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A fidelidade: que seja infinita

enquanto dure
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Letras Sérgio Linard Neiva Pimenta
Teoria da Literatura I
Professor Dr. José Luiz Ferreira
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe
qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”

Clarice Lispector
• 1. Introdução/Motivação
• 2. Desenvolvimento do tema:
• Vinícius de Moraes
• Soneto da Fidelidade
• Aspectos estruturais
Roteiro • Escansão
• Resumo
• Análise Interpretativa
• Referências
Introdução

• Neste seminário trataremos da exploração da


figura da fidelidade dentro de um relacionamento
monogâmico abordado no Soneto de Fidelidade,
de Vinícius de Moraes (1913-1980). Buscaremos,
aqui, apresentar as compreensões dadas pelo
sujeito lírico a esse campo semântico
estabelecendo relações entre a forma do poema e
seu conteúdo.
Motivação

• Fi.de.li.da.de: S.f. particularidade ou qualidade do que


é fiel; em que há zelo ou cuidado por algo ou
alguém. Lealdade.
Vinícius de Moraes
Nascido em outubro de 1913, na cidade do Rio de
Janeiro, Vinícius de Moraes tinha apenas nove anos de
idade quando ocorreu a famosa Semana de Arte
Moderna de 1922. Nessa idade o poeta brasileiro já
criava poemas na escola, influenciado pelo frisson da
Semana. Na época, Vinícius não tinha noção de que um
dia se tornaria um dos maiores nomes da poesia
moderna brasileira.
Iniciando sua carreira com a obra musical, foi em 1927
que o nossa autor compôs sua primeira música. Cinco
anos depois, o agora estudante de direito publica seus
primeiros versos na revista “A ordem”.
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Soneto de Fidelidade
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Estoril, outubro de 1939
De/ tu/do ao/ meu/ a/mor/ se/rei/ a/ten/to
An/tes/, e/ com/ tal/ ze/lo, e/ sem/pre, e/ tan/to
Que/ mes/mo em/ fa/ce/ do/ mai/or/ en/can/to

Escansão
De/le/ se en/can/te/ mais/ meu/ pen/sa/men/to
O soneto apresenta versos decassílabos sáficos(E.R 10
(4-6-10)), com rimas interpoladas (ABBA/ BAAB) nos
dois quartetos e misturadas (CDE/ DEC) nos dois
tercetos. Ocorre elisão em todos os versos, com
exceção do oitavo. As rimas são ricas, pois, no caso
da estrofe escandida anteriormente, observa-se rima
entre verbo e substantivo (atento/pensamento) e
advérbio e adjetivo (tanto/encanto). Em relação às
consoantes, percebe-se aliteração dos fonemas /S/ e
Aspectos Estruturais
/T/.
Percebemos, no soneto em questão, que o eu-lírico
respeita a definição dada ao dicionário para a
palavra que intitula o poema. Há uma perspectiva
da fidelidade como sendo um aspecto do indivíduo
que se mostra disposto zelar pelo ser amado.
Nos terceiro verso, por exemplo, observa-se o
surgimento de uma antítese, vejamos: “E rir meu
riso e derramar meu pranto”. A simultaneidade
estabelecida entre o conectivo coordenador aditivo
“E”, gera uma relação de igualdade semântica entre
os dois eixos do verso; sabemos, no entanto, que tal
igualdade chega a ser contraditória. Essa

Análise
constatação leva-nos a considerar que a ideia de
fidelidade do eu-lírico parte da percepção de que
um relacionamento requer a compreensão e que
algumas dores surgem e ainda assim haverá
motivos para “rir o meu riso”.
Depreendemos, por fim, a necessidade de que se
reconheça no outro a presença de defeitos. Como
dito por Clarice Lispector, são eles que fazem com
que sejamos quem somos e, desta maneira, o outro
interpretativa
com quem estabelecemos relação está imbuído de
defeitos que não devem ser retirados em sua
totalidade sob pena de se mudar a essência do ser.
Ser fiel é, sobretudo, entender que o outro é ser
humano e que ele assim deve permanecer
enquanto durar.
A fidelidade é, portanto, infinita até o seu último dia.
Releitura do Soneto

O Soneto da Fidelidade, já ganhou


múltiplas releituras. Já foi músicado
e transformado, ainda, em poesia
concreta conforme vemos ao lado.
“Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflete o que a
alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção
dos povos alegres é triste.”

Fernando Pessoa – Ortônimo


Referências

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 38 ed. rev. ampl.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 32. ed. São
Paulo: Cultrix, 1994.
CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: caderno de análise literária. São
Paulo: Ática, 1985.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons e ritmos. São Paulo: Ática, 2002.
Vida e Obra de Vinícius de Moraes. Disponível em:
<http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/vida> acesso em: 03 maio
2018.

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