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Curso de Engenharia de Sistemas de Energias renováveis

Disciplina de Tecnologias das Energias Renováveis

Ano lectivo de 2009/2010


Relatório
Cogeração e Trigeração em Centrais de
Biomassa

Módulo 2: Sistemas de
Biomassa e biocombustíveis

Executado por:
Eva Kaná 6832
Fábio Oliveira 6844

Orientado por:
Mário Tomé

Entregue em:
25-11-2009
Cogeração e Trigeração em Centrais de biomasssa

1. Resumo
O presente trabalho tem como objectivo aprofundar os conceitos de cogeração e
trigeração, bem como o papel que a biomassa pode ocupar nessas tecnologias.
Iremos ao longo deste relatório fazer uma introdução à biomassa, explicitando os
vários tipos de biomassa que existem bem como a forma de aproveitar a energia nela
contida. Apresentaremos de seguida as vantagens desta fonte renovável de energia bem
como possíveis impactos negativos que dela poderão advir.
Explicaremos como é possível transformar a energia química da biomassa em
energia eléctrica e calorífica, explicitando cada tecnologia associada. Por fim
apresentaremos perspectivas do presente e do futuro bem como o enquadramento de
Portugal nesta área.

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Índice
1. Resumo .............................................................................................................. 2
2. Objectivos .......................................................................................................... 5
3. Biomassa ............................................................................................................ 6
A Biomassa como uma energia renovável ............................................................... 6
O que é a biomassa?................................................................................................. 7
Como se processa o aproveitamento da energia proveniente da biomassa? ............ 8
Centrais térmicas utilizando a biomassa como combustível ............................... 9
Vantagens e desvantagens da biomassa ................................................................... 9
4. Cogeração e trigeração ..................................................................................... 11
O que é a cogeração? ............................................................................................. 11
Eficiência de uma central de cogeração: ................................................................ 12
Cogeração a partir da biomassa ............................................................................. 13
Tecnologias aplicadas às centrais de biomassa...................................................... 14
Como produzir biogás? ...................................................................................... 14
Turbina a gás ...................................................................................................... 16
Turbina de vapor ................................................................................................ 17
Ciclo combinado ................................................................................................ 18
Microturbinas ..................................................................................................... 19
Pilhas de combustível ........................................................................................ 20
Vantagens e desvantagens das centrais de cogeração utilizando a biomassa ........ 22
Aplicações .............................................................................................................. 23
O que é a trigeração? ............................................................................................. 24
Como produzir frio a partir de calor? ................................................................ 25
Chiller de compressão ou eléctrico .............................................................. 25
Chiller de absorção ....................................................................................... 25
Chillers de adsorção ..................................................................................... 26
Vantagens e desvantagens dos diferentes chillers ............................................. 27
5. Cogeração/trigeração em Portugal ................................................................... 29
Portucel Soporcel ................................................................................................... 29
Probiomass ............................................................................................................. 29
EXPO 98 ................................................................................................................ 30
6. Poder Calorífico ............................................................................................... 31

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Poder Calorífico e dimensionamento de uma central ............................................ 32


7. Projecções do presente e para o futuro (cogeração/trigeração): ...................... 32
8. Conclusão/Análise crítica ................................................................................ 34
9. Bibliografia ...................................................................................................... 35

Figura 1 Composição média da biomassa.................................................................... 7


Figura 2 Fontes de biomassa. ....................................................................................... 8
Figura 3 Central de cogeração. .................................................................................. 11
Figura 4 Rendimento de uma central tradicional. ...................................................... 12
Figura 5 Rendimento de uma central de cogeração. .................................................. 12
Figura 6 Central de cogeração. .................................................................................. 14
Figura 7 Vantagens do biogás .................................................................................... 15
Figura 8 Turbina a gás usada na cogeração. .............................................................. 16
Figura 9 Sistema de cogeração com turbina a vapor ................................................. 17
Figura 10 Sistema de cogeração em ciclo combinado. .............................................. 19
Figura 11 Sistema de Microturbina. .......................................................................... 20
Figura 12 Componentes de uma pilha de combustível .............................................. 21
Figura 13 Comparação entre as diversas tecnologias ................................................ 23
Figura 14 Ponto de vista do cliente. ........................................................................... 24
Figura 15 Chiller de compressão ou eléctrico ........................................................... 25
Figura 16 Chiller de absorção. ................................................................................... 26
Figura 17 Chiller de adsorção. ................................................................................... 27
Figura 18 Algumas centrais e projectos a biomassa .................................................. 31
Figura 19 Gráfico representativo do crescimento da cogeração presente e futuro. ... 33

Tabela 1 Representação da cogeração em relação à geração de energia em alguns


países. ............................................................................................................................. 13
Tabela 2 Potencial energético do biogás (DGGE 2005) ............................................ 15
Tabela 3 Comparativo das principais tecnologias utilizadas em cogeração. ............. 21

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2. Objectivos
Os objectivos do presente trabalho são:
a) Breve estudo da biomassa;
b) Estudo da cogeração e trigeração em centrais de biomassa:
Energia;
Funcionamento;
Utilidade;
Gastos;
Vantagens vs desvantagens;
c) Análise do potencial das centrais de cogeração e trigeração:
Relação consumo/rendimento;
d) Conclusões sobre se são um bom investimento presente e para o futuro.

