Unb 2016

Fundamentos da Ciência da Informação
Carlos Alberto Ávila Araújo - UFMG
A Ciência da Informação como

ciência social
Brasília, 19 de maio de 2016

Jaime Robredo apresenta uma síntese da história da

ciência da informação em 10 itens. O décimo e último,
portanto mais recente, é o seguinte:
"O paradigma de Borko (1968), considerado ainda por

numerosos profissionais como o melhor quadro de
referência para definir a ciência da informação, começa a
ser cada vez mais questionado, tendência essa que
acompanha o surgimento - ou renascimento - de correntes
que enfatizam cada vez mais fortemente os aspectos
socioeconômicos e socioculturais dos fluxos e de sua
relação com a gênese de novos conhecimentos" (2003, p.
95).
1. Chave de leitura
• O que é informação?
• Três cruzamentos
• Fenômeno de linguagem: sintático, semântico,
pragmático
• Fenômeno social: ordem, conflito, construção
(três movimentos do pensamento: positivo,
crítico e fenomenológico)
• Fenômeno de conhecimento: objetivo, subjetivo,
intersubjetivo
1.1. Aspectos da CI
• Histórico de formação do campo
• Os diferentes conceitos (paradigmas?)
• O desenvolvimento de subáreas (correntes
teóricas?)
• Tentativas de caracterização
• Desafios contemporâneos
2. A especificidade das ciências

humanas e sociais
• Metodologia: movimento do pensamento com

intenção de produção de novo conhecimento –
relação com um horizonte de possibilidades,
condições de produção
• Programa de pesquisa: empreendimentos
institucionalizados, recursos, perguntas e
teses para a busca de um conhecimento
legítimo – escolhas e objetos
Caráter poli-epistemológico da
CI - Nélida
A ação de informação articula três estratos:
a) Semântico-discursivo, cultural, dimensão de
significação – métodos da antropologia, lingüística
b) Meta-informacional, regulação dos ciclos e fluxos,
organização e gestão – métodos da administração,
gestão, política
c) Infra-estrutural, tecnológico – métodos da
computação, técnica, economia
Convivência de modos de conhecimento ESPECÍFICOS
de cada estrato
2.1. A importância do estudo

das linhas de pensamento
• Nenhuma pesquisa é neutra - todo estudo tem
um arcabouço teórico que informa a escolha
do objeto
• Todo estudo sobre o social insere-se em
alguma corrente de pensamento filosófica ou
sociológica, mesmo que essa filiação seja
INCONSCIENTE para o autor
• Nenhuma das linhas existentes tem o
monopólio da compreensão TOTAL e
COMPLETA da realidade
• “(...) convém efetivamente evocar conjuntos não

rígidos com variáveis que se entrecortam e não
tanto territórios rigorosamente delimitados”
(LALLEMENT, 2004, p. 8)
• Não tanto oposições frontais mas pólos
estruturantes entre os quais se organizam
diversas combinatórias teóricas
• Possibilidade de se acomodar a um pluralismo
explicativo que não é prejudicial à sua validade
epistemológica
2.2. Positivismo
• Ainda hoje, corrente dominante
• Teses:
a) a realidade é aquilo que nossos sentidos
podem perceber
b) ciências sociais e naturais têm o mesmo
FUNDAMENTO lógico e metodológico
c) distinção entre fato e valor
Leis, fatos como coisas, o externamente
observável
Funcionalismo
• Variante do Positivismo; teses:
a) sociedade são totalidades que se constituem
como organismos vivos, com elementos
inter-dependentes, equilíbrio e ajustes
b) cada sociedade tem seus elementos de
controle para regular elementos internos e
externos
c) integração pelo consenso
d) idéia de progresso e desenvolvimento
2.3. Perspectiva crítica

• Perspectiva da suspeição de que a
realidade tenha fundamento nela mesma
• Perspectiva histórica - materialismo
histórico (dinâmica do real na sociedade)
• Abordagem dialética (método de
abordagem do real)
• Entendimento do processo histórico na
sua transformação
Marxismo
• Estuda os sujeitos comprometidos com
seus interesses e lutas sociais
• Crítica das ideologias
• Vínculo entre os modos de produção e as
formações sociais (consciência surge
como produto social)
• Dialética: princípio do conflito como algo
permanente
2.4. Abordagem compreensiva

• Compreensão como propriedade
ESPECÍFICA dos fenômenos sociais
• Significado e intencionalidade os
separam dos fenômenos naturais
• Dilthey: compreensão ESPECÍFICA e
CONCRETA
• Weber: causação diferente das ciências
naturais - compreensão interpretativa
da ação social
Fenomenologia
• Estudo da vida cotidiana: conhecimento

vivido, “natural”, com tipificações
• Revelar os significados implícitos que
penetram o universo social
• Conceitos: situação, conhecimento,
estoque, relevância
• Intersubjetividade: dado da existência
humana
3. O desenvolvimento da CI
• Bibliografia/Documentação – o “pós-custodial” e
conceito de documento
• O rompimento com a Biblioteconomia – ALA/SLA
• Os primeiros cientistas da informação – IIS, Royal
Society, Viniti, ICSI 1958
• A dimensão tecnológica, desde o microfilme
• A fundamentação: Teoria Matemática
3.1. Dois saltos conceituais

