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LITERATURA EM RORAIMA

DIÁLOGOS E LEITURAS
Mesa-redonda: O feminino na poesia
Sony Ferseck

Abril/2018
PRIMEIRAMENTE,

Fora Temer!!!
QUE FEMININO É ESSE?
Escrever até ser minha própria pátria,
Meu próprio estado, meu próprio lar.
Escrever até ser eu, até ser minha, rima por rima e em qualquer papel.
Escrever até ser minha própria voz, meu próprio sexo, meu próprio eco
e reflexo.
Escrever para ser meu próprio inferno, meu próprio céu, minha própria
morte.
Escrever para ser mil, para ser gente, para ser santo, ser humano,
sagrado e profano.
Escrever para ser, antes que o silêncio me seja.
Índia Makusi Com o olhar de outro céu,
Escorro diamantes imprecisos Que seu Branco são areias de outro
rio.
Do leito da trilha,
Ensinei que são meus cabelos que
Lágrimas índias da tribo Makusi... Enegrecem a noite
Minha cintura vale mais! Embalam o sono da rede do curumim
Makunaima passou pelo meu ventre Deixei que brincasse com meus
colares
Fez morada ali.
Ao longo da Ponte Laranja.
Subiu a Serra Grande e ventou a
Cruviana Do céu é mais bonito o espetáculo
dos Homens
Assustou seus irmãos que tinham inveja Na terra de Makunaima
De sua pele castanha Sou índia Makusi
Mas não esqueceu que seu azul se Sou filha e mãe de Roraima.
Confunde
Cantigas infanticidas
Velava meu próprio corpo
No dia em que morri, À sombra de uma sacada.
Era 25 de maio, O sonho saiu ferido e
às cinco horas da madrugada a moça despedaçada.
Contaminada pelo amor No dia em que morri...
Que tu me tinhas que era Mas não fui nada,
Pouco e me matou. Não sei nada
No dia em que morri, Não há de ser nada
Toda olhos, vísceras, útero e ovários Enterrada em corpo vivo.
Abandonada
minha anatomia se encurta Mas cabeça-sentença grita: - Deve se vender
Deixei-a aos pedaços por toda cidade por gosto! Desde lá, deve ser puta.
Enquanto Indias-descalçadas ardidas e desbotadas de
Crianças-copo tilintam fomes tão antigas meios-dias vendem enfeites de palha
como suas etnias Mas bolsos-tempo marcam:- Agora não! Que
Para vidros aborrecidos de fumê coisa cara!
Mas olhos-semáforos disfarçam: - Abriu!
Desvia! Abandonada,
Homens-papelão, classificados de rua, minha anatomia se encurta.
anunciam desempregos Deixei-a aos pedaços por toda cidade.
Mas bocas-gramática apontam: -Olha o Fujo de Nações inventadas e pergunto:
erro! Tá escrito em outra língua! Em que parte de mim se localiza a fronteira?
Mulheres-número, mais corpos e mais Que cores tem a bandeira de minha face?
culpa, se empurram desiludidas para
carros, camas e rua Estrangeira de mim
peço hospedagem.
Rejubilando com gosto: - Os meninos são
sãos!
Quando você me nasceu,
Homem feito
Já me nasceu assim: Homem feito.
Quando você me nasceu, Barba na cara, pelo no peito.
Já me nasceu assim: Homem feito. Já era homem em todo trejeito.
Barba na cara, pelo no peito, Se rindo do meu espanto,
Viola arranhada e a ela afeito. Da minha cara de medo.
Me cantando histórias de uma infância Me dando alento em um grave canto,
remota Me dando voz em cada desejo,
Em cada gozo, em cada beijo
Como se a tivesse deixado pelo meio.
E me dando tanto, tanto.
Me recitando poemas, meio que de
Quando você me nasceu
memórias,
Já era assim, desse jeito:
Lamentando os calos que já não existem
Barba na cara, pelo no peito.
Nas mãos, Já era homem. Já era feito.
MUITO OBRIGADA!!!

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