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DIREITO PENAL IV

CRIMES EM ESPÉCIE

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Dos Crimes Contra a Pessoa - Dos
Crimes Contra a Vida

1. Objeto Jurídico do Crime –

a) O bem juridicamente tutelado, deve ser


identificado no TÍTULO e no CAPÍTULO do
tipo penal.
b) O Título diz o objeto jurídico genérico (Título I
– Dos crimes contra a pessoa), e o Capítulo o
objeto jurídico específico (Capítulo I – Dos
crimes contra a vida).

2. Objeto Material do Crime – a ação descrita


no verbo nuclear do tipo.
No homicídio, no infanticídio e na co-
participação do suicídio, o objeto material é
a PESSOA VIVA (sujeito passivo), protegendo
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a vida extra-uterina. No tocante a vida intra-
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE HOMICÍDIO:

a) comum – aquele que não demanda sujeito


ativo qualificado ou especial.

b) material – exige resultado naturalístico,


consistente na morte da vítima.

c) comissivo – uma vez que matar implica em


ação. Excepcionalmente poderá ser omissivo próprio,
nos casos previstos no § 2º, do art. 13, CP.

d) pode ser praticado por uma só pessoa ou


em concurso de agentes. Não há necessidade
de ajuste prévio para que haja co-autoria, basta que
alguém deseje colaborar na ação de matar alguém,
mesmo que o autor não saiba.

e) cometido de forma livre – por meio direto


(facada
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ou tiro), indireto (qdo. A induz B a entrar em
um lago com piranhas), material (ferimento
HOMICÍDIO – ART. 121, DO CP

Conceito – é a supressão da vida de um ser humano


causada por outro. Constituindo a vida o bem mais
precioso que o homem possui, trata-se de um dos mais
graves crimes que se pode cometer, refletindo-se tal
circunstância na pena, que pode variar de 6 a 30 anos
(mínimo da forma simples e o máximo da forma
qualificada).

CF/88 - Título II – Dos Direitos e Garantias


Fundamentais
Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e
Coletivos
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
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estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
EXCEÇÃO: Art. 5º, XLVII, – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
nos termos do artigo 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.

Homicídio Simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena de reclusão de 06 a 20 anos.
Bem jurídico – a vida humana.
Sujeitos ativo e passivo – pode ser qualquer pessoa.
Tipo Objetivo – conduta típica matar alguém.
Tipo Subjetivo – o dolo, direto ou eventual, constituído
pela vontade livre e consciente de matar alguém.

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Homicídio Privilegiado – Art. 121, § 1º – o juiz
poderá reduzir a pena de 1/6 a 1/3.

a) impelido por motivo de relevante valor social, que


seja de interesse coletivo.
Exs: vítima é um estuprador conhecido da
comunidade.

b) impelido por motivo de relevante valor moral,


adequado aos princípios éticos dominantes, aquilo
que a moral média reputa nobre e merecedor de
indulgência.
Exs: apressar a morte de quem está desenganado.

c) sob o domínio de violenta emoção – emoção


violenta, injusta provocação da vítima e
imediatidade entre provocação e reação.
Se a provocação colocar em risco a integridade física
do
6 ofendido assumirá a natureza de agressão,
autorizando a legítima defesa.
Casos que afastam a incidência da
privilegiadora

- oficial de justiça leva um tiro quando vai efetuar a


busca e apreensão de um bem, não incidirá,o
privilégio, pois a agressão ao patrimônio era justa.
- noivo, mata a noiva porque esta decidiu acabar
com a relação, conquanto ninguém é obrigado a
casar com outra pessoa.

OBS: O Homicídio Privilegiado é incompatível com a


natureza hedionda, enquanto o Homicídio Simples
admite a caracterização quando praticado em
atividade típica de grupo de extermínio.

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Homicídio Qualificado – Art. 121, § 2º
Pena de Reclusão de 12 a 30 anos

Se o crime é cometido:

I – mediante paga ou promessa de recompensa,


ou por outro motivo torpe;
Crime típico de execução atribuída aos famosos
“jagunços”. Respondem pelo crime qualificado o
que praticou a conduta e o que pagou ou
prometeu a recompensa.
Motivo torpe – é o motivo repugnante, abjeto, ignóbil,
vil, que repugna a conciência média. O motivo
torpe não pode coexistir com o motivo fútil.

II – por motivo fútil; motivo insignificante, banal.


Vingança não é motivo fútil, embora
eventualmente, possa caracterizar motivo torpe.
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III – com emprego de veneno, fogo,
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum;
• a utilização de veneno só qualifica o crime se for
utilizado com dissimulação, como estratagema,
como cilada. Sua Administração forçada ou com
conhecimento da vítima não qualifica. Se
ministrado com violência poderá caracterizar meio
cruel.
• emprego de fogo exemplifica-se com a utilização
de combustível inflamável seguido de ateamento
de fogo. Emprego de explosivo pode ocorrer
através de dinamite ou outro material explosivo.
• emprego de asfixia – mecânica – enforcamento,
afogamento; ou tóxica – gás asfixiante. Reforma
Penal de 1984 excluiu asfixia das agravantes
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genéricas, mantendo como qualificadora do
• emprego de tortura – meio que causa prolongado,
atroz e desnecessário padecimento.
• meio insidioso e cruel – o primeiro é aquele
utilizado com estratagema, perfídia; e o segundo é
a forma brutal de perpetrar o crime, meio bárbaro,
martirizante. Pisoteamento da vítima, dilaceração
do corpo a facadas, etc.
• possa resultar perigo comum – distingue-se dos
crimes de perigo porque a finalidade do agente é
a morte da vítima e não o perigo comum. A
diferença está no elemento subjetivo.

IV – à traição, de emboscada, ou mediante


dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido.
• traição – ataque sorrateiro, inesperado. Tiro pelas
costas.
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• emboscada – é a tocaia, a espreita, verificando-se
quando o agente esconde-se para surpreender a
vítima.
• mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou impossibilite a defesa – o agente
esconde ou disfarça o seu propósito para
surpreender a vítima desprevenida. Ocultação do
propósito ou disfarce para se aproximar da vítima.

V- para assegurar a execução, ocultação,


impunidde ou vantagem de outro crime:
Qualificadora por conexão, o outro crime pode ser
praticado por outra pessoa. Neste caso o
homicídio é cometido para garantir a prática de
outro crime ou evitar a sua descoberta.

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Homicídio Culposo – Art. 121, § 3º
Pena de Detenção de 01 a 03 anos

Conceito – trata-se da figura típica do caput – “matar


alguém”, embora com outro elemento subjetivo:
culpa. É um tipo aberto, que depende, pois, da
interpretação do juiz para poder ser aplicado. A culpa,
conforme o art. 18, II, do Código Penal, é constituída
de “imprudência, negligência ou imperícia”.

Homicídio Culposo no Trânsito – não se aplica mais o


tipo penal do § 3º, do art. 121, pois o Código de
Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), no art. 302,
estipulou um tipo incriminador específico.

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Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de
veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na


direção de veículo automotor, a pena é aumentada de
um terço à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de


Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
conduzindo veículo de transporte de passageiros.
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CRÍTICA – Criação de um tipo culposo qualificado em
virtude da valoração do meio utilizado (veículo
automotor).
No homicídio culposo o agente não quer, tampouco
prevê o resultado, não obstante previsível.
Logo, estas circunstâncias tornam injustificada
o recrudescimento da reprovabilidade expressa
no aumento da pena.

Dolo Eventual nos Homicídios de Trânsito - ficção


jurídica, voltada para amenizar os anseios de punição,
trabalhados pela mídia.

Artigo Alexandre Wunderlich - "Dolo Eventual nos


Homicídios de Trânsito: Uma Tentativa
Frustrada" (RT): posições que defendem a
14 possibilidade do dolo eventual em tais delitos, chegam
a cogitar que o agente consinta com seu possível
MAJORANTES NO HOMICÍDIO – Art. 121, § 4º

A majorante representa um plus de culpabilidade, ao


contrário da qualificadora que integra a tipicidade. As
majorantes e minorantes (§ 1º) funcionam como
modificadoras da pena, na terceira fase do cálculo.
Estabelecem o quantum, fixo ou variável, de aumento
ou diminuição da pena (acresce a pena em 1/3).

Homicídio Culposo – Art. 121, 1ª parte

a) inobservância de regra técnica de profissão, arte


ou ofício – o agente conhece a regra técnica, mas
não a observa; há uma displicência a respeito da
regra. Posição defendida por Bitencourt é que se
aplica somente à profissional.
b) omissão de socorro à vítima – não se trata de crime
autônomo (o crime continua a ser de resultado:
morte). A presença de risco pessoal afasta a
majorante (linchamento).
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Ex: pedreiro que derruba, imprudentemente, de uma
obra um saco de cimento que atinge – e mata – um
passante, revoltando as pessoas que estão por perto,
pode não socorrer o ofendido, caso se sinta ameaçado
pela multidão.
A causa de aumento não se confunde com a omissão de
socorro, pois nesta o agente não causou o ferimento
que atingiu a vítima.

c) não procurar diminuir as conseqüências do crime


– trata-se de uma seqüência da causa anterior. Ex:
caso o agente não possa prestar socorro à vítima, seja
porque está ameaçado de linchamento, seja porque
não têm recursos (veículo), poderá atenuar as
conseqüências do seu ato buscando auxílio de
terceiros ou chamando a polícia ou o médico.
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d) fuga da prisão em flagrante – causa de
aumento de duvidosa constitucionalidade, pois
obriga que a pessoa, autora de um crime,
apresente-se voluntariamente à polícia para ser
presa. Não se exige tal postura de quem pratica
crime doloso.
Ninguém é obrigado a se auto-incriminar,
conforme garante a Convenção Americana sobre
DH, e grande parte da jurisprudência brasileira.

