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Escola Secundária Martins

Sarmento

Docente:Conceição Ferreira
LUÍS de CAMÕES
1- Biografia
• Nasceu em 1524 ou 1525, mais
provavelmente em Lisboa;
• Oriundo de uma família pobre da
pequena nobreza;
• Estudou em Coimbra e frequentou a
corte de D. João III;
• Em 1547 partiu para Ceuta, e, numa
disputa com os mouros, perdeu o
olho direito;
• De volta a Portugal, envolveu-se em
duelos e outras rixas, o que lhe
custou um ano de prisão;
• Em 1553, participou em expedições
militares à Índia, depois a Macau, e,
quando se dirigia a Goa, naufragou, já
em 1556, nas costas do Camboja;
• Conta-se que se salvou, nadando
apenas com um braço e erguendo o
outro acima das ondas para salvar o
manuscrito de Os Lusíadas,
publicado somente em 1572.
• Em 1562 é preso por dívidas, e, em
1567, está em Moçambique onde Diogo
do Couto o encontra vivendo pobre e,
por isso, o alimenta e lhe paga a
passagem e uma dívida;

• Embarca para Lisboa em 1569,


chegando a Cascais no ano seguinte;

• Trazia Os Lusíadas e, em 1575, D.


Sebastião atribui-lhe uma tença anual;

• Camões morre em 10 de Junho de 1580


e é sepultado em campa rasa sem
letreiro da parte de fora do mosteiro de
Santa Ana, como qualquer outro;

• O seu enterro foi pago por uma


instituição de beneficiência;

• Hoje, aqueles que são tomados como


os seus restos mortais estão nos
Jerónimos.
Conclusão:
a) Camões nasceu e viveu desconhecido;

b) viveu sempre pobre e muitas vezes suportou a miséria;

c) frequentou ora a vida boémia, ora os meios aristocráticos e mesmo a


própria Corte;

d) percorreu e conheceu várias regiões: Ceuta, onde perdeu um dos


olhos, Índia, China, Moçambique.

e) adquiriu manifesta cultura esmerada e profunda formação humanista;

f) foi infeliz nos amores, havendo quem afirme ser essa um dos motivos
do seu degredo;

g) foi, mesmo assim, por vários motivos, desterrado.


2- Bibliografia
• Epopeia: Os Lusíadas, 1572;

• Poesia lírica: constituída por redondilhas, sonetos, canções,


odes, elegias e éclogas:

• 1595 - Amor é fogo que arde sem se ver


• 1595 - Verdes são os campos
• 1595 - Sôbolos rios que vão
• 1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
• 1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
• 1595 - Alma minha gentil, que te partiste
• 1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

• Teatro:
◊ Auto do Filodemo, (1578);
◊ Auto dos Anfitriões (1578);
◊ Auto de El-Rei Seleuco (1645).
3- Contexto Cultural
3.1- Renascimento
• O Renascimento pode definir-se como
movimento cultural nascido em Itália
no séc.XV, percebido através da arte,
literatura, filosofia e ciência,
considerado como um marco final da
Idade Média e o início da Idade
Moderna.

Homem de Vitrúvio, Leonardo da Vinci, 1492


Características principais:

• O homem é a medida de todas as


coisas - valorização do homem, suas
qualidades e virtudes. Tudo no
universo deve ser avaliado na sua
relação com o Homem;

• Ideal de universalidade: seu ideal de


universalidade era aquele que
conhecia as artes e as ciências.
A valorização do ser humano Leonardo da Vinci foi considerado o
resultou na criação de muitas telas modelo de homem renascentista.
e esculturas que valorizavam as
formas humanas ou que retratavam
corpos nus. Escultura de
Michelangelo, concluída em 1504.
Pintura do Renascimento Arquitectura do Renascimento

O Nascimento de Vénus, Sandro Cúpula da Santa Maria del Fiore, em


Botticelli, c. 1485 Florença, Itália.
3.2- Humanismo
• Doutrina centrada nos interesses e valores humanos,
sobrepondo-se estes a valores religiosos ou
transcendentais.

• Num sentido mais restrito, o termo designa também um


movimento intelectual europeu do Renascimento, que
influenciou a cultura da época nas vertentes literária e
artística.

• Caracterizou-se pela valorização do espírito humano e


por uma atitude crescentemente individualista, a par de
um grande interesse pela redescoberta das obras
artísticas e literárias da antiguidade clássica.

• Erasmo é um exemplo do humanista renascentista


(teólogo, filósofo, retórico).

