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NOMES DO REDENTOR
1. O NOME JESUS: O nome Jesus é a forma grega do hebraico Jehoshua, Joshua,
Js. 1.1; Zc 3.1, ou Jeshua (forma normalmente usada nos livros históricos pós-
exílicos), Ed 2.2.
A derivação deste nome tão comum do Salvador oculta-se na obscuridade. A opinião
geralmente aceita é que deriva da raiz yasha’, hiphil hostia’, salvar, mas não é fácil
explicar como foi que Jehoshua’ tornou-se Jeshua’. Provavelmente Hoshea’,
derivado do infinitivo, foi a forma original (Nm 13.8, 16; Dt 32.44), expressando
meramente a idéia de redenção. O yod, que é o sinal do imperfeito, pode ter sido
acrescentado para expressar a certeza da redenção. Isto se harmonizaria melhor
com a interpretação do nome dado em Mt 1.21. Quanto a uma outra derivação, de
Jeho (Jehovah) e shua, socorro (Gotthilf).
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O NOME FILHO DO HOMEM
No Velho Testamento este nome se acha em Sl 8.4; Dn 7.13 e muitas vezes na
profecia de Ezequiel. Acha-se também nos apócrifos Enoque 46 e 62 e 2 Esdras 13.
Admite-se geralmente agora que o uso que o Novo testamento faz dele depende da
citada passagem de Daniel, embora naquela profecia a expressão seja apenas uma
frase descritiva, e não ainda um título. A transição daquela para este deu-se
posteriormente e, ao que parece, já era um fato consumado quando o livro de
Enoque foi escrito. Era a maneira mais comum de Jesus tratar-se a Si próprio. Ele
aplicou o nome a Si mesmo em mais de quarenta ocasiões, ao passo que os outros
evitavam emprega-lo. A única exceção nos evangelhos está em Jo 12.34, onde o
nome aparece numa citação indireta de uma palavra de Jesus; e no restante do
Novo testamento somente Estevão e João o empregam, At 7.56; Ap 1.13; 14.14. 10
O NOME CRISTO
Se Jesus é o nome pessoal, Cristo é o nome oficial do Messias. É o
equivalente de Mashiach do Velho Testamento, (de maschach,
ungir) e, assim, significa “o ungido”. Normalmente os reis e os
sacerdotes eram ungidos, durante a antiga dispensação, Ex 29.7; Lv
4.3; Jz 9.8; 1 Sm 9.16; 10.1; 2 Sm 19.10.
Primeiro, o nome “Cristo” foi aplicado ao Senhor como um
substantivo comum, com o artigo, mas gradativamente desenvolveu
e se tornou um nome próprio, sendo então usado sem artigo.
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O NOME FILHO DO HOMEM: No Velho Testamento este nome se acha
em Sl 8.4; Dn 7.13 e muitas vezes na profecia de Ezequiel. Acha-se
também nos apócrifos Enoque 46 e 62 e 2 Esdras 13. Admite-se
geralmente agora que o uso que o Novo testamento faz dele
depende da citada passagem de Daniel, embora naquela profecia a
expressão seja apenas uma frase descritiva, e não ainda um título. A
transição daquela para este deu-se posteriormente e, ao que
parece, já era um fato consumado quando o livro de Enoque foi
escrito. Era a maneira mais comum de Jesus tratar-se a Si próprio.
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Ele aplicou o nome a Si mesmo em mais de quarenta
ocasiões, ao passo que os outros evitavam
emprega-lo. A única exceção nos evangelhos está
em Jo 12.34, onde o nome aparece numa citação
indireta de uma palavra de Jesus; e no restante do
Novo testamento somente Estevão e João o
empregam, At 7.56; Ap 1.13; 14.14.
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4. O NOME FILHO DE DEUS: O nome “Filho de Deus” foi
variadamente aplicado no Velho testamento: a) ao povo de Israel, Ex.
4.22; Jr 31.9; Os 11.1; b) a oficiais de Israel, especialmente ao
prometido rei da casa de Davi, 2 Sm 7.14; Sl 89.27; c) a anjos, Jó 1.6;
2.1; 38.7; Sl 29.1; 89.6; e d) a pessoas piedosas em geral, Gn 6.2; Sl
73.15; Pv 14.26. Em Israel o nome adquiriu significação teocrática. No
Novo Testamento vemos Jesus apropriando-se do nome, e outros
também atribuindo-o a Ele. O nome é aplicado a Jesus em quatro
sentidos diferentes, nem sempre mantidos em distinção na Escritura,
mas às vezes combinados. O nome é-lhe aplicado: 14
No sentido oficial ou messiânico: é mais como uma
descrição do ofício que da natureza de Cristo. O Messias pode
ser chamado Filho de Deus como herdeiro e representante de
Deus.
No sentido trinitário: Às vezes o nome é utilizado para
indicar a divindade essencial de Cristo. Como tal, ele indica uma
filiação preexistente, que transcende absolutamente a vida
humana de Cristo e Sua vocação oficial como o Messias. Mt 11.27;
14.28-33; 16.16, e paralelas; 21.33-46, e paralelas; 22.41-46; 26.63. 15
No sentido natalício: Cristo é também chamado Filho de
Deus em virtude do Seu nascimento sobrenatural. O nome é
assim aplicado a Ele na passagem do Evangelho Segundo Lucas,
na qual a origem da Sua natureza humana é atribuída à direta e
sobrenatural paternidade de Deus, a saber, Lc 1.35.
No sentido ético-religioso: É neste sentido que o nome
“filhos de Deus” é aplicado aos crentes no Novo Testamento. É
possível que tenhamos um exemplo da aplicação do nome “Filho
de Deus”a Jesus nesse sentido ético-religioso em Mt 17.24-27. 16
5. O NOME KYRIOS “Senhor”: é aplicado a Deus na Septuaginta, a) como
equivalente de Jeová; b) como tradução de Adonai; e c) como versão de
um título honorífico aplicado a Deus (principalmente Adon), Js 3.11; Sl
97.5. No Novo Testamento vemos uma aplicação tríplice do nome a
Cristo, parecida como a do Velho Testamento: a) como uma forma polida
e respeitosa de tratamento, Mt 8.2; 20.33; b) como expressão de posse e
autoridade, sem nada implicar quanto ao caráter e autoridade divinas de
Cristo, Mt 21.3; 24.42; e c) com a máxima conotação de autoridade,
expressando um caráter exaltado e, de fato, praticamente equivalendo
ao nome “Deus”, Mc 12.36, 37; Lc 2.11; 3.4; At 2.36; 1 Co 12.3; Fp 2.11. 17
NATUREZA DO REDENTOR
Provas Bíblicas da Divindade de Cristo
Existem abundantes provas da divindade de Cristo. Alguns demonstram
certa inclinação para negar que o Velho testamento tenha predições de
um Messias divino, mas essa negação é completamente insustentável em
vista de passagens como Sl 2.6-12 (hB 1.5); 45.6, 7 (Hb 1.8, 9); 110.1 (hb
1.13); Is 9.6; Jr 23.6; Dn 7.13; Mq 5.2; Zc 13.7; Mt 3.1.
No Evangelho segundo João acha – se o mais elevado conceito da pessoa
de Cristo, como se vê nas seguintes passagens: Jo 1.1-3. 14, 18; 2.24, 25;
3.16-18, 35, 36; 4.14, 15; 5.18, 20-22, 25-27; 11.41-44; 20.28; 1 Jo 1.3; 2.23;
4.14, 15; 5.5, 10-13, 20. 18
Um conceito semelhante acha-se nas epistolas paulinas e na
Epistola aos Hebreus, Rm 1.7; 9.5; 1 Co 1.1-3; 2.8; 2 Co 5.10; Gl
2.20; 4.4; Fp 2.6; Cl 2.9; 1 Tm 3.16; Hb 1.1-3, 5,8; 4.14; 5.8.
