Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
A filosofia do jornalismo
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Vamos começar com a leitura de excertos de Luiz Beltrão Entre educar e agradar Dois conceitos de jornalismo florescem quando há garantias de liberdade, sejam elas merecidas ou não. A primeira filosofia sustenta: “Dê ao povo o que ele quer”, a outra, “Dê ao povo a verdade que ele precisa ter”. Os dois conceitos de jornalismo florescem quando há garantias de liberdade Liber dade, pressuposto do jor nalismo Uma imprensa livre não pode estar sujeita a qualquer pressão, seja ela governamental ou social. Como Milton salientava em sua grande luta da liberdade de divulgação, é impossível determinar qual julgamento pode decidir o que é bom e digno de ser lido pelo público. Só o apoio desse público pode ser aceito como um critério seguro. O Brasil nos tempos do re gime militar
Chico Caruso - cartunista
Liber dade e responsabilidade A liberdade da palavra e imprensa não é um fim em si mesmo. Ela simplesmente torna o povo capaz de expressar livremente seu pensamento, mas não é meramente “liberdade de”, mas “liberdade para”. Nenhum diretor de jornal, nenhum comentarista ou redator pode aceitar a liberdade de expressão levianamente. ... Nem mesmo a guer ra Nem mesmo a guerra suprime a liberdade da imprensa — ela a restringe, tão-somente. Em tempo de guerra, esta liberdade não confere o direito de publicação de matérias que possam solapar a moral pública, incentivar o povo a furtar-se à luta, ou prestar informações ao inimigo. Cena do filme “Direto de Bagdá” Deveres do jor nalismo Aceitando, como aceita essas garantias de liberdade, o jornalismo aceita, também, a obrigação de merecê-las. O jornalismo que se respeita, em todas as suas formas, esforça-se constantemente por cumprir essa obrigação — de cumprir com seus deveres para com a sociedade. 1º dever : imparcialidade A maioria das pessoas vê a imparcialidade como uma virtude que se esforçam por alcançar. O jornalista vê a imparcialidade como um ideal. Os melhores redatores e os melhores jornais procuram evitar a parcialidade deliberada e intencional. É hoje uma prática generalizada permitir que as partes contrárias exponham suas razões. Imparcialidade ajuda a impedir erros e injustiças O ideal de imparcialidade é alcançado pelo jornalismo que evita erros, tendenciosidade, preconceitos e sensacionalismo. 2º dever: exatidão O esforço pela exatidão imparcial é uma das medidas da qualidade jornalística, qualquer que seja o veículo jornalístico. Difundir a verdade e objetivar os fatos, eis a finalidade do ideal jornalístico. 3º dever: honestidade O bom caráter não é facilmente adquirido ou mantido sem um esforço diário. Os elementos básicos de caráter, nos veículos jornalísticos, permanecem fixos. São eles honestidade nas notícias e nos anúncios. 4º dever: honestidade Uma imprensa livre é muito mais do que um meio de vida dos seus diretores. Ela desfruta dessa liberdade porque é uma instituição semipública. Imprensa, uma instituição pública 5º dever: decência O dever de ser decente compreende não apenas a linguagem e as gravuras que o jornalismo usa. Há situações na vida humana nas quais nenhum jornal pode, decentemente, justificar uma intrusão como já afirmavam os que censuram o jornalismo. Críticas ao jornalismo O jornalismo, na opinião de muitos, algumas vezes não cumpre sua missão. As criticas ao jornalismo em todas as suas formas são freqüentes, sempre o foram através dos séculos, e existem no homem da rua e nos próprios profissionais. 1ª crítica: inexatidão “Não se pode acreditar no que se lê nos jornais”. Esta afirmação pode se referir tanto à publicação de “notícias falsas” como a enganos deliberados ou a erros não intencionais. Erros não intencionais são riscos da profissão. 2ª crítica: oligopólios dominam a comunicação A redução no número de empresas jornalísticas, fato constatado periodicamente no setor, evidencia a preocupação de setores independentes de que a informação se torne objeto de manipulação de grupos econômicos. 3ª crítica: a imprensa valoriza o crime Tem se sustentado que notícias sobre crimes fazem aumentar a criminalidade por convidarem à imitação; que elas ferem parentes inocentes de criminosos e que ofendem o bom gosto. Essas notícias porém prendem o interesse dos leitores, que frequentemente ajudam na captura de criminosos. 4ª crítica: a imprensa é sensacionalista É verdade que alguns jornais dedicam um espaço desproporcional a assuntos efêmeros. É possível, no entanto, para pessoas de maior inteligência e cultura, comprar, na maioria das cidades, jornais, revistas e livros de real valor, prestigiar um bom filme, ou sintonizar um programa de rádio ou televisão de algum mérito. 5ª crítica: a imprensa é superficial Sustentam alguns críticos que, por causa disto, o povo não recebe as informações que lhe são necessárias, relativamente às condições sociais, econômicas e políticas de que necessita para julgar inteligentemente. Em muitos casos essa crítica é totalmente justa. 6ª crítica: certos jornalistas manipulam Não há crime mais indefensável que o de torcer as notícias. 7ª crítica: sentimentalismo Todos os veículos jornalísticos — imprensa, cinema, rádio e televisão — são vítimas desta crítica em vários graus. 8ª crítica: a imprensa evita opiniões que a contrarie Essecostume não é característico da boa imprensa de hoje, embora o possa ter sido algumas vezes no passado. Atualmente, nenhum jornal respeitável pensaria em excluir de suas linhas pontos-de-vista que não os seus próprios. 9ª crítica: a imprensa divulga difamações Quando o jornal privilegia declarações polêmicas em suas páginas – muitas vezes um mero insulto – , os jornais contribuem mais para desinformar do que para mostrar os fatos.