• The Copenhagen Conference Theory and
Application of Information Research, 1977
• Popper, três mundos
• Brookes, 1977:
• K (S) + I = K (S + S), onde S é uma estrutura
de conhecimento e I é um indicador do efeito
da modificação
• I CoLIS – International Conference on
Conceptions of Library and Information Science,
1991
Autor Primeiro modelo Segundo modelo Terceiro modelo
Rendón Rojas sintático semântico pragmático

Saracevic restrito amplo ainda mais amplo
Orom físico cognitivo alternativo
Fernández Molina e positivista cognitivo sociológico
Moya Anegón
Silva e Ribeiro mensurável, pregância simbólica estruturada pela

reprodutível e ação e integrada a
transmissível contextos
Capurro físico cognitivo social

Salaun e Arsenault forma conteúdo meio
3.2. As subáreas
• Comunicação científica
• Representação da informação
• Gestão da informação
• Usuários da informação
• Economia política da informação
• Estudos métricos
Modelo físico/sintático Modelo cognitivo/semântico Modelo social/pragmático
Caracterização das fontes formais Fluxos, colégios invisíveis e Redes
e informais de informação gatekeepers Dimensões políticas e culturais
Comunicação científica Avaliação dos serviços e sistemas Comunicação da informação da ICT
de informação científica Escience
Garvey, Griffith, Ziman, Meadows Crane, Crawford, Zaltman, Acesso livre
Beaver Mulkay, Holton, Lievrouw
Sistemas de classificação e Sistemas orientados para Classificações facetadas
linguagem controlada usuários Marcação social, folksonomias,
Representação da Lancaster, Vickery, Foskett Vakkari, Fugmann, Ingwersen ontologias
informação Ruthven, Gnoli, Spiteri,
Broughton
Uso da informação Comportamento informacional Práticas informacionais
Usuários da informação Line, Paisley, Bernal, Urquhart Wilson, Dervin, Nilan, Ellis, Savolainen, McKenzie, Talja,
Todd Tuominen, Erdelez
Gestão de recursos Gestão da informação e do Contextos organizacionais
informacionais conhecimento Cultura organizacional
Gestão da informação Sauermann, Cook, Berry, Taylor Nonaka, Takeuchi, Senge, Orientação informacional
Davenport, Prusak Choo, Fahey, Marchand.
Kettinger, Rollins
Disseminação, extensão Políticas de informação Sociedade em rede, cibercultura,
Guinchat, Menou, Machlup Inclusão capitalismo cognitivo
Economia política da Wersig, Nevelling, Mattelart Lojkine, Day, Braman, Allard,
informação Qayyum, McCausland
Leis bibliométricas Análise de citações Cientometria, visualização de

Estudos métricos da Lotka, Bradford, Zipf Solla Price, Garfield, Donohue literaturas, redes
informação White, McCain, Wormell, Cooper,
Blair
3.3. As perspectivas
contemporâneas
1a/1b: corpo de a e b
2a/2b: cérebro de a e b
3a/3b: psiquê (mente ou self) de a e b
4a/4b representação de um objeto (informação) do mundo exterior
5: mundo exterior
6: impressão de/sobre (ou processo de 'in-formação’) o objeto
7: objeto do mundo exterior
8a/8b: intercâmbio de informação entre a e b relativo às representações dos objetos do mundo
exterior
Os regimes de informação
INFORMAÇÃO
documentos
sistemas sistemas
regulatórios econômicos
tecnologias dimensão
social
diferentes valores diferentes
sujeitos culturais sujeitos
Inserção dos fenômenos informacionais em contextos

concretos: modelos globais de compreensão;
epifenômeno/iceberg
4. As tentativas de caracterização da CI
• Ciência humana e social – correntes teóricas

• Ciência pós-moderna – o “olhar informacional”
• Ciência interdisciplinar – forma de diálogo com
outros campos do conhecimento
UFAM
UFPA
UFPb
UFPE
UFBA
UnB
UFG
UFMG UFES
Unesp
UEL Unirio
UFF
UFSC
UFRGS
FURG
4.1. “Tese” sobre as relações ABM e CI

• Renascimento / Modernidade / Positivismo
– clara distinção
• Século XX, quatro movimentos teóricos
(Funcionalista, Crítico, Sujeitos e
Representação) – aproximação
• Tendências contemporâneas
-Conceito de arquivo – Tanodi (“arquivalia”), Ketelaar

