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“Crianças Direitos e Circo”
Psicologia
Turma: B 1Ano
ÍNDICE
1. Introdução....................................................................................................................... 3
2. Contextualização Teórica............................................................................................. 5
6. Historia do Circo............................................................................................................ 12
13. Conclusão................................................................................................................... 25
14. Bibliografia................................................................................................................... 26
O Uso deste trabalho académico é livre desde que mencionado o seu Autor
1. Introdução
A arte circense é, muitas vezes, considerada como o espectáculo mais antigo do mundo:
“(...) o circo é o último vestígio de um saber antigo, existencial e iniciático.”
Esse saber, essa arte ancestral e única que é o circo, só se perpetua graças a dois
mecanismos: a transmissão do saber de pai para filho, e o ensino proporcionado por uma
escola.” (Ziegler, J.)
Quando os circos foram montados, eram formados por grupos familiares, são os que os
circenses chamam de “circos tradicionais”. Esta organização familiar era a base de
sustentação do circo. A transmissão do saber circense fazia deste mundo particular uma
escola única e permanente. O que se aprendia era suficiente para ensinar a armar e
desarmar o circo, a preparar os números ou peças de teatro, além de treinar as crianças e
adultos para executá-los. Este conteúdo tratava também de ensinar sobre a vida nas
cidades, as primeiras letras, as técnicas de locomoção do circo. Através deste saber
transmitido colectivamente às gerações seguintes, garantiu-se a continuidade de um
modo particular de trabalhar e de montar o espectáculo.
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Os novos desafios dos tempos modernos, e as dificuldades inerentes a este estilo de vida
itinerante levaram-me a questionar como se enquadra os direitos das crianças circenses,
nomeadamente no que concerne á sua educação e formação ao longo da sua vida.
No decorrer desta pesquisa irei fazer um levantamento do que está a ser desenvolvido
pelas entidades oficiais e como é vivênciado pelas famílias das crianças e jovens
circenses o seu direito á educação.
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2. Contextualização Teórica
De acordo com a proposta de resolução do parlamento europeu sobre os novos desafios
enfrentados pelo circo enquanto parte integrante da cultura da Europa
(2004/2266(INI)) O Parlamento Europeu, tendo em conta a resolução do Conselho e dos
ministros da Educação reunidos no seio do Conselho de 22 de Maio de 1989 relativa à
escolaridade dos filhos de profissionais itinerantes,
A. Considerando que a maior parte dos aspectos relacionados com a cultura, a política
educativa, a parte técnica e jurídica da actividade circense são regulamentados ao nível
dos Estados-Membros, e não da Comunidade,
B. Considerando que não existem, na generalidade, leis que regulamentem
especificamente a actividade circense, razão pela qual os circos estão habitualmente
sujeitos à jurisprudência de outras áreas, tais como educação, diversões, infra-estruturas,
trânsito, equipamento, actividade artística, mobilidade, manifestações públicas, protecção
contra incêndios e protecção dos animais,
C. Considerando que a mobilidade transfronteiras é uma das principais características da
actividade circense e evidencia a necessidade de se encarar esta actividade numa
perspectiva europeia, e de reflectir sobre a tomada de medidas neste domínio ao nível da
UE,
D. Considerando que a mobilidade dos circos coloca dificuldades às crianças que com
eles viajam em termos de acesso à formação escolar e profissional, justificando a
necessidade de medidas de âmbito europeu,
E. Considerando que é desejável o reconhecimento a nível europeu da actividade
circense como parte integrante da cultura da Europa,
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necessárias, entre as quais figuram projectos piloto para determinar os modelos
adequados à escolarização de crianças das comunidades itinerantes, tendo em vista
especialmente obter:
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3. Contextualização dos Direitos Humanos
A declaração universal dos direitos do Homem nos seus artigos, declara e enumera uma
série de regras destinadas essencialmente a defender a pessoal na sua integridade física
e dignidade humana.
