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O TRANSPORTE DO GÁS
NATURAL
O gás natural pode ser transportado na forma gasosa ou liquefeita. O transporte na fase gasosa
pode ser realizado a alta pressão, comprimido a 230kgf/cm2, e a temperatura ambiente, através
de barcaças ou de caminhões tanques, quando o volume demandado é pequeno e a distância
envolvida é relativamente curta. Para grandes volumes e em regime de operação contínua, o
ideal é utilizar-se de gasodutos que operam a pressão de 120kgf/cm2, por ser econômico e
confiável.
O transporte do gás na forma liquefeita é atrativo para longa distância, principalmente por mar,
pois possibilita o armazenamento deste GNL próximo às áreas de consumo, permitindo assim
atender os picos de demanda de uma forma otimizada, evitando desta maneira que a rede de
gasoduto seja dimensionada para suportar esta demanda máxima, o que causaria a sua sub
utilização na maior parte do tempo. O gás natural liquefeito pode ser transportado através de
frotas de navios ou de caminhões adequados. A liquefação do gás natural é obtida através de
resfriamento (-160°C), pois para liquefazê-la através de pressurização, deveria ser aplicada
uma pressão elevada, o que tornaria o processo custoso e perigoso.
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Em Mocambique, a distribuição será realizada pela ENH e MoGas. A distribuição é dividida em
residencial, industrial, comercial e veicular. Há, ainda, planos para a expansão da rede de
distribuição. Na área comercial e residencial, o crescimento está se incrementando cada vez mais,
principalmente na região Sul e Norte do pais.
O potencial de crescimento é enorme e as ambas empresas vao criar programas específicos de venda
para cada segmento de mercado (comercial e residencial), preparando-se, ainda, para cumprir a meta
mínima estabelecida no contrato de concessão - alcançar 70 mil novos consumidores em cinco anos.
Com o gás vindo de Pande e Temane, o segmento da geração de energia elétrica usando o gás natural
já vem sendo estudado pela concessionária.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo - ANP, o transporte de gás natural canalizado só
pode ser realizado por empresas que não comercializam o produto, ou seja, que não podem comprar
ou vender GN, com exceção dos volumes necessários ao consumo próprio. Desta forma, as
transportadoras se responsabilizam exclusivamente pelos serviços de transporte até os pontos de
entrega.
Além dos gasodutos de transporte, existem os de transferência e de distribuição. Os gasodutos de
transferência são de uso particular do proprietário ou explorador das facilidades, conduzindo a
matéria-prima até o local de processamento ou utilização. De forma semelhante, os gasodutos de
distribuição levam o gás canalizado recebido das transportadoras até os usuários finais.
2. Componentes de um Gasoduto
O transporte do GN por gasoduto é o meio mais conveniente para realizar o abastecimento
ininterrupto de gás natural –GN através da distribuíção aos consumidores finais. Os sistemas
de transporte de gás por duto envolvem os seguintes segmentos principais:
A rede de Tubulação, formada por peças cilíndricas de aço ou de polietileno, que são
interconectadas entre si. A seção dos dutos é projetada para atender o fluxo do gás, e a
espessura da parede para suportar a pressão de operação e os demais esforços solicitantes
sobre o mesmo. Como a tubulação é o componente de maior custo do sistema, são
estudados soluções com o objetivo de diminuir o consumo deste material. No caso do
material ser ferroso, é adicionado um sistema de eletrodos para efetuar a proteção
galvânica, e assim evitar a ocorrência de corrosão, e também com este propósito, e para
diminuir o atrito do gás com a parede interna do duto, é colocado sobre a mesma uma tinta
epoxy. Ao longo do gasoduto há válvulas de bloqueio automático, para manutenção
preventiva e isolar trechos no caso de ruptura;
A Estação de Compressão é necessária no transporte por dutos, para manter o nível de
pressão pré-estabelecido e compensar as perdas de carga causadas pelo consumo e pelo
atrito do GN com o próprio duto. Por isso são alocados sistemas de compressão por
turbinas a gás ou motores elétricos ao longo da rede;
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A Estação de Redução de Pressão e de Medição está composta por válvulas de redução de
pressão, de bloqueio automático e/ou alívio de pressão. Esse tipo de estação é instalada em
cada ponto de entrega com o objetivo de adequar a pressão para o uso. Os medidores de
vazão também servem para registrar o GN consumido. Os medidores de vazão existentes
no mercado são do tipo turbina, placa de orifício e ultra-sônicos;
O Sistema de Supervisão e Controle, pode ser relativamente simples ou complexo, ou seja,
as informações das grandezas monitoradas e os acionamentos dos comandos podem ser
disponíveis somente no local, ou serem também à distância, como os sistemas SCADA,
que além de tele-supervisionar a rede, possibilita interferir em sua configuração através de
comandos acionados remotamente.
3. O Gás Natural Veicular
O Gás Natural Veicular (GNV) é um combustível gasoso cujas propriedades químicas se
adaptam bem à substituição dos combustíveis tradicionais para motores que funcionam através
da ignição por centelhamento, sejam motores de quatro tempos (ciclo Otto) ou motores de dois
tempos. Estes motores usam em geral a gasolina como combustível, porém em Mocambique
também são comuns os motores que utilizam álcool hidratado (etanol).
Os Postos de Serviço recebem o produto através da linha de abastecimento proveniente da
concessionária de gás canalizado local, comprimem o GNV em instalações providas de
compressores, e disponibilizam o produto para o usuário em "dispensers" similares a bombas
de gasolina ou álcool hidratado.