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3. Biomassa
A Biomassa como uma energia renovável

Nos últimos tempos tem-se acentuado fortemente a discussão acerca das Energias
renováveis. De facto, torna-se urgente o uso de fontes energéticas de origem renovável,
seja pelo elevado e incerto preço do petróleo, fonte de energia da qual o planeta é
fortemente dependente, seja pela necessidade de proteger o meio ambiente.
Contudo, e apesar de existir um leque muito vasto de tecnologias de aproveitamento
e conversão de energias renováveis, a verdade é que a sua utilização no nosso dia-a-dia
ainda é muito reduzida. Factores como o preço e desempenho limitam muito a utilização
directa pelo consumidor final de energias renováveis. A realidade é que cada vez mais
os peritos aceitam que o clima mundial se está a modificar. No século passado as
temperaturas globais aumentaram em cerca de 0,7 ºC e de dez em dez anos continuam a
aumentar desde 1990. Os cientistas acreditam que este aquecimento é devido, pelo
menos em parte, ao nosso aumento do uso de combustíveis fósseis desde a revolução
industrial. Os combustíveis fósseis ardentes lançam gases de efeito de estufa, tais como
dióxido de carbono (CO2), para a atmosfera, o que contribui para a deterioração do
ozono (O3). Felizmente a sociedade está a tomar consciência que os combustíveis
convencionais são um recurso limitado e que a contaminação coloca em perigo o nosso
estilo de vida. A verdade é que em consequência desta preocupação crescente,
principalmente pelos órgãos oficiais, surgiu uma aposta acentuada na utilização das
energias renováveis. Desta forma, entende-se por energias renováveis todas as formas
de energia cuja taxa de utilização é inferior à sua taxa de renovação. Entre elas destaca-
se a biomassa.
A biomassa foi a fonte energética mais utilizada desde os primórdios da humanidade,
sendo alvo de uma prática antiga quando as pessoas queimavam lenha para obter calor e
luz. No entanto, a lenha, principal fonte energética da sociedade agrícola tradicional, vê
diminuído o seu consumo logo no século XVIII. Posteriormente, no século XIX com a
revolução industrial, o mundo foi à procura de recursos energéticos mais eficientes.
Sendo assim, a biomassa, muito utilizada até então, teve o seu declínio após a
descoberta do petróleo e do gás natural, dando mais tarde, em meados do século XX,
lugar à dominância do petróleo como fonte energética capaz de suprir as necessidades
da época de maneira mais eficaz.

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No seu conjunto a biomassa é um enorme armazém de energia, por esse motivo


calcula-se que 1/8 da biomassa produzida anualmente podia satisfazer toda a procura
corrente de energia para a humanidade. Assim, curiosamente, hoje tenta-se que ela volte
a ser mais aproveitada para gerar energia, pois a partir das crises petrolíferas das
décadas de 70 e 80, emergem novas técnicas de exploração das energias renováveis.
Com isto, os cientistas estão constantemente a investigar novas maneiras de extrair
energia a partir da biomassa de uma forma cada vez mais eficaz, a um ponto tal que a
biomassa começa a emergir como opção energética do futuro, e uma vez que a biomassa
colhida volta a crescer é considerada um recurso renovável.

O que é a biomassa?

A biomassa é a massa total de organismos vivos numa dada região. Consiste em


matéria orgânica que tem energia armazenada sob a forma de energia química, pois
através da fotossíntese, as plantas capturam a energia do sol e transformam essa energia
em energia química, a qual posteriormente pode ser convertida em três formas de
energia: electricidade, combustível e calor.
Desta forma a energia contida na biomassa provém do sol, onde os cloroplastos
presentes nas folhas das plantas usam a energia solar para produzir diversos
componentes como por exemplo os hidratos de carbono.
A biomassa tem, assim, uma
composição de 25% de lenhina
(associada à celulose na parede
celular, confere rigidez,
impermeabilidade e resistência) e de
75% de hidratos de carbono
(principal fonte de energia para o

corpo e estão presentes nos cereais, Figura 1 Composição média da biomassa.


raízes, tubérculos, leguminosas,
vegetais e frutos).
Dentro da biomassa podemos distinguir algumas fontes de energia com potencial
energético considerável:
madeira e seus resíduos (ex: serrim);
resíduos agrícolas;

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resíduos municipais sólidos;


resíduos dos animais;
resíduos da produção alimentar;
carvão vegetal;
óleos animal ou vegetal;
plantas aquáticas;
algas;
(…)
Muita da energia solar armazenada é
passada para os animais quando eles
comem as plantas ou outros animais. Sendo Figura 2 Fontes de biomassa.

assim, plantas, animais e excrementos dos animais fazem parte da biomassa, e podem
ser considerados armazéns de energia solar.

Como se processa o aproveitamento da energia proveniente da biomassa?

A biomassa divide-se em três fontes energéticas de origem natural:


1. Biomassa sólida: tem como fonte resíduos florestais e agricolas (incluindo
substâncias animais), e também a fracção biodegradável dos resíduos industriais
e urbanos.
2. Biocombustíveis gasosos (biogás): têm como fonte os efluentes agro-pecuários
e urbanos (lamas das estações de tratamento dos efluentes domésticos) e também
nos aterros de resíduos sólidos urbanos.
3. Biocombustíveis líquidos:
Biodiesel: obtidos a partir de óleos vegetais.
Etanol: obtido a partir de hidratos de carbono (açúcar, amido e celulose);
Metanol: obtido a partir da síntese do gás natural ou da madeira.
O aproveitamento da energia da biomassa é feito por intermédio de vários processos
que diferem de acordo com a matéria e o tipo de combustível que se quer produzir ou
consumir. Alguns desses processos são:
a) Queima directa em centrais térmicas – Biomassa sólida;
b) Liquefação – Biomassa sólida;
c) Digestão anaeróbia – Biogás;
d) Transesterificação – Biodiesel;

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e) Fermentação – Etanol;
f) Gaseificação – Metanol;
Destes vários processos iremos focar o nosso relatório na queima directa em centrais
térmicas que têm como combustível base a biomassa, independentemente desta se
encontrar no estado sólido, líquido ou gasoso. Associado a este processo podemos
aplicar a cogeração e trigeração.

Centrais térmicas utilizando a biomassa como combustível

O uso de biomassa florestal para produção de energia eléctrica constitui uma


alternativa interessante à utilização de combustíveis de origem fóssil, de que Portugal é
importador, e deve por isso ser explorada.