- Tipos de arquivos – sonoros, visuais, microfilme, arte
- A questão da tecnologia
Arquivologia - Arquivística integrada – Couture, Rousseau, Ducharme
- Arquivos como construções sociais – Thomassen, Delgado
Gómez
- História oral, arquivos pessoais e familiares
-Mediação – Ortega y Gasset, Litton, Gómez Hernández, Estabel;

“assembleia de usuários” (Fonseca)
- “Biblioteca 2.0”, Casey, Miller; “Nova Biblioteconomia” (Lankes)
Biblioteconomia - Competência informacional – Zurkowsky
- Bibliotecas eletrônicas – Rowley
-Ecomuseus e a Nova Museologia (Rivière, Varine)

- ICOM Santiago 1972, Quebec 1984 – Minom
- Musealização – Fernández Paz, Agudo Torrico
Museologia -O “museal” x “ciência do hospital” - Stránský
- Patrimônio imaterial
- Museu virtual, Museum Informatics (Marty, Jones)
• No dia 14/07 I Seminário Interdisciplinar de Arquivologia,

Biblioteconomia e Museologia -
http://www.enearq.com.br/programacao-previa/
• De 19 a 21/07 3º INTEGRAR – Congresso Internacional
de Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e
Museus, em São Paulo -
http://www.integrar.febab.org.br/
• De 26 a 28/09, VIII EBAM, Encuentro Latinoamericano
de bibliotecários, archivistas y museólogos -
http://www.ebam.com.ar/index.../ebam-2016/inscripcion-
evento
• 18 a 20/09, o XI Encontro de Diretores e X Encontro de

Docentes de Escolas de Biblioteconomia e Ciência da
Informação do Mercosul, em BH, com o tema "A
biblioteconomia em diálogo com a arquivologia e a
museologia" - http://mercosur2016.eci.ufmg.br/
• 21 a 23/09, também em BH, o X Edicic - Encontro da
Associação de Educação e Pesquisa em Ciência da
Informação da Iberoamérica e Caribe, com o tema
"Patrimônio, mediações sociais e tecnologias" -
http://edicic2016.eci.ufmg.br/
5. Considerações finais
Do artigo "Desenvolvimento teórico da ciência da informação: um
breve histórico", de Birger Hjorland:
"A utilidade da teoria da informação como fundamentação teórica do

campo foi sendo contestada. (...) Em meio à competição entre
quadros teóricos, 'o ponto de vista cognitivo' se tornou influente da
década de 1970, mas também foi fortemente criticado. A ciência da
informação é hoje muito fragmentada, mas um crescente número de
pesquisadores acreditam que os problemas do campo devem ser
relacionados a teorias do conhecimento e compreendidos a partir
de uma perspectiva social e cultural, assim, restabelecendo as
conexões com ideias tais como a epistemologia social que
permaneceram implícitas no campo durante muito tempo".
O que é ciência da informação? Uma resposta francesa:
“Se preocupando em esclarecer um problema social concreto, o da

informação, e voltando-se para o ser social em busca de
informação, a ciência da informação se enquadra no setor das
ciências sociais, que são o principal meio de acesso a uma
compreensão do social, do cultural”.
CACALY, S. et al. Dictionnaire de l’information. Paris: Armand Colin,

2008, p. 226.
• Importância desse debate: fundamento de
ABM está nas CSH
• Reconfiguração da CI para o
estabelecimento do diálogo
• Garfinkel, 1952: a vida humana é o que
faz com que “informação” seja informação
• CI retirar de sua inserção no campo das
CSH todas as implicações

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Jaime Robredo apresenta uma síntese da história da

"O paradigma de Borko (1968), considerado ainda por

2. A especificidade das ciências

• Metodologia: movimento do pensamento com

2.1. A importância do estudo

• “(...) convém efetivamente evocar conjuntos não

2.3. Perspectiva crítica

2.4. Abordagem compreensiva

• Estudo da vida cotidiana: conhecimento

3.1. Dois saltos conceituais

Autor Primeiro modelo Segundo modelo Terceiro modelo

Rendón Rojas sintático semântico pragmático

Silva e Ribeiro mensurável, pregância simbólica estruturada pela

Capurro físico cognitivo social

Leis bibliométricas Análise de citações Cientometria, visualização de

Inserção dos fenômenos informacionais em contextos

• Ciência humana e social – correntes teóricas

4.1. “Tese” sobre as relações ABM e CI

-Conceito de arquivo – Tanodi (“arquivalia”), Ketelaar

-Mediação – Ortega y Gasset, Litton, Gómez Hernández, Estabel;

-Ecomuseus e a Nova Museologia (Rivière, Varine)

• No dia 14/07 I Seminário Interdisciplinar de Arquivologia,

• 18 a 20/09, o XI Encontro de Diretores e X Encontro de

"A utilidade da teoria da informação como fundamentação teórica do

“Se preocupando em esclarecer um problema social concreto, o da

CACALY, S. et al. Dictionnaire de l’information. Paris: Armand Colin,

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