comprimento de cerca de 5 centímetros, estão localizadas na cavidade abdominal, anterosuperiormente aos rins. Encontram-se ao nível da 12ª vértebra torácica, e são irrigadas pelas artérias supra-renais. • Cada glândula é composta por duas regiões histologicamente distintas, que recebem aferências moduladoras do sistema nervoso. • É constituída de 2 sistemas endócrinos: medular e cortical • As células cromafins da medula são derivadas do neuroectoderma, enquanto as células do córtex originam-se do mesoderma • o córtex, de acordo com a organização arquitetural das células que o compõem, é dividido em : – Zona glomerulosa: a mais externa, logo abaixo da cápsula – Zona fasciculada: a zona intermediária entre a zona glomerulosa e a ... – Zona reticula: a zona mais interna, em contato com a medula
• As células da zona glomerulosa produzem
aldosterona, o mineralocorticóide natural mais potente em seres humanos • A zona fasciculada produz cortisol, o glicocorticóide natural mais potente em seres humanos • E a zona fasciculada e reticulada produzem os androgênios supra-renais • Esteroidogênese: tudo começa com a conversão do colesterol em pregnenolona. Esta é a primeira etapa da esteróidogênese e também a etapa limitadora de velocidade • • O colesterol pode ser sintetizado pelas células produtoras de esteróides a partir do acetato, porém a maioria do colesterol para a esteroidogênese provém das lipoproteínas plasmáticas circulantes • Ele é incorporado às células através da LDL, que se liga a um receptor de superfície • A secreção de glicocorticóides pela SR é regulada pelo ACTH produzido na hipófise • O ACTH é liberado em surtos de secreção de amplitude variável durante o dia e a noite • Isso reflete diretamente nos surtos de secreção de cortisol • A secreção é mais alta ao despertar, baixa ao fim da tarde e início da noite e tem seu ponto mais baixo uma ou duas horas após o início do sono • Resumidamente o ACTH aumenta a captação do colesterol-LDL e a produção de hormônios esteróides • O CRH é o hormônio estimulador da secreção de ACTH • O cortisol exerce efeito de feedback negativo sobre a secreção de ACTH e o próprio ACTH exerce feedback negativo ao nível do hipotálamo • Os principais reguladores da secreção de aldosterona são o sistema renina- angiotensina e o potássio
Aparelho justaglomerular > renina > renina
+ alfa2 globulina > angiotensina I
ECA – produzida nos pulmões
Angiotensina II e III
Estimulação da secreção de aldosterona e efeito
vasopressor • Esse sistema é ativado por: privação de sódio, redução do volume sanguíneo, da pressão arterial e do fluxo sanguíneo renal • Já o potássio aumenta diretamente a secreção de aldosterona pelo córtex da supra-renal • Glicocorticóides: afetam o metabolismo da maioria dos tecidos, entrando dentro das células por difusão passiva e fixando-se a receptores, regulando a síntese de RNA e proteínas • Tem efeito catabólico em: músculos, pele, tecido conjuntivo, adiposo e linfóide. • Tem efeito anabólico no fígado, onde aumentam o conteúdo de proteínas e glicogênio. • Androgênios: são responsáveis pelos caracteres sexuais secundários masculinos ( pêlos axilares e púbicos) • O DHEAS é o androgênio mais abundante na circulação. • A medula supra-renal produz catecolaminas: dopamina, epinefrina e noradrenalina. • As catecolaminas também são produzidas no cérebro, terminações nervosas simpáticas e tecido cromafim fora da medula da supra-renal • Patologia: • Hiperplasia supra-renal congênita:
• É um distúrbio autossômico recessivo da
esteroidogênese SR que resulta em deficiência de cortisol • Sua deficiência aumenta a produção de ACTH, que por sua vez causa hiperplasia da supra-renal, com acúmulo de hormônios intermediários • Deficiência de 21-hidroxilase: • É responsável por 90% dos casos de HSRC • Forma identificadas três síndromes distintas dessa deficiência: – Androgenitalismo perdedor de sal – Androgenitalismo virilizante simples – Androgenitalismo não-clássico, que é assintomática ou associada apenas a sintomas de excesso de androgênios • A síndrome perdedora de sal resulta da incapacidade de converter a progesterona em desoxicorticosterona, devido a ausência total de 21 hidroxilase. • não há produção de aldostenora e também ocorre produção deficiente de cortisol • Esse padrão manifesta-se pouco depois do nascimento, pois os eletrólitos ainda são mantido normais in utero pelos rins maternos • Ocorrem perda de sal, hiponatremia e hipercalemia, que induzem acidose, hipotensão, colapso cardiovascular e possivelmente morte. • O bloqueio concomitante da síntese de cortisol e produção excessiva de androgênios levam à virilização, que é facilmente reconhecida no sexo feminino • É encontrado desde aumento discreto do clítoris, até fusão lábio escrotal completa e aumento acentuado do clítoris envolvendo a uretra, produzindo assim, um ógão falóide • Em geral, recém nascidos do sexo masculino com esse distúrbio não são reconhecidos ao nascimento porém chamam a atenção clínica 5 a 15 dias após o nascimento, devido a alguma crise de perda de sal • A Síndrome androgenital virilizante simples sem perda de sal, pode surgir com defeito parcial da 21-hidroxilase • O nível