Vantagens e desvantagens da biomassa

Actualmente a biomassa ainda é utilizada como fonte de energia principalmente nas


aldeias, pois os recursos de biomassa estão disponíveis nos campos e florestas sendo a
facilidade e disponibilidade de obtenção do recurso uma das maiores vantagens da
biomassa como fonte energética. Além disso, a produção de energia a partir de
biomassa contribui para a economia, pois ajuda a reduzir os desperdícios de matéria
energética, contribuindo também para o aproveitamento de resíduos, como por exemplo
toda a espécie de resíduos florestais. Desta forma, como é um recurso facilmente
disponível tem baixo custo e um grande potencial, além de que a biomassa é menos
poluente do que a energia obtida a partir da queima de combustíveis fósseis. Isso é
justificado, porque apesar da queima de biomassa também libertar dióxido de carbono,
gás de efeito de estufa, para a atmosfera, esse dióxido de carbono tinha sido
anteriormente absorvido pelas plantas que deram origem ao combustível, sendo o
balanço de emissões de CO2 nulo. A produção de energia a partir da biomassa permite
criar novos postos de trabalho nos vários sectores de processamento da biomassa.
Em contrapartida, uma das grandes desvantagens que criou grandes controvérsias,
em finais de 2008, à volta da geração de energia a partir de culturas vegetais, foi as
plantações que se realizaram apenas com fins energéticos, que originou uma
sobreesploração das espécies vegetais, gerando uma crise alimentar em consequência da
subida dos preços. Conjecturou-se que esta exploração excessiva pudesse levar à
extinção das espécies vegetais mais utilizadas para produzir biocombustíveis, além de

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que a plantação excessiva pudesse prejudicar os solos levando à sua contaminação pela
utilização de fertilizantes para obtenção de culturas vegetais em grande massa. A
biomassa apesar de ser uma energia considerada limpa tem baixo poder energético
quando comparada com os combustíveis fósseis.

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4. Cogeração e trigeração
O que é a cogeração?

A cogeração é a geração simultânea de energia térmica e energia eléctrica a partir de


um único combustível (petróleo, gás natural, gás propano ou mesmo a biomassa) e um
único conjunto de equipamentos. Desta forma assegura um acréscimo relevante de
rendimento e de eficiência relativamente aos processos tradicionais de produção de
energia.
Os sistemas de cogeração mais utilizados são a turbina a gás, turbina a vapor e ciclo
combinado sendo as diferenças entre eles a relação entre as necessidades de energia
térmica e eléctrica, os custos da instalação e da exploração e os níveis de emissões e
ruídos.
Nas centrais de cogeração utiliza-se o calor produzido para produção de
electricidade. O calor remanescente é utilizado como fonte de energia térmica em
processos industriais ou em aquecimento. A eficiência global destas centrais é próxima
dos 80%. As indústrias da fileira florestal produzem energia eléctrica através de centrais
de cogeração. Outros utilizadores potenciais para centrais de cogeração a biomassa são
indústrias com grandes necessidades de calor e de electricidade, e aplicações para
aquecimento central em hospitais, universidades e grandes edifícios. O calor produzido
pode ser utilizado directamente no processo industrial, bem como recuperado e
convertido para utilização em aquecimento de espaços e aquecimento de água opondo-
se aos métodos tradicionais de produção de electricidade por via térmica, que
desperdiçam todo o calor inerente ao processo.
É de considerar que o problema da viabilização da produção de electricidade a partir de
biomassa passa também, não pelo tipo de combustível, mas pelo tipo de utilização desse
combustível.

Figura 3 Central de cogeração.

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Eficiência de uma central de cogeração:

Na avaliação do rendimento de um processo de cogeração temos que ter em conta o


rendimento de um processo tradicional de produção de energia a partir de combustíveis
fósseis (petróleo ou gás natural) ou mesmo biomassa, em que pelo menos 65% da
energia primária contida no combustível é transformada em calor e perdida para a
atmosfera, ou seja, numa central termoeléctrica tradicional o rendimento médio é de
30% a 40%, pois a maior parte da energia contida no combustível, usado no
accionamento das turbinas, é transformado em calor resultando em perdas para a
atmosfera sem qualquer fim, isto é, desperdiça-se energia. (fig. 4)
Em contrapartida, num sistema de cogeração, o aproveitamento útil da energia
primária, ou seja, do calor residual proveniente do processo de produção de energia
eléctrica que contabiliza perto dos 65%, apenas uma pequena percentagem é realmente
perdida ou desperdiçada. Quer isto dizer que dos 65% de calor libertado como perdas
para a atmosfera 50% é aproveitado para a produção de energia térmica, resultando
numa redução do desperdício de energia em 15% (fig. 5).
O custo de investimento numa central de Cogeração/trigeração ronda em média os
750 €/kW.

Figura 4 Rendimento de uma central tradicional. Figura 5 Rendimento de uma central de cogeração.

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Tabela 1 Representação da cogeração em relação à geração de energia em alguns países.

Cogeração a partir da biomassa

O combustível das centrais de cogeração pode derivar de fontes não renováveis


(combustíveis fósseis) ou fontes renováveis (biomassa).
A cogeração com recursos renováveis tem conhecido um enorme crescimento nos
últimos anos uma vez que permite o aproveitamento de recursos energéticos endógenos
de elevado potencial, diminuindo as necessidades de consumo de combustíveis fósseis e
minimizando impactes sobre o meio ambiente. Assim, cogeração a partir da biomassa
significa que o combustível a ser queimado na central será a biomassa que, como
referido anteriormente, se pode encontrar nos três estados físicos: sólida, líquida ou
gasosa. Desta forma, de acordo com o estado da biomassa serão utilizadas diferentes
tecnologias aplicadas às centrais térmicas.
Como principais fontes de energia renovável para utilização em sistemas de
cogeração temos:
Biocombustíveis sólidos: A utilização de resíduos florestais ou de subprodutos
provenientes de indústrias transformadoras de resíduos, nomeadamente
indústrias transformadoras de madeira, cortiça, processamento de frutos secos e
azeite, é bastante comum em sistemas de cogeração por turbina de vapor, sendo
utilizados para produção do vapor para alimentar à turbina.
Biocombustíveis gasosos com origem industrial: certos processos industriais
produzem resíduos e efluentes com importantes cargas orgânicas e cujo
tratamento anaeróbio origina uma fracção gasosa de elevado potencial

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energético: o biogás. Este combustível contém um elevado teor de metano (50%


a 70%) e uma grande resistência à auto-detonação, pelo que a sua utilização e
valorização em sistemas de cogeração é bastante interessante e comum.
Biocombustíveis gasosos com origem em aterros sanitários: A deposição de
resíduos orgânicos em aterros sanitários gera a sua decomposição anaeróbia de
forma espontânea, sendo produzido gás de aterro. Este gás é composto por um
elevado teor de metano (35% a 60%) sendo, por isso, um excelente combustível
para sistemas de cogeração.

