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Práticas Lectivas/Formação Contínua de Professores

Maria Isabel Fevereiro e Maria do Carmo Belchior *

Desde a entrada em vigor do programa ajustado de Matemática em 97/98 que o apoio à Nas modalidades Círculo de Estudos e Projecto podem ser os próprios participantes nas
formação de professores tem merecido uma especial atenção por parte do Departamento acções de formação a proporem ao seu centro de formação uma acção que procure
do Ensino Secundário (DES). É o caso da formação dos professores acompanhantes locais, responder a uma preocupação profissional sentida pelo grupo. No Círculo de Estudos,
como agentes dinamizadores e promotores do encontro de professores de escolas vizi- o objectivo da acção será a busca de solução para esse problema e no Projecto será,
nhas com o objectivo de proceder a uma reflexão tão profunda quanto possível sobre o para além disso, a intervenção sobre o problema procurando alterar a situação. Logo,
programa ajustado e de promover debates e trocas de experiências de práticas lectivas enquanto o Círculo de Estudos é essencialmente um estudo conjunto, o Projecto é
inovadoras. Por outro lado, o DES, em colaboração com Centros de Formação de uma acção conjunta, sendo ambos centrados na escola e promovidos por um grupo de
Associações de Escolas, tem apoiado o lançamento de oficinas de formação. professores.
Face às propostas de desenvolvimento do currículo constantes nos programas ajustados, Quanto às Oficinas de Formação e Estágios são essencialmente centrados na apli-
nomeadamente no que se refere à relação da Matemática com a realidade, à utilização cação/experimentação e reflexão/melhoramento das práticas profissionais. Na Oficina
de novas tecnologias ou de abordagens mais apoiadas numa variedade de representações de Formação pretende-se experimentar e melhorar os meios materiais de acção,
matemáticas, considerou-se que as oficinas podiam constituir um importante espaço de tornando-se importante a presença de um grupo em que o número de participantes
formação e de reflexão. Em particular, proporcionando formações centradas nas práticas poderá oscilar entre 10 a 20 professores. O Estágio tem como característica dominante
lectivas que, de acordo com as orientações dos programas, possam também estimular o a intervenção supervisionada dos formandos no espaço profissional, seguida de
desenvolvimento e a selecção de materiais e de tarefas a propor aos alunos. reflexão e proposta de melhoramento discutida com o formador, não sendo aconse-
O DES tem acompanhado de perto, através dos acompanhantes locais, a concretização lhável mais de 5 participantes.
do programa e a evolução das necessidades de formação dos professores que se têm A justificação para a promoção de acções de formação que se organizam segundo estas
manifestado sobretudo na área das práticas pedagógicas. modalidades deve prever os problemas ou necessidades de formação que levam às
Até agora, as modalidades de formação centradas nos conteúdos e destinadas essen- mudanças das práticas pedagógicas ou procedimentos na escola, identificados previa-
cialmente à aquisição de conhecimentos, ao estudo das problemáticas do sistema mente pelos professores, a fim de que aí possam construir respostas práticas adequadas
educativo e da função docente, têm sido as mais procuradas pelos professores (através aos problemas diagnosticados.
essencialmente dos cursos de formação) quer seja pela diversidade de ofertas quer seja Pensamos que os professores acompanhantes locais podem ter nesta área um papel
por hábito e desconhecimento de outros tipos de formação. Sendo estas modalidades muito importante, quer ajudando a divulgar e promover as diversas modalidades de
muito úteis no desenvolvimento de conhecimentos, capacidades atitudes e competên- formação, quer dinamizando e colaborando no que lhes for solicitado para a realiza-
cias dos professores não garantem por si sós, a concretização dessas aquisições pessoais ção das mesmas. Tem sido já prática corrente de alguns acompanhantes promover, nas
e profissionais nas salas de aula. É importante que sejam divulgadas modalidades que escolas que acompanham ou mesmo a nível distrital, encontros onde o debate e a troca
se desenvolvem em contexto escolar (os Círculos de Estudos, as Oficinas de Formação de experiências incide sobretudo na divulgação e utilização dos materiais tecnológicos
os Projectos e os Estágios) centradas nas práticas e orientadas para a resolução de pro- de suporte às práticas lectivas (as calculadoras gráficas, os computadores e software ade-
blemas das escolas e para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Uma das quado, os sensores CBL e CBR), nas actividades de modelação, nas actividades de inves-
características mais importantes das modalidades de formação que se realizam em con- tigação, na resolução de problemas e na avaliação formativa. É muito importante dar
texto é a possibilidade de se analisarem as práticas na sequência do esforço de formação continuidade a este trabalho, aprofundá-lo, desenvolvê-lo e divulgá-lo, de forma a que
realizado. Isto significa que, a partir de problemas ou necessidades comuns, o grupo em se estenda ao maior número de escolas possível.
formação vai procurar encontrar predominantemente planos de acção e procedimentos Toda a informação referente à formação contínua encontra-se disponível na Internet no
(nos Círculos de Estudo e Projectos), meios de acção e materiais (nas Oficinas) ou inter- endereço http://www.ccpfc.uminho.pt.
venções profissionais (nos estágios), que respondam aos problemas ou necessidades
diagnosticados. * Profesoras, responsáveis pela Matemática , no Departamento do Ensino Secundário.
Biblioteca Matemática