Em Moçambique, a idéia original era de se utilizar o GNV como substituto do óleo diesel para
a propulsão da frota de veículos pesados nos centros urbanos. Esta frota é composta por micro
ônibus, ônibus e caminhões de diversos. Esta idéia deu lugar a uma maior difusão do uso de
GNV na frota de veículos leves, em função algumas dificuldades inerentes ao mercado de
GNV como substituto do óleo diesel, tais como: pequena diferença entre o preço do óleo diesel
e do GNV e pouca disponibilidade em território nacional de Postos de Serviço com capacidade
específica para atender à frota.
4. O GÁS NATURAL LIQUEFEITO (GNL)
A tecnologia para liquefação do gás foi desenvolvida com o intuito de extrair hélio do ar. Esta
tecnologia foi adaptada pela indústria americana de gás natural, inicialmente para armazenar
quantidades substanciais de gás em espaço pequeno, tendo em vista as variações da demanda.
A primeira unidade de Gás Natural Liquefeito foi construído na Argélia no início dos anos 60.
A partir da Argélia, o GNL chegou inicialmente à Inglaterra, depois à França e outros países
europeus. No final da década, uma unidade construída no Alasca iniciou o abastecimento do
Japão, que se tornou ao longo do tempo o maior importador da GNL, absorvendo 60% da
produção mundial, que chegou a 82,5 milhões de toneladas em 1998. O mercado americano,
por outro lado, que era inicialmente considerado o maior consumidor potencial de GNL, não se
desenvolveu: até 2000 apenas 2% da produção mundial fluem para aquele país.
Existem dez países importadores de GNL, e outros dez que são produtores. Nestes estão
operando dezesseis plantas, seis abastecendo a Europa e dez o Extremo Oriente (Japão, Coréia
e Taiwan). A figura 1 abaixo mostra a localização das dezesseis unidades produtoras.
Figura 1. Centros Produtores de GNL
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O transporte entre o local de produção e o de recepção é feito em navios especialmente
construídos para este propósito. Cerca de cem deles estão em operação, e outros vinte em
construção. A produção, transporte e regaseificação do GNL são operações que exigem
elevados investimentos, além de perdas de 10 a 15% do gás durante o processo, muito mais
que um transporte equivalente por gasoduto (perdas entre 1 e 2%). Isto faz com que a escolha
do GNL fique restrita aos casos em que gasodutos não são praticáveis tecnicamente (travessias
de mares profundos), ou onde as distâncias de transporte tornem os gasodutos antieconômicos.
Na atual tecnologia, a partir de 4 mil quilômetros, os custos de um sistema de GNL tornam-se
compatíveis com os de transporte em gasodutos. Um projeto de GNL é na realidade uma
seqüência de atividades que vão desde o reservatório de gás até o usuário final.
Na figura 2, apresenta-se um resumo do que sejam os principais elos da cadeia’de atividades
vinculadas ao GNL: produção do gás, liquefação, transporte marítimo, regaseificação no
destino e distribuição.
Figura 2. Cadeia Produtiva Vinculada ao GNL
5.1. Unidade de Liquefação
O elemento central de um projeto de GNL é a unidade de liquefação, onde a temperatura do gás
natural é reduzida a -161º C, ponto em que ele se torna líquido. Esta instalação, construída em locais
de bom calado (mínimo 14 m), em baía abrigada e o mais próximo possível dos campos produtores,
compõe-se basicamente, como se vê na figura 3, de uma unidade de tratamento, do conjunto de
trocadores de calor e dos tanques de armazenagem.
A unidade de tratamento destina-se a remover as impurezas existentes no gás vindo dos campos,
como gás carbônico, enxofre, nitrogênio, mercúrio e água, além do condensado. O processo inclui a
separação do gás liquefeito de petróleo (GLP), basicamente propano e butano, que poderá ser
disposto como produto final ou reinjetado no GNL.
O conjunto de trocadores de calor, peça principal da liquefação, funciona segundo o mesmo
princípio de um refrigerador doméstico. Um gás refrigerante (em geral, uma mistura de metano,
etano e propano) é pressurisado e em seguida expande-se através de uma válvula (efeito Joule-
Thompson), extraindo calor do gás natural que chega aos trocadores de calor. Há diferentes tipos de
trocadores, mas quase todas as instalações dividem-se em conjuntos paralelos (LNG trains), capazes
de liquefazer de 2 a 2,5 Mtpa cada um.
Figura 3. Processo de Liquefação do Gás Natural
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O gás natural liquefeito é a seguir armazenado em tanques capazes de mantê-lo a -161º C até o
embarque. Em razão do elevado custo desta armazenagem, sua capacidade é calculada por
sofisticados processos que levam em conta a produção da unidade, o número e tamanho dos
navios, riscos de atraso e outras variáveis.
O custo de uma instalação de liquefação, inclusive facilidades portuárias, tem variado
constantemente com as inovações tecnológicas e as pressões de mercado. Hoje o investimento
por tonelada de capacidade está na casa de US$ 250,000.
5.2. Navios Criogênicos
Os navios que levam o GNL das unidades de liquefação aos pontos de regaseificação dispõem
de reservatórios isolados, capazes de suportar a temperatura do gás durante o transporte, não
havendo refrigeração na viagem (Ver Fig. 4). Há uma perda que, mesmo nos mais moderno
navios, vai a 0,1% ao dia. Além disto, o GNL é normalmente usado como combustível, e uma
pequena parte volta com o navio para manter os tanques frios.
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