Figura 6 Central de cogeração.

Tecnologias aplicadas às centrais de biomassa

Como a maior parte das tecnologias associadas à cogeração e trigeração envolvem


gás natural (CH4) como combustível, iremos apresentar como se pode produzir este gás
a partir da biomassa.

Como produzir biogás?

O biogás resulta da deterioração biológica anaeróbia da matéria orgânica


presente em resíduos orgânicos através da digestão anaeróbia. O biogás é
principalmente constituído por metano (CH4) em percentagens que variam entre os 50%
e os 80% sendo o restante essencialmente CO2.

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A combustão de biogás num sistema de cogeração permite satisfazer,


primeiramente, as necessidades térmicas do utilizador e, conjuntamente, produzir
energia eléctrica, para consumo na própria instalação e/ou venda à rede pública de
distribuição de energia eléctrica.
Foi definido em Resolução de Conselho de Ministros (RCM nº 63/2003) a meta
de 50 MWe de potência instalada com origem no aproveitamento do biogás, até 2010. A
tarifa do biogás aumentou no início de 2005 em cerca de 28%, de 72 €/MWh para 100
€/MWh (remuneração acima da eólica). Estas medidas, associadas à edificação de
novos sistemas de ETAR’s e tratamentos de RSU, integrados em planos ambientais e
manutenção dos recursos hidrólogos, poderá criar novos empreendimentos de
aproveitamento energético do Biogás.
Em Portugal, estima-se que exista um potencial energético de biogás na ordem
dos 660 GWh/ano, ou seja, perto de 150 MWe de potência instalada. Em particular, o
biogás com origem em efluentes da agro-pecuária pode representar cerca de 226
GWh/ano (potência instalada de 38 MWe).
Em 2001, apenas existia 1 MWe de potência instalada – apenas 0,7% do
potencial disponível. É de salientar o facto da queima do metano permitir que não
ocorra o seu lançamento na atmosfera onde é fortemente nocivo em termos de efeito de
estufa.

Tabela 2 Potencial energético do biogás (DGGE 2005)

Figura 7 Vantagens do biogás

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Turbina a gás

Nas turbinas a gás, que derivado da biomassa será o biogás, o ar entra no compressor,
onde a pressão e a temperatura são aumentadas, e sendo misturado com um combustível
ocorre a combustão. Os gases quentes são expandidos na turbina até à pressão atmosférica
produzindo-se trabalho. Esse compressor funciona com 65% da energia da turbina,
enquanto os restantes 35% são energia mecânica disponível no eixo da turbina.
Seguidamente um alternador acoplado ao veio da turbina produz electricidade, sendo a
energia térmica dos gases de combustão recuperada em caldeiras de recuperação de calor.
Desta forma, uma turbina a gás é constituída por um sistema de admissão de gás, um
compressor (dispositivo de compressão do ar), uma câmara de combustão, uma turbina de
expansão e um sistema de exaustão.
O rendimento de uma turbina a gás ronda os 60% a 80%, sendo o período de instalação
de 9 a 14 meses podendo atingir os dois anos para grandes sistemas. O tempo de vida é de
15 a 20 anos.
Esta tecnologia, usando turbinas ou motores alternativos de combustão interna tem sido
aplicada adequadamente em instalações de Cogeração nas últimas décadas. Todas estas
máquinas e sistemas têm sido continuamente desenvolvidas e produzidas por empresas
Europeias durante muitas décadas.

Figura 8 Turbina a gás usada na cogeração.

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Vantagens Desvantagens
Fácil manutenção; Limitado a nível de variedade de combustível
Não necessita de vigilância permanente; consumido;
Disponibiliza energia térmica a temperaturas Tempo de vida útil curto;
elevadas (500 ºC a 600º C); Ineficácia em processos com poucas
Arranque rápido; necessidades térmicas;
Baixo nível de vibrações. Necessidade de uso de dispositivos anti-
poeiras/sujidade, anti-corrosão (em especial em
casos de pausas de funcionamento prolongado).

Turbina de vapor

A Cogeração com Turbinas a Vapor tem-se difundido principalmente na produção


centralizada de energia eléctrica nas grandes instalações (acima dos 20MW), em
indústrias onde são indispensáveis elevadas quantidades de vapor para o processo.
O sistema funciona segundo o ciclo de Ranckie, quer na sua forma básica ou em versões
melhoradas com reaquecimento de pré-aquecimento de água regenerativa. A turbina utiliza
o vapor que é produzido numa caldeira aquo-tubular de alta pressão. Utiliza vapor de
elevada entalpia como “combustível” para produzir trabalho mecânico e vapor de menor
conteúdo entálpico. O vapor é extraído (expandido) em vários andares da turbina,
dependendo das necessidades de energia térmica.
O rendimento de uma turbina de vapor ronda os 60% a 65%, sendo o período de
instalação de 12 a 18 meses podendo atingir os três anos para grandes sistemas. Contempla
um tempo de vida longo (cerca de 25 a 35 anos).