Nesta secção iremos referenciando livros


recentes em língua portuguesa de especial
interesse para os professores de Matemática
Colégio de Gaia - Um problema simples com recurso a Calculadoras
e que recomendamos façam parte das
bibliotecasdas escolas secundárias.
António Gonçalves e Paulo Costa *

Os professores do Colégio de Gaia incentivam os seus alunos imagens das calculadoras, evitando deste modo gastar tempo
para que pesquisem na Internet sites com interesse no sentido no estudo de programas gráficos demasiado complicados.
de aprofundarem assuntos tratados nas aulas. Um aluno do
Note-se que só é permitido usar as capacidades do emulador
Curso Tecnológico de Electrónica, encontrou emuladores de
a quem possua a respectiva máquina de calcular. Para mais
calculadoras gráficas T.I. e como possuía a TI-83, calculado-
informações sugerimos uma visita aos sites:
ra adoptada pelo Colégio, deu disso conhecimento ao profes-
sor daquela disciplina, que por sua vez comunicou a http://rusty.acz.org – Página do autor do emulador.
“descoberta” ao Grupo de Matemática que achou o assunto http://www.ticalc,org – Excelente arquivo de programas e
interessante. informações para calculadoras TI.
O nosso colega, professor Paulo Costa, “especialista” na net, Segue-se um exemplo do que se pode fazer, quer se trate de
empenhou-se no sentido de explorar as potencialidades do Matemática ou de outra disciplina que a requeira.
Investigações matemáticas emulador. Conseguiu assim “transferir” os sistemas operativos
na aula e no currículo Como exemplo, neste caso, vamos ver a vantagem que se
Paulo Abrantes, João Pedro da Ponte et al.
das calculadoras com que trabalhamos, TI-83, TI-83+ e TI-92
Grupo “Matemática para todos - para o computador. Este facto tem relevância, porque possi- pode retirar do uso simultâneo da TI-83 e da TI-92 ou TI-89,
- investigações na sala de aula”, bilita a abordagem de questões que envolvem o uso da ambas a trabalharem no ecrã do computador.
Lisboa, 1999 máquina de uma forma diferente, diversificando estratégias:
Ed. Associação de Professores de Matemática
Trata-se de resolver uma questão simples, aparentemente não
os alunos podem usar a calculadora limpa, sem perderem contemplada no Programa Oficial: medir a distância de um
Este livro reúne um conjunto de artigos programas que tenham memorizados na sua, ou, de uma ponto a uma recta.
elaborados no âmbito forma simples transferirem programas para o emulador.
do Projecto “Matemática para Todos” Torna-se assim possível ilustrar melhor explorações e con- Escolhemos ao acaso o ponto A = (4, – 3), e a recta de
à volta da incorporação,
clusões, sobretudo num trabalho de grupo, dado que podem equação f (x) = 7x + 1. Trata-se pois de definir uma distância
nas aulas e nos currículos de matemática,
“capturar” e “colar” os ecrãs do emulador nos relatórios que (Euclidiana), entre os pontos:
de actividades de natureza investigativa
realizada pelos alunos. Segundo elaborarem. A = (4, – 3) e (x, 7x + 1), D (A, F) = d (x)
os organizadores do volume,
Para os Professores também é útil, uma vez que podem d (x) = √(x – 4)2 + ((7x + 1) – (– 3))2
“as actividades de investigação
podem ser inseridas, naturalmente, preparar fichas de trabalho ou testes escritos, ilustrados com d (x) = √50x2 + 48x + 32
em qualquer parte do currículo,
representando na verdade um tipo
de trabalho que tem um carácter
transversal na disciplina de Matemática”.
O Programa Ajustado de Matemática (1997)
recomenda que “o professor deve prever,
desde o início do ano, momentos
para o desenvolvimento
de trabalhos individuais,
trabalhos de grupo, trabalhos de projecto
e actividades investigativas” (pág. 14)
Este livro fornece pois elementos
de reflexão importantes para o Programa
até porque, de acordo com
os organizadores do livro
“o trabalho realizado por este projecto
confirma as potencialidades da actividade
investigativa para a aprendizagem
da Matemática e dá muitas pistas sobre
o modo como ela se pode inserir
nas actividades das escolas”.

