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SANTAELLA –

CULTURAS E ARTE DO
PÓS-HUMANO
O QUE É CULTURA?
MARIA LUCIA SANTAELLA BRAGA
• Catanduva – SP
• Professora na PUC-SP
• É uma das pesquisadoras brasileiras pioneiras na área da semiótica e da
metodologia da ciência
• Seus interesses de pesquisa incluem a semiótica cognitiva (fundamentos
biocognitivos da comunicação) e computacional e estéticas tecnológicas, com
incursões na área de games (jogos eletrônicos), relações entre o verbal, o visual e o
sonoro na multimídia, redação e leitura na universidade, novas tecnologias e novas
gramáticas da sonoridade.
.
Cultura – metáfora da palavra latina cultura que no seu
sentido original significava o “ato de cultivar o solo”

Sentidos conotativos apareceram em seguida

“A cultura é como a vida, sua tendência é crescer,


desenvolver-se, proliferar-se, ‘porque é muito mais
espessa a vida que se desdobra em mais vida, como uma
fruta é mais espessa que sua flor’” (João Cabral)
4 princípios da vida:
• Se expande como um gás para ocupar todo espaço disponível

.
Se adapta às exigências do espaço que se tornou disponível
• Se desenvolve continuamente em níveis de maior complexidade
• Quanto mais complexo, mais cresce

Encontra condições favoráveis CULTURA Crescimento natural


a seu desenvolvimento

Se alastra, floresce, aparece, faz-se ostensivamente presente


Na cultura tudo é mistura

Metáfora da mistura para compreender “cultura”

Mistura espírito morada do espírito cultura

Sociedades pós-modernas/pós-industriais culturas híbridas


2. A proliferação dos sentidos de cultura
2.1 Um tema elusivo

• Definições de cultura são numerosas;


• Cultura é aprendida – permite adaptação humana ao seu ambiente natural – variável – se manifesta
em instituições, padrões de pensamento e objetos materiais;
• Cultura = tradição/civilização -> seus usos se diferenciam

“A cultura é parte do ambiente em que é feita pelo homem”

• Vida humana é vivida em um contexto duplo = habitat natural e o social


• Cultura é mais do que um fenômeno biológico

Conceito de refinamento: habilidade de manipular certos aspectos da nossa civilização que trazem
prestígio
. O termo “cultura” foi aplicado às sociedades humanas na metade do século XVIII
Nada poderia ser mais indeterminado que a palavra “cultura”
“Uma tentativa de abranger seu significado em palavras é como tentar agarrar
o ar com as mãos” – está em tudo, exceto no que se pode agarrar

6 categorias para tentar definir cultura:


• Descritiva – com ênfase nos caracteres que definem a cultura;
• Histórica – com ênfase na tradição;
• Normativa – enfatizando as regras e valores;
• Psicológica – enfatizando o aprendizado e o hábito;
• Estrutural – com ênfase nos padrões;
• Genética.
.

Na tentativa de tentar definir, surgiram dois tipos de definições principais:

Restrita descrição da organização simbólica de um grupo – representação


que o grupo faz de si mesmo – relações com outros grupos e com o universo
natural
Uma mais ampla de definição não contradiz a 1ª - cultura enquanto
costumes – crenças – língua – ideias – gostos. Relações do grupo com o ambiente
.

2.2 A concepção humanista e antropológica


Raymond Williams considera os conceitos de cultura e civilização como sinônimos
4 sentidos comuns:

1) Um estado geral ou hábito da mente tendo relações próximas com a ideia de


perfeição humana
2) Um estado geral de desenvolvimento intelectual numa sociedade como um todo
3) O corpo geral das artes e do trabalho intelectual
4) Um modo geral de vida, material, intelectual e espiritual

1os 3 sentidos: visão humanista (seletiva)


Último: concepções antropológicas – não seletivas – aplicam o termo “cultura” à trama
total da vida humana
.

Humanista:
• Defende a possibilidade (necessidade) de avaliar as diversas formas de atividades e
objetivos humanos à luz de valores universais que são possíveis de uma determinação
objetiva;
• Algumas pessoas tem mais cultura que outras e alguns produtos são mais culturais que
outros.
Antropológica:
• Evita julgamentos de valor por temor de incorrer em etnocentrismos;
• Cultura é plural e relativista – mundo dividido em diferenças culturais.