Em 1965, o então secretario geral da ONU, o U. Thant, escrevia: “o respeito dos direitos
do Homem constitui o fundamento sobre o qual assenta a estrutura política da liberdade
do Homem; o alcance desta liberdade geral, a vontade, bem como a capacidade para o
progresso económico e social é que constituem a base da verdadeira paz.” A questão dos
direitos do Homem constitui assim uma das traves mestras da cultura e do pensamento
político contemporâneo e, por consequência, preocupação dominante da acção política,
seja ao nível dos Estados, seja ao nível das organizações internacionais e da comunidade
internacional.
Promovida a tema nuclear das preocupações da Amnistia Internacional, a questão dos
direitos humanos tem sido fortemente defendida e a sua protecção proclamada como
responsabilidade humana e universal, que transcende os limites da nacionalidade, raça e
ideologia.
Apesar de todas as considerações morais, pactos e leis que se preconizam, milhares de
pessoas em todo o Mundo estão presas pelas suas convicções; muitas estão detidas sem
acusação formal ou julgamento; a tortura e a pena de morte são largamente utilizadas; em
muitos países, homens, mulheres e crianças desaparecem depois de terem sido
oficialmente detidos, outras pessoas ainda são assassinadas sem disfarce algum de
legalidade: São escolhidas e mortas por agentes dos seus próprios governos.
Para tal panorama de abusos e violações, a que os sistemas legais não só não sabem dar
resposta como são por vezes cúmplices, surge como absolutamente necessário o
contributo de movimentos como a Amnistia Internacional na regulação e equilíbrio dos
sistemas políticos e da legislação social. Através da sua rede de membros e
simpatizantes, a AI tem colocado questões profundas, bem como denunciado e
melhorado os padrões internacionais de tratamento e respeito pelo Homem, mobilizando
a opinião pública e dirigindo incansáveis apelos ao governo.
O conceito de Direitos Humanos tem dois significados básicos: o primeiro é que, pelo
simples facto de ser humano, o Homem desfruta de direitos inalienáveis. Estes são
direitos morais, oriundos da própria condição de humanidade de todo o ser humano, e
que objectivam assegurar a sua dignidade. O segundo significado de Direitos Humanos,
refere-se aos direitos legais, estabelecidos de acordo com as normas jurídicas em vigor
nas sociedades, tanto a nível nacional como internacional. A base destes direitos é o
consentimento dos governados, isto é, o consentimento do objecto desses direitos, e não
uma ordem natural, que é a base o primeiro significado.
Se por um lado, a vida e a dignidade humana têm vindo a ser desprezadas e violadas ao
longo da história, e são-no ainda nossos dias, por outro lado, também a ideia de regras
comuns a todos os seres humanos, sem discriminação, teve origem há muitos séculos.
Assim, e correndo o rico de não conseguirmos ir além da utopia, parece-nos que só a
apresentação da AI e do seu esforço pelo cumprimento dos Direitos Humanos
fundamentais já valerá a pena. Como na maioria das grandes questões, com que a plateia
da humanidade se debate, existem sempre dois pólos de confronto tradicionais: de um
lado, direitos irrevogáveis e reconhecidos na generalidade, do outro lado, a não vigência
destes mesmos direitos descarada ou subtilmente ou a sua deformação em prol de fez
nada justificáveis.
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4. Contextualização da Convenção dos Direitos da Criança
A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164.º, alinea j), e 169.º, n.º 5,
da Constituição, aprovar, para ratificação, a Convenção sobre os Direitos da Criança,
assinada em Nova Iorque a 26 de Janeiro de 1990, cujo original em inglês e a respectiva
tradução em Português seguem em Anexo I Aprovado em 8 de Janeiro de 1990. O
Presidente da Assembleia da República, Victor Pereira Crespo.
PREÂMBULO
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Artigo 28º
2 - Os Estados Partes tomam todas as medidas adequadas para velar por que a disciplina
escolar seja assegurada de forma compatível com a dignidade humana da criança e nos
termos da presente Convenção.