In f or Ma t
2
mples com recurso a Calculadoras
e Paulo Costa *

Técnica de procedimento: Estatística e Calculadoras Gráficas


Grupo de trabalho T 3-Portugal
TI-83 – Cálculo da distância aproximada. TI-92 – Cálculo da distância exacta. APM, Lisboa, 1999
Começamos por visualizar o gráfico da função: Começamos por calcular a derivada da função:
Esta publicação contém actividades
sobre Estatística, redigidas tendo em vista
uma possível utilização na sala de aula;
contém ainda comentários sobre
as actividades e propostas de resolução
das mesmas. São utilizadas as calculadoras
gráficas (aliás é difícil pensar que se possa
fazer estatística elementar no ensino
secundário sem usar calculadoras gráficas)
e num caso é utilizado um sensor
para recolha de dados.

Determinamos o mínimo, que é a distância: Determinamos o valor exacto do zero da derivada da função:

O homem que só gostava de números


Paul Hoffman
Gradiva, Lisboa, 2000
Com o valor exacto do minimizante, calculamos o valor exacto
do mínimo: Este livro contém a biografia de um
dos matemáticos mais originais e brilhantes
de todos os tempos e certamente um
dos maiores matemáticos do século XX:
o húngaro Paul Erdös. Este é um texto
delicioso e imperdível pois Erdös era uma
personalide excêntrica e muito humana
de que o livro conta episódios saborosos
sem fim. Fala de muitos problemas em que
trabalhou (a maioria de teoria de números)
e de muitos dos matemáticos com que
se encontrou ao longo da vida,
como Einstein, o malabarista Graham,
o inglês Hardy e o especialista de teoria
de conjuntos Stan Ulam. Erdös era um
matemático que trazia sempre um bloco
de notas para não se esquecer de nenhuma
das ideias que tinha 24 horas por dia e era
capaz de demonstrar um par de teoremas
Pode assim determinar-se a distância de um ponto a outras e os valores exactos trabalhando simultaneamente com as numa festa, mas não gostava de números
funções calculando o mínimo absoluto de d (x). Havendo duas calculadoras e recorrendo à impressão dos gráficos e imaginários e escorregou no célebre
dos resultados com grande comodidade. problema de probabilidades de Monty Hall
tempo poderiam mesmo experimentar-se outras métricas. (o problema das três portas). Um livro
A vantagem, neste caso, é obterem-se os valores aproximados * Delegado de Grupo e professor de Matemática do Colégio de Gaia indispensável a qualquer professor
se quiser considerar que tem cultura
matemática e claramente recomendável
In for M at aos alunos mais interessados pela
3 Matemática.
Tema Central

Modellus: uma ferramenta computacional para criar e explorar modelos matemáticos


Vítor Duarte Teodoro *

A importância do uso da tecnologia linguagem de programação que se procurou difundir