Figura 9 Sistema de cogeração com turbina a vapor

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Vantagens Desvantagens
Tempo de vida útil elevado; Reduzido número de aplicações;
Não necessita de vigilância constante; Baixo rendimento eléctrico;
Equipamento seguro; Arranque lento;
Eficiência global elevada; Problemas de controlo de emissão de poluentes;
Capacidade de fornecer vapor a alta pressão Dependência de um tipo de combustível no
e/ou pressão atmosférica; dimensionamento, ou seja só pode usar o
Elevado tempo de trabalho entre manutenções; combustível idêntico aquele para que foi
projectado o sistema;
Reduzido número de aplicações;
Investimento inicial elevado;
Baixo rendimento eléctrico;

Ciclo combinado

O melhoramento dos sistemas isolados, conduziu à introdução de um novo tipo de


cogeração que se baseia na agregação de dois sistemas isolados num só sistema,
permitindo assim aumentar o rendimento e eficácia global da cogeração. Este novo tipo
de Cogeração, denominada de Cogeração em Ciclo Combinado é constituído de uma
forma geral por um sistema de Cogeração com Turbinas a Gás e por um sistema de
Cogeração com Turbinas a vapor, que são projectados e executados de modo a
complementarem-se.
Na Cogeração com Turbinas a Gás, verifica-se que os gases de exaustão contém
ainda uma grande quantidade de oxigénio (aproximadamente 15%) que pode ser
utilizado para uma queima suplementar de combustível numa caldeira de recuperação
produzindo-se vapor de alta pressão. Estes gases de exaustão, uma vez que se
encontram ainda a elevadas temperaturas (normalmente entre os 450 ºC e 550 ºC)
podem ser usados doutra forma diferente da descrita no anteriormente. Este segundo
método consiste em tirar partido do calor destes gases para produzir vapor numa
caldeira de recuperação, sem haver queima suplementar.
Em comparação com grande parte das tecnologias apresentadas anteriormente, a de
Ciclos Combinados permite, de uma maneira geral, uma maior extracção de potência

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por unidade de calor. Portanto, o ciclo combinado tem uma eficiência maior quando
comparada com a dos ciclos com turbina a gás e a vapor separadamente.

Figura 10 Sistema de cogeração em ciclo combinado.

Vantagens Desvantagens
Elevada eficiência; Sistema global sujeito a um somatório das
Grande flexibilidade na quantidade de energia desvantagens dos dois sistemas em separado
térmica produzida; (Cogeração com Turbina a Gás e a Vapor);
Redução custos globais de operação. Maior complexidade do sistema global.

Microturbinas

As microturbinas podem constituir uma opção vantajosa para produção distribuída de


electricidade e de calor, devido à sua simplicidade, ao facto de serem uma tecnologia já
amadurecida e devido às suas reduzidas emissões. Comparando as turbinas
convencionais, apresentam uma potência mais reduzida (normalmente até 200 kW), um
ciclo de combustão simplificado, uma menor taxa de compressão e um eixo do rotor de
reduzidas dimensões, com o gerador montado numa das extremidades.
Estes grupos podem adaptar-se para funcionarem com diferentes tipos de
combustíveis, sem quaisquer modificações significativas a realizar nos seus dispositivos
mecânicos, entre esses combustíveis inclui-se a biomassa. Esses combustíveis que
podem ser utilizados vão desde os que apresentam elevado conteúdo energético, como o
propano até aos gases provenientes das estações de compostagem, passando pelo gás
natural. Podem também ser utilizados combustíveis líquidos como o diesel, a gasolina
ou o querosene, sendo necessário apenas realizar-se pequenas modificações no sistema
de alimentação de combustível.

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As microturbinas ainda são uma tecnologia relativamente cara face a tecnologias


convencionais, embora se possa tornar mais competitiva sobretudo se a sua procura
permitir a produção destes equipamentos em grande escala.

Figura 11 Sistema de Microturbina.

Vantagens Desvantagens

Número de partes móveis reduzido; Custos elevados;


Dimensões e peso reduzidos; Eficiência mecânica relativamente reduzida;
Emissões reduzidas; Limitado a aplicações de cogeração com baixas
Não necessita de refrigeração; temperaturas.
Têm tempos de arranque muito rápidos;
Tem elevada fiabilidade e necessitam muito
pouca manutenção.

Pilhas de combustível

Existem diferentes modelos de pilhas de células de combustível, mas o


funcionamento principal é semelhante. Todas têm dois eléctrodos (um ânodo e um
cátodo) divididos por um componente apelidado electrólito. Na maioria das pilhas de
células de combustível o ânodo é sustentado por hidrogénio, onde se ioniza gerando
protões e electrões. Os protões transitam o electrólito para chegar ao cátodo, enquanto

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os electrões fluem por um circuito externo (produzindo uma corrente eléctrica na rede
externa) indo para o cátodo da célula de combustível. No cátodo, os electrões, os
protões e o oxigénio reagem formando água.
É uma tecnologia que começa a aparecer cada vez mais, que relativamente com
outras tecnologias tradicionais de produção proporciona altos rendimentos (mesmo para
potências baixas) e reduzidas emissões acústicas. As pilhas de células de combustível
são amigas do ambiente, pois mesmo com o uso de um combustível fóssil, não se geram
gases prejudiciais que contribuem para o aparecimento das chuvas ácidas, nem libertam
partículas poluentes que coloquem em risco a qualidade do ar, nenhum hidrocarboneto é
libertado durante operação normal, e confrontando com o dióxido de carbono libertado
com as outras tecnologias que usam este tipo de combustível, mesmo com as mais
eficientes, o valor é bastante menor. Permitem regular a potência de operação,
respondendo rapidamente à carga, são simples de instalar, têm versatilidade de fontes na
alimentação desde os combustíveis fósseis (petróleo, óleo, gás natural), até hidrogénio
puro produzido por electrólise (energia vinda de fontes renováveis como sol, o vento, a
água, a biomassa).
Para além destas vantagens, é de realçar que esta é uma tecnologia
revolucionária por oferecer elevados índices de qualidade de energia, bem como
possibilitar uma operação contínua durante um número de horas bastante superior ao
das tecnologias tradicionais.
Por outro lado, pode ser utilizado o calor originado pela produção de energia,
para efeitos de cogeração ou trigeração, amplificando o rendimento desta tecnologia.

Tabela 3 Comparativo das principais tecnologias utilizadas em cogeração.

