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28/10/2018
Literatura em Cabo Verde:
Os Grandes Temas
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ÍNDICE
Qualquer que seja a fase de manifestação do sentir, não havendo censura nem
constrangimentos, de qualquer ordem, a literatura é um espaço privilegiado de
participação cívica.
Em todas as fases da nossa literatura foi assim, e assim vai continuar a ser.
O escritor de verdade, nessa missão cívica, pode revelar-se como antropólogo, como
historiador, como conservador, como sociólogo, como político, como educador, como
filósofo, como vate, como engenheiro, como arquiteto, como semeador, como
lavrador, como marinheiro, como pescador, como médico, como artista, como “coach”
espiritual e/ou social…
E se o escritor nadar em todas essas águas, com ciência e consciência cívicas, ele
deixa de ser um chefe para ser um líder; ele deixa de ser um patrão para ser um
irmão; ele deixa de ser um aproveitador para ser um educador/ servidor. E tudo isto
tem um nome: participação cívica.
O tempo passa e com ele o sentir e as representações de uma época entram na história ou se acantonam no pó
dos arquivos ou chegam mesmo a desaparecer.
A literatura, ao registar factos e acontecimentos que perderam atualidade ou saíram da vivência quotidiana,
restitui uma nova vida e a uma nova aplicabilidade a esses factos e acontecimentos escondidos ou
desaparecidos.
A esse processo, dá-se o nome de resgate civilizacional.
Com esse resgate não se pretende fazer regredir a história, recuperando um sentir e uma representação do
passado.
A literatura simplesmente assinala o passado, no seu tempo, e assegura o conhecimento do processo havido, não
para o trazer de volta, mas para permitir um olhar comparativo com a nova dinâmica temporal, evitando assim
que os erros do passado se repitam, vitaminando o sentir e as representações da atualidade.
Mas isto deveria ser o papel da História, pode-se argumentar. Certo. Porém a literatura surge apenas como
parceira que com a linguagem da arte faz com que a história seja mais atrativa, mais comunicativa e com maior
poder de causar empatia.
MCIC , MINDELO,
VáriosMORABÉZA-FESTA DO LIVRO,
são os exemplos 24-
de regate civilizacional levados a cabo por escritores das diversas fases da literatura em
28/10/2018
Cabo Verde.
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6. Literatura: Auto-Realização
Uma escrita de costas viradas ao que é belo pode ser um relatório ou uma
exposição qualquer. Porém literatura não é.
Na literatura, a palavra, o verbo e a sintaxe têm que ser trabalhados, têm que
fazer parte de uma escolha que privilegie a propriedade de linguagem, têm
que procurar a harmonia, o equilíbrio, a precisão, a pertinência, a sobriedade
de imagens e de descrição, a leveza na exposição e representação.
Ora, são todos esses ingredientes que fazem da literatura uma obra de arte,
uma expressão do belo.
Então, se a expressão do belo não é um tema, ela deve ser uma preocupação
de todos os temas, em todos os tempos e épocas de uma literatura.
f) Note-se que nas diversas fases há temas que sobressaem, mas também há a coexistência, em
menor escala, de todos os temas que constituem o mosaico do universo literário em Cabo Verde.
g) Assim sendo, a literatura em Cabo Verde, em maior ou menor escala, em conformidade com o
sentir e os condicionalismos ambientais, sempre se preocupou com os flagelos internos e
planetários; com a qualidade do humanismo intra e extra muros; com o cântico de uma epopeia ou
o sofrimento de uma catástrofe social e/ou ambiental, onde quer se evidenciem; com a auto-
realização e com a participação cívica que a escrita possibilita.
h) Quanto à preocupação com o belo e com a qualidade, ela existe, mas a crítica literária para
separar o grão da palha continua a ser um deserto, em Cabo Verde. Aliás, a crítica, juntamente com
uma política consistente de nacionalização, de tradução, de promoção de talento, particularmente
na língua materna, e de reedição de clássicos, são, hoje, o elo mais fraco da política do livro e da
leitura em Cabo Verde.
O nosso voto é para que a Morabéza – Festa do Livro traga uma lufada de ar fresco à promoção do
livro e da leitura, em Cabo Verde.
MCIC , MINDELO, MORABÉZA-FESTA DO LIVRO, 24-
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OBRIGADO