Homicídio Doloso - Art. 121, 2ª parte

Pena acrescida em 1/3 se a vítima for menor de


14 anos e, maior de 60 anos (majorante
introduzida pela Lei 10.741/2003 – Estatuto do
Idoso).
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ART. 122. Induzir ou instigar alguém a
suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o
faça:
Pena – reclusão de 2 a 6 anos, se o suicídio
se consuma; ou reclusão de 1 a 3 anos, se da
tentativa resulta lesão corporal de natureza
grave.

Induzir – participação moral, significa dar a idéia


do suicídio a alguém que ainda não tinha pensado
nisso.
Instigar – participação moral, significa reforçar a
intenção suicida já existente.
Prestar-lhe auxílio – participação material,
significa colaborar com a prática, quer dando
instruções, quer emprestando objetos para que a
vítima se suicide; essa participação deve ser
secundária, acessória, pois se a ajuda for causa
direta
18 e imediata da morte, o crime será de
homicídio.
Parágrafo único – A pena é duplicada:
I. Se o crime é praticado por motivo egoístico.
Ex. Para ficar com herança ou com o cargo da
vítima.

II. Se a vítima é menor ou tem diminuída, por


qualquer causa, a capacidade de resistência.
Ex. Vítima embriagada, ou sofrendo de moléstia
emocional.

Observações:
Não admite a tentativa.
Consuma-se no momento da morte da vítima ou
quando ela sofre lesões corporais graves;
resultando lesões leves o fato é atípico.
Deve haver seriedade na conduta do agente, a
simples brincadeira que devia cometer o suicídio
não configura.
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A vítima deve ter capacidade de entendimento
(que a conduta irá provocar a morte) e
resistência; assim, quem induz criança de pouca
idade ou pessoa grave enfermidade mental a se
atirar de um prédio responde por “homicídio”.

Situações especiais:

1. Várias pessoas fazendo roleta-russa em grupo, os


sobreviventes respondem por este crime.
2. Duas pessoas fazem pacto de morte e um deles
se mata e o outro desiste, o sobrevivente
responde pelo crime.
3. Duas pessoas decidem morrer juntas, se trancam
em um compartimento fechado e um deles liga o
gás, mas apenas o outro morre, ocorre
“homicídio” por parte do que abriu a torneira.
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ART. 123. INFANTICÍDIO

Matar sob a influência do estado puerperal,


o próprio filho, durante o parto ou logo
após.
Pena – detenção, de 2 a 6 anos.
Hipótese de homícidio privilegiado que confere
tratamento mais brando à autora do delito.

Distinção entre infanticídio e aborto – o


primeiro ocorre durante o parto ou logo após.
Considera-se que o início do parto se dá com a
ruptura da bolsa, pois a partir daí o feto se torna
acessível às ações violentas (por instrumentos ou
pela própria mão do agente). Assim, iniciado o
parto, torna-se o ser vivo sujeito ao crime de
infantícidio, ante disso a hipótese é de aborto.
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Núcleo do tipo e elemento subjetivo –
“matar”, exige que o nascente esteja vivo. Admite
somente a forma dolosa.
Sujeitos ativo e passivo – autora só pode ser a
mãe, enquanto a vítima é o ser nascente ou
recém-nascido.
Objetos jurídico e material – primeiro a vida
humana, e segundo a criança, que sofre a
agressão.
Estado puerperal – é o estado que envolve a
parturiente durante a expulsão da criança do
ventre materno. Hipótese de semi-imputabilidade,
em virtude das profundas alterações psíquicas e
físicas que sofre a mãe.
Critério biopsíquico substituiu o de natureza
moral (defesa da honra).
Circunstância de tempo - exige imediatidade.
Caso se tratar de psicose puerperal se aplica o art.
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26, CP.
Classificação do Crime

Próprio – só pode ser cometido por agente


especial, no caso a mãe.
Instantâneo – a consumação não se prolonga no
tempo.
Comissivo – exige ação.
Material – que se configura com o resultado
previsto no tipo, a morte do filho.
De forma livre – não se encontra no tipo a
descrição da conduta que determina o resultado.
Admite a tentativa.
Concurso de Pessoas – (art. 29,CP) todos que
colaboram para o cometimento do crime incidem
nas penas a ele destinadas. No caso, os partícipes
e co-autores respondem igualmente por
infanticídio.
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CRIME DE ABORTO

Aborto provocado pela gestante ou com o


seu consentimento.
Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou
consentir que outrem lho provoque.
Pena – detenção de 1 a 3 anos.

A) Aborto criminoso – é a interrupção forçada e


voluntária da gravidez, provocando a morte do
feto.

B) Aborto permitido ou legal – duas hipóteses:


B.1) aborto terapêutico ou necessário: é a interrupção
da gravidez realizada por recomendação médica,
para salvar a vida da gestante. Hipótese
específica de estado de necessidade (art. 23 do
CP).
B.2) aborto sentimental ou humanitário – autorização
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legal para interrompera gravidez quando a mulher
C) Aborto eugênico – é interrupção da gravidez,
causando a morte do feto, para evitar que a criança
nasça com grave defeitos genéticos. Posição
controversa no Brasil.

 Sujeitos ativo e passivo – mãe e feto,


respectivamente.
 Objeto jurídico protegido é a vida do feto.
 Elemento subjetivo é o dolo, não se pune a forma
culposa.
 Classificação: crime próprio (só a gestante pode
cometer); comissivo ou omissivo (provocar = ação;
consentir = omissão); material (exige resultado
naturalístico); unissubjetivo (admite a existência de
um só agente), mas na última modalidade (com seu
consentimento) é plurissubjetivo, mesmo que existam
dois tipos penais autônomos – um para punir a
gestante, e outro para punir o terceiro (art. 126, CP).
 25 Admite a forma tentada.
D) Aborto provocado por terceiro

Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da


gestante.
Pena – reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos.

 Sujeitos ativo e passivo: neste caso, o primeiro


pode ser qualquer pessoa, enquanto o segundo, não é
somente o feto, mas também a gestante.
 Objeto jurídico – são a vida do feto e a integridade
física da gestante.

Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da


gestante.
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único – aplica-se a pena do artigo anterior, se a
gestante não é maior de 14 anos, ou é alienada
26 mental, ou se o consentimento é obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência.
 Sujeito ativo e passivo – o primeiro qualquer
pessoa, o segundo é o feto.

 Objeto jurídico - é a vida do feto.

 Exceção à teoria monista – que entende que todos


os co-autores e partícipes respondem pelo mesmo
crime quando contribuírem para o mesmo resultado
típico. Se existisse somente o Art. 124, o terceiro
incidiria naquele tipo penal, todavia o legislador
resolveu punir mais severamente o terceiro que
provoca o aborto, ao criar o Art. 126.

 Proteção ao menor de 14 anos, que a lei penal


entende como incapaz de consentir validamente
certos atos.

 Emprego de violência, grave ameaça ou mesmo


27 fraude, significa que conseguiu o consentimento da
vítima à força, adequando a conduta a figura do Art.
Forma Qualificada

Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores


são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal grave, e são duplicadas,
se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a
morte.

 Aplica-se somente às hipóteses dos arts. 125 e 126,


pois não se pune a autolesão no direito brasileiro.

 Hipóteses de figura qualificada: a) lesões graves ou


morte da gestante e feto expulso vivo – tentativa de
aborto qualificado;

 Aborto feito pela gestante, com lesões graves ou


morte, havendo a participação de outra pessoa: esta
pode responder por homicídio ou lesão culposa (se
previsível o resultado para a gestante) em concurso
28 com o auto-aborto, já que não aplica a qualificadora
no Art. 124.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico.
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
Aborto em caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.

Sujeito – somente o médico pode providenciar a


cessação da gravidez nessas duas hipóteses, não se
inclui, por exemplo, a enfermeira ou a parteira.

 Prescinde de condenação do responsável pelo crime


de estupro, basta o registro de um boletim de
ocorrência e a apresentação do documento médico,
que não necessita nem mesmo da autorização judicial
(ver portaria do Ministério da Saúde).

 Imprescindível o consentimento para realização do


29 aborto sentimental ou humanitário.
CAPITULO II – DAS LESÕES CORPORAIS

Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a


saúde de outrem:
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano.

Ofensa física voltada à integridade ou à saúde do corpo


humano. Não se enquadra neste tipo penal qualquer
ofensa moral.

Sujeito Ativo – qualquer pessoa, menos o próprio


ofendido, uma vez que a lei penal não pune autolesão,
desde que não ofenda outro direito.

Sujeito Passivo – qualquer pessoa, salvo algumas


figuras especiais, como mulher grávida, no caso de
lesão corporal com aceleração de parto (§ 1º, IV).

Classificação: crime comum; material (exige resultado


naturalístico); de forma livre; comissivo, e
30 excepcionalmente, comissivo por omissão (impróprio,
art. 13, § 2º, CP); admite a tentativa.
Lesão corporal de natureza grave

Parágrafo 1º, Se resulta (grave): pena de reclusão


1 a 5 anos.

I - incapacidade para as ocupações habituais, por


mais de 30 dias;
Refere-se a toda e qualquer atividade regularmente
desempenhada pela vítima, não somente as
laborativas.

Exige-se a realização de laudo pericial comprobatório,


podendo ser suprido por prova testemunhal.

Ex: “A meretriz exerce atividade “imoral”, mas não ilícita.


Pode, pois, ser vítima de lesão corporal grave, que lhe
acarrete incapacidade para as ocupações habituais
31 por mais de 30 dias” (RT).
II - perigo de vida – concreta possibilidade de a vítima
morrer em face das lesões sofridas.
Indispensável o laudo pericial, sendo rara a substituição
por prova testemunhal. Perigo contemporâneo à
produção da lesão.

Doutrina e jurisprudência, majoritariamente, consideram


que, neste caso, somente pode haver dolo na conduta
antecedente (lesão corporal) e culpa no resultado
mais grave (perigo de vida), pois havendo dolo em
ambas, estar-se-ia diante de uma tentativa de
homicídio.