Outro elemento muito importante é a própria consciência de
Cristo. Jesus estava consciente de que era o próprio filho
de Deus. As seguintes passagens atestam isto: Mt 11.27 (Lc
10.22); 21.37, 38 (Mc 12.6; Lc 20.13); 22.41-46 (Mc 13.35-37; Lc
20.41-44); 24.36 (Mc 13.32); 28.19. 19
Provas Bíblicas da Humanidade de Cristo
No passado houve muitas negações sobre a natureza humana de Cristo,
mas no presente ninguém questiona seriamente a verdadeira humanidade
de Jesus Cristo. A única divindade que muitos ainda atribuem a Cristo é
simplesmente a de Sua humanidade perfeita. Jesus chamou – se homem
aSi próprio, e assim foi chamado por outros, Jo 8.40; At 2.22; Rm 5.15; 1 Co
15.21. A Bíblia atesta a humanidade de Cristo, em passagens como: Mt
26.26, 28, 38; Lc23.46; 24.39; Jo 1.14; 11.33; 1 Tm 3.16;Hb 2.14; 1 Jo 4.2.Cristo
passou pelas experiências normais da vida humana, Mt 4.2; 8.24; 9.36; Mc
3.5; Lc 22.44; Jo 4.6; 11.35; 12.27; 19.28, 30; Hb 5.7.
20
Provas Bíblicas da impecabilidade de Cristo
Uma vez que a humanidade de Cristo é atestada, surge a
seguinte pergunta: Jesus Cristo foi um homem com perfeição
moral, isto é, impecável. A Bíblia dá claro testemunho disto nas
seguintes passagens: Lc 1.35; Jo 8.46; 14.30; 2 Co 5.21; Hb 4.15;
9.14; 1 Pe 2.22; 1 Jo 3.5. Isto significa não apenas que Cristo
pode evitar o pecado (potuit non peccare), e que de fato evitou,
mas também que Lhe era impossível pecar (non potuitpeccare),
devido à ligação essencial entre as naturezas humana e divina. 21
Analisando Lc 1.32:
1. Ele é chamado “Filho do Altíssimo”, porque veio do seio do Pai (Jo
1.18). A expressão indica a procedência divina e pre-existente daquele
que haveria de ser o Redentor. Esse “Filho do Altíssimo” possui uma
natureza divina, que é a base da personalidade total do Redentor. Antes
dessa Pessoa divina ter uma natureza humana (derivada de Maria) unida
a si, o Verbo já era Filho do Altíssimo, mas somente mais tarde, depois do
seu nascimento de Maria, é que os homens haveriam de conhecer e de
reconhecer o Redentor como “Filho do Altíssimo”. Essa parte do texto
mostra o carácter pre-existente do Redentor quanto a sua natureza divina.
22
2. Ele é chamado também “filho de Davi" (“Davi, seu pai”). Em
vários lugares Jesus recebe esse titulo da realeza mais famosa
de Israel. Essa expressão e equivalente dizer que Maria teria sido
descendente da linhagem de Davi, o que corrobora com Romanos
1.3 que diz: “com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne,
veio da descendência de Davi”. Todavia, essa expressão também
pode significar uma linhagem de honra, que receberia o trono de
Davi, honra essa que poderia ter vindo também através de José,
que e o seu pai legal, que também veio da linhagem de Davi. 23
Pessoalmente, adoto a primeira posição, pois o texto
de Romanos fala que o Filho de Deus, segundo a carne
(i.e., segundo a sua natureza humana), veio da
descendência de Davi. A palavra descendência no
grego e auepiiaroc (spermatos), de onde vem a nossa
palavra portuguesa ‘esperma’, que significa
literalmente “semente” (de natureza física).
24
A Necessidade das Duas Naturezas de Cristo
Necessidade de Sua humanidade: Desde que o homem pecou, era
necessário que o homem sofresse a penalidade. Além disso, o
pagamento da pena envolvia sofrimento de corpo e alma, sofrimento
somente cabível ao homem, Jo 12.27; At 3.18; Hb 2.14; 9.22. Era
necessário que Cristo assumisse a natureza humana, não somente
com todas as suas propriedades essenciais, mas também com todas
as debilidades a que está sujeita, depois da Queda, e, assim, devia
descer às profundezas da degradação em que o homem tinha caído,
Hb 2.17, 18. 25
Necessidade de Sua Divindade: No plano divino de
salvação era absolutamente essencial que o Mediador fosse
verdadeiramente Deus. Era necessário que: 1) Ele pudesse
apresentar um sacrifício de valor infinito e prestar perfeita
obediência à lei de Deus; 2) Ele pudesse sofrer a ira de
Deus redentoramente, isto é, para livrar outros da
maldição da lei; e 3) Ele pudesse aplicar os frutos da Sua
obra consumada aos que O aceitassem pela fé.
26
UNIPERSONALIDADE DO
REDENTOR
27
Proposições nas Quais se Podem Declarar o Conceito da Igreja
Há somente uma pessoa no mediador, o Logos imutável. O Logos
fornece a base da personalidade de Cristo.
A natureza humana como tal não constitui uma pessoa humana. O
Logos não adotou uma pessoa humana, com a resultante de haver
duas pessoas no mediador, mas simplesmente assumiu uma natureza
humana.
Ao mesmo tempo, não é certo falar que a natureza humana de
Cristo é impessoal. A natureza humana tem a sua existência pessoal
na pessoa do Logos. É impessoal, e não impessoal. 28
Por essa mesma razão, não temos base para dizer
que a natureza humana de Cristo é imperfeita ou
incompleta.
Esta subsistência pessoal não deve ser confundida
com consciência e vontade livre.
A pessoa divina, que possuía uma natureza divina
desde a eternidade, assumiu uma natureza humana, e
agora têm ambas. 29
Prova Bíblica da Unipersonalidade de Cristo.
A doutrina das duas naturezas numa só pessoa transcende a razão
humana. Por isso é de extrema importância considerar alguns aqui.
Na Escritura não há evidência de uma personalidade dual
Ambas as naturezas são representadas na Escritura como unidas
numa só pessoa, Jo 1.14; Rm 8.3; Gl 4.4; 9.5; 1 Tm 3.16; Hb 2.11-14; 1 Jo
4.2, 3.
A pessoa é aludida em termos próprios de uma das duas naturezas,
Jo 3.13; 6.62; At 20.28; Rm 9.5; 1 Co 2.8; Cl 1.13, 14.
30
CATACTERÍSTICAS DA UNIO
PERSONALIS
31
É UMA UNIÃO DE CARACTER TEMPORAL: A unio personalis
não é uma união eterna porque começou no tempo. Essa união
foi determinada na eternidade, mas realizada na história dos
homens. O Verbo, ou a segunda pessoa da Trindade, é eterna,
mas a pessoa teantrópica é temporal, não temporária. Existia
somente o Verbo até o momento em que houve a encarnação. A
união de naturezas começou exatamente na concepção
imaculada, quando o Espírito Santo agiu miraculosamente em
Maria. 32
É UMA UNIÃO DE CARÁTER PERENE: Não obstante essa
união tenha um caráter temporal, porque foi realizada no
tempo, ela permanece para sempre. Biblicamente é fácil de
provar essa verdade. O texto de Romanos 9.5 trata desse
assunto de maneira clara: “Deles são os patriarcas e também
deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos,
Deus bendito para todo o sempre. Amém”. Cristo será para
sempre Deus e para sempre homem. Nunca mais ele voltará à
condição de antes da encarnação. 33
É UMA UNIÃO QUE NÃO PROVOCA MUDANÇAS NA
TRINDADE: Antes da encarnação, a Trindade era
composta desta forma: Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo. Após a encarnação, a Trindade ficou
constituída desta forma: Deus Pai, Deus Filho
encarnado e Deus Espírito Santo. As três pessoas da
Trindade continuam sem sofrer qualquer mudança
substancial. 34
Não obstante, o Filho teve acrescida sobre si a
natureza humana a partir de um determinado
ponto da história, e assim será para sempre. O
Filho será para sempre encarnado, para sempre o
Deus-homem. Nunca mais ele será somente o
Verbo divino, mas o “Verbo feito carne”.