Necessidade de distinguir o cultural do biológico na vida humana e social

Surge o sentido lato e o estrito


.

Lato:
• Descreve todos os aspectos característicos de uma forma particular da vida humana
Estrito:
• Província das humanidades – interpretar e transmitir às gerações futuras o sistema de
valores em função dos quais os participantes em uma forma de vida encontram
significado e propósito

Cultura como um agente causal que afeta o processo evolutivo

Recurso indispensável para o crescimento do controle humano sobre a direção em que nossa espécie
muda
.

Raymond Williams vê que a concepção humanista apresenta um ênfase idealista

Vê a cultura como um processo de cultivo sob um prisma universalista

Pode entrar em conflito com a ênfase nas culturas particulares que acentuam as diferenças nos
modos pelos quais o ser humano encontra significado e valor na sua vida

“Se a cultura é vista como um corpo de trabalho artístico e intelectual ao qual um grande ou até
mesmo um supremo valor é conferido, é difícil, a partir desta posição, aceitar os usos que a
antropologia e a sociologia fazem da palavra cultura, pois esses usos são neutros, referindo-se
ao que as pessoas fazem ou pensam, sem levar em consideração qualquer mérito artístico e
intelectual”
.
2.3 Cultura e civilização
• Diversas distinções entre ambos os conceitos
• Enquanto cultura derivou do sentido de crescimento natural, civilização derivou de uma
condição social real – aquela do cidadão

significa as convenções da
sociedade – valores materiais
representa essencialmente as condições
morais do indivíduo – valores espirituais

• Em 1830, Coleridge fez a distinção entre o cultivo da humanidade em geral e a civilização


meramente externa através do qual o progresso é calculado em função de coisas e não do
homem em si mesmo
Cultura como autoperfeição moral – a cultura é, sobretudo, aperfeiçoamento moral e não
meramente paixão científica pelo puro conhecimento.
3. A cultura da antropologia
3.1 Os precursores
E. B. Tylor definiu a cultura como um todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, lei,
moral, costumes, qualquer capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro de
uma sociedade.

Marcou uma etapa importante para o reconhecimento da coextensividade da cultura como


simbólico

Conjunto de elementos próprios de todo grupo humano, compreendendo tanto a


religião quanto os costumes sexuais, o direito, as práticas culinárias, os hábitos
estéticos, etc.

Tudo que pode ser entendido como uma organização – regulação simbólica social - cultura
.

Controvérsia contra a definição tyloriana

a crítica maior era que a definição de cultura é menos antropológica do que parece

Uso do termo cultura no plural – culturas – pois na pluralidade está a chave para o
entendimento moderno de cultura na antropologia
3.1 Herder e a modernidade
.

• Rejeitou a dualidade entre atividade material e não material


• Para ele, artefatos são partes da cultura tanto quanto ideias, crenças e valores
• Cultura não é só o que pensam, mas também o que fazem

Identidade coletiva – dá sentido aos determinantes

Linguagem, símbolos, valores e reciprocidade

Elementos irracionais são significantes agentes modeladores das culturas sociais

• Antecipou a concepção marxista da sociedade como uma arena de classes em luta – modo
de tratar toda manifestação de cultura como essencialmente autônoma
3.3 A escola de Boas
• Não deixou uma teoria consistente de cultura, mas um conjunto de problemas
.

Cultura

Alternativa, pluralista e relativista Concepção de cultura como um todo


integral expressando o caráter de um povo particular

Visão de cultura como diversidade

Modo de vida – virtualmente tipos psicológicos chamados de configurações culturais


Cultura como superorgânica:
• Só pode ser explicada em termos de si mesma, não podendo ser reduzida a quaisquer outros
fatores não culturais
• Não é um produto das ações humanas – é aquilo que produz e conduz as ações
3.4 A cultura britânica
• Cultura enquanto abstração vaga (Radcliffe)
.