Figura 12 Componentes de uma pilha de combustível

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Vantagens e desvantagens das centrais de cogeração utilizando a biomassa

Vantagens Desvantagens
Pode ser realizada através de uma fonte de
energia renovável;
Menor emissão de poluentes gerando menor
impacto ambiental;
Menor custo de energia (eléctrica e térmica);
Maior eficiência energética e consequente Necessidade de efectuar estudos de viabilidade
redução dos desperdícios de energia; económica;
Melhor qualidade da energia eléctrica; Investimento inicial elevado;
Permite um sistema de maior repartição da Problemas com poluição sonora e poluição
energia em relação às grandes centrais local;
produtoras de electricidade; Lucros dependentes do preço da electricidade e
Melhor qualidade da energia eléctrica no caso de do combustível.
ser mantida a ligação à rede;
Evita custos de transmissão e de distribuição de
electricidade e perdas;
Maior eficiência energética;

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Figura 13 Comparação entre as diversas tecnologias

Aplicações

A cogeração é geralmente utilizada por consumidores industriais pois é mais


apropriada para instalações com elevados níveis de consumo de energia térmica ao
longo do ano, visto que há um melhor aproveitamento do calor do que num sistema
convencional. Por este motivo é principalmente nas indústrias químicas, cerâmica e do
papel, existindo também algumas instalações no sector Terciário (hospitais, hotéis e
centros comerciais) que os sistemas de cogeração têm maior aplicabilidade.
Assim, os potenciais utilizadores de cogeração são instalações que verificam as
seguintes características:
Necessidades simultâneas e contínuas de energia térmica e energia eléctrica;
Disponibilidade de combustíveis de qualidade;
Período de funcionamento de pelo menos 4.500 a 5.000 horas por ano;
Espaço suficiente e uma adequada localização para a implementação do novo
equipamento;
Calor residual disponível de elevada qualidade.

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Figura 14 Ponto de vista do cliente.

O que é a trigeração?

A trigeração ou CCHP (em inglês combined cooling, heating and power


generation) é a produção simultânea de energia mecânica (muitas vezes convertida em
electricidade), calor e frio a partir de apenas uma fonte de calor, como um combustível
ou energia solar. Como acontece com a cogeração, o calor desperdiçado é aproveitado,
o que torna o sistema muito mais eficiente.
Os sistemas de trigeração têm vindo a ser utilizados sobretudo no sector terciário,
em processos de climatização. A utilização dos “chillers” de absorção pode constituir
uma maneira de equilibrar o aumento das necessidades de frio com a diminuição das
necessidades de calor no período estável, isto é, onde existam necessidades de calor
para aquecimento ambiente no Inverno, e grandes necessidades de frio para
arrefecimento ambiente no Verão. Contudo, em empresas industriais que tenham
grandes necessidades de frio esta será também uma hipótese a considerar, sobretudo no
caso das actuais unidades que recorrem ao arrefecimento por água (por exemplo bancos
de gelo) utilizando sistemas tradicionais de refrigeração.

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Como produzir frio a partir de calor?

Os chillers são máquinas térmicas que através de um ciclo termodinâmico


conseguem remover calor da água, ou outro líquido, em diferentes tipos de aplicações,
isto é, produzir frio.
Existem essencialmente três tipos de chillers:
1. Chillers de compressão ou eléctrico;
2. Chillers de absorção;
3. Chillers de adsorção.

Chiller de compressão ou eléctrico

Este tipo de chiller utiliza um compressor mecânico, accionado normalmente por


um motor eléctrico, de forma a aumentar a pressão em determinada fase do ciclo
termodinâmico do sistema. A desvantagem deste processo reside no seu elevado
consumo energético.

Figura 15 Chiller de compressão ou eléctrico

Chiller de absorção

O que distingue o funcionamento dos chillers de absorção dos chillers de compressão


é o facto de o primeiro ter como princípio de base um “compressor termoquímico”. Os
chillers de absorção permitem produzir água gelada a partir de uma fonte de calor,
utilizando para tal uma solução de um sal (e.g. brometo lítio) num processo
termoquímico de absorção. Os chillers de absorção, por sua vez, subdividem-se em dois
tipos:
Chiller de absorção de queima directa: nestes sistemas o calor necessário ao
processo é obtido queimando directamente um combustível, tipicamente gás natural.

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Chiller de absorção de queima indirecta: nestes sistemas o calor necessário é


fornecido na forma de vapor de baixa pressão, água quente ou de um processo de purga
quente.
Os chillers de absorção são muitas vezes integrados em sistemas de cogeração, de
forma a permitir o aproveitando do calor que de outra forma seria desperdiçado. O
chiller de absorção de queima indirecta utilizando água quente como fonte de calor (hot
water fired absorption chiller) representa o tipo de chiller mais apropriado para a
integração com sistemas de micro-cogeração, já que estes produzem água quente com
temperaturas adequadas aos chillers. Existem essencialmente dois tipos distintos de
chillers de absorção de queima indirecta:
1. Sistemas onde o absorvente é o amoníaco: estes sistemas representam um
investimento relativamente elevado, sendo normalmente aplicados apenas em
instalações de grande capacidade.
2. Sistemas onde o absorvente é o brometo de lítio: representa o sistema mais
utilizado nos casos de integração com sistemas de micro-cogeração, devido
essencialmente a uma melhor relação entre o seu custo e a sua eficiência energética.

Figura 16 Chiller de absorção.

Chillers de adsorção

Um chiller de adsorção é uma máquina térmica que transforma calor em frio


utilizando como fonte calor inutilizado.
A adsorção é um fenómeno de adesão reversível, da qual resulta a acumulação de
uma substância gasosa ou dissolvida na superfície de um corpo, tipicamente uma
superfície constituída por um material poroso. Quando as moléculas da substância são
fixadas, libertam energia, logo, a adsorção é um processo exotérmico. A diferença entre

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adsorção e absorção reside no facto de que, neste ultimo processo, o fluído misturar-se
com o absorvente para formar uma solução.
Os chillers de adsorção utilizam apenas água como refrigerante e um gel de sílica
como adsorvente. Também se utiliza carvão activo ou resina sintética como absorvente
nos processos industriais, para purificar a água ou para secar (com a adsorção da água).
Os chillers de adsorção com gel de sílica podem funcionar a temperaturas inferiores a
80º C, o que os torna mais interessante do que os chillers de absorção em aplicações
onde a fonte de calor é de baixa temperatura, como por exemplo, integrados com
sistemas solares térmicos. Os chillers de adsorção utilizam apenas energia térmica.

Figura 17 Chiller de adsorção.

