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Descobrimento e colonização

Janice Theodoro da Silva


Introdução

 “Contar a história dos descobrimentos é um trabalho


que diz respeito ao ofício do historiador e do
ficcionista. [...]” (p. 05)
SILVA, Janice
Theodoro da.
 A autora afirma que o sentido racional dada à história
Descobrimento e da Idade Média, parte do ideário científico, tende a
colonização. São explicar esse processo através ou do caminho
econômico ou da descoberta do caminho marítimo
Paulo: Ática, 1987. atribuído apenas à busca das Índias.

 A bibliografia sobre o descobrimento é muito vasta e


indica diversos caminhos historiográficos.
Empresa ou epopéia

 Nesse livro, não será seguido o roteiro determinado


apenas pelos eventos econômicos e políticos.

SILVA, Janice
 “O protagonista poderá ser nobre ou camponês,
Theodoro da. indígena ou europeu. Cada um construiu à sua maneira,
Descobrimento e ao longo dos séculos XV, XVI e XVII o substrato
colonização. São necessário à elaboração de uma identidade latino-
americana.” (p. 07)
Paulo: Ática, 1987.
 “Vamos desconfiar da empresa e degustar a epopéia.
[...]” (p. 07)
 A percepção dos descobrimentos como empresa recai
na armadilha de pensar que, na Idade Média, já se
supusesse que as navegações ibéricas iriam
desembocar no desenvolvimento do capitalismo
comercial.

SILVA, Janice  “[...] Investir nesta empresa era arriscar muito.


Theodoro da. Cristóvão Colombo, por exemplo, era tido como um
Descobrimento e louco. A existência de tesouros em países distantes
fazia parte, há muito tempo, do repertório de histórias
colonização. São medievais contadas insistentemente pelos viajantes.”
(p. 07-08)
Paulo: Ática, 1987.
 “A arte da navegação era muito imprecisa, sendo difícil
separar dela as fantasias sobre o oceano. [...]” (p. 08)
 As representações que norteiam o descobrimento e a
colonização das Américas do Sul e Central e do Norte
são bastante diferentes.

SILVA, Janice  A explicação econômica para as navegações europeias


deixam de mencionar a dimensão cultural presente na
Theodoro da. história de Portugal e da Espanha.
Descobrimento e
colonização. São  “Os portugueses e espanhóis transportaram, pelo
Paulo: Ática, 1987. Atlântico, não apenas mercadorias, mas preocuparam-
se também em levar para as colônias objetos, formas,
erguendo cidades num esforço para produzir, em
quantidade, símbolos de dominação cultural. [...]”
(p.10)
 “A América, mesmo antes de ser descoberta, fazia
parte da ficção. A visão de um outro mundo muito
distante e difícil de ser alcançado cristalizava-se, com o
passar dos anos, em imagens. O oceano era repleto de
SILVA, Janice monstros, e o paraíso, exuberante. As informações
Theodoro da. trazidas pelos viajantes, cheias de detalhes,
despertavam um impulso que ia muito além dos limites
Descobrimento e impostos pela realidade.” (p. 11)
colonização. São
Paulo: Ática, 1987.  A visão sobre o continente americano era a de um filho
esperado, onde se concretizariam as utopias que
circulavam na Idade Média.
 “O colonizador transformava-se, à sua maneira, no
artífice da criação. Este ofício, realizado por indivíduos
sem preparo religioso, gerava graves distorções na
prática do cristianismo. Mas, de qualquer forma, cada
SILVA, Janice um punha em prática o que tinha imaginado. A religião,
Theodoro da. ao penetrar em todas as esferas da vida cotidiana,
expressava nos trabalhos do artífice a presença do
Descobrimento e sagrado e do profano.” (p. 12)
colonização. São
Paulo: Ática, 1987.  Os Estados português e espanhol também exportavam
suas representações da sociedade, tais como a
desigualdade social que neles existia.
 “O confronto entre duas civilizações não pode ser
reduzido a uma oposição entre oprimidos (populações
pré-colombianas) e opressores (populações
européias). Se por um lado os espanhóis destruíram
SILVA, Janice Tenochtitlán, por outro se viram obrigados a erigir uma
cidade como monumento capaz de questionar
Theodoro da. profundamente a civilização que tentavam enterrar. O
Descobrimento e funeral exigia muito trabalho e acabava por instituir,
com enorme dignidade, a presença do interlocutor. Os
colonização. São colonizadores utilizaram a mão-de-obra indígena para
Paulo: Ática, 1987. construir cidades e instalar suas missões. Ao ensinar,
acabaram por aprender, favorecendo um profundo
processo de assimilação cultural iniciado pelo
confronto.” (p. 14)
Marco Polo e suas mansas inverdades

 O veneziano Marco Polo e O livro das maravilhas,


narrativa do século XIII, que representava a visão que
os europeus tinham do resto do mundo conhecido.

