Sei sulla pagina 1di 66

LEI Nº 11.

343/06
( LEI DE DROGAS )
ARTUR RIBEIRO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de


Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;
prescreve medidas para prevenção do uso indevido,
atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas para
repressão à produção não autorizada e ao tráfico
ilícito de drogas e define crimes.
A droga é o objeto material da Lei 11.343/2006, sua
definição está prevista no art. 1º, parágrafo único da
referida lei:

Art. 1º - Parágrafo único. Para fins desta Lei,


consideram-se como drogas as substâncias ou os
produtos capazes de causar dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da
União.
A Portaria SVS/MS nº 344/1998 é que disciplina as
substancias consideradas como droga, sendo
atualizada de forma contínua.

Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do


art. 1º desta Lei, até que seja atualizada a
terminologia da lista mencionada no preceito,
denominam-se drogas substâncias entorpecentes,
psicotrópicas, precursoras e outras sob controle
especial, da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio
de 1998.
2. PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO
PESSOAL (USUÁRIO)

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em


depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar
será submetido às seguintes penas:
2.1 CONDUTA EQUIPARADA

Trata-se do cultivo de drogas para o consumo


pessoal, prevista no §1º do art. 28, da Lei de Drogas:

§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para


seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe
plantas destinadas à preparação de pequena
quantidade de substância ou produto capaz de
causar dependência física ou psíquica.
2.2 CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAÇÃO COM O
TRÁFICO
O §2º do art. 28 da Lei de Drogas traz os critérios
que irão diferenciar a droga que se destina ao
consumo pessoal e a que se destina ao tráfico de
drogas:

§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a


consumo pessoal, O JUIZ atenderá à natureza e à
quantidade da substância apreendida, ao local e
às condições em que se desenvolveu a ação, às
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
conduta e aos antecedentes do agente.
2.3 PENAS

Há três penas cominadas ao crime do art. 28 da Lei


de Drogas.

I - ADVERTÊNCIA SOBRE OS EFEITOS DAS


DROGAS;
II - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE;
III - MEDIDA EDUCATIVA DE COMPARECIMENTO
A PROGRAMA OU CURSO EDUCATIVO.
Nos termos do art. 28, §3º, a prestação de serviços
à comunidade e a medida educativa terão prazo
máximo de cinco meses. Caso o réu seja
reincidente, o prazo máximo passa a ser de 10
meses, conforme §4º do referido artigo.

Art. 28 (...) § 3º As penas previstas nos incisos II e


III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
máximo de 5 (cinco) meses. § 4º Em caso de
reincidência, as penas previstas nos incisos II e III
do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
máximo de 10 (dez) meses.
STJ - Habeas corpus. Prisão preventiva. Tráfico de
drogas. Ausência de fundamentação in concreto.
Circunstâncias que evidenciam se tratar de usuário
dependente de drogas. Declarações que noticiam
tratamento pretérito, porém sem êxito. Liberdade
provisória.
1. De acordo com o Auto de Prisão em Flagrante, foram
encontrados, na residência do paciente, 1 (um) triturador
manual de maconha, utilizado na preparação dos
cigarros, 13 (treze) bitucas de cigarro de maconha
depositados numa lata de cerveja, usada e amassada, e 1
(um) tablete de maconha, alocado numa mochila,
localizada no quintal da casa. 2. O decisum vergastado
carece de fundamentação adequada a justificar a
excepcional medida de (...)
2.4 DESCUMPRIMENTO DAS PENAS

O que ocorre se o sujeito descumprir as penas


cominadas para o usuário ?

OBS.: A admoestação verbal e a multa não são


penas, tratam-se de medidas para o
descumprimento das penas.
APÓS A VIDÊNCIA DA LEI N. 11.343/2006, NÃO
HOUVE DESCRIMINALIZAÇÃO DA CONDUTA DE
PORTE DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE PARA
CONSUMO PESSOAL ?

Essa tese foi rechaçada no Supremo Tribunal Federal,


que concluiu ter havido, com a nova ordem legal vigente,
especialmente à luz do artigo 28, não uma
descriminalização, mas sim uma DESPENALIZAÇÃO da
conduta do usuário. A lei de drogas afirmou que a conduta
do artigo 28 é sim crime, tanto que o inseriu dentro do
capítulo de CRIMES E DAS PENAS e não precisaria se
amoldar a critérios anteriores fixados em lei de mesma
hierarquia.
O STJ acompanha o entendimento de que houve, com a nova
lei de drogas, a chamada DESPENALIZAÇÃO.

HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.


CONDENAÇÃO. (…). COMETIMENTO ANTERIOR DO CRIME
DE POSSE DE ENTORPECENTE PARA USO PRÓPRIO.
ABOLITIO CRIMINIS. NÃO OCORRÊNCIA. MERA
DESPENALIZAÇÃO. CONDENAÇÃO DEFINITIVA ANTERIOR.
REINCIDÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. (…) . 1. As instâncias
ordinárias adotaram fundamentos concretos para justificar a
exasperação da pena-base acima do mínimo legal, não
parecendo arbitrário o quantum imposto, tendo em vista a
quantidade e a natureza das drogas apreendidas – 13 porções de
crack (109 g) e 4 porções de maconha (44 g) –
(art. 42 da Lei n.º 11.343/2006). 2. Esta Corte, na esteira do
posicionamento perfilhado pelo Supremo Tribunal Federal
(Questão de Ordem no REx n.º 430.105-9/RJ), consolidou o
entendimento de que, com o advento da Lei n.º 11.343/2006,
não ocorreu a descriminalização (abolitio criminis) da
conduta de posse de substância entorpecente para consumo
pessoal, mas, tão somente, a mera despenalização, pelo fato
de o art. 28 da Lei n.º 11.343/2006 não impor pena privativa de
liberdade ao usuário de drogas. 3. Comprovada a existência de
condenação definitiva anterior pela prática do delito previsto no
art. 28 da Lei n.º 11.343/2006, não é possível a aplicação da
causa especial de diminuição prevista no § 4.º do art. 33 da Lei
n.º 11.343/06, haja vista que o paciente não preenche os
requisitos legais, porquanto é reincidente.(HC 299.988/MG, Rel.,
SEXTA TURMA,DJe 17/09/2015).
O PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA SE APLICA AOS
DELITOS DE TRÁFICO DE DROGAS E PORTE DE
SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE PARA CONSUMO PRÓPRIO?
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM
HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO.
RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que não
se aplica o princípio da insignificância aos delitos de tráfico de
drogas e uso de substância entorpecente, pois trata-se de crimes
de perigo abstrato ou presumido, sendo irrelevante para esse
específico fim a quantidade de droga apreendida. Precedentes do
STJ. 2. Recurso ordinário improvido. (RHC 57.761/SE, Rel.,
QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 07/10/2015)
2.5 PRESCRIÇÃO

A prescrição será calculada, aqui, não poderá ser


calculada com base na quantidade da pena imposta.

Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição


e a execução das penas, observado, no tocante à
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e
seguintes do Código Penal.
3. TRÁFICO DE DROGAS

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,


produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

TIPO PENAL MISTO ALTERNATIVO


3.1 CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA

§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º


deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de
um sexto a dois terços, vedada a conversão em
penas restritivas de direitos, desde que o agente
seja primário, de bons antecedentes, não se
dedique às atividades criminosas nem integre
organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de
2012)
Doutrina e Jurisprudência chamam o §4º do art. 33
de TRÁFICO PRIVILEGIADO. Porém, trata-se na
verdade de causa de diminuição de pena.

São quatro requisitos cumulativos e subjetivos


para que temos a hipótese do §4º do art. 33 :

1- PRIMARIEDADE;
2- BONS ANTECEDENTES;
3- NÃO SE DEDICAR ÀS ATIVIDADES
CRIMINOSAS;
4- NÃO INTEGRAR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA;
3.1.1 TRÁFICO PRIVILEGIADO X CRIME
HEDIONDO
O STF, em mudança de entendimento, passou a
considerar que o chamado tráfico privilegiado não
pode ser equiparado a crime hediondo, tendo em
vista que:
• Para que um crime seja considerado hediondo ou
equiparado, é indispensável que a lei assim o
preveja. Ao se analisar a Lei nº 11.343/2006,
percebe-se que apenas as modalidades de tráfico de
entorpecentes definidas no art. 33, caput e § 1º são
equiparadas a crimes hediondos.
"O CRIME DE TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS
NÃO TEM NATUREZA HEDIONDA. Por conseguinte, não
são exigíveis requisitos mais severos para o livramento
condicional (Lei 11.343/2006, art. 44, parágrafo único) e
tampouco incide a vedação à progressão de regime (Lei
8.072/1990, art. 2º, § 2º) para os casos em que aplicada a
causa de diminuição prevista no art. 33, §4°, Lei
11.343/2006. Com base nessa orientação, o Plenário, por
maioria, concedeu a ordem de 'habeas corpus' para
afastar a natureza hedionda de tal delito." (HC 118533,
Relatora Ministra Cármem Lúcia, Tribunal Pleno,
julgamento em 23.6.2016, DJe de 19.9.2016)
3.2 CONDUTAS EQUIPARADAS