35
É UMA UNIÃO QUE PRESERVA INTACTAS AS DUAS
NATUREZAS: Quando o Logos consentiu em unir-se à natureza
humana, ele consentiu em agir “em forma de servo”, sem,
contudo, deixar de existir em “forma de Deus” (veja Fp 2.6-8). A
encarnação não é uma transmutação ou transubstanciação. A
essência das duas naturezas permanece intacta. Como o Filho
encarnado, ele age em seu modo duplo de existência. Ora
percebemos a sua verdadeira humanidade, ora percebemos a
sua verdadeira divindade. 36
Segundo a sua natureza humana, ele está localizado no céu e, segundo
a sua natureza divina, ele está em toda parte, pois é onipresente. O
Deus-homem é limitado e ilimitado; tem uma consciência dupla: finita e
infinita. Ele é capaz de pensar igual a Deus e igual ao homem.
Simultaneamente, ele era o Verbo espiritual eterno e absoluto,
enchendo a imensidão, e também era um espírito localizado, confinado
à existência humana do Jesus de Nazaré. Em suas relações trinitárias,
ele permanece a segunda pessoa da Trindade imutável, infinita,
onipresente e onisciente; em suas relações humanas, ele permanece
um conosco, localizado no céu, à direita de Deus 37
2
OS ESTADOS DO
REDENTOR
ESTADO DE HUMILHAÇÃO
39
A ENCARNAÇÃO E O NASCIMENTO DE CRISTO:
O sujeito da encarnação: Não foi o trino Deus, mas a
Segunda Pessoa da Trindade que assumiu a natureza humana.
Ao mesmo tempo, devemos lembrar que cada uma das pessoas
divinas agiu na encarnação, Mt 1.20; Lc 1.35; Jo 1.14; At 2.30; Rm
8.3; Gl 4.4; Fp 2.7.
A encarnação propriamente dita, uma parte da
humilhação de Cristo: Isto parece estar implícito em
passagens como Rm 8.3; 2 Co 8.9; Fp 2.6, 7. 40
A mudança efetuada na encarnação: Quando o
Verbo se fez carne, não deixou de ser o que era antes.
Quanto ao Seu Ser essencial, o Logos era exatamente o
mesmo, antes e depois da encarnação. O verbo egeneto,
em Jo 1.14 (o Verbo se fez carne) significa que o Logos
contraiu aquele caráter particular, que Ele adquiriu uma
forma adicional, sem de modo algum mudar a Sua
natureza original. 41
A encarnação fez de Cristo um membro da
raça humana: Se a natureza humana de Cristo não
derivou do mesmo tronco que a nossa, mas apenas
se assemelhou a ela, não existe aquela relação
entre nós e Ele que é necessária para tornar a Sua
mediação eficaz para o nosso bem.
42
A encarnação foi efetuada por uma concepção
sobrenatural e um nascimento virginal: O elemento mais
importante, com relação ao nascimento de Jesus, foi a operação
sobrenatural do Espírito Santo, pois só por este meio foi possível
o nascimento virginal. Mt 1.18-20; Lc 1.34, 35; Hb 10.5. Ela foi uma
obra dupla: 1) Ele foi a causa eficiente do que foi concebido no
ventre de Maria, logo excluiu a atividade do homem como fator
eficiente. 2) Ele santificou a natureza humana de Cristo logo no
início, e assim a manteve livre da corrupção do pecado. 43
OS SOFRIMENTOS DO SALVADOR:
Ele sofreu durante toda a Sua vida: Cristo teve uma vida de
servo; a vida do único ser humano sem pecado, na diária companhia
de pecadores, e a vida do Santo num mundo amaldiçoado pelo
pecado. O caminho da obediência foi para Ele, ao mesmo tempo, um
caminho de sofrimento.
Sofreu no corpo e na alma: a Bíblia ensina claramente que
Cristo sofreu em ambos. Ele se agonizou no jardim, onde a Sua alma
esteve “profundamente triste até a morte”, e também Ele foi
esbofeteado, açoitado, transpassado, cuspido, e por fim, e crucificado. 44
Seus sofrimentos resultaram de várias causas:1) O fato
Dele ser o Senhor do Universo, mas ter que ocupar uma posição
subalterna, a posição de servo cativo, ou escravo. 2) O fato de
que Aquele que era puro e santo, teve que viver numa atmosfera
pecaminosa e corrupta. 3) Sua perfeita noção e clara
antecipação, desde o início da Sua vida, dos sofrimentos extremos
que, por assim dizer, o esmagariam no fim. 4) também as
privações da vida, as tentações do diabo, o ódio e rejeição do
povo, e os maus tratos e perseguições a que esteve sujeito. 45
Seus sofrimentos foram únicos: Ninguém poderia sentir
como Jesus sentia a dureza da dor, da tristeza e do mal moral.
Mas, além destes sofrimentos mais comuns, havia também os
sofrimentos causados pelo fato de que Deus fez com que as
nossas iniquidades viessem sobre Ele qual torrente.
Seus sofrimentos nas tentações: Seu ministério público
iniciou – se com um período de tentação, e mesmo após esse
período as tentações se repetiam, a intervalos, culminando no
trevoso Getsêmani, Mt 4.1-11; Lc22.28; Jo 12.27; Hb 4.15; 5.7. 46
MORTE DO SALVADOR:
A extensão de Sua morte: A morte é a punição do pecado,
punição judicialmente imposta e infligida. É a ação pela qual Deus se
retira do homem com todas as bênçãos de vida e felicidade, e visita
o homem com ira. É segundo este ponto de vista judicial que se deve
considerar a morte de Cristo. Deus impôs judicialmente a sentença
de morte ao Mediador, desde que Este se incumbiu voluntariamente
de cumprir a pena do pecado da raça humana. Ele suportou, no
corpo e na alma, a ira de Deus contra o pecado de toda a raça
humana. 47
O caráter judicial de Sua morte: Ele tinha que ser contado com
os transgressores e condenado como criminosos. Deus dispôs
providencialmente que o Mediador fosse julgado e sentenciado por
um juiz romano. Os romanos tinham talento para a lei e a justiça, e
representavam o poder judicial mais alto do mundo E quando o juiz
romano, não obstante, condenou o inocente, e é verdade, também se
condenou a justiça humana como ele a aplicara, mas, ao mesmo
tempo, impôs sentença a Jesus na qualidade de representante do
mais elevado poder judicial do mundo, exercendo as suas funções
pela graça de Deus e ministrando a justiça em nome de Deus. 48
O sepultamento do Salvador: É o último estágio do
estado de humilhação. Note – se especialmente o seguinte:
a) Voltar o homem ao pó, do qual fora tomado, é descrito na
escritura como parte da punição do pecado, Gn 3.19; b)
Diversas declarações da escritura implicam que a
permanência do Salvador na sepultura foi uma humilhação,
Sl 16.10; At 2.27, 31; 13.34, 35; c) Ser sepultado é ir para baixo,
e, portanto, uma humilhação, pois o Senhor ordenou isso.
49
Quanto a Sua descida ao hades, de modo geral é
melhor combinar dois pensamentos: a) que
Cristo sofreu as angústias do inferno antes da
Sua morte, no Getsêmani e na cruz; e b) que Ele
adentrou a mais profunda humilhação do estado
de morte.
50
ESTADO DE EXALTAÇÃO
51
A RESSURREIÇÃO
Natureza da ressurreição: A ressurreição de
Cristo consistiu em que nele a natureza humana, o
corpo e a alma, foi restaurada à sua prístina força e
perfeição e até mesmo elevada a um nível superior,
enquanto que o corpo e a alma foram reunidos num
organismo vivo.
