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Comissão Nacional de Estágio e Formação

Curso de Estágio 2017

Do Relacionamentos Entre
Advogados

1
“Nós, os advogados, somos os únicos que não exercemos a profissão a sós -
como o médico, o engenheiro ou o comerciante; ao contrário, vivemos em
permanente estado de contradição. O nosso trabalho não é um estado: é
um assalto. À semelhança dos esgrimistas o nosso ferro actua sob a influência
do ferro do adversário, que pode anular-lhe a virtuosidade.”

2
Ossorio Y Gallardo
 Profissão de Antagonismos
 Os processos colocam os Advogados em campos opostos pugnando por
interesses antagónicos
 São as partes que verdadeiramente se enfrentam
 Um Advogado não pode confundir um colega com a parte
 O advogado deve pautar a sua atitude para com os demais pela
correcção e ser uma pessoa respeitadora das normas deontológicas
 O advogado forma com os seus colegas um “todo único”, que deve ser
harmónico e impor-se ao respeito alheio.
 Os advogados devem respeitar-se mutuamente e ter sempre presente as
regras que regulamentam as relações entre eles.
 “se em todas as profissões liberais ou tituladas é
importante a parte deontológica relativa as relações
com os companheiros, no exercício da advocacia o
importante ascende a categoria de essencial “.

Martinez Val
Deveres Recíprocos

 Artigo 151.º do Estatuto da Ordem dos Advogados de Cabo Verde

 Regras de conduta que regulamentam relações entre Advogados

 Não é um elenco taxativo

 Alguns decorrem dos usos e costumes profissionais


Deveres de Lealdade /Urbanidade

 Os Advogados “nas suas relações com os colegas de profissão devem proceder


com lisura, lealdade e a maior correção e urbanidade, abstendo-se de qualquer
ataque pessoal ou alusão deprimente ou critica desprimorosa”

 Artigos 134.º e 151 n.º 1 alínea a) do EOACV

 Imposição moral

 Só respeitando-se mutuamente, abstendo-se de quebras de lealdade, de alusões


deprimentes, de trato ofensivo, de atitudes ou maneiras indelicadas que possam
molestar os colegas, ... que a classe - e com ela cada um dos Advogados- se
impõe ao respeito e a consideração alheia!
 O dever de urbanidade para com o colega impõe:

- a justificação da falta à audiência. Com efeito, haverá que manifestar


expressamente perante o colega que a falta à audiência não ficou a dever-se a
qualquer desejo infundado ou a uma vontade injustificada ou ininvocável de
promover o adiamento da diligência

- a comunicação prévia ao colega da falta projectada no sentido de evitar que o


colega gaste o tempo que qualquer advogado sabe ser precioso na preparação
do julgamento que se não vai realizar, ou que o colega tenha de deslocar-se ao
tribunal, que pode ser fora da comarca onde tem escritório. Faculdade Legal.
Comunicação um dever de cortesia.
 O Advogado deve ver-se como um conciliador de conflitos, e não como um ente
agressivo, a quem o cliente comete a tarefa de proceder com a parte contrária
ou seu representante da mesma forma de que ele, cliente, o faria.

 A agressividade desnecessária e, por vezes a injúria que certos profissionais


erradamente lançam mão, para além de constituir uma gravíssima infracção
disciplinar, tem efeitos nefastos na própria causa que defende, inviabilizando
concertações de interesses e acordos, extremando posições, sendo certo que a
contingência de um pleito judicial desaconselha em absoluto esse aumento da
incompatibilidade entre os litigantes.
 A jurisprudência da Ordem dos Advogados de Portugal considerou que envolvia responsabilidade disciplinar
por constituírem “ataque pessoal“ e “alusão deprimente“ aos colegas, a utilização, entre outras, das seguintes
expressões:

- “embargos asquerosamente falsos “, dilúvio de confusões, incongruências, sarcasmos, cinismos “ para


classificar uma acção de despejo” ( Ac do Conselho Superior 29-05-58 R.O.A., 19,59 ).