3 - Os Estados Partes promovem e encorajam a cooperação internacional no domínio da
educação, nomeadamente de forma a contribuir para a eliminação da ignorância e do
analfabetismo no mundo e a facilitar o acesso aos conhecimentos científicos e técnicos e
aos modernos métodos de ensino. A este respeito atender-se-à de forma particular às
necessidades dos países em desenvolvimento.
Artigo 32º
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5. Caracterização do Grupo Alvo
“É bom crescer com os pés na Terra e com a cabeça na Lua. Com projectos e com
sonhos. Com assombros e com encantamento. Com vista na ponta dos dedos,
descobrindo os intestinos das coisas, e perguntando «porquê?». É bom ser pequeno e
grande, mas ser criança para sempre.”
(Eduardo de Sá Crianças para Sempre)
O trabalho de pesquisa incidiu sobre as crianças do circo, numa faixa etária dos 6 aos 12
anos, a nossa reflexão parte dos direitos á saúde (artigoº 24), á educação (artigoº 28) e à
protecção contra a exploração (artigoº 32).
Com o apoio de dois autores de teorias de desenvolvimento, irei realizar a caracterização
que servirá de base, sendo eles Piaget e Erikson.
Piaget apresenta uma teoria que privilegia o aspecto cognitivo do desenvolvimento,
encarado como um processo descontinuo, uma evolução por quatro estádios que
correspondem a uma progressiva adaptação do sujeito ao meio.
É graças a um conjunto de mecanismos, que constituem uma totalidade, que a
inteligência se desenvolve: encarada como uma adaptação, assegura o equilíbrio entre o
organismo e o meio através da assimilação e da acomodação.
No processo de assimilação o sujeito incorpora os elementos do meio aos esquemas já
existentes. Por sua vez, as estruturas mentais modificam-se em função das situações
novas. Este processo designa-se por acomodação.
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Erikson apresenta uma teoria que encara o desenvolvimento como um processo que
decorre desde o nascimento até à morte. Distingue oito idades do ciclo de vida, sendo
cada uma delas atravessadas por crises.
Dá particular importância à componente psicossocial do desenvolvimento, ao passado
sociocultural do sujeito.
A teoria de Erikson é uma concepção psicodinâmica dado que o ajustamento ou
desajustamento não são situações definitivas. As experiências em fases subsequentes
podem contrariar as vivências tidas em idades anteriores.
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6. Historia do Circo
O MAIOR ESPECTÁCULO DO MUNDO ATRAVÉS DOS TEMPOS
SÉCULOS XIX E XX
ANOS 80
O CIRCO EM PORTUGAL
As informações mais antigas que pude pesquisar sobre este tema são aquelas que fui
encontrar ao segundo tomo da obra Lisboa Antiga, de Júlio Castilho, o qual a certo
momento escreve:
“Em Maio de 1596 estiveram em Lisboa uns arlequins, acrobatas, funânbulos ou
volantins, como lhe chamavam. E sabe o leitor onde representavam, e onde o público foi
admirá-los e aplaudi-los, pagando as entradas a vintém por cabeça? Foi no pátio da casa
do conde de Monsanto D. António de Castro. Por sinal o espectáculo rendia 30 a 40 mil
réis em cada tarde”.
Relativamente ao local onde se realizavam estes espectáculos, Castilho, nalgumas
páginas mais adiante, acrescenta:
“Havia dois pátios (no solar dos Monsanto); um deles era o da entrada nobre do palácio;
aí tinham estado em 1596 os volatins; o outro, mais interior, servia de picadeiro em 1754”.
Castilho refere também que o pátio do picadeiro pagava o censo de 3$960 réis anuais à
Igreja de S. Nicolau.
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Outro autor, Ribeiro Guimarães, vem confirmar a tese de Castilho no seu Sumário (tomo
III) entre as páginas 167 a 169, ao abordar a rubrica “Volatins”; diz-nos ele que os tais
volatins:
“(…) vinham a ser dois irmãos, um muito gordo e outro muito magro, que faziam coisas
admiráveis e espantosas: dançavam na corda bamba, de quatro dedos de grossura,
umas vezes com tamancos nos pés, e outras metidos ambos num saco atado por cima
das cabeças. Também com a ajuda do demónio, se deitava um deles em um tabernáculo
e deixava que lhe partissem sobre o peito uma pedra de atafona com o peso de dois
quintais. E faziam tudo isso ao som de uma harpa e em 1596”.