• Culturalista – escola inglesa em oposição a “estruturalista”

Estudos das estruturas sociais


• Sentido humanista da cultura (inquietação inglesa)
• Malinowski – aceitou a existência de uma ciência da cultura – teoria funcionalista da cultura
que se aplicasse a ela
Aparato instrumental dirigido para o fim
Funcionalismo – cultura como integrada – sistema de elementos interdependentes

Serviço de necessidades biológicas e psicológicas


3.5 O estruturalismo de Lévy-Strauss
.

• Na França, o termo civilização prevaleceu sobre cultura- visão de cultura influenciada por
Boas
Baseada em princípios universais
• Importância ao que distingue uma cultura da outra – estruturalismo linguístico –
pensamento humano em oposições (masc. x fem.)

Cultura

Sistema simbólico que resulta da criação acumulativa da mente humana


(Estruturas de domínio culturais)
3.6 Áreas da antropologia cultural
Os traços culturais
.

• Cultura está relacionada com ações, ideias.... – Comportamento e costumes;


• Traços de cultura – se associam em grupos de elementos – traços complexos.

A cultura como fenômeno histórico


• Cultura pode ser estudada sob um ponto de vista histórico;
• Seus elementos surgem através de inovações e se alastram através da difusão;
• Costumes, crenças, etc. difundem-se de uma região para outra;
• Elementos culturais tem uma história cronológica

A cultura como fenômeno regional


• Os elementos culturais apresentam uma distribuição geográfica ou por localidade;
• Isso define certos costumes pertencente às regiões em que existem;
• Outras regiões podem se apropriar deles
Os padrões culturais
• Cultura – pode ser padronizada
.

Repetição de comportamento similares aprovados pelo grupo

Se os indivíduos ajustam seu comportamento através do tempo, a cultura permanece estável

As funções dos elementos culturais


• Os elementos tem significado para os indivíduos que dela participam dentro do contexto
total de cultura

As configurações da cultura
• A cultura tende a ser integrada
• Apresenta configurações, premissas, valores e objetivos que lhe dão unidade
Estabilidade e mudança na cultura
.

• Componentes individuais variam;


• Inovações;
• Ritmo de mudança varia muito;
• Para se processar, a mudança enfrenta resistência da estabilidade (necessário para a
sobrevivência da cultura;
Ligado a adaptação
• Sistemas culturais sobrevivem, pois seus membros estão adaptados a tradição;
(sem mudança a cultura estagnaria)

Os sistemas culturais
• Condições de diversidade e dinamicidade tornam qualquer cultura um fenômeno complexo
• Não podemos identificar uma cultura no sentido de continuidade de uma mesma tradição
• Antropólogos tentam distinguir conjuntos de subpadrões dentro de uma cultura chamando-
os de subculturas ou sistemas culturais
SUBCULTURAS – SISTEMAS CULTURAIS
.

Tipos altamente estruturados de comportamentos aprendido


|
sistemas de sinais como a linguagem – afiliações políticas, religião...

A aculturação
• Dois grupos postos em contato absorvem elementos culturais um do outro;
• Quando há uma continuidade nesse processo, ele é chamado de aculturação.

A continuidade da cultura
• As tradições culturais se acumulam sem quebras de continuidade
Elementos culturais Indivíduos
|Aprendizagem| – fenômeno de geração para geração
Quando há uma ruptura, há o desaparecimento
“Culturas se cruzam e recruzam, fundem-se e dividem-se”
.

“Cultura é uma interação incessante de tradição e mudança” – Herder – são partes de um


mesmo continum

A simbolicidade da cultura
• Artefatos feitos pelo homem, motivações, fala = significado;
• Sem o conhecimento de seus significados, esses elementos são incompreensíveis;
• Eles só tem significado porque são signos;
• As culturas são chamadas de sistemas de símbolos – semiótica
4. Da semiótica aos estudos culturais
.

• A partir dos anos 60/70 a antropologia cultural concebe a cultura como símbolos e
significados
• A ênfase nessa concepção se deu pois a cultura é um fenômeno confinado ao reino
humano
• Enfoque na cultura simbólica

“Se a cultura é um sistema “simbólico” de formas então a semiótica é uma ciência da cultura,
pois é a ciência universal dos signos e dos símbolos.” Nath
Correntes da semiótica
A corrente que ficou mais conhecida da semiótica da cultura é a da escola de Moscou e Tartu
– dialogismo Bakhtiniano é uma teoria da cultura.

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