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica,


adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece,
tem em depósito, transporta, traz consigo ou
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, MATÉRIA-PRIMA, INSUMO OU
PRODUTO QUÍMICO destinado à preparação de
drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem
autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, de plantas que se
constituam em MATÉRIA-PRIMA para a
preparação de drogas;
O art. 32 da Lei 11.343/2006 prevê a destruição
imediata da plantação:

Art. 32. As plantações ilícitas serão


IMEDIATAMENTE destruídas pelo delegado de
polícia na forma do art. 50-A, que recolherá
quantidade suficiente para exame pericial, de
tudo lavrando auto de levantamento das condições
encontradas, com a delimitação do local,
asseguradas as medidas necessárias para a
preservação da prova.
III - UTILIZA LOCAL OU BEM DE QUALQUER
NATUREZA de que tem a propriedade, posse,
administração, guarda ou vigilância, ou consente
que outrem dele se utilize, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, para o
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS.
4. CESSÃO EVENTUAL

Art. 33, § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem


objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para JUNTOS a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas
previstas no art. 28.
5. MAQUINISMO E OBJETOS DESTINADOS AO
TRÁFICO

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar,


oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento
ou qualquer objeto destinado à fabricação,
preparação, produção ou transformação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
6. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO

Art. 35. Associarem-se DUAS OU MAIS PESSOAS


para o fim de praticar, reiteradamente ou não,
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput
e § 1º, e 34 desta Lei:

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste


artigo incorre quem se associa para a prática
reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
OBS 1-Na associação para o tráfico necessita-se
pelo menos de duas pessoas para que configure-se
o crime. Para que se caracterize o crime de
associação para o tráfico não é preciso
identificar as duas pessoas que cometeram o
crime, se houver a identificação de uma delas,
sabendo que há associação, já se tem
configurado o crime. (imagine-se a interceptação
telefônica em que não se sabe quem é o outro
traficante, mas já se sabe que há a associação).
OBS 2- Além de pressupor a presença associativa
de no mínimo duas pessoas, afirma-se que esse
delito não exige a prática reiterada do crime de
tráfico, mas exige sim um animus associativo
constante, com certa permanência, de
planejamento, ainda que seja a prática única de
tráfico de drogas. A pedra angular desse tipo penal
é exatamente a comprovação ou não do animus
associativo constante, com estabilidade e
permanência.
HABEAS CORPUS. ART. 35, DA LEI N. 11.343/2006.
NECESSIDADE DE ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA
DA ASSOCIAÇÃO PARA CARACTERIZAÇÃO DO CRIME.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. MERO CONCURSO
DE AGENTES. ABSOLVIÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A
jurisprudência deste Superior Tribunal firmou o
entendimento de que, para a subsunção da conduta ao
tipo previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006, é
imprescindível a demonstração concreta da
estabilidade e da permanência da associação
criminosa. 2. O acórdão impugnado, ao concluir pela
condenação do paciente e do corréu pelo crime previsto
no art. 35 da Lei n. 11.343/2006, em momento algum fez
referência
ao vínculo associativo estável e permanente
porventura existente entre eles, de maneira que,
constatada a mera associação eventual entre os acusados
para a prática do tráfico de drogas – sem necessidade de
revaloração probatória ou exame de fatos -, devem ser
absolvidos do delito em questão. 3. Ordem não conhecida.
Habeas corpus concedido, de ofício, para absolver o
paciente do crime previsto no art. 35 da Lei n.
11.343/2006, com extensão dos efeitos desse decisum
para o corréu, a teor do art. 580 do CPP. (HC 270.837/SP,
Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 30/03/2015).
7. FINANCIAMENTO AO TRÁFICO

Art. 36. FINANCIAR ou CUSTEAR a prática de


qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput
e § 1º, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e


pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000
(quatro mil) dias-multa.
8. COLABORAÇÃO PREMIADA

Art. 41. O indiciado ou acusado que


COLABORAR VOLUNTARIAMENTE com a
investigação policial e o processo criminal na
identificação dos demais co-autores ou
partícipes do crime e na recuperação total ou
parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá pena reduzida de um terço a
dois terços.
9. CRIME CULPOSO

