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O PROFESSOR BRASILEIRO
Gabriela Sousa Gomes (UNIFESSPA/ CAPES)
Nilsa Brito Ribeiro- Orientadora (UNIFESSPA)
Introdução
• Na figura 01, temos um enunciado que foi circulado em 2016, na rede social Instagram do MEC em menção
ao dia do professor (15 de outubro).
• O modo como foram dispostos professora e alunos, remete à memória de uma sala de aula tradicional:
alunos dispostos em fileiras; a professora à frente da classe; alunos com os braços estendidos, indicando
que querem participar da aula; a professora, apontando para um determinado estudante, simbolizando a sua
autoridade perante os alunos.
• De que forma as materialidades imagem e texto se associam para produzir a subjetividade do professor?
Por que escolher a representação da sala de aula, dos alunos e dos professores tomando como referência o
modelo tradicional da espacialidade da sala de aula A professora vestida formalmente, os alunos ordenados,
o quadro com exercícios de matemática nele registrados são dispositivos que historicamente integraram o
discurso de garantia para uma educação avançada e de qualidade. Percebemos, a partir da relação
imagem-texto, como o MEC, constrói e produz a subjetivação do professor.
Figura 01
• Tem-se a figura de uma professor e de uma aluna abraçadas, o quadro verde no fundo e
um enunciado de autoria de Rubem Alves (“Quando a gente ensina, a gente continua a
viver na pessoa que foi ensinada”) inscrito na camiseta da professora. O gesto entre
professora e aluna sustentado pelo enunciado é de uma forte relação afetiva entre
professor e aluno. O enunciado sugere que o ato de ensinar ocorre, este garante a
extensão do professor na vida do aluno.
• A captura da subjetividade do professor se dá pelo afeto. Por outro lado, a imagem da
aluna com olhos fechados sugere afeto e confiança na professora. Assim, juntos, esses
elementos representam a imagem do professor “puro afeto”.
• Trata-se da estratégia de captura da identidade do professor baseada na afetividade, na
produção da profissão docente como a extensão dos laços afetivos entre professor e
aluno.
Figura 03: A profissão professor
• De que modo a imagem desses quatro jovens produz sentidos? Por quê uma campanha
com o intuito de alcançar mais adeptos à carreira docente, opta por três homens e apenas
uma mulher? Por quê a imagem central é de um homem, dentre os quatro, quem aparece
mais a frente de todos é um rapaz que segura o giz na mão, seria porque estatísticas
indiquem a predominância feminina nas salas de aulas, ou foi mera coincidência?
• O enunciado em destaque: “faça esta chamada com seus alunos”, remete-nos à sala de
aula, ao momento que o professor faz a frequência, habitualmente, os alunos respondem
-presente-, e/ ou levantam a mão, desse modo, podemos apreender que as mãos
levantadas dos jovens na figura 03, e o símbolo de mão formando o mapa do Brasil,
configuram um enunciado complexo, isto é, compreendemos que o uso das mãos significa
que os jovens confirmam a sua participação no projeto, e que o mapa indica que o país
inteiro concordou em adotar a profissão-professor.
Na parte superior, do lado direito da figura 3, temos o seguinte texto:
O Brasil do futuro chegou. O desafio agora é irmos mais longe, rumo a um país cada
vez melhor para todos. E o caminho para isso, é investir mais em educação e na
valorização dos professores. Os que já estão em atividade e os que virão. Inclusive,
novos benefícios já estão sendo incorporados a profissão, o que também é bom para
você. O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, está fazendo esse
trabalho. Converse com seus alunos sobre a profissão, estimule os interessados,
divulgue o link serprofessordafuturo.com.br e baixe o PDF do cartaz e do folheto
no site, para divulgação na sua escola
Figura 03
• Na figura 03, temos uma campanha de mobilização nacional realizada pelo Governo Federal, através do MEC, cujo
intuito é convocar os professores a divulgarem a sua profissão e incentivarem os alunos a aderirem a docência.
• A produção de subjetividades se faz nesse discurso com base nas ideias de desenvolvimento do país (“O Brasil do futuro
chegou” ) apresentando a educação como propulsora de progresso.
• Progresso e desenvolvimento estão implicados em investimentos e valorização do professor (“investir mais em
educação e na valorização dos professores”).
• Observamos que esses enunciados não circulam na sociedade, aleatoriamente, mas, sim, com a função produzir
subjetividades de um professor que assuma os projetos de educação delineados numa dada conjuntura política e
histórica;
• Entra no cálculo das políticas de Estado não apenas o professor, mas também os futuros professores, através de
enunciados que entram numa rede de dispositivos de poder.
• São enunciados que remetem a um suposto investimento no professor: “Inclusive, novos benefícios já estão sendo
incorporados a profissão”. Contudo, não esclarecem quais são os benefícios, onde e quando estão sendo incorporados.
5. Considerações finais
• Percebemos, a partir das análises, que os enunciados postos em circulação pelo
Ministério de Educação e Cultura, articulam a constituição de positividades
relacionadas ao sistema educacional brasileiro, tendo o professor como o centro
irradiador desta positividade.
• Compreendemos, através do jogo de relações de poder que a subjetividade do
professor é construída e reconstruída, a partir da produção de “verdades”
circuladas, reforçadas e até excluídas pelos sistemas de poder;
• No presente trabalho, o estado (MEC) estabelece seus “regimes da verdade”
cujas estratégias se reformulam de acordo com as condições de produção.
6. Referências
• BERT, Jean François. Pensar com Michel Foucault. São Paulo: Parábola, 2013.
• FOUCAULT, Michel. Verdade e subjectividade. Revista de comunicação e linguagem. nº 19. Lisboa: Edições Cosmos, 1993. p. 203-223.
• _____________. Sujeito e poder. In: Dreyfus. H. & Rabinow, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: (para além do estruturalismo e da
hermenêutica). Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Universitária, 1995,p.231-239.
• _____________. Verdade e poder. IN: Microfísica do poder. 4.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016a.
• _____________. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 8. ed. 5. tir. 2016b.
• GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na análise do Discurso: diálogos e duelos. São Carlos: Editora Claraluz. 3. ed. 2007.
• _____________. O dispositivo escolar republicano na paisagem das cidades brasileiras: enunciados, visibilidades, subjetividades. Revista:
Moara. p. 06-25. Janeiro-junho. 2015.
• LUZ, Andrea Francisca da. A significação por meio da relação imagem-texto. In: instagramer e seu discurso multissemiótico na rede social
instagram. Dissertação.Universidade Católica de Pernambuco. Ciências da Linguagem, 2015.
• SERAFIM, Cássio; SILVA, Marluce Pereira da. Formas de subjetivação de uma professora: Visibilidade e ocultação da diferença em práticas
discursivas. Revista Sul-americana de Filosofia e Educação – RESAFE. Número 6/7: maio/2006 – abril/2007. p.45-56.