Ribeiro Guimarães acha que estes artistas tiveram muita sorte por terem escapado à
Inquisição, visto servirem-se do diabo para as suas acrobacias.
Mas o circo em Portugal surgiu com maior entusiasmo no século XVIII, começando por
desenrolar as suas representações em edifícios construídos para esse efeito, alguns
deles solidamente edificados, ou também levantados sobre grandes toldos, que tinham na
parte central um ou vários espaços circulares (ou ovais) rodeados de bancadas para o
público.
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7. Vivências no Circo
Beatriz fez um pouco de tudo no circo, como todo o artista de circo. É o avanço da idade
que determina o número que se segue. “Andei em cima de bolas, fiz contorcionismo,
ginástica, equilíbrio em cordas, acabei a trabalhar com cães e chimpanzés.”
Beatriz e Luís conheceram-se no circo, mas a situação mais comum é a espectadora ficar
caidinha pelo artista e acabarem de aliança no dedo. Ele continua no espectáculo, ela
passa a fazer parte da grande família circense. Foi o que aconteceu com Miguel Montes,
uma das estrelas do Cardinali, com os seus números de cama elástica, trampolim e roda
gigante, entre outros.
“Conhecia, deixou a vida dela e veio para o circo. Chegou a fazer parceria comigo num
número com facas.” Um número arriscado, que Miguel Montes já fizera anteriormente
com a sua mãe, a quem um dia a faca ficou espetada na camisola. Depois dedicou-se à
magia de encher o olho, ‘serrando’ mulheres a meio e outras excentricidades.
Correr o País
A temporada começa no primeiro trimestre de cada ano. A ‘cidade sobre rodas’ sai para a
estrada em Fevereiro, termina o roteiro em Novembro. Monta aqui, desmonta além.
Todos ajudam e os artistas não fogem à regra. Quer na montagem da estrutura quer, por
vezes, na condução dos camiões.
No Dallas, os gastos são bem mais comedidos. Aqui não há dinheiro para grandes
floreados. “Dá para viver”, diz Renato Alves, o responsável do Circo, que escolheu o
Algarve para encerrar a época.
“Já cheguei a montar e a desmontar por não ter ninguém”, cofessa, conformado,
lamentando a ausência de público.
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“O ano passado fecharam sete circos. Este ano as coisas também não estão famosas.
Aqui há dias fomos a um circo, que também gostamos de ver o que os outros fazem, e os
únicos espectadores éramos praticamente nós”, disse.
A crise que se vive tem, na sua opinião, duas vertentes: a falta de apoio do Estado, que
não vê no circo uma actividade cultural, e o facto de existirem outras opções, como a ‘ ’ e
a televisão, que leva as pessoas a ficarem em casa.
De ordenados é que ninguém fala. Nem empresários, nem artistas. Garantem, apenas,
que é mais do que o ordenado mínimo.
Os filhos dos artistas acabam por seguir a vida dos pais, mas por opção não por
obrigação. Como todas as crianças e adolescentes, vão à escola e fazem os seus
estudos, uma tarefa complicada se atendermos a que um circo nunca está muito tempo
no mesmo sítio. Conhecem, por isso, vários professores ao longo do ano. Sempre que se
apresentam numa escola, levam consigo uma espécie de ‘ficheiro escolar’, onde os
professores vão anotando os seus conhecimentos e em que ponto da matéria se
encontra. “No caso da minha filha mais velha [12 anos] é diferente, estuda através da
‘net’, através de um programa específico criado pelo Ministério da Educação para este
tipo de estudantes. No final do ano vão a uma escola fazer as provas, como os outros
estudantes”, conta Ângelo Chaves, palhaço no Circo Cardinali. Sensíveis ao problema,
alguns países da Europa avançaram com outra solução, destacando um professor para o
circo, sempre que existe um número mínimo de alunos.