Art. 38. PRESCREVER ou MINISTRAR,


CULPOSAMENTE, drogas, sem que delas
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
excessivas ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)


anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200
(duzentos) dias-multa.
10. INIMPUTABILIDADE

Art. 45. É ISENTO DE PENA O AGENTE que, em


razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente
de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao
tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
LEI Nº 11.340/06
(LEI MARIA DA PENHA)
ARTUR RIBEIRO
1. FINALIDADES DA LEI Nº 11.340/06 (Art. 1º)

a) Coibir e prevenir a violência doméstica e familiar


contra a MULHER.
b) Criação dos Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a MULHER.
c) Estabelece medidas de assistência à MULHER
em situação de violência doméstica e familiar.
d) Estabelece medidas de proteção à MULHER em
situação de violência doméstica e familiar.
Atenção! A lei não nega que o homem possa ser
vítima de violência doméstica e familiar

Ex.: Lesão corporal dolosa


Art. 129, § 9º Se a lesão for praticada contra
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340,
de 2006)

OBS: É possível ao juiz aplicar as medidas


protetivas da Lei Maria da Penha para homens
vulneráveis vítimas de violência.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL
PRATICADA NO ÂMBITO DOMÉSTICO. VÍTIMA DO SEXO MASCULINO.
ALTERAÇÃO DO PRECEITO SECUNDÁRIO PELA LEI N. 11.340/06.
APLICABILIDADE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DESCRITO NO
ARTIGO 129, CAPUT, C/C ART. 61, INCISO II, ALÍNEA “E”, DO CÓDIGO
PENAL. NORMA DE APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Não obstante a
Lei n. 11.340/06 tenha sido editada com o escopo de tutelar com mais rigor
a violência perpetrada contra a mulher no âmbito doméstico, não se verifica
qualquer vício no acréscimo de pena operado pelo referido diploma legal
no preceito secundário do § 9º do artigo 129 do Código Penal, mormente
porque não é a única em situação de vulnerabilidade em tais relações, a
exemplo dos portadores de deficiência. 2. Embora as suas disposições
específicas sejam voltadas à proteção da mulher, não é correto
afirmar que o apenamento mais gravoso dado ao delito previsto no §
9º do artigo 129 do Código Penal seja aplicado apenas para vítimas de
tal gênero pelo simples fato desta alteração ter se dado pela Lei Maria
da Penha, mormente porque observada a pertinência temática e a
adequação da espécie normativa modificadora. (…)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECLINAÇÃO DA
COMPETÊNCIA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. VÍTIMA
HOMEM. RELAÇÃO HOMOAFETIVA. O homem não
pode ser sujeito passivo de violência doméstica no
âmbito da Lei nº 11.340/2006 (entendimento pacífico do
Superior Tribunal de Justiça). Além disso, no caso
concreto, não está evidenciada a vulnerabilidade da
vítima. Impossibilidade de prevalência da competência
do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher. Remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal.
Evidente que, quando uma nova lei ingressa no
ordenamento jurídico, ela irradia os seus efeitos para além
das situações previstas no novo diploma legal.
A partir desta percepção, tem-se que alguns "princípios"
introduzidos pela Lei Maria da Penha podem ser aplicados
a situações outras, visando à proteção dos indivíduos em
relações em que se verifique, por exemplo,
vulnerabilidade, de modo a justificar, eventualmente,
medidas de proteção. Não é possível, reitera-se, adotar
regimes de competência, mas apenas aplicar os princípios
de proteção. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso em
Sentido Estrito Nº 70057112575, Terceira Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Diogenes
Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em 07/08/2014)
EMENTA: PENAL – PROCESSO PENAL – VIOLÊNCIA
DOMESTICA – VÍTIMA HOMEM – INCOMPETÊNCIA DA VARA
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E DO JECRIM – ARTIGO 129 § 9º
DO CP – INFRAÇÃO QUE NÃO OSTENTA A NATUREZA DE
MENOR POTENCIAL OFENSIVO – COMPETÊNCIA DA VARA
CRIMINAL
Tratando-se de violência praticada por pessoa do sexo
feminino contra seu ex-companheiro, em tese, a conduta
encontra tipicidade no artigo 129 § 9º do Código Penal que prevê
delito que não ostenta a natureza de menor potencial ofensivo, o
que afasta a competência do JECRIM, também não sendo da
competência do Juízo da Violência Doméstica, eis que a
vítima não é do sexo feminino, o que indica que o fato
respectivo deve ser decidido na Vara Criminal Comum.
Conflito julgado procedente.
2.CONCEITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência


doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão BASEADA NO GÊNERO que lhe
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial:
I- no âmbito da UNIDADE DOMÉSTICA,
compreendida como o espaço de convívio
permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente
agregadas;