na educação em Matemática e em na educação em Matemática mas que hoje é prati-
Ciências camente desconhecida pelos professores), parece ter
tido finalmente sucesso, um sucesso que deve muito
aos avanços do modo como se interage com o
A mais recente versão dos “Principle and Standards computador (rato, ambientes gráficos, manipulação
for School Mathematics” (NTCM, Draft, 1998) esta- directa, ícones, etc.).
belece seis princípios que devem orientar os currícu-
los de Matemática. Um desses princípios afirma
explicitamente que “os programas de Matemática
devem usar tecnologia para auxiliar todos os estu- Mais de vinte anos de investigação...
dantes a compreender a Matemática e prepará-los
1.º exemplo: uma família de funções. Com o Modellus é possível criar
para utilizar a Matemática num mundo que cada vez vários “casos”, isto é, conjuntos de valores de parâmetros de uma função
A criação de ferramentas computacionais de carácter
mais depende da tecnologia.” Desde há alguns anos (ou condições iniciais de variáveis independentes, de variáveis que são exploratório, para utilização em educação, como é o
iteradas ou ainda de variáveis que são integradas). Na janela de gráficos
que a influência deste princípio se tem vindo a sen- é possível observar pontos ou linhas (união de pontos), bem como tan-
caso do Modellus, dos programas de geometria
tir nos currículos em Portugal, nomeadamente no gentes em cada ponto. As tangentes podem ser “animadas”. O domínio dinâmica (Sketchpad, Cabri, Cinderella, Supposer, etc.)
caso da obrigatoriedade da utilização de calculado- e o passo da variável independente são definidos na janela de controlo. e de diverso outro software é o resultado de um vasto
ras gráficas. Infelizmente, o mesmo não tem suce- esforço internacional de investigação e desenvolvi-
dido com o ensino das Ciências, em particular o da mento, começado no princípio dos anos 80.
Física. Nesta disciplina, em Portugal, o uso da tec- Os resultados deste esforço de investigação é hoje já
nologia ainda é visto com desconfiança por muitos praticamente um património adquirido a nível da
professores e alguns responsáveis educativos apesar definição de currículos, apesar de ainda não o ser na
de ser hoje evidente a influência que tem o uso de prática de ensino. De facto, a generalização deste tipo
equipamentos computacionais na criação de co- de ferramentas no ensino e na aprendizagem tem-se
nhecimento científico. Essa é uma influência tão revelado muito mais complexa do que parecia inicial-
grande que a National Academy of Sciences dos mente. Isto é devido, em parte, à enorme complexi-
EUA considera que “a computação científica se dade das organizações educativas e à dificuldade de
tornou de tal modo parte da prática da ciência e da mudança da cultura profissional dos professores.
engenharia que pode ser considerada um terceiro 2.º exemplo: utilizando uma fotografia para determinar o modelo de uma Como disse um famoso cientista, “education is much
tipo de metodologia fundamental de investigação – curva. A versão 2 do Modellus possui diversas ferramentas que permitem more complex than rocket science!”. Sem dúvida,
efectuar medidas em fotografias, vídeos, gráficos, etc. Neste exemplo,
em paralelo com os paradigmas clássicos de ciências determinaram-se as coordenadas do vértice de uma parábola (movimen- parece mais fácil ir à Lua do que utilizar tecnologia na
teóricas e ciências experimentais”. to de uma bola, num ressalto) e utilizaram-se esses valores para obter a escola. Dos factores que favorecem a renovação das
equação da parábola. Uma vez obtida esta equação, criou-se uma “bola”
com coordenadas dadas pelo modelo e investigou-se a razoabilidade
práticas escolares, dois são de importância fundamen-
A utilização da tecnologia não se destina, simples-
desse modelo, comparando as posições da “bola” com as da fotografia. tal: a existência de condições organizacionais nas
mente, a “facilitar” os cálculos ou as medidas. A tec- escolas (laboratórios organizados e funcionais, docu-
nologia permite transformar os processos de pen- mentação, apoio, etc.) e a formação e acompa-
samento, os processos de construção do conheci- nhamento de professores. E, nestes factores, mais
mento. É difícil de exemplificar isso num texto curto importante do que a qualidade da investigação e do
e simples como este. Mas, quem já utilizou um pro- software é a qualidade e quantidade da acção, da inter-
grama de geometria dinâmica ou um programa de venção. Sem dúvida, muito há a fazer nestes aspectos.
modelação com funções e equações diferenciais
sabe bem o que isso pode significar. A ideia base é
simples: a tecnologia permite reificar, isto é, con-
cretizar, os “objectos abstractos”. Esses “objectos A natureza da Ciência e a modelação
abstractos” (figuras e relações geométricas, equa-
ções, funções, vectores, etc.) adquirem o estatuto de 3.º exemplo: representação do movimento da Terra e de Marte, em A Ciência é um processo de representação do
“objectos directamente manipuláveis” – o que a sim- relação ao Sol. À esquerda, o movimento visto “de fora” do sistema Mundo, sempre sujeito a reformulação. A linguagem
solar, tomando o Sol como origem do referencial. À direita, o movi-
ples manipulação em papel não permite. Esta ideia, mento do Sol e de Marte vistos da Terra. As equações do movimento
matemática desempenha em muitas ciências um
que já vem pelo menos de Papert e do Logo (uma utilizam funções trigonométricas simples. papel fundamental nessa representação.

