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Fernando Pessoa
Miguel
Torga
• Rebeldia e desafio aos poderes instalados
• Agnóstico
• Prosa próxima da poesia, pelo excesso, pela fuga, pela ritualidade e harmonia
terrível das palavras que se dizem e das coisas que acontecem
• Os textos desta autora são habitados por uma diferença antiga e inabsorvível
entre as figuras do feminino e a figuras do masculino.
O Nobel português
• Autor autodidacta
Expoente do surrealismo
cesariny
Eugénio de Andrade
Tradutor, crítico literário, ensaísta e poeta. São fundamentais na sua obra poética
os temas da terra, da água, do fogo e do ar. Em 1988, foi-lhe atribuído o Prémio
Fernando Pessoa. Recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação
Portuguesa de Escritores em 1989. A obra de António Ramos Rosa conta com
mais de 50 títulos.
antónio lobo antunes
http://bravonline.abril.com.br/blog/joseluispeixoto/
Pai. A tarde dissolve-se sobre a terra, sobre a nossa casa. O céu desfia um
sopro quieto nos rostos. Acende-se a lua. Translúcida, adormece um sono
cálido nos olhares. Anoitece devagar. Dizia nunca esquecerei, e lembro-
me. Anoitecia devagar e, a esta hora, nesta altura do ano, desenrolavas a
mangueira com todos os preceitos e, seguindo regras certas, regavas as
árvores e as flores do quintal; e tudo isso me ensinavas, tudo isso me
explicavas. Anda cá ver, rapaz. E mostravas-me. Pai. Deixaste-te ficar em
tudo. Sobrepostos na mágoa indiferente deste mundo que finge continuar,
os teus movimentos, o eclipse dos teus gestos. E tudo isto é agora pouco
para te conter. Agora, és o rio e as margens e a nascente; és o dia, e a
tarde dentro do dia, e o sol dentro da tarde; és o mundo todo por seres a
sua pele. Pai. Nunca envelheceste, e eu queria ver-te velho, velhinho aqui
no nosso quintal, a regar as árvores, a regar as flores. Sinto tanta falta das
tuas palavras. Orienta-te, rapaz. Sim. Eu oriento-me, pai. E fico. Estou. O
entardecer, em vagas de luz, espraia-se na terra que te acolheu e
conserva. Chora chove brilho alvura sobre mim. E oiço o eco da tua voz,
da tua voz que nunca mais poderei ouvir. A tua voz calada para sempre. E,
como se adormecesses, vejo-te fechar as pálpebras sobre os olhos que
nunca mais abrirás. Os teus olhos fechados para sempre. E, de uma vez,
deixas de respirar. Para sempre. Para nunca mais. Pai. Tudo o que te
sobreviveu me agride. Pai. Nunca esquecerei.
José Luís Peixoto
In Morreste-me, Lisboa, Temas e Debates, 2001
Gonçalo
“... um dos mais prolíficos e elogiados escritores
(poeta, dramaturgo, ficcionista) da novíssima M.
geração da literatura portuguesa”
Tavares
“As mãos nos bolsos de Klaus. Como era estranho aquele seu gesto de esconder
as mãos nos bolsos. As mãos e os olhos eram o fundamento da guerra: sem
mãos é impossível odiar, odeias pela ponta dos dedos, como se estes fossem o
canal habitual e único de uma certa substância química má. As mãos nos bolsos
são um processo de educar o ódio, processo lento quando comparado com
aquele bem mais forte que é a amputação dos braços. Mas só com as mãos nos
bolsos os homens já acalmam.
Com as mãos nos bolsos um homem percebe que não é Deus. Não se chega às
coisas. Se tocares no mundo com a cabeça obterás desse toque sentimentos
secundários; afastados de uma intensidade mínima a que a existência das mãos
te habituou. As mãos tornam-te intenso. O obsceno – isso mesmo -, o obsceno
que é o homem que na guerra, mesmo que numa pausa, põe provocadoramente
as mãos nos bolsos. Assumir que não se é Deus em momento de guerra acto
corajoso e, por estranho que pareça, o único divino. Só os cobardes fingem que
são Deus.” in Um Homem: Klaus Klump
bocage antónio aleixo vasco graça
moura camilo castelo branco david
mourão-ferreira al berto luiz pacheco
natália correia vitorino nemésio
urbano tavares rodrigues inês pedrosa
florbela espanca jorge de sena josé
cardoso pires lídia jorge luísa costa
gomes vergílio ferreira mafalda ivo
cruz nuno júdice raúl brandão rui
belo sebastião alba soror mariana
alcoforado teixeira de pascoaes
teolinda gersão vieira de castro