III – debilidade permanente de membro, sentido ou


função – casos de debilidade, redução ou diminuição
de eficácia, não de inutilização.
Sendo caso de inutilização, a lesão será gravíssima.
A lei exige permanência no sentido duradouro, sem uma
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previsão quanto ao término, não quer dizer eterna.
IV – aceleração do parto – parto prematuro em virtude
da lesão ocorrida.
Exige-se que a criança venha a nascer com vida, do
contrário, se trata de lesão gravíssima pelo aborto (§
2º, V).
Necessidade da consciência por parte do agente da
gravidez da vítima.

Parágrafo 2º – Se resulta (gravíssima): pena de


reclusão de 2 a 8 anos.

I – incapacidade permanente para o trabalho,


inaptidão duradoura para exercer qualquer atividade
laborativa lícita.

Diferente da incapacidade para as ocupações habituais,


exige-se atividade remunerada, que implique em
sustento, ou seja, acarrete prejuízo financeiro para o
ofendido.

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II – enfermidade incurável – de acordo com os recursos
da medicina na época do resultado, causada na
vítima.
Não configura a qualificadora a simples debilidade
enfrentada pelo organismo da pessoa ofendida,
necessitando existir uma séria alteração na saúde.

III – perda ou inutilizacao de algum membro,


sentido, ou funcao – perda implica em destruição
ou privacão; inutilização, quer dizer a falta de
utilidade, ainda que fisicamente esteja presente o
membro ou o órgão humano.

IV – deformidade permanente – quando ocorre


modificação duradoura de uma parte do corpo
humano da vítima.
Doutrina majoritária entende como ligada a estética,
34 exigindo lesão visível, causadora de constrangimento
e, irreparável.
V – aborto – interrupção da gravidez causando a morte
do feto.

Doutrina e jurisprudência majoritárias – exigem que


o resultado qualificador (aborto) ocorra na forma
culposa. Caso o agente tivesse agido com dolo (direto
ou eventual) com relacão à morte do feto, deveria
responder pelo crime de aborto (absorção da lesão
provocada na gestante). Ou ainda, por aborto em
concurso com lesões corporais.

Nucci - entende ser possível a incidência da lesão


corporal gravíssima quando o agente agredir mulher
grávida, provocando-lhe aborto, ainda que tenha
atuado com dolo no tocante ao resultado qualificador.

Crime qualificado pelo resultado – admite dolo no


35 antecedente e dolo no subsequente, bem como dolo
no antecedente e culpa do subsequente.
Lesão Corporal seguida de morte

Parágrafo 3 – Se resulta morte e as circustâncias


evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo: pena de reclusão de 4 a
12 anos.

Única forma preterdolosa prevista no CP, exige dolo no


antecedente (lesão corporal) e culpa no subsequente
(morte da vítima).
Caso haja dolo eventual quanto a morte da vítima, o
agente será punido por homicídio doloso.
Nao admite a tentativa – ou a morte ocorre e o crime está
consumado, ou não ocorre e se trata apenas de lesão
corporal.

Diminuição de pena

Parágrafo 4 – Se o agente comete o crime impelido por


36 motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida à
Substituição da pena

Parágrafo 5º – O juiz, não sendo graves as lesões, pode


ainda substituir a pena de detenção pela de multa:
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
anterior;
II – se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa

Parágrafo 6º – Se a lesão é culposa.


Pena – detencão de 2 meses a 1 ano.
Figura do caput, como o elemento subjetivo - culpa.
Lesionar alguém por imprudência, negligência ou
imperícia.

Aumento de pena
Parágrafo 7º – Aumenta-se a pena de um terco, se
ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, parágrafo
4º.

Parágrafo
37 8º – Aplica-se a lesão culposa o disposto no
parágrafo 5º do art. 121.
Parágrafo 9º - Se a lesão foi praticada contra
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha
convivido, ou, ainda prevalecendo-se o agente das
relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
Pena – detenção de 03 meses a 3 anos.

Redação dada pela Lei 11.340 de agosto de 2006 –


a pena anterior era de 06 meses a 1 anos de
detenção.

LEI MARIA DA PENHA - COMENTÁRIOS

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CAPÍTULO III – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA
SAÚDE

São delitos subsidiários em face do delito de dano. O


crime subsidiário de perigo fica absorvido pelo delito
de dano, quando o sujeito agir com o dolo de dano e
não com o dolo de perigo.

Elemento subjetivo – em regra é o dolo de perigo: o


sujeito pretende produzir um perigo de dano ao
interesse penalmente protegido.

Crime Formal – é aquele em que o tipo descreve o


comportamento, mas não exige a produção do
resultado.

Exs:
Art. 130, § 1º - Se é intenção do agente transmitir a
moléstia. Pena de reclusão de 1 a 4 anos.
39
Art. 131- Praticar, com o fim de transmitir a outrem
Art. 130 – Expor alguém, por meio de relações
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio
de moléstia venérea de que sabe ou deve saber
que está contaminado.
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.

§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:


Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.

§ 2º Somente se procede mediante representação.

Núcleo do tipo – expor significa colocar em perigo ou


deixar a descoberto. O objeto da conduta é o contágio
de moléstia venérea.

Elemento subjetivo – é o dolo de perigo. Não existe na


forma culposa.

Sujeitos ativo e passivo – o sujeito ativo deve ser


qualquer pessoa contaminada por doença
40 sexualmente transmissível, enquanto o sujeito passivo
pode ser qualquer um, inclusive pessoa que exerce
Dolo direto – indicado pela expressão “sabe”.
Dolo eventual - indicado na expressão “deve saber”.

Dolo de dano – disposto no parágrafo 1º, constitui uma


exceção no contexto do delito de perigo, pois a
hipótese prevê que o agente contaminado deseja
transmitir a doença.

Delito formal - uma vez que se pune a conduta,


dispensando o resultado naturalístico (a efetiva
contaminação do ofendido).

Quatro situações distintas:


a) O agente sabe estar contaminado e mantém relação
sexual com a vítima, sem pretender transmitir a
doença, mas expondo o sujeito passivo a perigo (art.
130, caput);

b)41O agente deve saber estar contaminado e pratica a


mesma conduta descrita no item anterior (art. 130,
c) O agente sabe estar contaminado e quer transmitir a
doença no contato sexual mantido (independente do
contágio) (art. 130, § 1º);

d) O agente sabe estar contaminado e quer transmitir a


doença para para afetar a saúde da vítima:
responderá por lesão corporal grave ou gravíssima.

Poderá se houver morte responder por lesão corporal


seguida de morte.

AIDS – a síndrome da imunodeficiência adquirida não é


doença venérea, pois ela possui outras formas de
transmissão que não são as vias sexuais.

Assim, caso o portador do vírus da AIDS mantenha


relação sexual com alguém, disposto a transmitir-lhe o
mal, poderá responder por tentativa de homícidio ou
42 homicídio consumado.
Art. 131. Praticar com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato
capaz de produzir o contágio.
Pena – reclusão de 1 a 4 anos, e multa.

Delito formal e de dano, à semelhança do § 1º, do art.


130.

O objetivo é causar o mal a outrem, causando-lhe dano à


saúde, o que constitui lesão corporal.

O crime se aperfeiçoa com a realização do ato executivo,


independente da produção do resultado.

Se o agente supõe estar contaminado e venha a praticar


o ato, trata-se de crime impossível.

Se o ofendido já estiver contaminda com a mesma


doença, também se trata de crime impossível.
43
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a
perigo direto e iminente.
Pena de detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não
constituir crime mais grave.

§ único – a pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a


exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo
decorre do transporte de pessoas para a prestação de
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza,
em desacordo com as normas legais.

Tipo genérico de perigo valido para todas as formas de


exposição da vida ou da saúde de terceiros a risco de
dano.

Exige-se prova da existência do perigo concreto, não


presumido, para configuração do ilícito.

Necessário a identificação da pessoa – vítima.


44
Sujeitos Ativo e Passivo – qualquer pessoa. A única
exigência é que o sujeito passivo seja determinado,
não se admite pessoa incerta.

Elemento subjetivo – o dolo de perigo.

Dolo direto – quando o agente deseja expor alguém a


perigo/risco de sofrer um dano.

Dolo eventual – quando o agente se mostra indiferente


ao perido criado à vida ou à saúde de outrem.

Exs: - agressão motorista de ônibus em movimento;


- “fechar” voluntariamente o veículo de terceiro;
- negar autorização transfussão de sangue para
familiar;
- transportar trabalhadores em caminhão sem
condições de segurança.

Se a intenção do agente é destruir a vida da vítima –


45 tentativa de homicídio.
Se a vítima vem a falecer em decorrência da conduta,
Se ocorrer dano à vítima não responde por lesões
corporais, uma vez que as penas são idênticas.
Consentimento não exclui o crime – trata-se de
objetividade jurídico indisponível – vida ou saúde física
ou mental.

Expressão – “se o fato não constitui crime mais grave”


Delito explicitamente subsidiário, ou seja, só se utiliza a
figura do art. 132 quando outra, mais grave, deixa de
se concretizar.

Estatuto do Desarmamento – Lei 10.826/03

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em


lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública
ou em direção a ela, desde que essa conduta não
tenha como finalidade a prática de outro crime.
Pena de reclusão de 2 a 4 anos, e multa.
Delito de perigo abstrato e mais grave que o previsto no
Art. 132 do Código Penal.
Prova-se
46 o fato, dispensando-se a prova do perigo.
Caso o disparo seja efetuado em lugar não habitado
normalmente, mas naquela ocasião possuía alguma
pessoa, que correu perigo concreto, o delito é o do
Art. 132, CP.

Causa de aumento – Lei 9.777/98 – visa punir mais


severamente o transporte clandestino de
trabalhadores.