I nf o r Ma t
4
Tema Central

para criar e explorar modelos matemáticos


eodoro *

A representação do Mundo é, muitas vezes, confun- camente, o Modellus possui um “motor” de deri-
dida com “explicação”. Na realidade, o discurso vação simbólica que lhe permite calcular e repre-
científico tem mais a ver com “representações” do sentar graficamente a derivada de qualquer função.
que com “explicações”. Por exemplo, a lei da gravi- A sintaxe da escrita na janela “Modelo” é pratica-
tação universal, de Newton, é uma forma de repre- mente igual à sintaxe da escrita em papel. A variável
sentar através de um modelo matemático a inter- independente é inicialmente designada por t mas
acção entre os planetas. Nada nos diz acerca do que pode ser designada por qualquer outra letra (uti-
é a gravitação. O poder da linguagem matemática lizando o botão “Opções...” na janela “Controlo”).
resulta, pois, não da sua capacidade de explicação, Como não é possível a um computador utilizar todos
mas sim da sua capacidade de representação e de os números reais num certo intervalo, o passo da va-
“mimetização” da Natureza. Isto é, utilizando 4.º exemplo: uma animação da construção de uma recta utilizando a riável independente (definível também no botão
equações, é possível reproduzir no papel (no caso de respectiva equação vectorial. O vector v é o vector director. O vector “Opções...”) desempenha um papel importante.
director, bem como o ponto A, pode ser alterado enquanto decorre a
Newton, que não tinha computador mas tinha assis- animação. Este ficheiro está protegido por uma password, não poden- No Modellus podem ver-se múltiplas representações
tentes e paciência para realizar inúmeros cálculos do o utilizado modificá-lo. A janela “Modelo” está “escondida”, de
modo a se poder ver apenas a animação. de relações matemáticas. Por exemplo, podem ver-se
repetitivos...) ou no computador o que se passa no
equações, tabelas, gráficos e animações. A possibili-
céu!
dade de ver ou construir animações é a característi-
A palavra “modelação” pode ser praticamente con- ca mais original do Modellus. Uma animação é,
siderada como “um processo de representação”. Um muitas vezes, uma forma de testar a “lógica” de um
modelo é uma representação. Um modelo matemáti- modelo. Se a animação “funciona”, então é prová-
co, que é uma forma específica de representação, é vel que o modelo esteja correcto! Uma animação
uma representação que utiliza objectos matemáti- construída com base num modelo é, assim, uma
cos, como são as funções, as figuras geométricas, forma de concretizar esse modelo.
etc. Os modelos matemáticos têm enorme importân-
cia porque são representações sintéticas, que se A versão 2 do Modellus permite também a utilização
referem apenas ao essencial e que, muito impor- de fotografias, vídeos, gráficos, etc., como registos de
tante, podem ser utilizados para prever. No século informação para construção de modelos (ver exem-
XX, o ensino da Matemática afastou-se do ensino das
5.º exemplo: colocou-se uma imagem de um gráfico no “fundo” da plos 2 e 5). Uma vez colocadas essas imagens como
janela de “Animação”. O gráfico foi obtido com um equipamento lab-
aplicações da Matemática. Esse afastamento tem oratorial (sensores e interface) e refere-se à velocidade de um carrinho “fundo” numa janela de “Animação”, pode utilizar-se
mais a ver com razões burocráticas e de organização
ao longo de cerca de 4 s. “ferramentas de medida” de coordenadas, distâncias,
Durante os primeiros 0,5 s, a velocidade foi nula e depois o carrinho
escolar e universitária do que com a natureza do acelerou. Utilizando as ferramentas de medida (no topo da janela de áreas, declives e ângulos. As medidas assim efec-
conhecimento e das práticas e saberes profissionais. “Animação”), determinaram-se as escalas do gráfico, mediu-se o tuadas podem ser utilizadas para construir modelos,
declive da curva, etc. Uma vez feitas as medições, construiu-se um
A utilização de tecnologia e a ênfase na modelação modelo e comparou-se o gráfico correspondente ao modelo com os modelos esses que podem depois ser comparados
contribui para combater esse afastamento. E não dados experimentais. Os gráficos podem ser sobrepostos, o que não com as imagens ou podem ser utilizados para cons-
sucede nesta imagem. Pode ainda construir-se animações com base no
parece haver dúvidas que faz muito mais sentido modelo.
truir animações.
aprender conceitos matemáticos em contextos onde O Modellus pode também ser utilizado como “lin-
Para saber mais
eles são utilizados do que simplesmente aprender guagem de autor” para construir situações de apren-
formalismos sem qualquer contexto. É por isso que Página web do Modellus (inclui exemplos, ficheiros para insta-
lação, textos, manuais, etc.): dizagem onde o aluno só tem acesso a certos aspec-
as actividades de modelação têm cada vez maior tos do modelo ou das animações. O exemplo 4
http://phoenix.sce.fct.unl.pt/modellus
importância no currículo (por exemplo, os “Principle mostra uma animação que representa a construção
Página que anuncia as actividades de formação de professores
and Standards” referem 44 vezes o termo modeling). sobre modelação e temas relacionados; de uma recta utilizando a equação vectorial e a
http://phoenix.sce.fct.unl.pt/abacus equação reduzida. No ficheiro, protegido com uma
Correio electrónico para dúvidas, marcação de workshops, con- “password”, apenas está visível a “Animação”, não
A estrutura do Modellus e alguns exemplos tributos e sugestões; podendo esta ser alterada pelo aluno.
modellus@mail.fct.unl.pt
Na página web do Modellus (e na APM) é possível obter um
O Modellus inclui uma janela “Modelo” onde se livro com actividades para alunos do ensino secundário escrito
podem escrever funções, iterações e equações dife- por António Bernardes e Rita Bastos, bem como os respectivos * Vítor Duarte Teodoro (vdt@mail.fct.unl.pt), Faculdade de Ciências e
renciais ordinárias. Além de poder integrar numeri- “Guia do professor” e “Soluções”. Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