Correio da Manhã – Reportagem- 2006-11-18 Circo – “Não há dinheiro não há palhaço”
À conversa com...
Ricardo define o Novo Circo como um género de trabalho onde todas as áreas são a base
de intervenção e de dinamização, por isso os espectáculos são produzidos através das
expressões musicais, dramáticas, corporais, artes circenses e área de ginástica
acrobática.
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Este movimento foi iniciado em França pelo circo Soleil e Plume, onde se encontrava nos
inícios primordiais desta filosofia o grande Palhaço, o melhor do mundo, o Slave, que já à
trinta anos vai transformando e desconstruindo a ideia do circo tradicional.
O Cirque du Soleil tem sido descrito como um "circo moderno" cheio de histórias e
performances estonteantes.
Uma das grandes características do Cirque du Soleil foi ter transformado o mundo do
circo. Tornar actual algo já tão antigo e internalizado na memória de todos. Fez isso muito
bem através da mistura que criou, trazendo influências de espectáculos dos mais variados
e das mais diferentes culturas. Recrutando artistas e números de circo de toda parte, faz
uma mescla de tudo juntando seu próprio estilo.
Não esquecendo dos grandes circos que até hoje encantam mundo fora, pode-se afirmar
que esta companhia de pouco mais de 20 anos é hoje um dos maiores espectáculos de
circo do mundo, assim como o Circo Plume com cerca de 30 anos de muitos
espectáculos.
De acordo com Ricardo Crista, a eleição para fazer parte deste espectáculo, passa por
um casting, onde só os melhores são escolhidos, por isso não existe a relação de geração
de circo, como no circo tradicional. Ao serem escolhidos criteriosamente os jovens artistas
são convidados a viver numa residência artística, para ai poderem ensaiar o espectáculo
que já anteriormente foi pensado, nestes espectáculos existem algumas crianças, que ao
assumirem este compromisso passam a estar envolvidas nesta promoção e
desenvolvimento do resultado final, podendo e tendo sempre os seus direitos
assegurados, afirmando Ricardo, que todas elas vão à escola, mas depois, das aulas
passam a estar num registo de academia artística.
Ricardo fala do famoso circo Circolando, que em Portugal tem feito história na promoção
de espectáculos de Novo Circo.
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8. Novas Tendências do Circo
O Circolando situado no Porto, desenvolve a sua actividade desde 1999. Com principal
objectivo a criação e difusão de espectáculos , promove também atelieres de formação
nas diversas áreas de expressão artística (dramática, corporal, musical e circense),
recentemente a realização e edição de vídeo.
Na criação e produção dos seus espectáculos existe uma linha comum que vem reforçar
a existência de um projecto multidisciplinar.
Circolando pretende criar uma imagem de marca na relação que estabelecer com uma
linguagem artística própria, interligando os universos do teatro físico, da dança, do teatro
imagem, do teatro de objectos, do circo, da musica, do vídeo e das artes plásticas.
Um teatro que pretende acentuar a itenerancia com forte difusão internacional onde se
pretende que todos tenham conhecimento dos vários projectos, fora de Portugal
Circolando já se viu integrada em festivais na Alemanha, Espanha, França, Holanda,
Reino Unido, Coreia do Sul e China.
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9. Projectos Desenvolvidos Pelo estado Português
Segundo uma análise feita pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho, o trabalho
infantil é um fenómeno complexo, associado aos padrões económicos, culturais e a
tendências comportamentais, um fenómeno que está em evolução acompanhando as
evoluções e as mudanças da própria sociedade.
No entanto, são múltiplas as situações em que menores de 16 anos, exercem outro tipo
de trabalhos, é o caso da participação em actividades artísticas e de espectáculo,
publicidade e moda.