Art. 133. Abandonar alguém que está sob seu


cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e,
por qualquer motivo, incapaz de defender-se
dos riscos resultantes do abandono.
Pena – detenção 6 meses a 3 anos.

§1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza


grave. Pena – reclusão de 1 a 5 anos.

§2º Se resulta morte.


Pena
47 – reclusão de 4 a 12 anos.
Aumento de Pena
§ 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de
um terço:
I- se o abandono ocorre em lugar ermo;
II- se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima.
III- se a vítima é maior de 60 anos.

Núcleo do tipo – abandonar quer dizer deixar só, sem a


devida assistência. Não é o caso do pai que deixa de
dar alimentos ao filho menor, e sim o que larga a
criança ao léu, sem condições de se proteger sozinha.
Sujeitos – o autor deve ser guarda, protetor ou
autoridade designada por lei para garantir a
segurança da vítima. A vítima pode ser pessoa de
qualquer idade, desde que incapaz.
Elemento subjetivo – dolo de perigo.
Incapacidade – pode ser corporal ou mental, durável ou
temporária, como no caso da embriaguez.
48
Crime Próprio – exige vinculação especial entre o sujeito
ativo e passivo, relação de custódia ou autoridade
exercida pelo sujeito ativo.

Cuidado – assistência eventual, figura mais ampla.


Ex: abandonar pessoa enferma, momentaneamente
incapaz.

Guarda – assistência duradoura.


Ex: filho pequeno, pois o estado de incapacidade é
permanente, durante toda toda a fase infantil.

Vigilância – reserva-se as vítimas capazes que por


estarem em situações excepcionais, podem tornar-se
incapazes de se defender. Ex: guia turístico.

Autoridade – vínculo legal entre uam pessoa que tem o


direito de dar ordens a outra.
Ex: sargento em relação a tropa.
49
Delito de Perigo Concreto – exige-se a comprovação da
real exposição a perigo.

§1º e 2º - figuras preterdolosas.

Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para


ocultar desonra própria.
Pena – 6 meses a 2 anos de detenção.
§1º Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave.
Pena – 1 a 3 anos de detenção.
§2º Se resulta morte.
Pena – 2 a 6 anos de detenção.

Crime Próprio – o agente precisa ser mãe da criança


concebida e, excepcionalmente, o pai. A vítima
necessita ser a pessoa recém-nascida, filha do sujeito
ativo.
Não se admite a inclusão de parentes próximos como
agentes do delito, pois se trata de “desonra própria”
50 concernente aos pais.
Elemento Subjetivo – o dolo de perigo.
Perigo Concreto – deve ser comprovado.
§1º e 2º - Figuras Preterdolosas.

Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando


possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou á pessoa inválida
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
autoridade pública.
Pena – detenção de 1 a 6 meses, ou multa.
Parágrafo único – a pena é aumentada de metade, se da
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta morte.

Duas Figuras Tipicas Fundamentais (caput) –


a. Deixar de prestar assistência.
b. Não pedir socorro à autoridade pública.

Objeto
51 jurídico – proteção à vida e á saúde da pessoa.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, não necessita de
qualidade específica, nem vínculo entre o autor e a
vítima.
Se o sujeito, for pai, tutor, médico, enfermeira da vítima,
o crime é abandono de incapaz, previsto no Art. 133,
CP.

Sujeitos Passivos:
• Criança abandonada ou extraviada – conforme o
ECA é considerada criança a pessoa até 12 anos
incompletos. Para configurar o tipo se exige que a
criança não saiba se defender no local onde se
encontra.
• Pessoa inválida ou ferida – a primeira é a
deficiente física ou mental, em decorrência da idade
avançada ou doença, que não possui capacidade de
se defender; a segunda é a que sofreu lesão corporal.
• Desamparo – para concretização desta figura é
preciso existir pessoa inválida ou ferida, que esteja
52 abandonada a própria sorte ou sem a assistência
devida.
Qualificação Doutrinária:

• Delito Omissivo Próprio – caracteriza-se pelo


simples comportamento negativo do sujeito, que
deixa de prestar ou pedir assistência. O tipo contenta-
se exclusivamente com a conduta omissiva.
• Crime de Perigo Concreto (divergência) –
• Delito Subsidiário – a omissão de socorro funciona
como circunstância qualificadora dos crimes de
homicídio culposo e de lesão corporal culposa.
• Crime Instantâneo – a consumação ocorre no exato
momento em que a vítima sofre o perigo.

Consumação e Tentativa – atinge a consumação no


momento da omissão, em que ocorre o perigo. Não
admite a tentativa, por se tratar de delito omissivo
próprio, uma vez que o sujeito presta ou não presta
assistência. A simples tentativa de deixar de prestar
assistência já configura o crime.

53
Maus Tratos
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de
pessoa sob sua autoridade, guarda, ou
vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina.
Pena – detenção de 2 meses a 1 ano, ou multa.

§1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza


grave.
Pena – reclusão de 1 a 4 anos.

§ 2º Se resulta morte.
Pena – reclusão de 4 a 12 anos.

§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado


contra pessoa menor de 14 anos.
54
Objetos material e jurídico – o material é a pessoa
que sofre os maus tratos, enquanto o objeto jurídico é
justamente a proteção à vida e à saúde do ser
humano. Visa evitar castigos imoderados aplicados
pelos pais ou responsáveis em relação aos filhos.

Sujeitos ativo e passivo – ambos qualificados. O


sujeito ativo deve ser pessoa responsável por outra,
enquanto o passivo deve estar sob a autoridade,
guarda ou vigilância, do ativo para fins de educação,
ensino, tratamento ou custódia.

* A mulher não pode ser vítima de maus-tratos do


marido.
* Filho maior de idade, não pode ser sujeito passivo.

Elemento subjetivo do tipo – dolo de perigo, não


admite a forma culposa.
55
O crime pode ser executado de várias maneiras:
• privação de alimentos – relativa ou absoluta;
• privação de cuidados indispensáveis – infração
permanente;
• sujeição da vítima ao trabalho excessivo ou
inadequado;
• abuso dos meios de correção e disciplina, pode ser
violência física ou moral.
• Ex: usar chicote, paulada, espancar, esbofetear aluno,
acorrentar a vítima.

• Consumação e Tentativa – a consumação ocorre


com a exposição do sujeito passivo ao perigo de
dano.Admite-se a figura da tentativa nas modalidades
comissivas.
• Não exige dano efetivo.
• Ocorrendo lesão corporal leve (art. 129, CP) é
absorvido pelo de maus-tratos.
• Cárcere privado como meio de correção é absorvido
pelos maus tratos.
56
• O Estatuto da Criança e do Adolescente - instituído pela Lei
8.069 de 13 de julho de 1990 – criou novo tipo penal relacionado
com os maus-tratos.

• Art. 232 - “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,


guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento”.
• Pena de detenção, de 06 meses a 2 anos.

• Distinção entre Maus-Tratos e Tortura (art. 1º e § 4º, II, da Lei n.


9455/97).

• A distinção se faz com base no elemento subjetivo. Se o fato é


cometido pelo sujeito para fins de correção, censura ou reprimenda,
havendo abuso, trata-se de crime de maus-tratos (crime comum).

• Não ocorrendo essa finalidade, realizado o fato somente para que a


vítima sofra, cuida-se de tortura (delito especial).

57
Rixa
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar
os contendores.
Pena - detenção de 15 dias a 2 meses, ou multa.

Parágrafo único – Se ocorre morte ou lesão corporal


de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação
na rixa, a pena de detenção, de 6 meses a 2
anos.

É a briga de no mínimo 3 pessoas lutando entre si,


acompanhada de vias de fato ou violências físicas
recíprocas.

Caracteriza-se pelo tumulto, de modo que cada


sujeito age por si mesmo contra qualquer um dos
outros contendores.

Se existem duas pessoas lutando contra uma terceria,


não há rixa. Dois de um lado, respondem pelos
58 resultados produzidos no terceiro, serão sujeitos
ativos de lesão corporal ou outro delito.
Sujeitos ativo e passivo – são todos aqueles que se
envolvem na prática de vias de fato ou lesões
corporais recíprocas.

CP adotou o critério da autonomia - a rixa é


punida independentemente da morte ou da lesão
corporal produzida em alguns dos participantes ou em
terceiro. Apurando-se a autoria da morte ou lesão
corporal produzida durante o entrevero, o autor
responde pelo delito do art. 121 ou 129, em concurso
com a rixa, enquanto os outros respondem pelo delito
do art. 137.

Qualificação Doutrinária:
• Delito de concurso necessário – prurissubjetivo ou
coletivo, exige a participação de, pelo menos três
pessoas, infração de condutas contrapostas. Os
rixosos agem um contra os outros.
• 59 Crime de perigo abstraro – não exige a demonstração
do perigo de dano, este é presumido.
• Crime instantâneo – consuma-se no momento da
prática das vias de fato ou violências físicas.
• Crime simples – atinge um só bem jurídico, a
incolumidade pessoal.
• Crime de forma livre – pode ser por intermédio de
qualquer meio de execução ativa- não admite
omissão.

• Consuma-se a rixa com a prática de vias de fato ou


violências recíprocas, instante em que há a produção
do resultado, que é o perigo abstrato de dano. Perigo
presumido, significa que a simples participação na
rixa produz o resultado típico, independentemente de
qualquer conseqüência posterior.

• Elemento subjetivo – é o dolo de perigo.

60
• Rixa e Legítima Defesa –

• Duas pessoas agridem terceira pessoa, que se


defende causando um tumulto. Os dois respondem
pela agressão, o terceiro está acobertado pela
legítima defesa. É possível que a legítima defesa
ocorra durante o entrevero.

• Quem participa dolosamente da rixa comete conduta


ilícita. Assim se três pessoas estão se agredindo
reciprocamente, o comportamento delas é
antijurídico. Ou seja, nenhuma pode afirmar que a sua
conduta foi realizada em legítima defesa contra
agressão injusta das outras.