In for M at
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Perguntas mais Frequentes

Pergunta 1:
Quais os limites notáveis?
Conexões Matemáticas
Se são “notáveis” devem-se notar, logo
não precisam de ser separados dos outros.
São aqueles que são muito utilizados e que
é necessário ter sempre à mão. Esta não António Bernardes
é uma resposta "fácil" e “directa” (que seria
fazer uma lista "oficial") mas o que
é importante é as pessoas interiorizarem
que os limites notáveis são mesmo notáveis
e utilíssimos e que não estão lá por acaso.
De que é que estamos a falar quando usamos o termo Embora o Programa de Matemática do Ensino Secundário não
Pergunta 2: conexões matemáticas? seja muito explícito no que se refere a tarefas que envolvam
Podemos usá-lo com um sentido puramente matemático ou conexões matemáticas, estas são implicitamente valorizadas
Não se poderiam listar quais os limites
notáveis que o programa considera? dar-lhe um significado mais amplo que englobe as relações em temas transversais como a resolução de problemas, as
Poder, poderiam, mas é mesmo necessário? dentro da matemática e entre a matemática, outras disciplinas aplicações e modelação matemática, ou quando, por exem-
A nossa ideia foi tentar tirar tudo o que
e situações do dia-a dia. Qualquer que seja o significado que plo, no tema II do 10.º ano (Funções e Gráficos) se lê:
não pareceria realmente necessário
do texto do programa. lhe seja atribuído, o desenvolvimento de tarefas que “Este tema tem um ênfase muito grande na ligação entre as
Contudo o anexo tem uma lista envolvam conexões matemáticas têm uma importância fun- fórmulas e as representações geométricas. Esta ligação é
e o formulário do exame tem outra. damental no ensino/aprendizagem da matemática. Segundo muito importante para todos os que utilizarem a matemática.”
Não há necessidade de mais nenhum Coxford (1995) “os alunos devem ser confrontados com pro-
limite. Não são esses os notáveis?
Que tipo de tarefas podem valorizar as conexões matemáti-
postas que valorizem as conexões matemáticas já que cons- cas? Vejamos um exemplo:
Pergunta 3: tituem oportunidades de poderem:
De que maneira varia o ângulo formado pelos ponteiros das
Quanto às indeterminações vão-se • ligar conceitos e processos; horas e dos minutos de um relógio à medida que o tempo
considerar casos como 1 ∞, ∞0? • utilizar a matemática noutras áreas curriculares; passa?
E porque não? O programa não tem casos, • utilizar a matemática em actividades do dia-a-dia;
não refere casos, logo não há casos. É uma situação de fácil compreensão cuja resolução, na pers-
• ver a matemática como um todo;
Os alunos devem saber indeterminações pectiva atrás apresentada, pode envolver um vasto conjunto
• usar e valorizar as conexões entre tópicos matemáticos;
para não pensarem que os teoremas de conteúdos e técnicas matemáticas. A discussão da situação
operatórios são milagrosos e radicais. • Reconhecer representações equivalentes de um mesmo
pode começar por conduzir a uma abordagem gráfica.
Isto significa que as indeterminações conceito”.
devem estar intimamente ligadas Como se trata de um fenómeno periódico em que o ângulo
aos teoremas que forem dados. Cada A imagem de rede é usada pelo NCTM (1991) para salientar varia entre 0 e π rad e como no período das 0 às 12 horas
professor, conforme o tempo disponível, (momentos em que os ponteiros estão sobrepostos) se regista
a importância das conexões matemáticas:
poderá alargar ou aprofundar
como entender (desde que não ultrapasse “Um ensino que incida em redes de ideias matemáticas, em 11 vezes o ângulo de π rad, então o período da função é 12
11
o grau de dificuldade indicado vez de incidir apenas nos nós isolados dessas redes, servirá hora (aprox. 1 hora 5 min e 27,3 seg) e é possível esboçar o
no programa, e mesmo este limite pode seguinte gráfico:
para que os alunos compreendam e sejam capazes de apre-
obviamente ser ultrapassado com turmas
muito boas). ciar, quer a beleza, quer o poder da matemática. Desenvolver
a matemática como um todo integrado servirá também para
Pergunta 4: aumentar a capacidade de retenção e de transferência das π
1
( ) ideias matemáticas.” (p.178)
inf. grande
Casos como lim 1+ inf. grande
abordam-se? E indicam dois tipos genéricos de conexões:
Excede claramente o grau de dificuldade “(1) conexões de modelação entre situações problemáticas
expresso no programa. que surgem no mundo real ou noutras disciplinas e a(s) sua(s)
e o caso representação(ões) matemáticas; e (2) conexões entre duas
representações matemáticas equivalentes e entre os corres-
lim
x→0 (
e 3x – 1
x )? pondentes processos em cada uma.”
Os alunos já usaram várias vezes
transformações de funções. Neste caso
Esquematicamente:
não há novidade (ou não deveria haver
se o estudo das funções passou por f(kx),
f(x+k), etc.)
e o caso