Neste contexto, é normal que este fenómeno passe ao lado dos olhos dos pais e da
sociedade. Apesar deste tipo de actividades exercidas por menores ser considerado um
fenómeno que já é tão familiar à nossa sociedade, não pode ser negligenciado, pois
tratam-se de actividades económicas remuneradas ou seja, podem ser qualificadas como
lazer. A preocupação é que estas actividades desempenhadas por menores podem
afectar a saúde, o desenvolvimento físico moral, a educação e o aproveitamento escolar
de acordo com os estádios de desenvolvimento anteriormente expostos.
Foi com base neste fenómeno que o estudo seguinte foi elaborado, pretendendo
essencialmente caracterizar as actividades dos menores em espectáculos, moda e
publicidade. Procurando dar a conhecer alguns aspectos qualitativos como: o contexto
familiar destes menores, as motivações, algumas características das actividades
desenvolvidas e os efeitos que produz, nomeadamente na educação e sociabilidades dos
menores.
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Para a realização deste estudo foram inquiridas 152 crianças que participam ou já
participaram em actividades artísticas do espectáculo moda e publicidade. Inclui
indivíduos com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos (idade de frequência
escolar obrigatória), e indivíduos dos 16 aos 17 anos que tenham iniciado a sua
actividades antes de terem completado os 16 anos.
É de referir que um dos maiores obstáculos encontrados para a elaboração deste estudo,
foi no acesso à população alvo, uma vez não existirem listagens ou ficheiros que
pudessem servir de base à pesquisa. Outro factor que atrasou o estudo foi os
responsáveis pelos menores se oporem à realização do estudo, nomeadamente no
que diz respeito ás crianças do circo.
Os gráficos que seguem são uma pequena parte da análise deste estudo, focando-nos
apenas em alguns tópicos do mesmo. Em alguns gráficos será mencionada a realidade
de todo o universo inquirido, noutros serão apenas apresentados dados relativos ás
actividades circenses, sendo este o grupo alvo escolhido para esta Investigação.
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
6/7 8/9 10/11 12/13 14/15 16/17
anos anos anos anos anos anos
Idades
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G2 - Distribuição dos Menores por Género G2- Relativamente ao género, são as
raparigas que assumem maior peso,
representando 53,9% do total das
crianças inquiridas.
Feminino
Género
Masculino
Pe rce ntage m
2º ciclo
29%
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10.2 As crianças segundo a actividade exercida
G5- Distribuição dos Menores Segundo a G5- Os dados apontam para uma
Actividade Exercida maior incidência de crianças a
participar em actividades de
20% moda e publicidade e em
34%
televisão cinema ou teatro. É de
referir que o circo também
apresenta uma percentagem
elevada em relação à música e à
12% 34% dança.
Circo Moda/Poblicidade
Musica Dança TV/Cinema e Teatro
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G7- Distribuiçao das Crianças do Circo
Segundo Numero de Retenções G7- Analisando este gráfico
denota-se que quase metade das
53,60%
crianças do circo inquiridas já
ficaram retidas uma ou mais
28,60%
17,90%
vezes (46,5%)
Por outro lado podemos verificar que é género feminino o mais requisitado e que mais se
encontra envolvido nas actividades artísticas, com 53,9% no lote de inquiridos.
Deste estudo, podemos observar que a actividade circense é a terceira actividade artística
exercida com 20% ficando atrás do da moda / publicidade e da TV/ cinema e teatro,
industria crescente no que se refere ao trabalho com crianças.
Analisando em concreto a actividade circo que foi a incidência deste estudo, os dados
revelam-se preocupantes quanto a abstinência escolar das crianças trabalhadoras no
circo, pois 20% já não frequentam a escola, e mais de 46,5 dos inquiridos já ficaram
retidos uma ou mais vezes.
E é de realçar que este estudo quanto ás crianças do circo é pouco preciso, um dos
aspectos mais reveladores é a dificuldade de inquirir esta população que se encontra
ainda muito arredada e demasiado protegida pelas famílias do circo tradicional que
sentem como ameaça este tipo de estudos ou qualquer ingerência na sua forma de
viver.
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12. Medidas de Apoio Tomadas
LEGISLAÇÃO
Medidas aplicadas pelo Conselho de Ministros de Educação para as crianças
circenses.