52
A ressurreição de Cristo tem significação tríplice:
Constituiu uma declaração do pai de que o último inimigo
tinha sido vencido, a pena tinha sido cumprida, e tinha sido
satisfeita a condição em que a vida fora prometida;
Foi um símbolo daquilo que estava destinado a suceder aos
membros do corpo místico de Cristo em sua justificação, em
seu nascimento espiritual e em sua bendita ressurreição
futura, Rm 6.4, 5, 9; 8.11; 1 Co 6.14; 15.20-22; 2 Co 4.10, 11, 14; Cl
2.12; 1 Ts 4.14; 53
Relacionou-se também instrumentalmente com a
justificação, a regeneração e a ressurreição final dos
crentes, Rm 4.25; 5.10; Ef 1.20; Fp 3.10; 1 Pe 1.3.
O autor da ressurreição: Frequentemente na
Escritura, como autor da ressurreição, atribui – se ao
poder de Deus em geral, At 2.24; 32; 3.26; 5.30; 1 Co 6.14;
Ef 1.20, ou mais particularmente, ao Pai, Rm 6.4; Gl 1.1; 1
Pe 1.3. 54
ASCENSÃO: A ascensão foi o consumar da ressurreição. A
transição de Cristo para a vida superior na glória começou na
ressurreição e foi aperfeiçoada na ascensão, Lc 24.50 – 53; Jo
6.62; 14.2, 12; 16.5, 10, 17, 28; 17.5; 20.17; At 1.6-11. Ef 1.20; 4.8-10; 1 Tm
3.16; Hb 1.3; 9.24.
A ascensão foi a subida visível da pessoa do Mediador da terra ao
céu, segundo Sua natureza humana. E ela também incluiu uma
mudança da natureza humana de Cristo. Essa natureza vestiu – se
da plenitude da glória celeste e foi perfeitamente adaptada à vida do
céu. 55
A SESSÃO A DESTRA: A significação da sessão: Além de
sinal de honra, o assentar a destra denota a participação
no governo e, consequentemente, na honra e na glória. No
caso de Cristo, mostra o fato que o mediador recebeu as
rédeas do governo sobre a igreja e sobre o universo e foi
feito participante da glória correspondente.
Provas bíblicas: Mt 26.64; Ef 1.20-22; Hb 10.12; 1 Pe 3.22; Ap
3.21; 22.1. 56
REGRESSO FÍSICO DE CRISTO
Termos bíblicos sobre o retorno de Cristo: O
termo parousia é o mais comum deles. Este é o sentido
comum do termo quando empregado com relação à volta
de Jesus Cristo, Mt 24.3, 27, 37, 39; 1 Co 15.23; 1 Ts 2.19;
3.13; 4.15; 5.23; 2 Ts 2.1; Tg 5.7, 8; 2 Pe 3.4. Um segundo
termo é apocalypsis, que acentua o fato de que a volta
de Jesus Cristo será um ato revelador dele. 57
Mostrará a oculta glória e majestade de Jesus
Cristo, 2 Ts 1.7; 1 Pe 1.7, 13; 4.13. Um terceiro termo
é epiphaneia, o glorioso aparecimento do Senhor –
Sua gloriosa manifestação. Está implícito que
aquilo que é o posto a descoberto é algo glorioso, 2
Ts 2.8; 1 Tm 6.14; 2 Tm 4.1-8; Tt 2.13.
58
O regresso como um estágio da exaltação: O ponto
supremo não será alcançado enquanto Aquele que sofreu
nas mãos do homem não voltar na qualidade de juiz, Jo 5.22,
27, Mt 19.28; 25.31-34; Lc 3.17; At 10.42; 17.31; Rm 2.16; 14.9; 1
Co 5.10; 2 Tm 4.1; Tg 5.9.
O propósito do Seu regresso: A segunda vinda de
Cristo se dará com o propósito de julgar o mundo e
aperfeiçoar a salvação do Seu povo. Mt 24.30, 31; 25.31, 32.
59
3
OS OFÍCIOS DO
REDENTOR
OFÍCIO PROFÉTICO
61
O velho Testamento emprega três palavras para designar um
profeta, a saber, nabhi, ro’eh e chozeh. As palavras ro’eh e
chozeh acentuam o fato de que o profeta é alguém que recebe
revelações da parte de Deus, particularmente na forma de
visões. No Novo Testamento usa-se a palavra porphetes,
composta de pro e phemi. Desses nomes, tomados em conjunto,
podemos deduzir que o profeta é alguém que vê coisas, isto é,
que recebe revelações, que está a serviço de Deus,
particularmente como mensageiro, e que fala em Seu nome. 62
Os dois elementos reunidos na idéia: As passagens de
Êx 7.1 e Dt 18.18, indicam a presença de dois elementos na
função profética, um passivo e outro ativo. Destes dois
elementos, o passivo é o mais importante, porquanto ele
governa o elemento ativo. Pois é o elemento que o descreve
como aquele que recebe o oráculo do Senhor. E o elemento
ativo, o descreve como aquele que transmite o que recebeu,
e ele não pode dar mais do que recebe.
63
O dever dos profetas: Os profetas tinha que revelar a
vontade de Deus ao povo. Tinham que promover os
interesses da verdade e da justiça, ainda que contra a
vontade do povo.Descreviam as coisas gloriosas que Deus
tinha para o Seu povo. Também fica evidente pela
escritura que os verdadeiros profetas de Israel
tipificavam o grande profeta que havia de vir no futuro, Dt
18.15, cf. At 3.22-24, 1 Pe 1.11. 64
OFÍCIO SACERDOTAL
65
No Velho Testamento para sacerdote é quase sem
exceção kohen. As únicas exceções acham – se em
passagens que se referem a sacerdotes idólatras, 2 Rs
23.5; Os 10.5; Sf 1.4, onde se encontra a palavra
chemarim. O significado original de kohené incerto. Não é
impossível que nos primeiros tempos indicasse um
funcionário civil bem como um servidor eclesiástico, cf. 1
Rs 4.5; 2 Sm 8.18; 20.26. 66
É evidente que a palavra sempre indicava alguém que
ocupava posição honrosa e de responsabilidade, e que
estava revestido de autoridade sobre outros; e ainda que,
quase sem exceção, serve para designar um oficial
eclesiástico. A palavra neotestamentária para sacerdote é
hiereus, que, ao que parece, indicava originariamente “um
ser poderoso” e, mais tarde, “uma pessoa sagrada”, “uma
pessoa dedicada a Deus”. 67
Enquanto os profetas são predominantemente os porta-vozes
de Deus e aplicam a Palavra de Deus na situação dos seus
contemporâneos, os sacerdotes são aqueles cuja função
principal é a de interceder por outros seres humanos na
presença de Deus. De forma simples, se o profeta é o
representante de Deus diante da humanidade, o sacerdote é o
representante da humanidade diante de Deus.
As provas bíblicas do ofício sacerdotal de Cristo são: Sl 110.4 e
Zc 6.13; Hb 3.1; 4.14; 5.5; 6.20; 7.26; 8.1 68
A OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO SIMBOLIZADA E TIPFICADA
A obra sacrificial de Cristo foi simbolizada e tipificada pelos
sacrifícios mosaicos. É necessário destacar, a sua natureza
expiatória e vicária. Várias interpretações foram dadas aos
sacrifícios do Velho Testamento:
Que eram presentes para agradar a Deus, para
expressar gratidão a Ele, ou para aplacar a Sua ira;
Que eram refeições essencialmente sacrificiais,
simbolizando a comunhão do homem com Deus 69
Que eram meios determinados por Deus pelos quais
se confessava a odiosidade do pecado;
Que, na medida em que incorporavam a idéia de
substituição, eram apenas expressões simbólicas do
fato de que Deus aceita o pecador, em lugar da
obediência fatual, no sacrifício que expressa o seu
desejo de obedecer e a sua anelante esperança de
salvação. 70
CAUSA E NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO
Por expiação entende – se a remoção da culpa d pecado. Como
resultado do facto de Cristo ter suportado a maldição da lei em
nosso favor, nossos pecados são perdoados: ele sofreu toda a
pena a que estávamos sujeitos por causa deles. As sanções
completas da justiça divina foram cumpridas, e nada mais é
exigido. Assim o salmista reflete sobre a magnitude do perdão
de Deus em Salmos 103.12. Logo, o problema de nossos pecados
pecados foi finalmente removido pela morte de Cristo.