de mineralocorticóide, ainda que reduzido, é suficiente para reabsorção de sal. • Os níveis diminuídos de glicocorticóides não conseguem inibir por retroalimentação os níveis de ACTH • Os níveis de testosterona estão elevados, assim como a hiperplasia da SR, devido a grande concentração de ACTH • O virilismo supra-renal não clássico, ou de início tardio é muito mais comum do que os padrões clássicos já descritos • Esses pacientes podem ser praticamente assintomáticos, ou exibir manifestações leves, como o hirsutismo • O diagnóstico só pode ser estabelecido por um estudo bioquímico da esteroidogênese • Clínica: • Em pacientes com a variante perdedora de sal, os sintomas aparecem pouco depois do nascimento, com: – Incapacidade de recuperar o peso ao nascer – Perda de peso progressiva – Desidratação – Vômitos proeminentes – Anorexia – Distúrbios da frequência e do ritmo cardíaco, com cianose e dispnéia • Nas meninas, a virilização dos órgãos externos possibilita o diagnóstico correto • Nos meninos, os órgãos parecem ser normais e as manifestações podem ser confundidas com: – Estenose pilórica – Obstrução intestinal – Cardiopatia – Intolerância ao leite • Na HSRC sem perda de sal, o lactente apresenta-se normal ao nascimento, e sinais de precocidade sexual e somática aparecem aos seis meses de idade ou se desenvolvem de modo gradual e tornam- se evidentes aos 4-5 anos de idade. • Observa-se: – Aumento do pênis, escroto e próstata – Aparecimento de pêlos púbicos – desenvolvimento de acne e voz grave – Músculos bem desenvolvidos – Idade óssea avançada para a idade cronológica • Embora pacientes com essa síndrome sejam altos na infância, o fechamento prematuro das epífises determina baixa estatura na idade adulta • Os testículos mantêm-se em seu tamanho pré-puberal, em contraste com o pênis aumentado • O desenvolvimento mental é normal, mas o desenvolvimento físico anormal pode causar problemas de comportamento • Na menina com HSRC, ocorre o pseudo- hermafroditismo feminino, com variados graus de masculinização ao nascer. • Manifesta-se por aumento do clítoris e variados graus de fusão dos lábios • O óstio da vagina pode ter uma abertura em comum com a uretra • Os órgãos genitais internos são de uma menina normal • Após o nascimento, a masculinização prossegue, com: – Pêlos púbicos e axilares – Acne – Voz com timbre masculino – Ausência de menstruação e telarca – Meninas altas para a idade • Nessa forma atenuada, observa-se: – Órgãos genitais normais ao nascimento – Pubarca precoce, desenvolvimento precoce de pêlos púbicos e axilares – Hirsutismo, acne, distúrbios menstruais e infertilidade podem surgir em uma idade posterior • Diagnóstico laboratorial: • Pacientes com a variante perdedora de sal apresentam baixas concentrações séricas de sódio e cloreto e níveis elevados de uréia e potássio • O nível da renina é alto e a aldosterona sérica é baixa para o nível de renina • Na deficiência clássica de 21-hidroxilase, ocorre o acúmulo de 17- hidroxiprogesterona • Os níveis de cortisol estão baixos em pacientes com a doença perdedora de sal e também em relação ao nível de ACTH • Os níveis urinários de 17-cetoesteróides e pregnanetriol estão elevados • As meninas afetadas com HSRC apresentam cariótipo XX, os meninos , XY. • A injeção de contraste no seio urogenital de pseudo-hermafroditas femininos geralmente revela vagina e útero • A ultra-som também é útil para mostrar órgãos sexuais femininos em PHF • Com a administração de hidrocortisona, ocorre um feedback negativo e inibição da produção de ACTH na hipófise na HSRC • Diagnóstico e tratamento pré-natal: • As recomendações atuais para gestações de alto risco consistem na administração de dexametasona 20-25 microgramas/Kg do peso materno antes da gravidez em duas ou três doses fracionadas • A seguir efetua-se uma biópsia das vilosidades coriônicas no primeiro trimestre para determinar o sexo e o genótipo do feto • A terapia só é mantida se o feto afetado for do sexo feminino Tratamento • A administração de glicocorticóides inibe a produção excessiva de androgênios e previne a virilização • Recomenda-se a hidrocortisona (10- 20mg/m²/24h) por V.O. em 2 ou 3 doses fracionadas • Em geral: • Lactentes: 2,5-5 mg 2 ou 3 X ao dia • Crianças: 5 -10 mg 2 ou 3 X ao dia • Deve haver monitorização do crescimento e níveis hormonais • Os pacientes com a variante perdedora de sal precisam de um mineralocorticóide além de um glicocorticóide • 9-alfa-fludrocortisona (0,05 – 0,3 mg ao dia) e cloreto de sódio 1-3 g, costuma ser suficiente para normalizar a atividade da renina plasmática • Para monitorização: – Determinação de níveis urinários de 17- cetoesteróides e pregnanetriol não são mais necessárias – Níveis séricos de 17-OHP, androstenediona, testosterona e renina, determinados de manhã ( 8-9 hrs) antes da medicação matinal, oferecem bons índices de controle • As crianças com a variante não perdedora de sal, sobretudo os meninos, não costumam ser diagnosticados até os 3-7 anos de idade, quando a maturação óssea pode estar 5 anos ou mais à frente da idade cronológica • O tratamento pode reduzir a velocidade do crescimento e a maturação óssea para taxas quase normais