OBS Leva-se em consideração o aspecto espacial,


ou seja, o local em que a violência é perpetrada.
II - no ÂMBITO DA FAMÍLIA, compreendida como
a comunidade formada por indivíduos que são
ou se consideram aparentados, unidos por laços
naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

OBS - Destaca-se que a violência praticada em


âmbito familiar independe do local. Ou seja, não
precisa ser praticada no âmbito da unidade
doméstica. Ademais, não exige coabitação.
III - em qualquer RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO,
na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de
coabitação.

Art. 5º, parágrafo único: As relações pessoais


enunciadas neste artigo independem de orientação
sexual.” (RELAÇÕES HOMOAFETIVAS
FEMININAS)
3. FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar


contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer


conduta que ofenda sua integridade ou saúde
corporal;
II - a violência psicológica, entendida como
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,
exploração e limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação.
III - a violência sexual, entendida como qualquer
conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force
ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno
ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como
qualquer conduta que configure retenção,
subtração, destruição parcial ou total de seus
objetos, instrumentos de trabalho, documentos
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer
suas necessidades;

V - a violência moral, entendida como qualquer


conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
3. DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE
POLICIAL

Art. 10-A. É direito da mulher em situação de


violência doméstica e familiar o atendimento
policial e pericial especializado, ininterrupto e
prestado por servidores - preferencialmente do
sexo feminino - previamente capacitados.
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
§ 1º A inquirição de mulher em situação de
violência doméstica e familiar ou de testemunha
de violência doméstica, quando se tratar de
crime contra a mulher, obedecerá às seguintes
DIRETRIZES:

I - salvaguarda da integridade física, psíquica e


emocional da depoente, considerada a sua
condição peculiar de pessoa em situação de
violência doméstica e familiar;
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a
mulher em situação de violência doméstica e
familiar, familiares e testemunhas terão contato
direto com investigados ou suspeitos e pessoas
a eles relacionadas;

III - não revitimização da depoente, evitando


sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos
âmbitos criminal, cível e administrativo, bem
como questionamentos sobre a vida privada.
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de
violência doméstica e familiar ou de testemunha
de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á,
preferencialmente, o seguinte procedimento:
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

I - a inquirição será feita em recinto


especialmente projetado para esse fim, o qual
conterá os equipamentos próprios e adequados
à idade da mulher em situação de violência
doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à
gravidade da violência sofrida;
II - quando for o caso, a inquirição será
intermediada por profissional especializado em
violência doméstica e familiar designado pela
autoridade judiciária ou policial;

III - o depoimento será registrado em meio


eletrônico ou magnético, devendo a degravação
e a mídia integrar o inquérito.
4. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

Art. 19. As medidas protetivas de urgência


poderão ser concedidas pelo JUIZ,a
requerimento do Ministério Público ou a pedido
da ofendida.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão
ser concedidas de imediato, independentemente
de audiência das partes e de manifestação do
Ministério Público, devendo este ser
prontamente comunicado
Art. 22. Constatada a prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao
agressor, em conjunto ou separadamente, as
seguintes medidas protetivas de urgência, entre
outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de
armas, com comunicação ao órgão competente,
nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre
as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares


e das testemunhas, fixando o limite mínimo de
distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e


testemunhas por qualquer meio de
comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de
preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;

IV - restrição ou suspensão de visitas aos


dependentes menores, ouvida a equipe de
atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V - prestação de alimentos provisionais ou


provisórios.
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem
prejuízo de outras medidas:

I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a


programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento;

II - determinar a recondução da ofendida e a de


seus dependentes ao respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar,
sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda
dos filhos e alimentos;

IV - determinar a separação de corpos.


5. DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE
MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere


medidas protetivas de urgência previstas nesta
Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)


anos.
§ 1º A configuração do crime independe da
competência civil ou criminal do juiz que deferiu
as medidas.

§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas


a autoridade judicial poderá conceder fiança.

§ 3º O disposto neste artigo não exclui a


aplicação de outras sanções cabíveis.

Potrebbero piacerti anche