- “Notável urdidor de mentiras “, “direitos que o autor torpemente procura lesar “ (Ac do Conselho Superior
de 04-01-68, R.O.A- 1969 )

- “Descaramento “ (Ac do Conselho Superior de 27-11-74, 35,515).

- “Pestilenta exposição “, “cobardia asquerosa “, “ ... porque há-de ser o advogado a escrever barbaridades
baixas, vomitando blasfémia contra o juíz ... ... porque há-de o advogado vomitar bílis e serapintá-lo de aleivosias
... não há dúvida: porque a bílis vomitada não atingiu a respondente e os seus familiares. O seu autor ficou todo
sujo. PORCO!“ (Ac do Conselho Superior de 27-11-74, R.O.A., 35, 513 ).

- ”morosidade manifesta“ , “inação patente“ ( Ac do Conselho Superior 05-04-75, R.O.A., 36, 276 )
 Violação do Dever de urbanidade:
- Infração Disciplinar
- Crime – Difamação

 Já se considerou que atenta contra a consideração e contra a honra de


alguém, aquele que disser deste alguém “ que a condição fraternal que o liga
ao irmão é o resultado de um infeliz acidente de percurso genético, hormonal
ou cromossomático“ e que “a sua prosa é toda ela, de cabo à rabo um nojo
de repugnância contumaz, bulçando insânias, vilanias, vesanias e atuardas em
regime de asco amalgamado em tons capciosos de ver de vómito e dá a
medida de estofo das criaturas“.

 As relações dos advogados entre si no exercício da sua função são


independentes das suas relações pessoais.
 O advogado que se julga injuriado por expressões usadas por um colega,
não deve responder-lhe no mesmo tom.

 Não é com uma linguagem imprópria, de quem se deve inspirar sempre


na ideia de que colabora numa alta função social, que o advogado que
julga injuriado pode desagravar-se ou fazer-se restituir o respeito.

 Não se pode responder uma incorrecção com outra incorrecção.


 A lealdade, como dever recíproco entre os advogados é um princípio que
só pode sofrer limitações em casos muito contados e só em situação de
conflito com o dever de lealdade para com o cliente.

 A este propósito levanta-se a seguinte questão:

O advogado se deve aproveitar dos lapsos do colega??

- Erro grosseiro(por exemplo a preclusão de um prazo)

- Erro de direito

- Distração (por exemplo um erro na anotação da data de uma audiência;


atraso ( atraso na chegada de uma diligência – caso)
O Princípio da Reserva ou da
Confidencialidade

 Este princípio consagra que está vedado ao advogado pronunciar-se


publicamente sobre assunto que saiba confiado a outro advogado salvo na
presença deste ou com o seu acordo (EOACV, artigo 151º n.º 1 b)).

 A ratio deste preceito encontra-se na cortesia e respeito que deve presidir ao


relacionamento entre colegas. É uma falta de cortesia, é um desrespeito para
com o colega pronunciar-se sobre um assunto que a este último está
cometido. Põe-se em causa a competência profissional desse colega, ainda
que se limite a corroborar a opinião dele.
Proibição de contactos com a parte contrária quando
patrocinado por Advogado
 É proibido ao advogado contactar ou manter relações, mesmo por escrito,
com a parte contrária representado por advogado, salvo se previamente
autorizado por este (EOACV artigo 151 n.º 1 c )).

 A partir do momento em que uma parte é patrocinada por advogado,


apenas com este pode o advogado da outra parte contactar.

- O advogado é influenciado pela versão relatada pelo seu constituinte;

- Mais conhecedor das questões legais, pode ter uma influencia indesejável
sobre a parte contrária.

 Esta regra não comporta excepções!!(…nem para lembrara da


conveniência de um acordo…)
O Dever de Sigilo
 Está vedado ao advogado invocar publicamente, em especial perante os tribunais,
quaisquer negociações transaccionais malogradas, quer verbais quer escritas em
que tenha intervindo advogado (EOACV artigo 151.º nº 1 d)).