71
Causa Motora da Expiação
Ela se acha:
1) No beneplácito de Deus, porque de acordo com a
escritura, a causa motora da expiação se acha no
consentimento ou aprovação, desta boa vontade de Deus.
Foi predito que Ele viria ao mundo para cumprir a
vontade de Deus.
2) No amor e na justiça combinados. 72
Provas da Necessidade da Expiação
Em virtude de Sua santidade, Deus não pode deixar impune o
pecado, Ex 34.7; Nm 14.18; Sl 5.4-6; Na 1.3; 1.2; Rm 1.18. O importante
era que a justiça de Deus fosse mantida. A majestade e a
imutabilidade da lei divina inerente à própria natureza de Deus fez –
lhe necessário exigir satisfação do pecador. A transgressão da lei
traz inevitavelmente consigo a penalidade.
A necessidade da expiação também se infere da veracidade de
Deus, que é o Deus da verdade e não pode mentir, Nm 23.19. A
veracidade de Deus exigia que a penalidade fosse executada. 73
Se o pecado fosse apenas uma fraqueza moral, um
resíduo de um estado pré – humano que gradativamente
foi sujeitando a natureza superior do homem, não se
requeria expiação.
A maravilhosa grandeza do sacrifício que Deus
providenciou implica a necessidade da expiação. A
Escritura prova que os sofrimentos de Cristo são
necessários, em Lc 24.26; Hb 2.10; 8.3; 9.22, 23. 74
NATUREZA DA EXPIAÇÃO
Expiação é Objetiva
A morte expiatória de Cristo encontra – se no cerne de seu
obra como sacerdote. O pecado de Adão mergulhou toda a
raça no pecado e na condenação. Assim a humanidade
separada de Cristo é descrita como morta em pecado, sem
Deus, e sem esperança (Ef 2.1, 11, 12), destinada ao
julgamento (Hb 9.27) e à condenação eterna (Mt 25.31 – 46;
Rm 5.12 – 21). 75
A expiação objetiva age primordialmente na pessoa por quem é
feita. Logo, significa que a expiação foi destinada a propiciar a
Deus e reconcilia – ló com o pecador. Então, não é o pecador
que é expiado, porque Deus não fez emendas e reparações,
como o caso propõe. E quando dizemos que o pecador foi
reconciliado, isto dever ser entendido como algo secundário. A
reconciliação que Cristo faz entre Deus e o pecador, por se
refletir no pecador, por ele ser o agente necessitado,é que se
pode dizer que o pecador se reconcilia com Deus. 76
Devemos notar as seguintes particularidades:
O caráter fundamental do sacerdócio aponta claramente
nessa direção:
O sacerdote é tomado dentre os homens, é membro da
raça humana, de maneira que pode representar os homens;
Ele deve agir no interesse dos homens;
Ele representa os homens nas coisas concernentes a
Deus.
77
A mesma verdade é transmitida pela idéia geral
dos sacrifícios. Eles têm um aspecto objetivo. Os
sacrifícios do Velho testamento eram apresentados
a Deus primeiramente para expiar o pecado, mas
também como expressões de devoção e gratidão.
Daí, o sangue tinha que ser levado às expressa para
presença de Deus.
78
A Expiação Vicária
A expiação feita por Cristo não foi uma expiação pessoal, pois Ele foi
um homem impecável. Mas a expiação foi vicária. Nisto se distingue
as seguintes questões:
A expiação vicária é providenciada pela parte ofendida, logo, foi
Deus quem providenciou a expiação;
A expiação vicária representa a mais elevada forma de
misericórdia, só Deus pode isso;
Só uma expiação vicária é capaz de redundar na redenção, e
levar à reconciliação e a vida eterna. 79
No V. Testamento, quando o israelita apresentava um sacrifício ao
Senhor, tinha que pôr a mão sobre a cabeça do sacrifício e
confessar o seu pecado. Isto simbolizava a transferência do
pecado para a oferta e a tornava apta para expiar o pecado do
ofertante, Lv 1.4. Após a imposição das mãos, a morte era infligida
vicariamente ao animal oferecido em sacrifício, Lv 17.11.
Há passagens na Escritura que falam dos nossos pecados sendo
lançados sobre Cristo e de Cristo levando sobre Si o pecado ou a
iniquidade, Is 53.6, 12; Jo 1.29; 2 Co 5.21; Gl 3.13; Hb 9.28; 1 Pe 2.24. 80
A Obediência Ativa e Passiva de Cristo
A parte da obediência ativa de Cristo era que Ele se sujeitasse
voluntariamente aos sofrimentos e à morte. E era parte da
obediência passiva de Cristo que Ele vivesse em sujeição à lei. A
obediência ativa e a obediência passiva de Cristo devem ser
consideradas como partes complementares de um todo orgânico.
A obediência ativa de Cristo: Como Mediador, Cristo entrou
na relação federal em que se achava Adão em seu estado de
integridade, e o fez para merecer a vida eterna para o pecador. 81
Isto constitui a obediência ativa de Cristo, que consiste em tudo que
Cristo fez para observar a lei em seu aspecto federal, como condição
para obter a vida eterna. A obediência ativa de Cristo foi necessária
para tornar aceitável a Deus a Sua obediência passiva, isto é, para se
fazer objeto do beneplácito de Deus. É somente por causa de Sua
obediência ativa que os Seus sofrimentos recebem de Deus uma
avaliação diferente da que recebem os sofrimentos dos perdidos. Por
Sua obediência, Ele conduziu o Seu povo para além daquele ponto e lhe
deu direito à vida eterna. Sua obediência ativa é ensinada em
passagens como Mt 3.15; 5.17, 18; Jo 15.10; Gl 4.4, 5; Hb 10.7-9 82
Como Mediador, Cristo entrou também na relação
penal com a lei, a fim de cumprir a pena em nosso
lugar. Sua obediência passiva consistiu em Seu
cumprimento da penalidade do pecado mediante os
Seus sofrimentos e morte, cancelando assim o débito
de todo o Seu povo. A obediência passiva de Cristo é
vista nas seguintes passagens: Is 53.6; Rm 4.25; 1 Pe
2.24; 3.18; 1 Jo 2.2. 83
A Extensão da Expiação
A posição reformada é que Cristo morreu com o
propósito de real e seguramente salvar os eleitos, e
somente os eleitos. Isto equivale a dizer que Ele morreu
com o propósito de salvar somente aqueles a quem Ele
de fato aplica os benefícios da Sua obra redentora.