• Em Portugal, apesar de o culto das letras greco-latinas


remontar, pelo menos, ao segundo quartel do século XV,
o humanismo atingiu o seu ponto alto no séc. XVI. Entre
Erasmo de Roterdão- 1466- as figuras de maior destaque deste período contam-se
1536 Sá de Miranda, Damião de Góis e André de Resende.
Camões vive no Séc. XVI.

Storck afirma-o como «filho legítimo do


Renascimento, e humanista dos mais
doutos e distintos do seu tempo».
3.3- Ambiente Social e Cultural
• As cruzadas do Ocidente e do
Oriente contra os Mouros;

• O progresso técnico e científico: o


• Os Lusíadas não uso da bússola e de outros
aparecem por acaso. instrumentos náuticos; o
Factores económicos, progresso da Astronomia;
sociais e culturais
• A Emoção Colectiva gerada pelas
anteriores ao século de
sucessivas descobertas;
quinhentos contribuíram
para a concretização de • Os Descobrimentos e o papel
uma obra que imortalizou desempenhado pelo Infante D.
o nosso Épico. Henrique, que culminaram com a
viagem de Vasco da Gama à Índia;

• O ambiente geral do séc. XVI é,


• Foram principalmente: assim, propício ao aparecimento de
alguém que, sendo capaz, escreva
uma Epopeia.
• As Ideias Renacentistas;

• O Homem como centro das coisas e do


pensamento, e a sua vitória sobre os deuses –
Forças da Natureza;

• A descrença num conhecimento obtido pela mera


dedução, livresco, próprio da Idade Média, e a
valorização do método indutivo, ou seja, do
conhecimento obtido pela experiência;

• O incitamento de alguns “mestres” do


Classicismo à elaboração de uma Epopeia. Por
exemplo, António Ferreira escreve a Pêro Vaz de
Caminha desta forma:

«Quando será que eu veja a clara história


De home português por ti entoada
Que vença da alta Roma a grã memória?»
4 - Epopeia

ou

Poema Épico
4.1- Conceito
Ilíada em Imagens • A Epopeia é um dos géneros literários mais
nobres da Literatura Clássica

• . É uma narrativa épica, com determinada


estrutura e forma, que canta os feitos gloriosos
de um povo e de interesse não só nacional, mas
mundial.

• Escreveram Epopeias os escritores gregos e


romanos:

• Homero

Ilíada
E tudo começou por amor, traição e luxúria.
Páris, filho de Príamo, o Rei de Tróia, durante
uma embaixada a Esparta, rapta a mais bela • Virgílio
das mortais, Helena, mulher de Menelau, Rei Odisseia
de Esparta. E depois foi a Guerra. A Guerra,
real ou fictícia, entre gregos e troianos; a
guerra que Agamémnon, Rei de Micenas, e
irmão de Menelau, desejava. Aquele acto de
loucura foi apenas o pretexto para um Eneida
conflito que há muito estava determinado...
• Entre os clássicos modernos (séc.
XIV XV e XVI) poderemos citar:

• Dante Divina Comédia

• Boiardo Orlando Enamorado

A obra é um poema narrativo que narra


uma odisseia pelo Inferno, Purgatório e
Paraíso. Dante, a personagem da
história, é guiado pelo inferno e • Ariosto Orlando Furioso
purgatório pelo poeta romano Virgílio.
4.2- Características
• Acção - uma acção principal
que dá unidade ao Poema e
outras acções secundárias e
peripécias que dão variedade ao
enredo.

• Herói - o protagonista ou agente


principal da acção pode ser
individual ou colectivo. Além do
protagonista, há vários heróis
secundários que vão
desempenhando várias funções.
Ode ao Mar - Pintura de Turner, 1775- 1851.

• Narrador - «Não há narrativa


sem narrador».
• Maravilhoso - intervenção de seres
sobrenaturais ou mitológicos no
desenvolvimento da acção. Pode
ser pagão (intervenção das
divindades pagãs) ou cristão
(quando há intervenção directa ou
indirecta de Deus).

• Forma – O poema épico é uma


narrativa especial: distingue-se
pela forma de Poema dividido em
Cantos; estes, quase sempre,
dividem-se em estrofes que, por
sua vez, são formados por um
conjunto de versos - quase sempre
oito (oitavas). O verso é sempre de
Júpiter, supremo deus do Olimpo dez sílabas: heróico (acentos na 6ª
e 10ª) e, às vezes, sáfico ( acentos
na 4ª, 8ª e 10ª sílabas).
5- Os Lusíadas
• O primeiro autor a utilizar este termo Lusíadas
parece ter sido André de Resende que considera a
invenção sua.

