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enquanto dure
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Letras Sérgio Linard Neiva Pimenta
Teoria da Literatura I
Professor Dr. José Luiz Ferreira
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe
qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
Clarice Lispector
• 1. Introdução/Motivação
• 2. Desenvolvimento do tema:
• Vinícius de Moraes
• Soneto da Fidelidade
• Aspectos estruturais
Roteiro • Escansão
• Resumo
• Análise Interpretativa
• Referências
Introdução
Escansão
De/le/ se en/can/te/ mais/ meu/ pen/sa/men/to
O soneto apresenta versos decassílabos sáficos(E.R 10
(4-6-10)), com rimas interpoladas (ABBA/ BAAB) nos
dois quartetos e misturadas (CDE/ DEC) nos dois
tercetos. Ocorre elisão em todos os versos, com
exceção do oitavo. As rimas são ricas, pois, no caso
da estrofe escandida anteriormente, observa-se rima
entre verbo e substantivo (atento/pensamento) e
advérbio e adjetivo (tanto/encanto). Em relação às
consoantes, percebe-se aliteração dos fonemas /S/ e
Aspectos Estruturais
/T/.
Percebemos, no soneto em questão, que o eu-lírico
respeita a definição dada ao dicionário para a
palavra que intitula o poema. Há uma perspectiva
da fidelidade como sendo um aspecto do indivíduo
que se mostra disposto zelar pelo ser amado.
Nos terceiro verso, por exemplo, observa-se o
surgimento de uma antítese, vejamos: “E rir meu
riso e derramar meu pranto”. A simultaneidade
estabelecida entre o conectivo coordenador aditivo
“E”, gera uma relação de igualdade semântica entre
os dois eixos do verso; sabemos, no entanto, que tal
igualdade chega a ser contraditória. Essa
Análise
constatação leva-nos a considerar que a ideia de
fidelidade do eu-lírico parte da percepção de que
um relacionamento requer a compreensão e que
algumas dores surgem e ainda assim haverá
motivos para “rir o meu riso”.
Depreendemos, por fim, a necessidade de que se
reconheça no outro a presença de defeitos. Como
dito por Clarice Lispector, são eles que fazem com
que sejamos quem somos e, desta maneira, o outro
interpretativa
com quem estabelecemos relação está imbuído de
defeitos que não devem ser retirados em sua
totalidade sob pena de se mudar a essência do ser.
Ser fiel é, sobretudo, entender que o outro é ser
humano e que ele assim deve permanecer
enquanto durar.
A fidelidade é, portanto, infinita até o seu último dia.
Releitura do Soneto