Existe outras correntes que colocam que Cristo apenas
morreu, a salvação fica a critério de quem cre. 84
Natureza da Obra Intercessora de Cristo
Exatamente como o sumo sacerdote, no grande Dia da expiação,
entrava no lugar santíssimo, isto é, no Santo dos Santos, com o
sacrifício consumado, para apresentá-lo a Deus, assim Cristo
entrou no Santo Lugar celestial com o Seu sacrifício consumado,
perfeito e todo suficiente, e o ofereceu ao pai. E exatamente como o
sumo sacerdote, ao entrar no santo Lugar, vinha à presença de
Deus trazendo simbolicamente as tribos no seu peito, assim Cristo
apareceu diante de Deus como representante do Seu povo, e assim
restabeleceu a humanidade na presença de Deus. 85
Há também um elemento judicial na intercessão,
precisamente como na expiação. Mediante a expiação,
Cristo satisfez as justas exigências da lei, de modo que
nenhuma acusação legal pode, com justiça, ser feita
contra aqueles pelos quais Ele pagou o preço. Contudo,
Satanás, o acusador sempre está propenso a lançar
acusações contra os eleitos; mas Cristo as refuta todas,
mostrando a obra que Ele consumou, Rm 8.33, 34. 86
A obra intercessora de Cristo não se restringe a
responsabilizar–se Ele pelo nosso estado judicial; relaciona-
se também com a nossa condição moral, com a nossa
santificação gradativa. Quando nos dirigimos ao Pai em nome
de Cristo, Ele santifica as nossas orações. Elas precisam
disto porquanto muitas vezes são muito imperfeitas, triviais,
superficiais, e até insinceras, ao passo que são dirigidas
Àquele que é perfeito em santidade e em majestade.
87
Em meio e por meio disso tudo, também há,
finalmente, o elemento de oração pelo povo de
Deus. Se a intercessão é parte integrante da obra
expiatória de Cristo, segue-se que a oração
intercessória se relaciona necessariamente com
as coisas concernentes a Deus (Hb 5.1), para a
consumação da obra da redenção. 88
OFÍCIO REAL
89
O Reinado Espiritual de Cristo
A natureza deste reinado: O reinado espiritual de Cristo é o Seu
governo real sobre o Seu povo ou Sua igreja. É um reinado espiritual,
porque se relaciona com uma esfera espiritual. É o governo
mediatário estabelecido nos corações e nas vidas dos crentes.
Ademais, é espiritual porque leva direta e imediatamente a um fim
espiritual, a salvação do Seu povo. E, finalmente, é espiritual porque
administrado, não pela força ou por meios externos, mas pela
Palavra e pelo Espírito, que é o espírito de verdade, de sabedoria, de
justiça e santidade, de graça e misericórdia. 90
O reino abrangido pela realeza de Cristo: Este reino tem as
seguintes características:
Está baseado na obra de redenção. O reino da graça não se
originou na obra criadora de Deus, mas, como o nome indica, em
Sua graça redentora. Ninguém é cidadão deste reino em virtude da
sua humanidade. Unicamente os redimidos têm essa honra e
privilégio. Cristo pagou o resgate pelos Seus e, por Seu Espírito,
aplica a eles os méritos do Seu sacrifício perfeito.
Consequentemente, eles agora Lhe pertencem e O reconhecem
como o seu Senhor e Rei. 91
É um reino espiritual. Na dispensação do Velho Testamento, este
reino projetava-se fracamente no reino teocrático de Israel. Mesmo
na Velha dispensação, a realidade deste reino achava-se somente
na vida interior dos crentes.
É um reino presente e futuro. Por um lado, é uma realidade
espiritual presente e sempre em desenvolvimento nos corações e
nas vidas dos homens, e, como tal, exerce influência numa esfera
cada vez mais ampla. Jesus e os apóstolos se referem claramente
ao reino como já presente no tempo deles, Mt 12.28; Lc 17.21; Cl 1.13.
Ela tem uma estreita relação com a igreja. 92
O Reinado de Cristo Sobre o Universo.
Neste reinado de Cristo vemos o restabelecimento inicial do
reinado original do homem. A idéia de que Cristo governa agora os
destinos dos indivíduos e das nações no interesse da Sua igreja, que
Lhe custou o Seu sangue, é muito mais consoladora que a noção de
que agora Ele é “um refugiado no trono do céu”.
Cristo foi formalmente investido neste reinado sobre o universo
quando foi exaltado à destra de Deus. Foi uma prometida
recompensa por Seus labores, Sl 2.8, 9; Mt 28.18; Ef 1.20-22; Fp 2.9-
11. E será um reinado eterno. 93
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendamos que, somente a expiação efetiva faz justiça a
insistência bíblica de que a cruz foi uma obra de substituição
penal. Quer consideremos a cruz como obediência, como
sacrifício, como conquista sobre Satanas, como reconciliação
ou propiciação, todos esses elementos pertencendo a um todo,
como temos visto, o ponto em que Cristo morre como
representante de seu próprio povo é não apenas compatível,
mas positivamente necessário. 94
95
SOTERIOLOGIA
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Soteriologia é estudo sistemático das verdades bíblicas que
tratam da salvação, regeneração, justificação, adoção e
santificação do ser humano com base na obra vicária de Cristo.
Há a mais íntima relação possível entre a Cristologia e a
Soteriologia. Alguns, como, por exemplo, Hodge, tratam de
ambas sob o título comum de “Soteriologia”. Neste caso, a
Cristologia se torna Soteriologia objetiva, distinguindo-se da
Soteriologia subjetiva. 97
ORDO SALUTIS
ECLESIOLOGIA
3
NOMES BÍBLICOS
O Novo Testamento também tem duas palavras, derivadas da
Septuaginta, quais sejam, ekklesia, de eke kaleo, chamar, “chamar
para fora”, “convocar”, e synagoge, de syn e ago, significando
“reunir – se” ou “reunir”. Synagoge é empregada exclusivamente
para denotar, quer as reuniões religiosas dos judeus, quer os
edifícios em que eles se reuniam para o culto público, Mt 4.23; At
13.43; Ap 2.9; 3.9. O termo ekklesia, porém, geralmente designa a
igreja neotestamentária, embora nuns poucos lugares denote
assembleias civis comuns, At 19.32, 39, 41. 137
Corpo de Cristo: Alguns consideram este apelativo como uma
definição completa da igreja do Novo testamento, mas não é este o
propósito do seu uso. O nome é aplicado tanto à igreja universal,
como também a uma congregação isolada, 1 Co 12.27.Ef 1.23; Cl 1.18
Templo do Espírito Santo ou de Deus (1 Co 3.16): aplica – se à
igreja ideal do futuro, que é a igreja universal, ou também a igreja
invisível. Os crentes, como pedras vivas, são edificados “casa
espiritual”, I Pe 2.5. Esta figura acentua o fato de que a igreja é
santa e inviolável. A permanência do Espírito Santo nela dá-lhe um
caráter exaltado. 138
A Nova Jerusalém, ou Jerusalém celestial: Gl 4.26; Hb 11.22; Ap
21.2. O Novo Testamento, considera a igreja como reprodução exata
da Jerusalém do Velho Testamento e, daí, dá – lhe o mesmo nome.
De acordo com esta descrição, a igreja é o lugar de habitação,
apesar de ainda estar parcialmente na terra, ela pertence à esfera
celestial.
Coluna e baluarte da verdade:É encontrada em, 1 Tm 3.15.