• Em alguns casos, a legítima defesa pode ser invocada:


três pessoas lutando por intermédio de vias de fato,
quando uma delas empunha um punhal, nada impede
que o sujeito que vai ser agredido repila o
61 comportamento de por meio de reação mais violenta
capaz de impedir sua morte.
Figuras Qualificadas – parágrafo único do art. 137
A morte e a lesão corporal de natureza grave são
punidas, em princípio a título de culpa em sentido
estrito.

Crime Preterdoloso – o primeiro delito (rixa) é punido a


título de dolo e o resultado qualificador (a morte ou
lesão corporal de natureza grave) é punido a título de
culpa.

As lesões corporais de natureza leve não qualificam a


rixa.

O resultado morte ou lesão corporal de natureza


grave pode ser individualizada ou não:
• no caso de identificação do autor da morte, este deve
responder pelo crime de dano (homicídio) em
concurso material com rixa simples (e não
qualificada).
• 62 No caso de não identificação da autoria do homicídio,
todos respondem por rixa qualificada.
CRIMES CONTRA A HONRA
2° prova
Art. 138. Caluniar alguém imputando-lhe
falsamente fato definido como crime.
Pena – detenção de 06 meses a 02 anos e multa.

§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a


imputação, a propala ou divulga.
§ 2º É punível a calunia contra os mortos.

Exceção da Verdade

§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:


I – se, constituindo o fato imputado crime de ação
privada, o ofendido não foi condenado por sentença
irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas
indicadas no nº I, do art. 141;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
63
Bem Jurídico – a honra objetiva, isto é, a reputação do
indivíduo, aquilo que os outros pensam acerca do
sujeito.

Sujeitos ativo e passivo – qualquer pessoa.

Tipo Objetivo – imputação falsa a alguém de fato


definido como crime.

Duas Figuras:
a) Imputar falsamente;
b) Divulgar, sabendo falso, fato definido como crime.

A falsidade pode se referir tanto ao fato em si como à


autoria atribuída.

Tipo Subjetivo – “caput” – dolo direito ou dolo eventual.


- no § 1º - dolo direto.
64
Três Requisitos – imputação de fato determinado +
qualificado como crime + falsidade da imputação.

Crime Formal – a definição legal descreve o


comportamento e o resultado visado pelo agente, mas
não exige sua produção, que é o dano a honra
objetiva da vítima – reputação.

Retratação – admite a retratação, antes da sentença


(art. 143).

Causa extintiva de punibilidade (art. 107, VI, CP).


A retratação extintiva da punibilidade produz efeitos
penais, mas não impede a propositura de reparação
de danos.
A retratação é admitida somente na calúnia e difamação,
sendo inadmissível na injúria.
Nos crimes contra a honra praticados através da
imprensa, a retratação é permitida nos três delitos.
65 (art. 26 da Lei 5.250/67).
Em regra a ação penal nos crimes contra a honra é de
exclusiva iniciativa privada (art. 145).

Será pública condicionada:


• quando o sujeito passivo for o Presidente da República
ou chefe de governo estrangeiro.
• quando o sujeito passivo for funcionário público, em
razão de suas funções.

Desonrados – mesmo as pessoas desonradas podem ser


vítimas de calúnia, difamação e injúria, desde que o
fato atinja a parte da honra ainda não lesada.

Doentes Mentais – adotando a concepção de que a


culpabilidade é pressuposto da pena e não requisito
do crime (fato típico e antijurídico), admite-se o crime
de calúnia contra doentes mentais, uma vez que os
mesmos praticam crimes, estando somente isentos de
pena em razão da inculpabilidade.

66
Menores de dezoito anos – doutrina clássica afirma
que se a culpabilidade é integrante do crime, o
inimputável não pratica crime, ou seja, não pode ser
vítima de calúnia.

Já a corrente adotada entende a culpabilidade como


pressuposto da pena, logo o menor pratica crime,
mesmo não lhe sendo imputada a pena. Assim,
poderá ser vítima do crime de calúnia.

Pessoa Jurídica - parte da doutrina ensina que não


possuíndo dignidade própria, uma vez que é entidade
abstrata; seus dirigentes é que podem ser lesados em
sua honra, quando a ofensa a entidade os atinja.

Outra parte, afirma que pode ser sujeito passivo de


difamação ou injúria, uma vez que possui patrimônio
particular e até mesmo honra própria.
67
Uma terceira corrente entende que a pessoa jurídica não
pode ser sujeito passivo de calúnia e injúria, uma vez
que não pode ser sujeito de crime (pressuposto da calúnia)
e nem possui honra subjetiva (objeto jurídico da injúria),
podendo, inegavelmente, ser vítima da difamação, em
face de possuir reputação e boa-fama (honra objetiva).

Honra subjetiva – é o sentimento de cada um a respeito


de seus atributos físicos, intelectuais, morais, etc. Injúria
imputa qualidade negativa a vítima.
Para que ocorra um crime contra a honra é necessário que a
ofensa se dirija à pessoa determinada, não constituindo
crime contra honra atribuir aos católicos, comunistas, etc…
a pecha de desonestos, uma vez que não exista pessoa
determinada.

Meios de execução – podem ser cometidos por intermédio


de palavras escrita ou oral, gestos e meios simbólicos.

68
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato
ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa.

Exceção da verdade somente se admite se o


ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.

Difere da calúnia e da injúria. Na calúnia existe imputação


de fato definido como crime, na difamação o fato é
meramente ofensivo a reputação do ofendido.
Além disso, exige calúnia o elemento normativo da
falsidade da imputação, irrelevante para
difamação.

Já na injúria, o fato versa sobre a qualidade negativa


da vítima, ofendendo-lhe a honra subjetiva,
69 enquanto na difamação há ofensa à reputação do
ofendido, versando sobre fato a ela ofensivo.
Sujeitos do delito – qualquer pessoa pode ser
sujeito ativo e passivo. Deve ser determinada e
identificada. Pode ser inclusive pessoa jurídica.

A imputação, mesmo verdadeira, de fato ofensivo à


reputação constitui o crime (exceção: imputação de
fato ofensivo verdadeiro a funcionário público
em razão de suas funções, não constitui o
crime).

É indispensável que a imputação chegue ao


conhecimento de outra pessoa que não o ofendido.

Ex: prática de sadismo contra animais; afirmar que a


vítima tem o costume de se relacionar sexualmente
com muitos homens.

Elemento Subjetivo - dolo de dano direto ou eventual.


70 Necessita tb um elemento subjetivo do tipo, expresso
no cunho da seriedade que o sujeito imprime à
Momento Consumativo – quando um terceiro, que
não o ofendido, toma conhecimento da imputação
ofensiva à reputação.

Não exige, para a sua consumação, a efetiva lesão do


bem jurídico, contentando-se com a possibilidade de
tal violação. Basta, para a sua existência, que o fato
imputado seja capaz de macular a honra objetiva. Não
é preciso que o ofendido seja prejudicado pela
imputação.

Exceção da Verdade – somente quando o ofendido é


funcionário público, e a ofensa é relativa as suas
funções.

Fundamenta-se no resguardo da honrabilidade da função


pública.

Não
71 há previsão de modalidade culposa.
Ação Penal – como regra geral, trata-se de ação de
exclusiva iniciativa privada (art. 145).

Será pública condicionada quando:


a) praticada contra Presidente da República ou contra
chefe de governo estrangeiro (com Requisição do
Ministro da Justiça);
b) contra funcionário público, em razão de suas
funções (representação do ofendido).

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a


dignidade ou o decoro.
Pena: detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.

§ 1º. O juiz pode deixar de aplicar a pena:


I – quando o ofendido, de forma reprovável,
provocou diretamente a injúria.
II – no caso de retorsão imediata, que consista
72 em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes:
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano, e multa,
além da pena correspondente à violência.

§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de


elementos referentes a raça, cor, etnia, religião
ou origem.
Pena – reclusaõ de 1 a 3 anos e multa.

Bem jurídico – a honra subjetiva, isto é, a pretensão de


respeito à dignidade humana.

Sujeitos – qualquer pessoa.

Tipo objetivo – na injúria não há imputação de fatos,


mas emissão de conceitos negativos sobre a vítima,
que atingem sua dignidade pessoal. É preciso que a
73 injúria chegue ao conhecimento do ofendido ou de
qualquer outra pessoa.
Injúria diferente do Desacato – este último exige a
presença de funcionário público, sendo o fato
realizado em razão e por ocasião do exercício da
função. Ausente o ofendido no momento da prática
delituosa ainda que realizada em razão de sua função,
o fato constituirá injúria qualificada. A injúria é
absorvida pelo desacato. E também pela difamação.

Exceção da Verdade – é inadmissível.

Expressões que configuram injúria: “ladrão”,


“farasante”, “salafrário”, “vagabunda”, “incapaz”,
“ignorante”, “cornudo”, “caloteiro”, etc.

Atitudes que configuram injúria: despejar saco de


lixo na porta do apartamento da vítima; afixar papel
com expressões ofensivas na porta da loja da vítima.

74
Elemento subjetivo do tipo – dolo direto e dolo
eventual.

Expressões proferidas no calor da discussão –


ausência de dolo.

A injúria não admite a retratação, tampouco a exceção de


verdade.

Presença da Vítima (duas posições):


a) é irrelevante que a injúria seja porferida na frente da
vítima ou que lhe chegue ao conhecimento por
intermédio de terceiro.
b) a presença da vítima é necessária.

Perdão Judicial – (art. 140, § 1º) quando a vítima de


forma reprovável, provoca diretamente a injúria, ou,
no caso de retorsão imediata, consistente em outra
75 injúria.
A sentença que concede o perdão é condenatória,
livra o réu somente dos efeitos principais da
condenação, subsistindo o lançamento de seu nome
no rol dos culpados, pagamento de custas e demais
efeitos secundários da condenação penal (salvo a
reinciência, nos termos do art. 120 do CP).

