Luisa Sales Martins Nathália Guimarães Araújo Candela Tatiane de Macedo Souza Veronica Aiceles de Medeiros Pinto A substituição
Os edulcorantes ou adoçantes são as substâncias utilizadas em
substituição ao açúcar com baixo ou zero valor energético. Podem ser naturais como o sorbitol ou a frutose, ou artificiais ou sintéticos, como o aspartame ou a sucralose. No mercado encontramos inúmeros produtos light, diet e sem açúcar que lançam mão desses tipos de adoçantes para apresentar um produto com baixo teor calórico. Estudos vêm relacionando o uso de adoçantes artificiais ao aumento de peso corporal. Mas como alimentos com baixo teor calórico influenciariam no ganho de peso? Os adoçantes artificiais
Adoçantes artificiais estão entre os aditivos alimentares mais utilizados no
mundo, consumidos regularmente por pessoas magras e obesas. São inúmeros os tipo de adoçantes, Sacarina é o edulcorante artificial mais antigo, descoberto em 1879, é 300 vezes mais doce que a sacarose, mas tem um retrogosto amargo. Ciclamato foi descoberto em 1937 e é comumente misturado a sacarina para melhora do sabor. Em 1965, descobriu-se o aspartame. Em 1979, descobriu-se a sucralose. Acessulfame-K foi aprovado como um adoçante pela FDA em 2003. Como influenciam no aumento do apetite? Uma interpretação comum da correlação direta entre aumento de uso de adoçantes não calóricos e aumento da incidência de obesidade é que as pessoas se voltaram para adoçantes sem calorias como meio de reduzir a ingestão de energia e controlar o peso corporal. Entretanto, revisando parte da literatura, percebemos que os estudiosos estão em maior concordância com a possibilidade que o aumento da ingestão de substitutos do açúcar sem calorias podem promover o aumento da ingestão e ganho de peso. Os adoçantes artificiais ajudam a reduzir o peso? Com o crescente uso desse tipo de adoçantes no atual ambiente de alimentos, milhões de pessoas estão sendo expostos para sabores doces que não estão associados com consequências calóricas ou nutritivas. Os adoçantes artificiais ajudam a reduzir o peso? Os dados epidemiológicos sugerem o contrário. Vários estudos coorte de grande escala acharam uma relação entre adoçantes artificiais e ganho de peso. Um estudo prospectivo envolvendo 166 crianças em idade escolar mostrou que aumento no consumo de refrigerantes diets foi associado com um maior IMC no que diz respeito ao acompanhamento do Z-score, indicando um ganho de peso. Os adoçantes artificiais ajudam a reduzir o peso? O cérebro controla a sensação de saciedade através de informações que são enviadas por estímulos iniciados na língua, através das papilas gustativas até chegar ao córtex gustativo primário. Dessa maneira o cérebro libera dopamina, neurotransmissor ligado à recompensa e prazer. Esse sistema regula o comportamento alimentar e consequentemente o número de calorias que serão consumidas. Estudos recentes demonstram que ao consumir o adoçante artificial, esse sistema de recompensa não funciona da mesma forma como o açúcar. Os adoçantes artificiais ajudam a reduzir o peso? Um primeiro estudo analisado, envolvendo os edulcorantes sacarina e aspartame, mostrou resultados de ingestão calórica semelhantes entre os ratos alimentados com adoçantes e os alimentados com açúcar. O grupo alimentado com sacarina ou aspartame teve maior ganho de peso. O consumo de substâncias doces foi identificado como forte indutor de uma série de reflexos de “fase cefálica” relacionados à ingestão, por exemplo, reflexos hormonais, termogênicos e metabólicos. Os reflexos da fase cefálica existem para antecipar e se preparar para a chegada de nutrientes no trato gastrointestinal, aumentando assim a eficiência da utilização de nutrientes e minimizando o grau em que esses nutrientes influenciam a homeostase produzindo balanço energético positivo. Como influenciam no aumento do apetite? Pequenas mudanças na evocação dessas respostas da fase cefálica poderiam produzir mudanças na eficiência da utilização de energia, levando a aumentos significativos a longo prazo na ingestão de alimentos e peso corporal. Se a eficiência da regulação de energia depende, pelo menos em parte, da ativação das respostas da fase cefálica, e se essa ativação da fase cefálica depende, em parte, da capacidade dos sabores doces em sinalizar calorias, algo que enfraqueça essa relação sinalizadora ou preditiva também pode influenciar o controle da ingestão dos alimentos e consequentemente o peso corporal. Como influenciam no aumento do apetite? Em um estudo de comparação em ratos, sobre a ingesta de produtos adoçados, demonstraram que aqueles que receberam em uma refeição alimentos sem a relação gosto doce/calorias, exibiram maior ingestão calórica, maior ganho de peso corporal, maior adiposidade. Independente do mecanismo particular que produz essas mudanças, os dados indicam claramente que consumir um alimento adoçado com sacarina sem calorias pode levar a um maior ganho de peso corporal e adiposidade de que consumiria o mesmo alimento adoçado com açúcar altamente calórico. Tal resultado pode parecer contraditório, se não um anátema. Como influenciam no aumento do apetite? Outro estudo de 2008, com 5158 participantes inicialmente e 3682 participantes ao final mostrou como resultado: maior incidência de sobrepeso, obesidade, bem como alterações do IMC. Como justificativa mostrou que o grupo de pacientes que consumiu os adoçantes artificiais demonstrou uma supercompensação com gordura pela restrição ao açúcar, uma supercompensação em quantidade → crença de baixa caloria e redução do gasto energético em repouso Aumento da compulsão alimentar/insulina/glicemia. Ressalta-se que tal estudo possuía um N grande, e sua duração foi de 11 anos e que não houve alteração no consumo, apenas passou a ser utilizado por um grupo já em processo de perda. Como influenciam no aumento do apetite? Outro estudo analisado, realizado com três grupos de animais, que consumiram água pura, glicose e sacarose exibiram uma curva de tolerância à glicose similar, enquanto que todos os camundongos consumidores dos três tipos de adoçantes não calóricos desenvolveram a intolerância à glicose através das alterações do funcionamento da microbiota intestinal. Um ultimo fator relevante são, o que os psicólogos chamam, de distorções cognitivas. Se alimentar de algo sem calorias nos da o direito de comer mais? Trocar um refrigerante comum por um diet agora significaria a permissão para uma fatia de bolo de chocolate depois. Conclusão
Psicologia e fisiologia devem ser analisados, criteriosamente. A substituição
da sacarose por adoçantes dietéticos se demostra como fator negativo no controle do apetite. Embora outros estudos sejam necessários, sobretudo epidemiológicos, os resultados dos diversos artigos sugerem que o consumo de adoçantes em camundongos e humanos pode aumentar o risco de intolerância à glicose e que esses efeitos metabólicos adversos são mediados pela modulação da composição e função da microbiota. Sugerem também que a ingesta de alimentos de sabor doce com baixa ou nenhuma caloria, faz com que o paciente tenha uma disfunção no sistema de recompensa como também na sinalização neuronal da regulação energética, interferindo no apetite.