(
lim e – e ? )
x 2

x →2x–2

Isto não é f'(2) quando f(x)=ex? É simples-


mente a definição de derivada!

In f or Ma t
6
Pergunta 5:

Matemáticas Que se entende por : “... limites infinitos


não existem...” - programa oficial p.33?
Não são número reais, logo não existem.
Com excepção do tema 3 do 12.º ano, em
todo o lado a existência significa ser um
número real e + ∞ e – ∞ não são números
rnardes reais. Assim como, fora do tema 3, √ – 1
não existe.

Pergunta 6:
E como confrontar esta frase com o que
vem escrito na brochura de Funções, por
Os ramos do gráfico são lineares visto que os dois ponteiros Podemos então pensar na generalização do modelo exemplo, na página 27 lim f(x)= + ∞ e
x→–∞
se movem a velocidades constantes e portanto a diferença matemático para um período de 12 horas: lim f(x) = – ∞ ?

{
x→+∞
entre eles também varia dessa forma. Aliás este aspecto pode Não tem problema nenhum. A escrita de
servir para a abordagem analítica da situação. π ∈ uma notação determinada não significa que
ela passe a ser um número.
Como a velocidade angular do ponteiro dos minutos, 2π/h, e θ Citando Elon Lages Lima em Curso de
a do ponteiro das horas (π/6)/h, o ângulo θ dos dois ponteiros π π ∈ Análise “pág. 102” “Deve-se observar com
em função do tempo t é dada por: toda a ênfase que não são número reais.
As sequências (xn) para as quais lim xn = +∞
com k = 0, 2, 4, …, 20.
ou lim x n = – ∞ não são convergentes.
θ π π Esta função pode ser implementada na calculadora gráfica ou Estas notações servem apenas para
numa folha de cálculo. É também possível construir, utilizan- dar informação sobre o comportamento
6 do o programa Modellus, uma simulação da situação, usando
Esta expressão é válida para t entre 0 e , altura em θ = π e das sequências para valores grandes de n”
11 modelos matemáticos que envolvem conhecimentos de tri- e na pág. 164 pode-se ler
os dois ponteiros estão alinhados mas apontando para senti- gonometria e de geometria analítica, nomeadamente o pro- “Deve-se observar enfaticamente que + ∞
e – ∞ não são números reais de modo que
dos opostos. Após esse momento o ângulo é dado por duto interno e o ângulo de dois vectores. as afirmações xlim f(x) = + ∞ exlim f(x) = – ∞,
→a →a
θ = 2π – 11 πt até t = 12 , altura em que θ = 0 e os dois pontei- não exprimem limites no sentido estrito do
6 11 Referências
termo.”
ros voltam a estar sobrepostos. Assim para o intervalo [0 ; 12 ]: APM (1999). Relatório final do projecto Matemática e Aplicações na Matemática Ou seja, “infinito” é uma notação e não
11