O juiz pode deixar de aplicar a pena em dois casos:

a) quando o ofendido de forma reprovável, provocou


diretamente a injúria. A expressão diretamente
significa face a face, as partes devem estar presentes.

a) no caso de retorsão imediata, que consista outra


injúria. O termo imediata exige uma sucessão
instantânea de injúrias. É admissível retorsão de
injúrias escritas. Quem inicia a discussão ofensiva não
pode alegar a retorsão. Não há retorsão de ofensa
passada.

76
INJÚRIA REAL – Art. 140, § 2º - consiste em
violência ou vias de fato, que pela sua natureza ou
pelo meio empregado, se consideram aviltantes.
Tanto uma quanto a outra necessitam ter sido
empregadas com o propósito de injuriara, caso
contrário, subsistirá a ofensa à integridade ou à
incolumidade pessoal. É o elemento subjetivo que
distingue uma infração da outra, ainda que o fato
objetivo seja o mesmo.

Violência – injúria cometida por meio de lesão


corporal tentada ou consumada, em qualquer de suas
formas leve, média, grave ou gravíssima. Quando a
injúria é cometida por meio de lesão corporal o sujeito
responde por dois crimes em concurso material:
injúria real e lesão corporal.

Vias de fato – cometida empregando vias de fato,


77 estas são absorvidas pelo delito de maior gravidade.
Exs. de vias de fato ou violências desonrosas por
natureza: bofetada, rasgar o vestido de uma mulher,
levantar as saias, arrancar um fio de barba de um
velho com intenção ultrajante, pintar o rosto de
alguém com piche.

Exs. de vias de fato ou violências aviltantes pelo meio


empregado: bater em alguém com um rebenque,
atirar-lhe excremento.

Injúria qualificada (§ 3º) – preconceito de raça, cor,


etnia, religião ou origem.

A Lei n. 9.459 de maio de 1997 acrescentou um tipo


qualificado ao delito de injúria, impondo penas de
reclusão de 1 a 3 anos, e multa.
A alteração motivada pelo fato de que réus acusados da
78 prátia de crimes previstos na Lei 7.716/89
(preconceito de raça e de cor), geralmente alegavam
Art.141. Majorantes dos crimes contra a honra -
as penas cominadas no capítulo anterior aumentam-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe
de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas
funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que
faciite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
em dobro.

Art. 142. Exclusão do crime (excluída a calúnia).


I – ofensa irrogada em juízo, na discussão da
causa, pela parte ou por seu procurador;
Conhecida como imunidade judiciária. Inclui como
parte: autor, réu, terceiro prejudicado que recorre,
79 interessados no inventário, procurador etc.
Entendimento majoritário de que a exclusão não inclui
Imunidade Penal do Advogado – A CF/88, no art.
133 tornou o advogado “inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites
da lei”. Trata-se da causa de isenção profissional de
pena, com efeito extintivo da punibilidade.

Significa que não responde por eventuais delitos contidos


em seus atos e manifestações orais e por escrito,
como calúnia, difamação, injúria e desacato.

Imunidade Literária – não constitui injúria ou difamação


a opinião desfavorável da crítica literária, artística, ou
científica, salvo quando há inequívoca intenção de
injuriar ou difamar.

Imunidade Funcional – não há conduta ilícita no


conceito desfavorável emitido por funcionário público,
em apreciação ou informação que preste no
cumprimento do dever de ofício. Por exemplo: policial
80 no relatório do inquérito policial, dá informações dos
péssimos antecedentes do indiciado.
Vereadores – a CF/88, art. 29, VI, lhes concedeu a
imunidade parlamentar penal: são invioláveis por suas
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e
na circunscrição do Município. Cuida-se de causa
funcional de isenção de pena, semelhante às causas
extintivas de punibilidade do art. 107, CP.

Significa que os vereadores não respondem pelos delitos


de opinião, como a calúnia, a difamação e a injúria.

Art. 143. Retratação. O querelado que, antes da


sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou
da difamação, fica isento de pena.
A retratação é admitida somente na calúnia e na
difamação.

Causa extintiva de punibilidade de caráter pessoal, não


depende da aceitação da vítima.
Retratação até o momento anterior a publicação da
81 sentença, tem que ser cabal, abrangendo tudo o que
foi dito pelo ofensor.
CAPITULO VI – Dos Crimes Contra a Liberdade
Individual
Arts. 146 a 154 – crimes contra a liberdade individual,
que se perfazem somente com a lesão desse objeto
jurídico, independentemente de qualquer resultado.

Significa que a existência do delito, se exaure com a


lesão a liberdade individual, não exige que, em face
ao comportamento do sujeito, venha a ser lesado
outro obejto jurídico de titularidade do particular. Se
isso ocorre, o estatuto penal prevê forma qualificada
ou concurso material de delitos.

A objetividade jurídica desses crimes é a liberdade


jurídica, considerada como a faculdade de realizar a
conduta de acordo com a própria vontade do sujeito,
sem existência do obstáculo.

São crimes subsidiários, que ingressam na definição legal


82 de outros delitos. Ex. roubo, extorsão, estupro, etc.
CP protege a liberdade de autodeterminação, locomoção,
Seção I – Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal

Constrangimento Ilegal

Art. 146. Constranger alguém, mediante violência


ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a
capacidade de resistência, a não fazer o que a
lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.

Aumento de Pena

§1º. As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,


quando para a execução do crime, se reúnem mais de
três pessoas, ou há emprego de arma.
§2º. Além das penas cominadas, aplicam-se as
correspondentes à violência.
§3º. Não se compreendem na disposição deste artigo:
I –83 intervenção médica ou cirúrgica, sem o cosentimento
do paciente ou de seu representante legal, se
Núcleo do tipo – constranger significa forçar alguém a
fazer alguma coisa ou tolher seus movimentos para
que deixe de fazer.

Sujeitos ativo e passivo – qualquer pessoa desde que


possua autodeterminação.

Meio – inicialmente o tipo penal fornece duas maneiras


comuns de se cometer o constrangimento ilegal
(violência ou grave ameaça), e em seguida,
generaliza, prevendo qualquer outro meio hábil a
reduzir a capacidade de resistência da vítima.

O constrangimento poderá ser através de outro meio,


como hipnotismo, a narcotização, embriaguez pelo
álcool.

Elemento subjetivo – o dolo, abrange o conhecimento


da ilegitimidade da pretensão e o nexo de causalidade
84 entre o constrangimento e a conduta do sujeito
passivo. Não se admite a forma culposa.
*** Não é porque a lei impõe um dever a alguém que
outra pessoa está autorizada a forçá-la, com violência
ou grave ameaça, a cumprir a obrigação, pois no
Estado Democrático de Direito, o Estado assumiu o
monopólio do direito de punir. Logo, caso o particular
venha constranger outrem a fazer o que a lei manda
está cometendo o crime de exercício arbitrário das
próprias razões.

Consumação e Tentativa – consuma-se no momento


em que a vítima faz ou deixa de fazer alguma coisa.

Delito material – exige a produção do resultado. Admite


a figura da tentativa, desde que a vítima não realize o
comportamento desejado pelo sujeito por
circunstâncias alheias à sua vontade.

85
Nas figuras qualificadas do § 1º - as penas são
aplicadas cumulativamente (detenção + multa) e em
dobro.

§ 2º - Além das penas cominadas ao autor do


constrangimento ilegal, aplicam-se as
correspondentes à violência. Significa que o autor
pode responder por constrangimento ilegal e lesão
corporal leve, grave ou gravíssima.

§ 3º Causas especiais de exclusão de tipicidade..

O constrangimento ilegal se diferencia da ameaça,


uma vez que no primeiro o agente busca uma conduta
positiva ou negativa da vítima, e no segundo,
pretende somente atemorizar o sujeito passivo.

86
Ameaça
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito
ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de
causar-lhe mal injusto e grave.
Pena – detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante
representação.

Ameaçar - significa procurar intimidar alguém,


anunciando-lhe um mal futuro, ainda que próximo.
Não se trata da ameaça, que anuncia a agressão
imediata a vítima, e acaba sendo impedido por
terceiro.

Ou se busca intimidar a vítima, prometendo-lhe a


ocorrência de um mal injusto e grave que vai
acontecer,
acontecer ou está prestes a cometer um delito e
aproxima-se dos atos executórios.

O 87crime consiste em anunciar a vítima a prática de


mal injusto e grave, consistente num dano físico,
Sujeitos ativo e passivo – qualquer pessoa.

Crime Formal – para a consumação não há necessidade


que a vítima se sinta atemorizada, basta que o
comportamento do agente tenha condições de
ameaçar o homem médio.

O dano efetivo é dispensável.

O ilícito consuma-se no instante em que o sujeito


passivo toma conhecimento do mal prenunciado.
Admite-se a tentativa, de ameaça por escrito.

Elemento subjetivo – a vontade de intimidar o sujeito


passivo.

Objeto material e jurídico – o primeiro é a pessoa que


sofre a conduta criminosa; o segundo é a paz de
espírito, a segurança e a liberdade da pessoa humana.
88
Ação pública condicionada – o MP somente poderá
ingressar com a ação penal, caso a vítima ofereça
representação, ou seja, se supõe que a parte ofendida
tenha levado a sério a intimidação.

Seqüestro e cárcere privado


Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
seqüestro ou cárcere privado.
Pena – reclusão, de 1 a 3 anos.

§ 1º. A pena é de reclusão, de 2 a 5 anos.


I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente, ou maior de 60 anos;
II – se o crime é praticado mediante internação da vítima
em casa de saúde ou hospital;
III – se a privação da liberdade dura mais de 15 dias;
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.