 133.ºd) – Segredo profissional

 O artigo 1248 nº 1 do Código Civil define Transação como o “contrato pelo qual as
partes previnem ou terminem um litígio mediante recíprocas concessões”.

 Se há concessões, é patente que em “negociações transaccionais malogradas”


os advogados poderão ter, por exemplo proposto o reconhecimento de um Direito à
parte contrária que, em todo o rigor, não admitem nem reconhecem, bem como o
rigorosamente inverso. Caso.

 Como diz Augusto Lopes Cardoso “na fase transaccional, muitos trunfos se
jogam.
O Dever de Sigilo
 “Mais vale um mau acordo do que uma boa demanda.”

 A invocação pública, mormente perante os tribunais, das negociações


transaccionais malogradas poderá influenciar os julgadores, no sentido de uma das
partes haver aparentemente reconhecido o direito do outro e, pugnando em juízo
por posição diversa conduzir aqueles a juízos de valor errados ou erróneos sobre a
postura e atitude dessa parte, bem como sobre a justeza da respectiva posição.

 133.ºd) – Segredo profissional

- Conteúdo mais amplo;

- Abrange não “negociações malogradas” como também as não malogradas; com


efeito, este artigo apenas menciona “negociações para acordo amigável “
O Dever de Sigilo
 A proibição da invocação de negociações transaccionais, abrange quer as
comunicações verbais, quer as comunicações escritas, nomeadamente a
correspondência trocada entre advogados. Caso

 A correspondência é absolutamente confidencial.


O Dever de Sigilo
 Jurisprudência da Ordem dos Advogados de Portugal:

- “uma carta de resposta, da parte contrária, à outra enviada, por advogado


como tentativa de obter uma solução extrajudicial de um assunto, não pode ser
junta ao processo, uma vez que a resposta, dada em forma de recusa, contém
uma revelação de factos que estão compreendidos no objecto do litígio.
Constitui violação do sigilo profissional a junção ao processo de uma carta
naquelas circunstâncias” (Ac do Conselho Superior de 22-02-88, R.O.A., 48, 39);

- “...está sujeito a segredo profissional carta dirigida por advogado a outro


advogado aceitando deste sugestão para negociações para acordo amigável.
Reforçada razão existe para estar sujeita a segredo profissional essa carta se se
malograram as negociações, sendo ininvocável também por respeito ao dever
recíproco entre advogados previsto no art. 86 n.º1 e) do EOA” ( Despacho da
Presidência de 11-04-88, 653);
O Dever de Sigilo
 Jurisprudência da Ordem dos Advogados de Portugal:

- “...está a coberto de segredo a troca de correspondência havida entre certo


advogado e a própria parte contrária, antes de esta fazer representar por
advogado, em negociações que vieram a malograr-se. Não pode, assim, o
advogado que posteriormente veio a ser constituído pela parte que antes esteve
em negociação directa com advogado do antagonista, invocar essa
correspondência e juntá-la ao processo em que se discute o dissídio objecto do
acordo malogrado. Se não fosse deste modo um advogado (o primeiro a
contactar com a parte adversa) estaria em posição de desfavor relativamente
ao colega” (Ac do Conselho Distrital do Porto de 28-11-81, R.O.A., 41, 573);

- Apenas é lícito as partes articularem factos cobertos por segredo profissional,


depois da concessão de dispensa do mesmo pelo competente organismo da
Ordem( Artigo 133. n.º 4)
A defesa contra formas de exercício legal da advocacia como
fundamento da alínea e) do artigo 151º do EOACV

 Determina o citado preceito que “…um dos deveres recíprocos na relação entre
advogados figura o dever de “não assinar pareceres, peças processuais ou outros
escritos profissionais que não tenha feito ou em que não tenha colaborado”.

 O objectivo visado com tal preceito é o de responsabilizar o advogado por tudo


quanto subscreve, evitando que as referidas peças profissionais possam ser
elaboradas por quem não se encontra habilitado para o exercício da profissão.

 O sentido útil do preceito é sobretudo o de evitar o exercício ilegal ou clandestino


da advocacia, designadamente por aqueles que não estão inscritos na Ordem.