{
Escolar. Lisboa: APM. um número. Dizer que “o limite é infinito”
House, P. A. & Coxford, A. F. (Ed.) (1996). Connecting Mathematics across the não significa dizer que existe limite, mas
π ≤t≤ Curriculum. Reston: NCTM.
Ministério da Educação (1997). Programa de Matemátia do Ensino Secundário. tão só que se produz um comportamento
θ Lisboa:Ministério da Educação, DES. interessante (até por causa de despistar
NCTM. (1991). Normas para o curriculo e a avaliação em Matemática escolar. as indeterminações) as sucessões não são
π π ≤ Lisboa: APM e IIE. convergentes.
Estas notações servem apenas para
dar informação sobre o comportamento
das sequências para valores grandes de n,
não exprimem limites no sentido estrito
do termo. Ou seja, “infinito” é uma
notação e não um número.

Pergunta 7:
Suponhamos que no exame, numa questão
de escolha múltipla, se pergunta qual é o
limite no ponto zero da função 1x , e uma
()
2

das hipóteses de resposta é “não existe” e


outra “+ ∞”. Qual é a resposta certa ?
Essa pergunta não faz sentido, pois ambas
as respostas estão certas.
Se é “não existe”, temos que dizer aos
alunos que os manuais estão errados ?
Não estão errados a não ser que comecem
a fazer “contas” com infinitos ou a dizer
que “existe” limite e é igual a + ∞
(e mesmo assim não é erro é escrita
incorrecta, confusa e perigosa).
Temos que dizer aos que vão submeter-se
ao exame 135 que a resposta seria
diferente?
Quem vai fazer os exames está consciente
das diferentes interpretações dos manuais,
neste e noutros pontos e por isso
as perguntas não poderão ser formuladas
I n fo r M at
de modo que essa ambiguidade
7 se coloque.
Assim parece que os degraus permanecem sempre do mesmo
tamanho.
Para construir uma escada mágica
Tem que se construir os degraus a partir do topo.
Tem que se ter cuidado com alguns cálculos
Porque se começar muito alto pode acontecer nunca chegar ao chão.
FICHA TÉCNICA
Os construtores já cometeram este erro – por exemplo no Arizona –
começaram a construir tão alto quanto puderam 177 700 000 000 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000
Editor:
Departamento do Ensino Secundário [DES] A Álgebra das Escadas Mágicas
Director: Domingos Fernandes
Nem toda a escada Mágica reduz os degraus a 1/2, nalgumas
Coordenação: Maria do Carmo Belchior
e Isabel Fevereiro
a redução é de 1/3, outras de 3/4, outras de 0,9 …
Chamaremos ao factor de redução R.
Design Gráfico: DELTAGRAPHOS, Design e
Publicidade, Lda.
Fotolito: ABC Gráfica, Lda.
Impressão: Medigráfica, Lda.
Periodicidade: Trimestral
Tiragem: 4 000 exemplares
ISSN: 0874-0844
Depósito Legal: 143 753/99
Lisboa 1998
Distribuição gratuita
Toda a correspondência deve ser enviada para
InforMAT
Av. 24 de Julho, 138, 5.º
1391 Lisboa
Fax: 393 81 08

As opiniões expressas nos textos apresentados


nesta publicação são da responsabilidade dos
autores e não reflectem necessariamente a opi-
Escadas Mágicas
nião do Departamento do Ensino Secundário Carmo Belchior e Isabel Fevereiro
ou do Ministério da Educação.

Imagine uma escada que sobe, sobe e sobe… ⇒

…para sempre?
…há sempre um degrau seguinte.
Claro está que descendo, a maioria das escadas param no rés
do chão.
Mas… as escadas mágicas são diferentes:
– Os degraus não têm todos o mesmo tamanho.
– Pode acontecer que ao descer cada degrau desça apenas Os degraus da escada mágica “formam” uma Progressão
metade do valor do anterior. Geométrica:
Poderá pensar que pode descer dois, quatro, ou oito a; aR; aR 2; … (R < 1)
degraus… de cada vez. Assim desce-se e (avança-se) uma distância a+aR+aR2 + …
Mas isto nunca acontecerá, faz parte da magia que: de cada
Quantos mais degraus se descer, mais perto esta distância está de S.
vez que você descer um degrau encolherá para metade do
seu tamanho. (Claro que terá que ser assim, pois de outra Algebricamente tem-se S = a
1–R
forma os seus pés ficariam tão grandes que não caberiam nos
degraus). Em que sentido se pode escrever S=a+aR+aR2+…?

Inf or Ma t
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