1- Título

• Camões utiliza-o à semelhança de outros autores


de poemas épicos: Eneida, Ilíada, mas no plural, dado
que o seu herói não é um indivíduo, mas uma
colectividade.
• Se lermos o 5º verso da 3ª estrofe do Canto I, o poeta
resume numa frase o objectivo da sua obra:

QUE EU CANTO O PEITO ILUSTRE LUSITANO.

Toda a Proposição se ordena assim:


Cantando espalharei por toda a parte:

2- Assunto a) As armas e barões assinalados;

b) E também as memórias gloriosas


Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas;

c) E aqueles que por obras valerosas


Se vão da lei da Morte libertando.
• Camões canta, portanto, o POVO PORTUGUÊS, os
descendentes de LUSO, os LUSITANOS, os
LUSÍADAS;

• Canta a ALMA deste povo, a sua História, os seus


Heróis;

• Ao contrário de Fernão Lopes, nos grandes


momentos não aparece a «arraia miúda», mas
personagens individuais que conduzem o fio da
acção;

• O protagonista desta Epopeia é, portanto, a


personagem colectiva – o povo;

• Ou melhor: um grupo de heróis que tomam a


forma de herói épico em Vasco da Gama e noutros
heróis circunstanciais, entre os quais D. Afonso
Henriques, Afonso IV, Nuno Álvares Pereira…
• A obra divide-se em dez partes, às quais se
chama cantos.

• Cada canto tem um número variável de


estrofes (em média de 110). O canto mais longo
é o X, com 156 estrofes.

• As estrofes são oitavas, portanto


constituídas por oito versos.

3- Estrutura • Cada verso é constituído por dez sílabas


métricas; nas sua maioria, os versos são
Externa heróicos (acentuados na sexta e décima
sílabas).

• O esquema rimático é o mesmo em todas as


estrofes da obra, sendo, portanto, rima cruzada
nos seis primeiros versos e emparelhada nos
dois últimos (AB-AB-AB-CC).

1- Proposição:

. Canto I, est. 1-3, em que Camões proclama cantar:

a) as grandes vitórias e os homens ilustres - “as


armas e os barões assinalados”;
4- Estrutura
Interna b) as conquistas e navegações no Oriente
(reinados de D. Manuel e de D. João III);

c) as vitórias em África e na Ásia desde D. João a


D. Manuel, que dilataram “a fé e o império”; ;

d) todos aqueles que pelas suas obras valorosas


“se vão da lei da morte libertando”, todos aqueles que
mereceram e merecem a “imortalidade” na memória
dos homens.
A proposição aponta também para os “ingredientes”
que constituíram os quatro planos do poema:

a) Plano da Viagem - celebração de uma viagem:


"...da Ocidental praia lusitana / Por mares nunca de antes
navegados / Passaram além da Tapobrana...";

b) Plano da História - vai contar-se a história de um povo:


"...o peito ilustre lusitano..."."...as memórias gloriosas /
Daqueles Reis que foram dilatando / A Fé, o império e as
Estrutura terras viciosas / De África e de Ásia...";
Interna (cont.):
c) Plano dos Deuses (ou do Maravilhoso) - ao qual os
Portugueses se equiparam:
"... esforçados / Mais do que prometia a força
humana..."."A quem Neptuno e Marte obedeceram...";

d) Plano do Poeta - em que a voz do poeta se ergue, na


primeira pessoa:
"...Cantando espalharei por toda a parte. / Se a tanto me
ajudar o engenho e arte..."."...Que eu canto o peito ilustre
lusitano...".
Invocação:

• Canto I, est. 4-5, o poeta pede ajuda a entidades


mitológicas, chamadas musas. Isso acontece várias
vezes ao longo do poema, sempre que o autor
necessita de inspiração:

Tágides ou ninfas do Tejo (Canto I, est. 4-5);

Estrutura Calíope - musa da eloquência e da poesia épica


Interna (cont.): (Canto II, est. 1-2);

Ninfas do Tejo e do Mondego (Canto VII, est. 78-


87);
Calíope (Canto X, est. 8-9);

Calíope (Canto X, est. 145).


Dedicatória:

• Canto I, est. 6-18. É o oferecimento do poema a D.


