolve uma atividade pode lhe ser meio ou fim,
principalmente em se considerando os auspícios das novas tecnologias.
 Destarte, afastando-se da realidade produtiva, a Súmula acabou
permitindo a mera intermediação de mão-de-obra que antes era
ilícita no Brasil.
54

 Contrariamente ao discurso da especialização que sustenta a propaganda da


terceirização, a Súmula 331 não esmiúça o que esta seria, dando azo ao
eclodimento de várias empresas terceirizadoras para a prestação de serviços, até
então, ainda de forma desregulada, o que, certamente contribui para a
informalidade e até mesmo ausência de idoneidade econômica destas.
 Nesse hiato, pois, uma vez considerando o princípio da Livre Iniciativa, consagrado
no art. 170 da nossa Lex Fundamentalis, temos como exemplo clássico de um setor
que se desenvolveu, em larga escala sob este “vão legislativo”, qual seja, o
automobilístico, cuja especialização maciça e o fatiamento da produção e as suas
técnicas, oriundo do toyotismo, como já analisado anteriormente, acaba por
modificar, afinal, o que é atividade-meio e a atividade-fim, porquanto desloca o
eixo de ambas na sequência cotidiana da atividade empresarial.
 Na construção civil, por sua vez, também é muito comum vislumbramos algumas
atividades ligadas à atividade-fim, como a fundação, pintura, azulejos, etc.
Ademais, os próprios serviços de telefonia, enquanto atividade-fim, também podem
ser terceirizados quando da sua concessão, a rigor do que preceitua a art. 25 da
55

 Como se não bastasse, na própria cidade de Franca é comum a terceirização do persponto


de sapatos, também vista das confecções realizadas no bairro do Bom Retiro, em São Paulo,
em Jacutinga e Monte Sião (MG) ou em Serra Negra (SP).
 Como visto, uma atividade-fim pode ser descolada em atividade acessória e vice-versa, em
razão das mudanças tecnológicas e principalmente, as exigências de mercado, muita das
vezes rápidas demais, até mesmo voláteis.
 Por fim, além das atividades-meio e atividades-fim, temos outra classificação, qual seja, as
atividades inerentes, que, como leciona Georgenor de Sousa Franco Filho “é aquilo que é
próprio, específico, peculiar”, a qual diz respeito aos serviços de telecomunicações, os quais
concernem a transmissão, emissão ou recepção por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou
qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens,
sons ou informações de qualquer natureza, consoante reza a Lei nº 9.472/97, em seu art. 60,
§ 1º.
 Com efeito, no art. 94, II, do citado diploma, há a franca possiblidade de contratação com
terceiros para o desenvolvimento destas atividades tidas inerentes, acessórias ou
complementares ao serviço, e bem assim, a implementação de projetos associados a estas
áreas.
56

 De conseguinte, temos como primeiras manifestações normativas


os Decretos-lei 1.212 e 1.216, do ano de 1966, que cuidavam
da regulamentação dos serviços bancários prestados por
empresa interposta. Dois anos mais tarde, houve a edição do
Decreto-lei 756, o qual versava sobre a regulamentação e
funcionamento agencias de colocação ou intermediação de mão-
de-obra.
 Em 1969, houve o Decreto-lei 1.034, o qual impôs adoção de
medidas de segurança para o funcionamento das casas
bancárias.
57

Vê-se, pois que, a única terceirização devidamente


regulamentada era a bancária e quanto aos
demais, estes buscavam os institutos de direito civil,
o qual, em caráter genérico, permite ao particular
praticar atos que não estejam vedados pela lei.
 No tocante à Administração Pública, o primeiro

diploma normativo a tratar da terceirização foi o


Decreto-lei n.º 200, do ano de 1967, cujo texto
tratava da descentralização das tarefas meramente
executivas no setor público.
58

 Mais à frente, veio a Lei n.º 5.645, de 1970, a qual


enumerou as atividades passíveis de execução por
empresas interpostas quanto à Administração Pública.
 O rol foi inserido no parágrafo único do art. 3º, cujo teor
rezava que “As atividades relacionadas com transporte,
conservação, custódia, operação de elevadores, limpeza e
outras assemelhadas serão, de preferência, objeto de
execução indireta, mediante contrato, de acôrdo com o
artigo 10, § 7º, do Decreto-lei número 200, de 25 de
fevereiro de 1967.”
59

 No ano de 1974 foi editada a Lei nº 6.019/74, a


primeira a tratar sobre a terceirização na economia
privada, porquanto regulamentou o trabalho temporário e
dela trataremos mais adiante, já com a reforma ocorrida
no presente ano.
 Adiante, no ano de 1983, veio a Lei nº 7.102/83,
regulamentada pelo Decreto nº 89.056/83, a qual
normatizou a terceirização nos serviços de vigilância
bancária e transporte de valores, em caráter permanente.
60

 Nesse sentido, por certo tempo só era permitido ao


setor financeiro a contratação de empresas prestadores
para a realização das tarefas sob comento.
 Entretanto, nos anos de 1994 e 1995, as Leis de nº
8.863/94 e 9.017/95 trouxeram em seus bojos a
autorização para prestação de serviços, contratados
por empresas terceiras, de vigilância patrimonial de
pessoas físicas ou jurídicas para transportes de
quaisquer tipos de carga.
61

 Frise-se que estas leis foram promulgadas após a


edição da Súmula nº 331 do Colendo Tribunal
Superior do Trabalho, a qual interpretou o instituto
ampliativamente para autorizar a terceirização
das atividades de vigilância e não mais apenas no
setor bancário, como preconizava a sua
antecessora, a Súmula nº 256. No tocante a esta
súmula, uma seção será dedicada a estudá-la mais
adiante.
62

 Por fim, atente-se para a Lei nº 8.949 de 1994, a qual inseriu o


parágrafo único ao artigo 442 da CLT, disciplinando a ausência de
vínculo empregatício entre as cooperativas e os cooperados e entre
esses e o tomador/contratante dos serviços.
 Do exposto, resta cristalino que a regulamentação sobre o instituto
Terceirização, até este corrente ano, era esparsa e ineficientes
diante do cenário brasileiro, pois que ainda não cuidava deste de
modo integral, isto é de forma globalizada e esta carência,
certamente fez com que as empresas do ramo crescessem de forma
desordenada e de toda forma, contribuindo à diminuição ou até
mesmo aviltamento do valor-trabalho, bem como do “patamar
civilizatório mínimo” defendido e alicerçado como premissa no
Direito do Trabalho, máxime pela própria Carta Magna de 1988
63

 Afinal, a terceirização desenvolvida às margens da


normatividade heterônoma, máxime em se considerarmos
que as normas e comandos constitucionais são, certamente,
esmiuçados por normas infraconstitucionais, erigiu um caos
jurídico nestas relações terceirizadas, pois que fez
paulatinamente parecer que tudo, no particular, poderia
ser feito e implementado, o que muitas das vezes entrou
choque com a própria ordem constitucional, pelo que a
regulamentação pretendida chegou em boa hora, ao
menos para que se estabeleça um marco zero nesta
regulamentação e correção face à ordem jurídico-
constitucional

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