Dentro dos limites constitucionais e financeiros e das políticas e estruturas educativas que
lhes são próprias, os Estados Membros proponham:
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televisão. Este método também permite às escolas sem professores, um acesso
educacional credível sem os alunos de deslocarem-se a grandes distância.
Mas este novo sistema tem as suas desvantagens ao facto de ser pouco interactivo, os
aprendizes baseiam-se simplesmente a assistir como se estivesse a ver um filme. Há falta
de interactividade e a percepção de quando o aluno tinha entendido ou não tornando-se
um pouco monótono estas novas aulas.
Curso de formação à distância onde as pessoas podem aprender ao seu ritmo e gosto.
Possibilita que cada indivíduo estude em casa, utilizando manuais, cassetes gravadas e
vídeo fornecidos pelos centros de formação. Em caso de duvida à a possibilidade de
contactar o formador por telefono e correio. Este método também não é tão eficaz pois o
aluno não tem uma ajuda decente por parte do professor para um esclarecimento
pretendido e em tempo útil.
Para a escola se tornar ideal, a tecnologia deve apoiar o professor, não tornando o seu
trabalho mais difícil, oferecendo assim uma maior uma maior flexibilidade pedagógica. É
obvio que a educação vai ter que sofrer muitos investimentos e remodelações das
entidades competentes (grande parte através governo e pessoas envolvidas) de modo a
tornarem os países mais competitivos e modernos. Porque como diz o ditado “a juventude
é o mundo de amanha”.
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13. Conclusão
Tendo em linha de conta que o estudo agora apresentado se situa em grande parte na
faixa dos 6 /14 e nesta etapa de desenvolvimento como afirma Erikson predomina as
actividades escolares. Se a criança corresponde ao que lhe é exigido no processo de
aprendizagem, a sua curiosidade é estimulada bem como o desejo de aprender. O
sucesso desenvolve nela sentimentos de auto-estima, de competências. Por um lado
ficaríamos preocupados com os resultados deste estudo pois o que eventualmente
aconteceria a uma grande parte das crianças do circo seria o desenvolverem a falta de
sentido de competência; sentimento de inferioridade, no entanto e porque a aprendizagem
e o desenvolvimento são um processo que decorre desde o nascimento até à morte
podemos afirmar que estas crianças ainda que arredadas do mundo escolar desenvolvem
competências paralelas e referências muito fortes oriundas dos seus padrões familiares
ritualizados.
Se a escola é um foco quando estudamos esta população não é menos verdade que ao
aceitarmos estas formas de cultura como parte integrante na nossa cultura europeia,
temos nós sociedade civil, governo e comunidade escolar em geral de encarar esta
situação não como um mal a erradicar mas uma situação a mudar principalmente ao
paradigma das aprendizagens em contexto escolar.
Sim porque será fácil perceber que estas crianças fazem aprendizagens em contexto de
trabalho e de família que devem, estas per si, ser integradas num sistema mais lato de
aquisição de competências escolares.
Deste estudo não é fácil concluir o que está realmente a ser desenvolvido para a
melhoria de acesso ás aprendizagens escolares para esta especificidade itinerante, no
entanto é perceptível a vontade política da mesma até por força da comunidade europeia.
Algumas questões ficam no ar depois deste trabalho, será o circo tradicional um reduto
fechado onde as crianças não tem liberdade e os seus direitos básicos não respeitados?
Em contraponto será que a grande percentagem de crianças trabalhadoras no mundo da
publicidade, TV, teatro, de famílias anónimas de meio urbano tem os seus direitos básicos
assegurados?
Aparentemente estas ultimas são menos apetecíveis até porque estão mais próximas de
cada um de nós, ao revés as famílias do circo tradicional, essas muito mais excluídas e
que auto se excluem dos processos sociais.
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14. Bibliografia
- AMARO, Gertrudes - “Educação para os Direitos Humanos: Actas do Encontro
Internacional”, Ministério da Educação.
- ADMS, Paul - “Os direitos da criança: para a libertação das crianças” Lisboa:
Editores Associados, [197-]. 335p.
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