Vantagens e desvantagens dos diferentes chillers

Vantagens Desvantagens

Como não existem


componentes móveis no sistema
(para além das bombas
hidráulicas necessárias), não há A grande desvantagem dos
desgaste, logo este tipo de chillers de absorção frente aos
chiller apresenta uma vida útil chillers de compressão reside no
longa, geralmente superior a seu reduzido rendimento
vinte anos, e exigindo muito energético. Os chillers de
Chillers de pouca manutenção; absorção apresentam COP’s de
compressão ou 1,1, enquanto nos chillers de
eléctrico e chillers de compressão o valor pode subir
absorção Nos chillers onde se usa água até 6,0. Por outro lado, os chillers
como fluído refrigerante, não é de absorção exigem um
utilizada nenhuma substância investimento inicial muito
nociva para a camada de ozono superior (entre 1,5 e 2,5 vezes
(como os CFC por exemplo); mais caro).

O consumo eléctrico dum


chiller de absorção é
tipicamente cerca de 10% do

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consumo dos chillers de


compressão eléctricos. Nas
regiões onde existe uma forte
procura de electricidade e/ou em
que o preço é bastante elevado,
é possível reduzir a factura
energética investindo num
sistema de arrefecimento que
praticamente não necessita de
electricidade;

Os chillers de absorção de
queima indirecta apresentam
também a vantagem de
funcionar com uma ampla gama
de fontes quentes.

Funciona com fontes de calor


de temperatura baixa (55º C)
com um Coeficiente de
Performance (COP) de 0,5 –
0,6. Assim podem ser utilizados
em aplicações de sistemas
solares térmicos ou de sistemas
de cogeração de baixa
temperatura. O consumo de
electricidade ronda apenas 6%
da capacidade do chiller.

A manutenção é muito reduzida Elevado custo. Por exemplo, o


pois praticamente não têm peças preço de um chiller de adsorção
Chiller de adsorção
móveis (apenas as bombas). O com gel de sílica ronda os 500
custo da manutenção representa €/kW.
apenas cerca de um décimo do
que é necessário para um chiller
de compressão convencional.
Para além disso, a equipa de
manutenção não necessita de
preparação especial.

Se usar gel de sílica não


apresenta riscos para o ambiente
pois este gel é quimicamente
neutro (SiO2).

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5. Cogeração/trigeração em Portugal
Portucel Soporcel

O grupo Portucel Soporcel é o maior produtor nacional de energia a partir de uma


fonte renovável, a biomassa florestal. Produz mais de 90 por cento da energia eléctrica a
partir da valorização deste recurso, optimizando a eficiência da sua utilização no fabrico
dos produtos intermédios e finais. As principais fontes deste combustível utilizadas pelo
Grupo para a produção de energia são a lenhina, separada no processo de produção de
pasta, a casca e outros desperdícios da madeira, obtidos no seu manuseamento fabril ou
florestal.
A estratégia do Grupo no campo energético passa por assumir um papel cada vez
mais relevante na produção nacional de energias renováveis, designadamente na
vertente biomassa. Analisando a evolução ao longo dos anos, o Grupo reduziu as suas
emissões de CO2 de origem fóssil, cerca de 58% entre 2000 e 2008, através de
investimentos em mecanismos que visam a minimização do uso desses combustíveis.
No sentido de dar continuidade a este processo evolutivo e de sucesso comprovado, o
Grupo aposta na construção de duas novas centrais termoeléctricas a biomassa, a
instalar na fábrica de Cacia e no complexo industrial de Setúbal, garantindo, no seu
conjunto, uma produção líquida para a rede correspondente a cerca de 167 GWh/ano.

Maior produtor nacional de energia a partir da biomassa

O Grupo assume o estatuto de maior produtor nacional de energia a partir da


biomassa em centrais de cogeração, processo que combina a energia eléctrica e térmica
e que é mais eficiente do que a convencional produção exclusiva de energia eléctrica. A
produção de energia eléctrica do grupo Portucel Soporcel a partir de biomassa florestal
correspondeu em 2007 a cerca de 55% do total de energia produzida em Portugal com
base nesta fonte renovável. A produção total de energia eléctrica do Grupo
correspondeu, em 2007, a 2% do consumo de energia eléctrica no País.
Probiomass

O grupo de empresas Probiomass prevê construir uma central termoeléctrica de


biomassa florestal em Chaves, um investimento de 27 milhões de euros que prevê a
criação de 18 empregos directos e 300 indirectos.

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A Probiomass é liderada pela PROEF e conta com a parceria do Espírito Santo


Capital, Eurico Ferreira e a Empreendimentos Hidroeléctricos do Alto Tâmega e
Barroso (EHATB), empresa que junta os seis municípios do Alto Tâmega.
Está prevista uma média de 100 mil toneladas por ano de biomassa florestal (BF)
para uma produção média de cerca de 82 gigawatts (GW) de energia por hora. A
matéria-prima será recolhida na região do Alto Tâmega, aproveitando o facto de a
central ficar instalada junto de uma das maiores manchas florestais da região Norte.

EXPO 98
(embora o combustível utilizado não derive da biomassa, optamos por divulgar este projecto megalómano pela
sua visão futurista e por constituir uns dos maiores avanços no nosso país em termos de cogeração, trigeração e redes
de distribuição de calor e frio)

O projecto da EXPO’98 é considerado único em Portugal (e na Europa),


possuindo características inovadoras que resultam da seguinte combinação de técnicas e
tecnologias associadas à produção e distribuição de energia térmica sob a forma de calor
e frio:
Sistema de trigeração que permite a produção simultânea de três formas de energia:
energia mecânica/eléctrica, água quente e água arrefecida.
Produção de água arrefecida através de máquinas de absorção em que a fonte de
calor é vapor produzido a partir da recuperação da energia térmica contida nos
gases de exaustão da turbina a gás.
Arrefecimento dos condensadores com a água do rio Tejo.
Armazenamento de água arrefecida num reservatório com a capacidade de 15 000
m3 que permite optimizar a gestão das cargas em função das fontes de energia e os
períodos de venda de energia eléctrica à rede.
Fornecimento simultâneo de calor e frio aos consumidores ligados ao sistema.
Instalação em galeria técnica de uma rede de distribuição a quatro tubos, solução
que permite evitar impactes ambientais negativos.
Utilização de um sistema de gestão técnica centralizada que optimiza todos os
parâmetros funcionais da produção, distribuição e entrega de energia térmica a um
grupo alargado de edifícios, da qual resulta um menor consumo de energia
primária, com impacte benéfico em termos ambientais.