Refere – se à igreja em geral, e, aplica – se a cada parte dela. A
igreja é guardiã da verdade, cidadela da verdade; é detentora e
defensora da verdade contra os inimigos do reino de Deus. 139
NATUREZA DA IGREJA
Tanto para Lutero como para Calvino, a igreja era simplesmente a
comunidade daqueles que são santificados em Cristo, e que estão ligados
a Ele, sendo Ele a sua Cabeça. A igreja forma uma unidade espiritual da
qual Cristo é o Chefe divino. É atiçada por um Espírito, o Espírito de Cristo;
professa uma fé, comparte uma esperança e serve a um só Rei. É a
agência de Deus para comunicar aos crentes todas as bênçãos
espirituais. Como corpo de Cristo, está destinada a refletir a glória de
Deus como esta se vê manifestada na obra de redenção. A igreja, de
acordo com a vontade de Deus, é mais objeto de fé que de conhecimento. E
isto é que testifica também todas as confissões reformadas. 140
CARATER MULTIFORME DA IGREJA
IGREJA MILITANTE E A IGREJA TRIUNFANTE: A igreja é militante,
isto é, convocada para uma guerra santa, e de fato nela está
empenhada. A igreja além de passar tempo em oração e meditação,
deve estar também engajada com todas as suas forças nas pelejas do
seu Senhor, combatendo numa guerra que é tanto ofensiva como
defensiva. Se a igreja na terra é a igreja militante, no céu é a igreja
triunfante. Lá a espada é trocada pelos louros da vitória, os cânticos
triunfais entoados, e vitória declarada. A luta é finda, a batalha está
ganha, e os santos reinam com Cristo para todo o sempre. 141
A IGREJA COMO ORGANISMO E A IGREJA COMO
ORGANIZAÇÃO: A igreja como organismo é a união ou
comunhão dos fiéis, unidos pelo vínculo do Espírito, enquanto
que a igreja como organização é a mãe dos fiéis, um meio de
salvação, uma agência para a conversão dos pecadores e
para o aperfeiçoamento dos santos. A igreja como organismo
tem existência carismática: nela todos os tipos de dons e
talentos tornam-se manifestos e são utilizados na obra do
Senhor. 142
A igreja como instituição, por outro lado, existe numa
forma institucional e funciona por meio dos ofícios e
meios que Deus instituiu. Num sentido, ambas são
coordenadas, e, todavia, há também certa subordinação
de uma à outra. A igreja como instituição ou organização
(materfidelium) é um meio para um fim, e este fim se acha
na igreja como organismo, a comunidade dos crentes
(coetus fidelium). 143
IGREJA VISÍVEL E INVISÍVEL: Não é que haja duas igrejas,
mas deve – se entender que há dois aspectos da única igreja
de Jesus Cristo. Tem – se interpretado variadamente o termo
“invisível” como aplicável a) à igreja triunfante; b) à igreja
ideal e completa, como será no fim dos séculos; c) à igreja de
todas as terras e de todos os lugares, que o homem não tem
nenhuma possibilidade de ver; e d) à igreja como ela vive nos
dias de perseguição, oculta e privada da Palavra e dos
sacramentos. 144
É indubitavelmente certo que a igreja triunfante é invisível para os
que se acham na terra, e que Calvino, em suas Institutas, também
concebe como incluída na igreja invisível, mas, sem dúvida, a
distinção foi feita principalmente com a intenção de aplicar – se à
igreja militante. Para a teologia reformada esta igreja é dita
invisível porque é essencialmente espiritual e, em sua essência
espiritual, não a pode discernir o olho humano; e porque é
impossível determinar infalivelmente quem não lhe pertence. Ela é
visível, porque pode ser contemplada nas comunidades dos santos
reunidos. 145
A IGREJA E O REINO DE DEUS
A Idéia do Reino de Deus
A idéia primordial do reino de Deus na Escritura é a do
governo de Deus estabelecido e reconhecido nos corações dos
pecadores pela poderosa influência regeneradora do Espírito
Santo, assegurando – lhes as inestimáveis bênçãos da salvação;
um governo que, em princípio, é realizado na terra, mas que não
chegará à sua culminação antes do visível e glorioso retorno de
Jesus Cristo. Sua realização atual é espiritual e invisível.
146
O Reino de Deus e a Igreja Invisível
Não se pode estar no reino de Deus sem estar na igreja
como corpo místico de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, é
possível distinguir entre o ponto de vista segundo o qual os
crentes são chamados o Reino, e o ponto de vista segundo o
qual eles são chamados a Igreja. Constituem um reino em sua
relação com Deus em Cristo como o seu Governador, e uma
igreja em sua separação do mundo na devoção a Deus, e em
sua união orgânica uns com os outros. 147
O Reino de Deus e a Igreja Visível
A igreja visível pertence ao Reino, faz parte do Reino e até constitui a mais
importante incorporação visível das forças do Reino. Ela compartilha o caráter da
igreja invisível como meio para a realização do reino de Deus. Como a igreja
visível, o Reino também participa das imperfeições às quais o mundo pecaminoso
o expõe. Isto, através dos membros constituintes a este reino. Isto fica mais que
evidente à luz das parábolas do trigo e o joio, e da rede. Na medida em que a
igreja visível serve de instrumento para o estabelecimento e a extensão do Reino,
naturalmente ela está subordinada a este como um meio para um fim. Pode – se
dizer que o Reino é um conceito mais amplo que a igreja, porque ele representa o
domínio de Deus em todas as esferas do esforço humano. O reino mostra a
soberania de Deus. 148
GOVERNO DA IGREJA
SISTEMA ERASTIANO
O nome vem de Erasto, que consideram a igreja como uma
sociedade que deve sua existência e sua forma às
regulamentações promulgadas pelo estado. Os oficiais da igreja
são meros instrutores ou pregadores da Palavra, sem nenhum
direito ou poder de governar, exceto o que eles derivam dos
magistrados civis. É função do estado governar a igreja,
exercer a disciplina e aplicar a excomunhão.
149
Sistema Episcopal: Afirma que Cristo, como Chefe da igreja,
confiou o governo da igreja direta e exclusivamente a uma ordem de
prelados ou bispos, considerados estes como sucessores dos
apóstolos; e que Ele constituiu estes bispos numa ordem separada,
independente e capacitada para perpetuar-se.
Sistema Católico Romano: é o sistema episcopal levado à sua
conclusão lógica. Este sistema tem a pretensão de abranger, não
somente os sucessores dos apóstolos, mas também os sucessores
de Pedro, que, segundo dizem, teve o primado entre os apóstolos e
cujo sucessor é agora tido como representante especial de Cristo.150
Sistema Congregacional: Também chamado de sistema de
independência, que segundo ele, cada igreja ou congregação é uma
igreja completa, independente de todas as demais. Nesse tipo de igreja
o poder de governo fica exclusivamente com os membros da igreja,
que têm autoridade para regulamentar os seus próprios assuntos.
Sistema da Igreja Nacional: Este sistema, também denominado
sistema colegial (que superou o sistema territorial), foi desenvolvido
na Alemanha, principalmente por C. M. Pfaff (1686-1780), e mais tarde
foi introduzido na Holanda. Ele parte do pressuposto de que a igreja é
uma associação voluntária, igual ao estado. 151
Quanto aos princípios fundamentais do Sistema Reformado ou
Presbiteriano, devemos notar que, as igrejas reformadas não têm a
pretensão de que o seu sistema de governo seja determinado, em todas
as minúcias, pela Palavra de Deus, mas asseveram que os seus princípios
fundamentais são derivados diretamente da Escritura. Para este sistema
Cristo é o chefe e cabeça da igreja e a fonte de toda a sua autoridade;
Cristo exerce a sua autoridade por intermédio da sua palavra real; como
rei, Cristo revestiu a igreja de poder; Cristo providenciou órgãos
representativos para o exercício específico deste poder; o poder da
igreja reside primariamente no corpo governante local.
152
OS OFICIAIS DA IGREJA
OFÍCIOS EXTRAORDINÁRIOS
APÓSTOLOS: Aplicável aos doze escolhidos por Jesus e a
Paulo; mas também se aplica a certos homens apostólicos que
assessoram a Paulo em seu trabalho e que foram dotados de
dons e graças apostólicas, At 14.4, 14; 1 Co 9.5, 6; 2 Co 8.23; Gl 1.19.