SILVA, Janice
 “O homem do século XV vivia aprisionado em seu
Theodoro da. pequeno mundo. As informações sobre a Ásia e a África
Descobrimento e eram muito esparsas e contraditórias. A América não
fazia parte dos mapas. Os mercadores eram em geral
colonização. São homens melhor informados do que o restante da
Paulo: Ática, 1987. população. Eles procuravam compreender as
diferenças das civilizações e, ao mesmo tempo, integrá-
las dentro da ótica do cristianismo. Com Marco Polo
podemos compreender duas grandes questões: as
dificuldades em se definir uma geografia do globo e o
peso ético que a narrativa bíblica impunha em seus
relatos.” (p. 19)
 As viagens de Marco Polo se realizaram em um período
de aliança com os mongóis. Sua família havia se
estabelecido em Constantinopla, capital do Império
Bizantino, onde possuía uma casa de comércio com
entreposto em Soudak, na Criméia.
SILVA, Janice
Theodoro da.  As narrativas de Marco Polo não prezavam pela
Descobrimento e exatidão, mas pela exuberância na descrição dos reinos
distantes.
colonização. São
Paulo: Ática, 1987.
 O tempo da narrativa é demarcado pela extensão da
viagem e pelo exótico, de forma que o seu texto não
expressa uma relação matemática entre tempo e
espaço.
 As narrativas de viagens de Marco Polo são marcadas
pela ideia de aventura e de apego à fé cristã, visto que
sua relação com Deus guardava sua vitória e também a
proteção contra as investidas de inimigos.

SILVA, Janice
Theodoro da.  Exemplo dessa narrativa é a descrição do massacre
que os cristãos sofreriam nas montanhas de Bagdá, da
Descobrimento e qual foram salvos pela sua confiança em Deus.
colonização. São
Paulo: Ática, 1987.  “Uma série de valores éticos e religiosos hierarquizam
todos os fatos ocorridos durante a viagem. Marco Polo
reinterpreta a geografia, procurando através dela impor
sua narração como verdade plena. [...]” (p. 23)
O tempo do tesouro e o tempo do mistério

 Entre as principais transformações no mundo após os


SILVA, Janice descobrimentos estão as alterações nas concepções de
tempo e espaço.
Theodoro da.
Descobrimento e
 O relógio aparece como um instrumento que
colonização. São representa o espírito da modernidade.
Paulo: Ática, 1987.
 A sociedade industrial será caracterizada pela
marcação do tempo em busca de dinheiro.
 “A inexistência de uma percepção quantitativa de
tempo permitia ao homem medieval se lançar em
busca do desconhecido sem dimensionar, a priori, o
perigo ou o tempo que seria gasto na empreitada que
as circunstâncias lhe impunham. [...]” (p. 28)
SILVA, Janice
Theodoro da.  O tempo do tesouro é relativo ao saque e à destruição
Descobrimento e das populações indígenas com o aval da Igreja ou sem
ele, estando ligado ao sagrado e ao profano, dispondo
colonização. São das riquezas com grande rapidez.
Paulo: Ática, 1987.
 Por sua vez, o tempo do mistério vai se construindo a
partir da ideia de que o Novo Mundo era um eterno
mistério a ser desvendado.
 A ideia lançada por Santo Agostinho, de que uma
criatura não pode apropriar-se do tempo de outra, de
forma que cada sujeito no mundo precisava se
compenetrar do seu lugar na ordem da vida.