89
§ 2º. Se resulta à vítima, em razão dos maus
tratos ou da natureza da detenção, grave
sofrimento físico ou moral.
Pena – reclusão, de 2 a 8 anos.

Núcleo do tipo – privar significa tolher, impedir


alguém do seu direito de ir e vir. A privação da
liberdade se dá na esfera física, do direito de ir e vir,
não se relaciona à privação de idéias ou da liberdade
de expressão, de pensamentos e opiniões.

É um crime de natureza permanente, uma vez que


a privação da liberdade, seja por seqüestro ou cárcere
privado, deve perdurar no tempo. A conduta
instantânea de impedir que alguém faça alguma coisa
que a lei autoriza, segurando-a por minutos, configura
o ilícito de constrangimento ilegal.
90
*** Importante identificar o elemento subjetivo do agente,
o dolo:

- constrangimento ilegal, caso se trate de deter


alguém, por pouco tempo, para que não realize
determinada conduta.
- seqüestro, caso atue com a vontade de reter a
vítima para cercear sua liberdade de locomoção.
- extorsão mediante seqüestro – caso atue com a
intenção de privar a liberdade da vítima para exigir
alguma vantagem.

- Sujeitos ativo e passivo – qualquer pessoa.

- Elemento subjetivo do tipo – o dolo, não admite a


modalidade culposa.

- Seqüestro e cárcere privado - seqüestro significa


tolher a liberdade de alguém ou reter uma pessoa
91 indevidamente em algum lugar. É a conduta gênero,
da qual o cárcere privado é espécie.
Consentimento do ofendido – elide o crime se a vítima
concordar com a situação que lhe impõe a privação da
liberdade. Não se trata de direito indisponível, salvo
quando comprometer a ética ou o bom senso, como
por exemplo, colocar uma pessoa numa cela, no porão
de uma casa tratando-a como prisioneira.

QUALIFICADORAS – alteram o mínimo e máximo


para a fixação da pena.
Relações familiares, união estável, idoso (a partir da
edição da Lei 10.741/2003, Estatuto do Idoso),
internação fraudulenta, privação de liberdade de
longa duração, ofendido menor de 18 anos, e
finalidade libidinosa.

Poderá ocorrer no mesmo crime a incidência de duas


qualificadoras, nestes casos, a segunda passa a valer
92 como circunstância legal (agravante), se houver, ou
circunstância judicial (art. 59, CP).
Finalidade libidinosa – modificação introduzida pela
Lei 11.106/2005, que aboliu o delito de rapto (arts.
219 e 220), incluindo, dentre as formas de
qualificação so seqüestro ou cárcere privado, a
finalidade libidinosa do agente.

Nesta modalidade o delito não pode ser


classificado como material, que exige o resultado
naturalístico, consistente na privação da liberdade do
agente, mas formal, ou seja, não necessita alcançar
a finalidade pretendida pelo agente para consumar-
se.

Maus tratos e natureza da detenção – não se


trata de crime qualificado pelo resultado. O grave
sofrimento não é simples resultante do crime, mas
sim, a forma particular de praticá-lo. O agente priva a
liberdade, e além disso, submete a vítima a maus
tratos ou a coloca em lugar imundo e infecto,
93 causando-lhe sofrimento físico e moral. Havendo lesão
corporal, não fica absorvida pelo crime na forma
Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio

Art. 5º, inciso XI, da CF/88 – garante a inviolabilidade de domicílio,


salvo se houver consentimento do morador, flagrante delito, desastre
ou necessidade de prestar socorro, ou, ainda, durante o dia, por
determinação judicial.

Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou


contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa
alheia ou em suas dependências.
Pena – detenção de 1 a 3 meses, ou multa.

§ 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o


emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas.
Pena – detenção de 6 meses a 2 anos, além da pena correspondente à
violência. Qualificadora

94
§ 2º. Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por
funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das
formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do
poder.majorante

§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou


em suas dependências;excludente da ilicitude
I – durante o dia,com observãncia dos formalidades legais, para
efetuar prisão ou outra diligência.se admite a invasão de domicilio
II – a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está
sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º A expressão “casa” compreende:


I – qualquer compartimento habitado;
II – aposento ocupado de habitação coletiva;
III – compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
profissão ou atividade.

95
§ 5º Não se compreendem na expressão “casa”
I – hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
coletiva, enquanto aberta, salvo restrição do n. II do
parágrafo anterior;
II – taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

Bem jurídico – inviolabilidade domiciliar (a casa é


asilo inviolável do indivíduo – art.5º, XI, CF).

Sujeito ativo e passivo – qualquer pessoa, não


exige condição particular. Sujeito passivo é o
morador, que pode impedir ou anuir á entrada ou
permanência na casa.

Tipo objetivo – o núcleo é entrar ou permanecer, em


qualquer uma das figuras deve ser clandestina
(oculta, furtiva, às escondidas) ou astuciosa (fraude,
ardil, artifício).

96 Tipo subjetivo – o dolo, não ocorre na forma culposa.


Consumação e tentativa – consuma-se com a entrada
ou permanência contrariadas. É crime instântaneo na
primeira figura, e permanente na segunda. A tentativa
é admissível.

Subsidiariedade – trata-se de crime tipicamente


subsidiário. Se a entrada ou permenência em casa
alheia deixa de ser um fim em si mesmo, já não se
configura um crime autônomo, passando a constituir
elemento essencial ou acidental, de outro crime.

“A violação de domicílio é crime de mera conduta e


instantâneo, a dispensar consideração de resultado, e
francamente subsidiário de outros tipos penais. Só
não subsiste se demonstrada a intenção dirigida a
delito mais abrangente, capaz de absorvê-lo, levando
em conta o fim querido, o que, no caso, é duvidoso…”
97 (TACRIM-SP – AC n. 895.281/4 – Rel. Dirceu Cintra – DJ
23.02.95).
Formas qualificadas: crime exercido durante a
noite, em lugar ermo, com emprego de violência ou
de arma, por duas ou mais pessoas.

Punição dupla quando houver violência – no caso de


envolver violência o agente deve responder não
somente pelo delito de invasão de domicílio, mas
também pelo crime que resultou da sua conduta
violenta.

Causa de aumento de pena – o legislador prevê um


aumento fixo de um terço, que deve ser acrescentado
às penas previstas no caput ou no § 1º do artigo.
majorante

Invasão de domicílio por funcionário público:


- fora dos casos legais;
- inobservadas as formalidades legais; ex: mandado de
prisão autoriza que, durante o dia, o policial invada o
98 domicílio para prender o procurado. A ordem judicial
deve ser cumprida de dia, desrespeito acarreta
Nucci entende que o § 2º, do art. 150 não têm mais
aplicação aos funcionários públicos, uma vez que a
toda invasão de domicílio praticada por funcionário
público de forma ilegal será aplicada a Lei 4.898/65 –
Lei do Abuso de Autoridade.
§ 3º - excludente de ilicitude, prevista no art. 23, III,
primeira parte do Código Penal (estrito cumprimento
do dever legal) autorizando o ingresso, sem o
consentimento do morador, para efetuar prisão em
flagrante ou para socorrer desastre ou prestar
socorro.

Formalidades legais para efetuar prisão – art. 293, CPP:


“Se o executor do mandado verificar, com segurança,
que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o
morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem
de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o
executor convocará duas testemunhas e, sendo dia,
entrará à força na casa, arrombando as portas, se
99 preciso; sendo noite, o executor, depois da
intimação do morador, se não for
Atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a
casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará
as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar a
entregar o réu oculto em sua casa será levado á
presença da autoridade, para que se proceda contra
ele como for de direito”.

§ 3º, inciso II – a excludente de ilicitude prevista


deve ser aplicada de forma restritiva, uma vez que o
art. 5º, XI, da CF é expresso ao autorizar o
ingresso na casa de alguém, durante a noite,
somente quando houver flagrante delito, o que não
estaria abrangendo a hipótese de iminência de
cometimento de crime. Ver art. 302, CPP.

Logo, não se pode invadir o domicílio de alguém, à


noite, para impedir um crime que está prestes a
acontecer.
100
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa


alheia móvel.
Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.

§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é


praticado durante o repouso noturno.
§ 2º. Se o criminosos é primário, e é de pequeno valor
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de deteñção, diminuí-la de um a dois
terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico.

101
Furto qualificado
§ 4º. A pena é de reclusão de 2 anos a 8 anos, e
multa, se o crime é cometido:
I – com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa;
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
III – com emprego de chave falsa;
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º. A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a


subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior (Lei
9.426, 24.12.96.

Bem jurídico – posse e propriedade de coisa móvel.


Sujeitos Tipo objetivo – qualquer pessoa.
– subtrair coisa alheia móvel, para si ou para terceiro. A
102coisa objeto da subtração tem que ser móvel,
equipara-se a energia elétrica.
Coisa sem dono ou por ele abandonada não pode ser
objeto de furto.

Tipo subjetivo – o dolo de se apoderar da coisa


subtraída, para si ou para outrem.

Consumação e tentativa – consuma-se com a


retirada da coisa da esfera da disponibilidade da
vítima. Algumas posições doutrinárias entendem que
se faz necessário a posse mansa e pacífica da coisa.

Classificação – crime comum, de dano, material,


comissivo, doloso e instantâneo.

Furto noturno – praticado durante o repouso


noturno, majora a pena aplicável. O horário de
repouso noturno afrouxa a vigilância do sujeito
passivo, facilitando a impunidade. Necessita ser
praticado em casa habitada, já em horário de repouso
103
(divergências jurisprudências).
Furto Privilegiado – a primariedade e o pequeno
valor da res furtiva permitem a substituição da pena
de reclusão por detenção, reduzi-la de um a dois
terços ou aplicar somente multa.
Privilégio é direito público subjetivo do réu. Aplica-se
somente do furto simples e ao furto noturno.