Os apóstolos lançaram os alicerces da igreja e levaram – na a
uma comunhão com Cristo. Eles tinham certas qualificações
especiais: a) Foram comissionados diretamente por Deus ou por
Jesus Cristo, Mc 3.14; Lc 6.13; Gl 1.1; 153
b) eram testemunhas da vida de Cristo e, sobretudo, de Sua
ressurreição, Jo 15.27; At 1.21, 22; 1 Co 9.1;
c) estavam cônscios de serem inspirados pelo Espírito de Deus
em todo o seu ensino, oral e escrito, At 15.28; 1 Co 2.13; 1 Ts 4.8; 1
Jo 5.9-12;
d) realizaram milagres e em diversas ocasiões para ratificar a
sua mensagem, 2 Co 12.12; Hb 2.4;
e) Eram ricamente abençoados em suas obras, como sinal de
que Deus as aprovava, 1 Co 9.1, 2; 2 Co 3.2, 3; Gl 2.8. 154
PROFETAS: O dom de falar para a edificação da igreja era altamente
desenvolvido nestes profetas, e eles serviam de instrumentos para a
revelação de mistérios e para a predição de eventos futuros. O primeiro
serviço deste dom (profecia) é permanente na igreja cristã, mas o último
era de caráter carismático e temporário, ou seja, o profeta como vidente
não existe. Os profetas diferiam dos ministros comuns no sentido de que
eles falavam sob inspiração especial.
EVANGELISTAS: Eles acompanhavam e assistiam os apóstolos, e às
vezes eram enviados por estes em missões especiais. Seu trabalho era
pregar e batizar, mas incluía também a ordenação de presbíteros, Tt 1.5; 1
Tm 5.22, e o exercício da disciplina, Tt 3.10. 155
MESTRE: A princípio, na igreja havia necessidade de mestres,
separadamente, uma vez que havia apóstolos, profetas e evangelistas.
Os mestres foram estreitamente ligados com o oficio episcopal. A
declaração de Paulo, em Ef 4.11, diz que o Cristo assunto também dera à
igreja “pastores e mestres”, mencionados como uma única classe
mostra que estas duas classes oficiais são uma só classe com duas
funções interrelacionadas.
PRESBÍTEROS: O termo presbyteroi é empregado na Escritura para
denotar homens idosos, e para designar uma classe de oficiais um
tanto parecida com a que exercia certas funções na sinagoga. 156
O nome passou a ser usado juntamente o termo Episkopoi
(bispos). Os dois termos são frequentemente empregados um
pelo outro, At 20.17. 28; 1 Tm 3.1; 4.14; 5.17, 19; Tt 1.5, 7; 1 Pe 5.1, 2.
DIÁCONOS: Diakonoi que, antes do evento narrado em Atos 6,
era sempre empregado no sentido geral de servo ou servidor,
logo começou a ser usado como designativo daqueles que se
dedicavam às obras de misericórdia e caridade, e, com o
tempo, veio a ser usado exclusivamente neste sentido.
157
O PODER DA IGREJA
A Fonte Do Poder Da Igreja
Jesus Cristo é a fonte do poder da igreja. Ele é o cabeça. A igreja tem
o dever de responder a missão do Seu cabeça, uma vez que Este a
revestiu de autoridade. Cristo não revestiu a igreja de autoridade para
que essa traçasse o seu próprio caminho, mas para que esta
prevalecesse forte, em obediência ao mandado do Seu Senhor. É em
Sua capacidade de Rei da igreja que Ele a revestiu de poder ou
autoridade. Os oficiais da igreja recebem sua autoridade de Cristo,
mesmo os homens sirvam de instrumento para instala – los no ofício. 158
A Natureza Deste Poder
A natureza deste poder é descrita em poder espiritual e poder ministerial
O Poder espiritual: é dado pelo Espírito de Deus, At 20.28. É exercido no nome de
Cristo e pelo poder do Espírito Santo, Jo 20.22, 23; 1 Co 5.4. Pertence exclusivamente
aos crentes, 1 Co 5.12, e só pode ser exercido de maneira moral e espiritual, 2 Co
10.4. O governo do reino de Cristo na terra envolve um poder espiritual, e não um
poder civil, Lc 12.13 e seguintes; Mt 20.25-28; Jo 18.36, 37.
Poder ministerial: o poder da igreja não é um poder independente e soberano, Mt
20.25, 26; 23.8, 10; 2Co 10.4,5; 1 Pe 5.3, mas sim, um poder ministerial (de serviço), At
4.29, 30; 20.24; Rm 1.1, derivado de Cristo e subordinado à Sua autoridade soberana
sobre a igreja, Mt 28.18. Deve ser exercido em harmonia com a Palavra de Deus e sob
a direção do Espírito Santo. 159
OS MEIOS DA GRAÇA
A Idéia dos Meios da Graça
A expressão “meios de graça” não se encontra na Bíblia, mas, não
obstante, é bom designativo dos meios indicados na Bíblia. Ao mesmo
tempo, a expressão não é muito definida e pode ter um sentido muito
mais compreensivo que o que comumente tem na teologia. A igreja pode
ser descrita como o grande meio de graça que Cristo, agindo mediante o
Espírito Santo, usa para reunir os eleitos, edificar os santos e formar o
Seu corpo espiritual. A igreja não é um meio de graça lado a lado com a
Palavra e os sacramentos, porque o seu poder de promover a obra da
graça de Deus consiste unicamente na administração deles. 160
Características da Palavra e dos Sacramentos Como Meios de Graça
Eles são instrumentos da graça especial, da graça que remove o
pecado e renova o pecador, conforme com a imagem de Deus.
Em virtude si mesmos, eles são meios de graça. Sua eficácia depende
unicamente da operação do Espírito Santo.
Eles são instrumentos contínuos da graça de Deus.
Eles são os meios oficiais da igreja de Jesus Cristo. A pregação da
Palavra e os sacramentos administrados são os meios oficialmente
instituídos na igreja de Cristo, pelos quais o Espírito Santo produz e
confirma a fé nos corações dos homens.
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A PALAVRA
OS SACRAMENTOS:
-O BAPTISMO
- A CEIA DO SENHOR
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As Realidades Significadas e Seladas na Ceia do Senhor.
As coisas significadas no sacramento
É uma representação simbólica da morte do Senhor, 1 Co 11.26.
Simboliza também a participação do crente no Cristo crucificado.
Representa, não somente a morte de Cristo como objeto de fé, e o ato de fé
que une o crente a Cristo, mas também o efeito desse ato, dando vida, força e
alegria à alma.
O sacramento simboliza a união dos crentes uns com os outros.
As coisas seladas na ceia do Senhor:
Ele sela para o participante, o grande amor de Cristo, revelado no fato de
que Ele se rendeu a uma vergonhosa e amarga morte por eles. 163
Ela afiança ao crente que participa do sacramento a certeza pessoal de
que todas as promessas da aliança e todas as riquezas do oferecimento do
Evangelho são suas, graças a uma doação divina, de maneira que ele tem
direito pessoal a elas.
O sacramento não somente ratifica ao crente participante as ricas
promessas do Evangelho, mas lhe garante que as bênçãos da salvação são
suas, como possessão real.
A Ceia do Senhor é um selo recíproco. Sempre que se come o pão e bebe
– se o vinho, professa – se a fé em Cristo como o Salvador, e sua fidelidade
a Ele como o seu Rei, e solenemente se comprometem a uma vida de
obediência aos Seus divinos mandamentos. 164
A Ceia do Senhor Como Meio de Graça ou Sua Eficácia.
A graça recebida na ceia do Senhor: A Ceia do Senhor se
destina a crentes, e, daí, não serve de instrumento para a
originação da obra da graça no coração do pecador. Graça
recebida no sacramento não difere, em espécie, da que os
crentes recebem pela instrumentalidade da Palavra. É a graça
de uma comunhão cada vez mais íntima com Cristo, de nutrição
e vivificação espiritual, e de uma crescente segurança da
salvação. 165
O modo pelo qual se produz esta graça: As igrejas
protestantes crêem que o sacramento não age ex opere
operato. Este não é em si mesmo uma causa ou fonte de graça,
mas apenas um instrumento nas mãos de Deus. Sua operação
efetiva depende da presença da fé no participante, e da
atividade da fé. Os incrédulos podem receber os elementos
externos, mas não recebem a coisa simbolizada por eles.
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DADOS PESSOAS
Pastor António Morgado Moniz José Maria
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