SILVA, Janice
 “Saqueando ou colonizando, os europeus mantinham
Theodoro da. sua concepção de tempo representada pela salvação
Descobrimento e da alma. O trabalho era um agente de purificação. [...]”
(p. 35)
colonização. São
Paulo: Ática, 1987.
 “As relações de trabalho assumiram inúmeras formas
nas Américas portuguesa e espanhola. Tanto o trabalho
compulsório quanto o livre incorporaram igualmente a
percepção de tempo forjada pela Igreja. [...]” (p. 35)
A “geografia do imaginário”

 A noção de espaço é expandida no imaginário europeu


do final da Idade Média a partir das descrições
SILVA, Janice presentes nas viagens de Marco Polo.
Theodoro da.
Descobrimento e  O mar Mediterrâneo, o oceano Índico e o oceano
colonização. São Atlântico assumem diversos significados na imaginação
dos europeus.
Paulo: Ática, 1987.
 O mar Mediterrâneo representa o início da passagem
entre a geografia do imaginário e a geografia científica.
 Se o mar Mediterrâneo representava um universo real,
o oceano Índico representava um horizonte onírico,
sendo um excelente repositório de sonhos, do qual não
se conhecia nem se desejava conhecer a extensão real.

SILVA, Janice  “A imprecisão entre o real e a fantasia tornava possível


Theodoro da. imaginar que, através do oceano Índico, se encontraria
o caminho do paraíso terrestre. A imensidão do Oceano
Descobrimento e aliada à idéia de os continentes se sucederem num
colonização. São mesmo plano, criava como imagem um espaço finito.
Portanto, era possível encontrar o final do mundo. A
Paulo: Ática, 1987. visão demoníaca e paradisíaca proliferava nesse
abismo forjado pelo plano. Nele eram quatro os rios
conhecidos – Tigre, Eufrates, Ganges e Nilo – que
indicavam o caminho para um lugar maravilhoso, no
qual tudo precedia o pecado original.” (p. 42)
 Por sua vez, as grandes navegações realizadas no
oceano Atlântico partiram frequentemente do
pressuposto de que a terra era redonda, resultado das
pesquisas de cartografia que se difundiam.

SILVA, Janice
Theodoro da.  “A descoberta do continente americano e a posterior
viagem de circunavegação reestruturavam
Descobrimento e definitivamente a concepção de espaço. [...]” (p. 43)
colonização. São
Paulo: Ática, 1987.  O mapeamento do mundo se mostra como uma
demonstração de poder do continente europeu sobre o
resto do mundo, visto que ele aconteceria a partir da
sua perspectiva.
A alegoria da conquista

 Os ideais de cavalaria medievais e as aventuras dos


homens europeus rumo aos mares – a busca por
riquezas e a possibilidade de recuperar uma
SILVA, Janice identidade social estável.
Theodoro da.
Descobrimento e  As convenções heroicas medievais dão lugar a
colonização. São convenções econômicas e políticas.

Paulo: Ática, 1987.


 A contraposição ao universo sensível, repleto de
argumentos emocionais, tipicamente medieval, pelo
universo inteligível, marcado pela experiência empírica
e argumentos matemáticos, tipicamente moderno..
 Os processos de dominação na América se
caracterizariam por ser diferente das relações de
trabalho na Europa, impedindo a identificação,
aceitação e repetição.

SILVA, Janice  Como seria possível à sociedade colonial repetir a


Theodoro da. civilização europeia se ela já carregava consigo outros
passados?
Descobrimento e
colonização. São  As estruturas mentais na América se constroem de
Paulo: Ática, 1987. outra forma, que não relativas aos universos sensível e
inteligível. Ao assimilarem e resistirem
desordenadamente, os povos pré-colombianos e os
colonizadores acabam por criar uma nova linguagem,
com significações alegóricas.
 O perigoso mito da onipotência europeia, espécie de
trajeto demoníaco construído pelo Dr. Fausto, médico e
astrólogo alemão, transformado em peça por Marlowe
(1589), seguido pelo colonizador Hernán Cortés como
um caminho em direção a Deus.
SILVA, Janice
Theodoro da.
 Os descobridores tentam impor o referencial europeu
Descobrimento e para a América, desmembrando o ritual indígena e
colonização. São atribuindo-lhe outro significado.

Paulo: Ática, 1987.


 Escapando a essa determinação imperial, surge o que
Janice Theodoro da Silva chama de um novo texto
americano, fruto de sua própria condição de fragmento.

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