 Procuradoria Ilicita
O Dever de Solidariedade entre advogados

 O dever de solidariedade, é uma extensão dos deveres atrás referidos desde logo
dos deveres de lealdade e urbanidade.

 É um dos mais importantes deveres resultantes dos usos profissionais.

 É dever elementar de solidariedade do advogado reagir energicamente, por


todos os meios ao seu alcance contra os maus tratos - quaisquer que sejam
(medidas ilegais, injustas, arbitrárias, ou apenas desrespeitosas) - de que o colega
está a ser vítima. Caso(MA)

 Deve o advogado reivindicar para o colega a mesma consideração, idêntica


atenção, igual tratamento que a ele por ventura, estejam a ser conferidos pelo
tribunal, isto mesmo quando sinta que o seu antagonista é inferior em
conhecimentos, em brilho, em preparação dentro do processo”.
O Dever de Solidariedade entre Advogados

 Artigo 151.º n.º 2 do EOACV

 o advogado a quem se pretenda cometer assunto anteriormente confiado a


outro advogado fará de tudo quanto de si dependa para que este seja pago dos
honorários e mais quantias em dívida, devendo expor verbalmente ou por escrito
ao colega as razões da aceitação do mandato e dar-lhe conta dos esforços que
tenha empregado para aquele efeito”.
Outros Deveres

 Artigo 135.º

 Este preceito impõe ao advogado o dever de, antes de promover quaisquer


diligências judiciais contra outros advogados, comunicar-lhes, por escrito, a sua
intenção bem como as explicações que entenda necessários, salvo tratando-se
de diligências ou actos de natureza secreta ou urgentes.

 Dever de urbanidade necessário à manutenção do bom relacionamento e


respeito mútuo.

 Para além dos deveres consignados no Estatuo da Ordem dos Advogados, o


advogado deve obediência à lei, aos usos, costumes e tradições que lhe são
impostas para com outros advogados, a magistratura, os clientes e quais quer
entidades públicas ou privadas.
Outros Deveres

 Exemplos de regras que decorrem das tradições profissionais – muitas delas impostas
pelas boas maneiras ou pela simples boa educação poderão citar as seguintes :

- a de responder com regularidade e pontualidade à correspondência dos colegas (cfr


Ac do Conselho Superior de 28-4-2000 “constitui obrigação estrita dos advogados
responderem em tempo útil e com a maior brevidade as comunicações dirigidas por
colega”);

- a de a primeira conferência se realizar no escritório do advogado mais velho (em


antiguidade profissional);

- a de os advogados mais velhos ajudarem processualmente os mais novos mesmo


quando estes patrocinam a parte contrária.
Conclusão

“A advocacia gera disputa, gera combate e como qualquer combate tem de ter regras, tem de ser
leal. Estando em litígio duas concepções diferentes, opostas e inconciliáveis há que tomar posições e
defender a posição do cliente. É esta, sem duvida, uma das funções dos advogados. Mas esta posição
nunca deve pôr em causa o bom relacionamento entre os advogados, pois se o advogado representa
os interesses em litígio, ele não é parte do litígio, o combate por que se pugna não é seu, e por isso
advogado da parte contrária não é seu antagonista.

Impõem-se-lhe deveres para com o advogado da outra parte - a correcção e a urbanidade, a


lealdade e a confraternidade, são a essência dos deveres recíprocos dos advogados. Os primeiros não
impedem a crítica moderada. Os segundos impõem o dever de não invocar publicamente quaisquer
negociações transaccionais malogradas, de dar uma explicação no caso de aceitar um assunto
anteriormente confiado a outro, diligenciando o pagamento dos respectivos honorários, e de avisar o
colega da intenção de faltar a qualquer diligência. Outro dever, decorrente do princípio da
solidariedade, é o de tomar a colega que seja injustamente criticado, ou objecto de medidas ilegais ou
arbitrárias.

O respeito por estes deveres deontológicos é condição para o respeito da própria classe. O
beneficiário de tais normas é próprio advogado.”

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