Sebastião, que encara toda a esperança do poeta, que
quer ver nele um monarca poderoso, capaz de retomar “a
dilatação da fé e do império” e de ultrapassar a crise do
momento.

• Termina com uma exortação ao rei para que também se


Estrutura
Interna (cont.): torne digno de ser cantado, prosseguindo as lutas contra
os Mouros.

Exórdio (est. 6-8) - início do discurso;


Exposição (est. 9-11) - corpo do discurso;
Confirmação (est. 12-14) - onde são apresentados os
exemplos;
Peroração (est. 15-17) - espécie de recapitulação ou
remate;
Epílogo (est. 18) - conclusão.
Narração:

• Começa no Canto I, est. 19. Constitui a acção


principal que, à maneira clássica, se inicia “in
medias res”, isto é, quando a viagem já vai a meio,
“Já no largo oceano navegavam”, encontrando-se já
os portugueses em pleno Oceano Índico.

Estrutura
Interna (cont.): • Este começo da acção central, a viagem da
descoberta do caminho marítimo para a Índia,
quando os portugueses se encontram já a meio do
percurso do canal de Moçambique, vai permitir:
Narração (cont.):

a) A narração do percurso até Melinde (narrador


heterodiegético);
b) A narração da História de Portugal até à
viagem (por Vasco da Gama);
c) A inclusão da narração da primeira parte da
viagem;
d) A apresentação do último troço da viagem
Estrutura Interna (narrador heterodiegético).
(cont.):

OBS:
• A História de Portugal está encaixada na viagem.
• As considerações pessoais aparecem normalmente
nos finais de canto e constituem, de um modo geral, a
visão crítica do poeta sobre o seu tempo.
Planos Temáticos:
1- Plano da Viagem:

A narração dos acontecimentos durante a viagem entre Lisboa e Calecut:

a) Partida a 8 de Julho de 1497 (Canto IV, est. 84 e seguintes);

b) Peripécias da Viagem;

c) Paragem em Melinde durante 10 dias;

d) Chegada a Calecut a 18 de Maio de 1498;

e) Regresso a 29 de Agosto de 1498;

f) Chegada a Lisboa a 29 de Agosto de 1499.


2- Plano da História de Portugal:

Em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei os acontecimentos


de toda a nossa história, desde Viriato até ao reinado de D.
Manuel I (Grande Analepse).

Em Calecut, Paulo da Gama apresenta ao Catual os episódios


e as personagens representados nas bandeiras das naus.

A história posterior à viagem de Vasco da Gama é-nos narrada


em prolepse, através de profecias.
3- Plano do Poeta (INÍCIO E FINAIS DE CANTO:

a) Refere aquilo que o homem tem de enfrentar: “os grandes e


gravíssimos perigos”, a tormenta e o dano no mar, a guerra e o
engano em terra (Canto I, est. 105-106);

b) Põe em destaque a importância das letras e lamenta que os


portugueses nem sempre saibam aliar a força e a coragem ao
saber e à eloquência (Canto V, est. 92-100);

c) Realça o valor das honras e da glória alcançadas por mérito


(Canto VI, est. 95-96);

d) Faz a apologia da expansão territorial por espalhar a fé cristã.


Critica os povos que não seguem o exemplo do povo português
que, com atrevimento, chegou a todos os cantos do mundo (Canto
VII, est. 2-14);

e) Lamenta a importância atribuída ao dinheiro, fonte de


corrupções e de traições (Canto VII, est. 96-99);
f) Explica o significado da Ilha dos Amores (Canto IX, est. 89-92);

g) Dirige-se a todos aqueles que pretendem atingir a imortalidade,


dizendo-lhes que a cobiça, a ambição e a tirania são honras que não
dão verdadeiro valor ao homem (Canto IX, est. 93-95);

h) Confessa estar cansado de “cantar a gente surda e endurecida”


que não reconhecia nem incentivava as suas qualidades artísticas que
reafirma nos seus últimos 4 versos da estrofe 154 do Canto X, ao
referir-se ao seu “honesto estudo”, à “longa experiência” e no
“engenho”, “causas que raramente”. Reforça a apologia das letras
(Canto V, est. 92-100);

i) Manifesta o seu patriotismo e enxerta D. Sebastião a dar


continuidade à obra grandiosa do povo português (Canto X, est. 145-
156).
4- Plano da Mitologia:

A mitologia permite a evolução da acção (os deuses assumem-se como


adjuvantes ou como oponentes dos portugueses) e constitui, por isso, a
intriga da obra.
FIM

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