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Controlo individual, por consumidor, das necessidades de calor e frio, garantindo a


racionalidade do consumo de energia.
Uma das primeiras grandes aplicações do gás natural em Portugal.

Figura 18 Algumas centrais e projectos a biomassa

6. Poder Calorífico
O Poder Calorífico é a quantidade de energia por unidade de massa (ou de
volume no caso dos gases) libertada na oxidação de um determinado combustível,
frequentemente corresponde à quantidade de energia que é libertada quando se realiza a
combustão de um combustível. Existem combustíveis com mais P.C. do que outros,
tornando esta medida importante para o dimensionamento de uma central
termoeléctrica.
Através da análise da tabela, verifica-se que a espécie de
mato que tem um poder calorífico mais elevado é a Urze, isto
significa que, quando se realiza a combustão da dita, esta liberta
23 850 J. Como consequência deste facto, para obter a mesma
quantidade de energia queimando apenas erva fina, teriamos que
queimar uma maior quantidade, de forma a libertar a mesma
energia.

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Poder Calorífico e dimensionamento de uma central

Qual a potência de uma central termoeléctrica, se nesta se queimarem de erva-fina,

se o rendimento da reacção for de 30 % e o P.C. da erva-fina for de ?

Nota: Como o poder calorífico está em unidade de energia por volume, multiplica-se pelo caudal.
E se agora invés de erva-fina se queimar a mesma massa por segundo de gás

propano com um P.C. de ?

Como o poder calorífico do gás propano é maior do que a erva-fina, é lógico


que, para as mesmas quantidades queimadas, o gás propano vai produzir uma maior
potência eléctrica.
Como é demonstrado através da análise das contas anteriores, a escolha do
combustível é de extrema importância para o dimensionamento de uma central
termoeléctrica.

7. Projecções do presente e para o futuro (cogeração/trigeração):


A adopção deste processo mais eficiente surgiu em função da necessidade de reduzir
as emissões de CO2. E desta forma, o cumprimento dos objectivos nacionais, quanto à
redução de emissões, consagrados no Plano Nacional de Alterações Climáticas (PNAC)
aprovado pelo Governo em 2004, estabelecem que a potência adicional em cogeração, a
instalar até ao ano 2010, deverá ser de aproximadamente 800 MW, mantendo
operacionais todas as instalações que se encontram já licenciadas. Assim, a União
Europeia estabeleceu para 2010 uma meta para a produção de energia através da
cogeração que se situa nos 18% do total da energia produzida. Isto em virtude dos
benefícios energéticos e ambientais da cogeração. Na Holanda a cogeração já representa
mais de 40% da potência instalada. Nos últimos anos, o novo modelo de sector eléctrico
propiciou a produção eléctrica local tornando-a mais eficiente e de baixo custo e
levando ao aperfeiçoamento da tecnologia da cogeração, inclusive ao nível da
microgeração (inferior a 150 kW).

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Figura 19 Gráfico representativo do crescimento da cogeração presente e futuro.

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8. Conclusão/Análise crítica
Embora o mundo possua uma grande inércia face à mudança, já se estão a dar os
primeiros passos para tornar a biomassa uma energia renovável fiável e presente.
Existem, porém, muitos obstáculos, dos quais se destacam o elevado preço e tamanho
do equipamento, o desconhecimento por parte da população destes tipos de tecnologias,
especialmente dos vários tipos de combustíveis que existem bem como os diferentes
ciclos de aproveitamento de energia, entre outros.
Além das inúmeras vantagens a nível ambiental que a biomassa possui, é
também um estímulo à economia, visto fomentar a criação de emprego bem como
prevenir o aparecimento de fogos devido à constante limpeza das matas.
As principais centrais de produção de energia eléctrica não tinham como
princípio aproveitar o calor que resulta da combustão do combustível. Este facto
tornava, e ainda torna algumas centrais, pouco rentáveis a nível energético, visto que a
maior parte da energia é desperdiçada através de transferências de calor. Através da
implementação da cogeração e posteriormente, a trigeração, é possível aumentar esta
eficiência até aos 80 %, no que se traduz num menor impacto ambiental e numa maior
gestão energética da central, possibilitando, por exemplo, que o calor aproveitado seja
utilizado no aquecimento de água para consumo industrial ou então, através da
trigeração, produzir frio e consequentemente diminuir a procura de electricidade devido
a aparelhos de ar condicionado.
Visto que existem muitas florestas, a aplicação de tecnologias ligadas à
biomassa permite que ocorra uma descentralização na produção de energia eléctrica, o
que acarreta ganhos por não ocorrem perdas devido ao transporte, e também porque
ajuda a dinamizar áreas que a economia esqueceu.
A nosso ver, ainda há um longo caminho a percorrer deforma a tornar a
biomassa uma energia renovável disponível para todos, mas é preciso que a iniciativa
parta das entidades governamentais de forma a incentivar o uso deste tipo de energia
pelos cidadãos e também porque levaria a uma redução nos preços dos equipamentos
(visto que existiria uma maior procura), o que faria com que ainda mais pessoas
pudessem aceder a esta tão importante e tão primordial fonte de energia.

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9. Bibliografia

Grupo de Trabalho de “Energias Alternativas”. Biomassa e Energias Renováveis na


Agricultura, Pescas e Florestas. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e
das Pescas (2005)

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http://ecen.com/eee57/eee57p/teor_de_carbono_em_combustiveis_da_biomassa.htm

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http://www.celpa.pt/images/pdf/art213_brochura_centrais.pdf

http://www.cm-loures.pt/doc/Ambiente/ciclo_debates/Floresta_CMLoures.pdf

http://www.cm-lousada.pt/NR/rdonlyres/875F75DF-B675-4661-BA91-
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http://www.vozdodao.net/index.php?option=com_content&view=article&id=620&catid
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http://www.youtube.com/watch?v=BcF05beW5eE

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