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Nilson Borges

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A Doutrina de
Segurança Nacional e
os governos militares
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “Os anos 1970 ficaram marcados pelo desencadeamento de golpes de


Estado e pela entrada dos militares no cenário político de diversos países
da América Latina, dentre eles o Brasil. Para se ter uma idéia desse
expansionismo militarista, basta saber que, em 1979, dois terços da
população latino-americana, calculada na época em 400 milhões de
habitantes, viviam em Estados dotados de regimes militares ou sob
dominação castrense.” (p. 15)

 “[...] No caso brasileiro, especificamente, muito embora queiram delimitar a


entrada dos militares no processo político a partir de 1964, a história tem
demonstrado que, em todos os momentos de crise institucional, as Forças
Armadas apresentam-se como atores políticos atuantes. [...]” (p. 15)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “Assim, ao se analisar o papel das Forças Armadas no processo


político brasileiro, deve-se levar em consideração duas fases: a
primeira, antes de 1964, quando os militares intervinham na
política, restabeleciam a ordem institucional, passavam a condução
do Estado aos civis e retornavam aos quartéis, exercendo a função
arbitral-tutelar; a segunda, depois de 1964, sob a égide da Doutrina
de Segurança Nacional (instrumentalizada pela Escola Superior de
Guerra), quando os militares, após o golpe, assumem o papel de
condutores dos negócios do Estado, afastando os civis dos núcleos
de participação e decisão política, transformando-se em
verdadeiros atores políticos, com os civis passando a meros
coadjuvantes no sentido de dar ao regime uma fachada de
democracia e legitimidade.” (p. 16)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “Após a proclamação da República, o intervencionismo militar foi uma constante


na história brasileira, sendo, inclusive, legitimado até pelo hábito. Recorria-se à
intervenção militar, segundo a lógica da época, como forma de corrigir o que
consideravam como desvios do meio político e dos resultados eleitorais. As
Forças Armadas eram reconhecidas como poder moderador, pois tal
prerrogativa ‘estava implícita no próprio texto constitucional ao subordinar sua
ação como aparelho do Estado, dentro dos limites da lei’ [...]. Sobre tal
pressuposto, o intervencionismo militar seria legítimo quando a autoridade maior
transpusesse, a critério das Forças Armadas, os limites da legalidade.” (p. 17)

 “Como conseqüência das constantes intervenções das Forças Armadas, criou-


se uma cultura militar no Brasil. [...] Assim, a intervenção dos militares na esfera
política aparece como legítima e necessária para a preservação dos interesses
maiores da nação: a ordem institucional. [...]” (p. 18)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “De 1889 até o golpe de 1964, as intervenções militares foram


sempre justificadas, mediante manifestações e depoimentos das
chefias (militares e civis), em nome da missão constitucional das
Forças Armadas e do interesse nacional. [...]” (p. 19)

 “Da análise do período pré-1964, vai-se notar um processo de


centralização do poder militar na medida em que o poder civil se
subordinava ao poder militar, sendo que, a partir dos anos 1930, as
Forças Armadas asseguram o monopólio legal e real da
intervenção. [...]” (p. 19)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “Faz-se mister assinalar que já em 1930 aparecia nos discursos


militares, principalmente nas palavras do general Góes Monteiro, a
expressão segurança nacional. Segundo ele, o Estado deveria
‘estabelecer, em bases sólidas, a segurança nacional, com o fim,
sobretudo, de disciplinar o povo a obter o máximo de rendimento
em todos os ramos da atividade pública, adotando os princípios da
organização militar, contanto que seja isentada do espírito
militarista’ [...]. Na realidade, o conceito moderno de Segurança
Nacional somente vai aparecer após a segunda grande guerra,
mas nos anos 1930 já havia uma preocupação dos militares
brasileiros em formar uma mentalidade que sobreponha a tudo os
interesses da pátria.” (p. 20)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
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Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “O golpe militar de 1964, com base na Doutrina de Segurança Nacional,


estabeleceu novas especificações para o papel das Forças Armadas no
processo político. O aparelho militar abandonou sua ação arbitral-tutelar
[...], deixou a intervenção transitória do tipo devolver e limitar, cuja lógica
castrense entende como restauradora da ordem institucional, para
desempenhar outro tipo de papel: o de dirigente. [...]” (p. 20)

 “Dentre os diversos papéis exercidos pelo aparelho militar, o que mais


sobressaiu foi o aparelho repressivo, organizado e implementado pelo
Serviço Nacional de Informações (SNI), com base no escopo teórico da
Doutrina de Segurança Nacional. O próprio general Golbery o chamava de
monstro, em virtude do seu crescimento desmesurado e de suas ações
terroristas. [...]” (p. 23)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “O golpe e a manutenção do regime militar de 1964 estão inscritos


na Doutrina de Segurança Nacional, originária dos Estados Unidos.
Criada na época da guerra fria, nascida do antagonismo leste-
oeste, a Doutrina de Segurança Nacional fornece intrinsecamente
a estrutura necessária à instalação e à manutenção de um Estado
forte ou de uma determinada ordem social. [...]” (p. 24)

 “O precursor da teoria foi o americano Alfred Tayer Mahan com a


concepção do destino manifesto, que fundamentou e, ainda hoje,
em pleno século XXI, fundamenta, só que com outra roupagem, a
política externa norte-americana. [...]” (p. 25)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “Na verdade, a geopolítica se apresenta como uma teoria do


Estado e para o Estado, mais precisamente para um Estado de
perfil militar. É uma teoria a serviço de um conceito de Estado
absolut0. Ist0 nada mais é do que a aplicação na prática da teoria
da ditadura soberana, elaborada pelo jurista alemão Karl Schmidt,
que atribui a soberania a um Estado de fato, quando, livre das
restrições heterônomas, aparece como a vontade suprema na
arena política e na criação do direito (o que se explica na edição de
inúmeros Atos Institucionais pelos governos militares brasileiros). O
Estado, portanto, se identifica ao mesmo tempo à vontade de um
líder individual (ditador) ou coletivo (Forças Armadas), dotado de
um poder discricionário, e sem outros limites que sua própria
automoderação. [...]” (p. 26)
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BORGES, Nilson. A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares. In:
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil republicano.
v. 4. O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 12-42.

 “No início da década de 1960, antes do golpe, a doutrina da guerra interna,


da luta anti-subversiva, já havia penetrado nas Escolas de Comando de
Estado-Maior, pois, segundo os protagonistas da ação militar, já havia uma
guerra revolucionária comunista em marcha no Brasil. Nesse sentido, 1964
é visto como um contragolpe ao golpe de esquerda que seria desfechado
por João Goulart [...]” (p. 32)

 “Dentro do espectro ideológico dos militares brasileiros, a Doutrina de


Segurança Nacional serviu para abolir dois dos princípios fundamentais do
regime democrático liberal: a subordinação dos militares ao poder civil e a
não-intervenção no processo político. [...]” (p. 33)

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