Furto qualificado –
a) destruição e rompimento de obstáculo – a violência
deve ser contra obstáculo que dificulte a subtração e
não contra a própria coisa.
“A qualificadora do rompimento de obstáculo só se
configura se este é exterior à coisa furtada, e não
interior a ela” (TACRIM-SP – AC – Rel. Azevedo
Júnior – JUTACRIM 14/222).

b) com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada


ou destreza. No tocante a confiança não basta a
relação de emprego entre agente e vítima. É
necessário um relação mais intensa, que possa gerar
104
descuído ou desatenção.
Fraude – é utilização de artifício, ardil, para vencer a
vigilância da vítima.
Escalada – é a penetração no local do furto através de
meio anormal, artificial ou impróprio, que demande
esforço incomum.
Destreza – significa especial habilidade, dissimulação,
não caracterizando o arrebatamento violento.
Emprego de Chave falsa -
Mediante concurso de agentes –

Furto de veículo automotor – pretendeu inibir a


subtração de automóveis (pena de 3 a 8 anos).
a) esqueceu-se de tipificar o chamado furto de uso, tão
corriqueiro na atualidade, que, reconhecidamente
constitui figura atípica.
b) para configuração da qualificadora, não basta que a
subtração seja de veículo automotor. É indispensável
que este “venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior”.
105
Isenção de pena – quando o furto for praticado contra
ascendente, descendente ou cônjuge (companheiro),
na constância da sociedade conjugal.

Furto de coisa comum


Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum.
Pena – detenção de 6 meses a 2 anos, ou multa.

§ 1º. Somente se proecede mediante representação.


§ 2º. Não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.

Bem jurídico – propriedade e posse legítima de coisa


comum.
Sujeito ativo e passivo – condômino (co-
proprietário), co-herdeiro ou sócio.
106
Tipo objetivo – o objeto material é a coisa móvel,
comum. Se for fungível, isto é, puder ser substituída
por outra coisa de mesma espécie, quantidade e
qualidade, a subtração será impunível, desde que não
exceda o valor da quota do agente.

Tipo subjetivo – o dolo.

Consuma-se com a retirada da coisa da esfera


de disponibilidade da vítima.

Classificação – crime próprio, de dano, material,


comissivo, doloso e instantâneo.

Não se admite a forma culposa.

107
ROUBO

Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou


para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência.
Pena – reclusão de 4 a 10 anos, e multa.

§ 1º. Na mesma pena incorre quem, logo depois de


subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º. A pena aumenta-se de um terço a metade:


I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma;
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de
valores e o agente conhece tal circunstância;
108
IV – se a subtração for de veículo automotor que
V – se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade.
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a
pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se
resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem
prejuízo da multa.

Crime complexo – em que o CP protege a posse a


propriedade, a integridade física, a via, a saúde e a
liberdade individual.

Roubo próprio (art. 157, caput) - É o fato de o


sujeito subtrair coisa móvel alheia, para ele ou para
terceiro, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência. Antes do
roubo

Roubo impróprio (art. 157, § 1º) – ocorre quando o


sujeito, logo depois de subtraída a coisa, emprega
109
violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de
Praticada a violência antes e durante a subtração –
Roubo Próprio.
Praticada a violência ou a grave ameaça depois de
apanhada a coisa – Roubo Impróprio.

Roubo difere de furto qualificado pela violência -


porque no primeiro a violência é contra a coisa, e no
segundo, contra a pessoa.

Roubo de uso –
• Constituí crime, uma vez que o fato do sujeito usar a
violência ou grave ameaça para subtrair o bem,
embora não tenha a intenção de ficar definitivamente
com ele, consuma à infração penal.
• Não constitui crime, podendo subsistir
constrangimento ilegal.
110
Elemento subjetivo do tipo – o dolo, não existe na
forma culposa.

Classificação – delito material, instantâneo,


complexo, de forma livre, de dano.

Consumação e Tentativa:
STF – “o roubo se consuma no instante em que o
ladrão se torna possuidor da coisa alheia móvel, não
sendo necessário que ela saia da esfera de vigilância
do antigo possuidor.”
Tentativa no roubo próprio (caput) – quando o sujeito,
iniciada a execução do tipo mediante emprego de
grave ameça, violência própria ou imprópria, não
consegue efetivar a subtração.
Tentativa no roubo impróprio: 1. pode haver
tentativa quando o agente, apesar de ter conseguido
a subtração, é detido por terceiro no instante em que
pretendia usar violência ou grave ameaça;
111
2. não é cabível – se a subtração concretizou-se, não
há que se falar em tentativa de roubo impróprio: ou o
agente usa violência ou grave ameaça e está
consumado o roubo impróprio ou não a utiliza e
mantém-se somente a figura do furto (simples ou
qualificado).

Observa-se que a violência deve ser empregada


logo depois de subtraída a coisa, se exige uma
quase absoluta imediatidade entre a retirada da coisa
e o emprego da violência ou grave ameaça.

Se o sujeito meia hora depois de subtraído o objeto


material, reage não se trata de roubo impróprio, mas
sim de furto consumado em concurso com crime
contra a pessoa.

Concurso de roubo e extorsão: é possível haver,


112
pois são crime de espécies diferentes, cada qual
Se o agente ingressa numa residência, subtraindo
coisas com violência ou grave ameaça, e, em seguida,
obriga a vítima a dar-lhe a senha do caixa eletrônico,
ou faz o ofendido retirar o dinheiro. Roubo e
extorsão em concurso material.

“O réu, após roubar o carro da vítima, obrigou-a a


entregar o cartão 24 horas e o talonário de cheques,
além de coagi-la a assinar alguns desses cheques, o
que caracteriza o delito de extorsão”. Pratica roubo
e extorsão em concurso material.

Causas de aumento de pena – tradicionalmente se


denominam qualificadoras do roubo, todavia, são
causas de aumento de pena, uma vez que não
estabelecem novo quantum, mínimo e máximo para
fixação da sanção, mas somente um acréscimo de um
terço até a metade.
113
As causas de aumento incidem também sobre a pena
pecuniária.

I – se a violência ou ameaça é exercida com


emprego de arma;
Duas posições:

Critério objetivo – a razão da circunstância reside na


maior probabilidade de dano que resulta do
emprego de revolver, punhal e etc. Diante disso, é
necessário que a arma apresente idoneidade ofensiva.
Assim, não agrava pena do roubo o emprego de arma
descarregada, defeituosa e etc.

Critério subjetivo – leva-se em consideração o


maior poder de intimidação do meio executório.
Assim, mesmo que a arma empregada seja ineficaz,
deve incidir a causa de aumento, já que a capacidade
de resistência da vítima foi suprimida.

Simulação de porte: 2 posições, uma que entende


114
como roubo agravado, e a outra entende que não.
Arma de Brinquedo – não caracteriza a majorante
descrita no iniciso I, § 2º, do art. 157, CP.
Revogada a Súmula 174 do STJ, com implicação no
reconhecimento da exasperante, em razão da decisão
do STF no RHC 81057/SP, julgado em 25.05.2004.
A decisão em comento dispôs pela atipicidade do
porte de arma de fogo desmuniciada, e sem que o
agente tivesse, nas circunstâncias, a pronta
disponibilidade de munição.

II – concurso de pessoas – não é necessário que


estejam presentes ao local do fato, sendo suficiente a
concorrência de mais de uma pessoa na prática
delituosa.
Não exige a identificação de todos os co-autores. Pode
haver divisão de tarefas: um assaltanteacossa a
vítima; outro a despoja de seus bens; um terceiro
permanece de sentinela.
Absolvição de co-autores - 2 posições:
1. Não desaparece a circunstância do concurso de
pessoas;
115
2. A circunstância fica excluída.
III – serviço de transporte – não importa a naturez
do valor, pode ser dinheiro, jóias, etc,. A circunstância
exige elemento subjetivo do tipo, uma vez que só
ocorre quando o sujeito tem consciência de que a
vítima está em serviço de transporte de valores.

IV – roubo de veículo automotor – requisitos que o


objeto seja “veículo automotor”; que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
O transporte, nos moldes do tipo, de partes de veículo
subtraído não causa o aumento de pena.

V – se o agente mantém a vítima em seu poder


restringindo sua liberdade.
Restrição de liberdade - causa de aumento introduzida
pela lei 9.426/96. Ex: o assaltante constrange a vítima
a retirar dinheiro de várias caixas automáticas de
bancos; mantém-na seqüestrada por várias horas
depois de consumado o roubo.
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Quanto o seqüestro funciona como meio de execução
do roubo, ou quando o agente mantém o sujeito
passivo em seu poder contra a ação policial - a
jurisprudência tem entendido haver um só crime,
sendo o seqüestro absorvido pelo roubo.

No caso em que a privação da liberdade da vítima


ocorre após a subtração, duas posições, no sentido da
pluralidade de crimes:
1. Existem dois delitos em concurso material;
2. Existe concurso formal.

Concurso de Crimes – se o sujeito num só contexto,


pratica violência ou grave ameaça contra várias
pessoas, produzindo multiplicidade de violações
possessórias, inadmissível a tese de delito único.
Configura-se o Concurso Forma de Delitos – art. 70,
CP.
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Art. 70 – quando o sujeito mediante uma só ação ou
omissão pratica dois ou mais crimes, assim, quando o
agente assaltando duas ou mais pessoas num só
contexto temporal, empregando violência ou grave
ameaça, e subtraindo bens de cada uma, realiza um
só comportamento, entretanto essa unidade de
condutas em face de a multiplicidade de atos dirigir-se
contra o patrimônio de cada uma das vítimas, constitui
pluralidade de crimes. Havendo tantos crimes, quantos
forem as violações possessórias.

Continuidade Delitiva:
A reforma pena de 1984, admitiu expressamente o
crime continuado para delitos que envolvam violência
ou grave ameaça contra a pessoa (roubo), no
parágrafo único, do art. 71, CP.

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