Quem é Mais Importante?

Alexandre Carvalho

Os Stradivarius são os violinos mais caros do

mundo. Foram fabricados pelo italiano Antônio
Stradivari até 1720 e hoje existem apenas cerca de
650, pertencentes a uns poucos que podem pagar por
eles. São tão importantes, que costumam receber o
sobrenome de seus proprietários. Um deles, o
Hammer, datado de 1707 e que pertenceu ao
colecionador Christian Hammer, já falecido, foi vendido
em 2006 por 3,5 milhões de dólares. Eles são raros,
caros e por isso arrastam um grande público em suas
apresentações. Isso mesmo, as pessoas vão aos
concertos para assistirem o instrumento.

Nunca sequer cheguei perto de um Stradivarius. Mas uma vez

toquei com uma guitarra de um famoso músico brasileiro, conhecido
mundialmente. Quando me avisaram, fiquei ansioso, o coração disparado,
queria que chegasse logo a hora de vê-la, queria que tirassem foto de nós dois
juntos. Afinal, aquela era a guitarra do Cara! Querem saber o aconteceu?
Nada. Só conseguia tocar aquilo que eu já sabia, não consegui reproduzir os
timbres, os harmônicos que o dono produzia. Tocar com ela deu quase no
mesmo que com tocar com a minha.

Vivemos um momento em nossas igrejas em que muitos músicos se

dizem apenas instrumentos nas mãos de Deus, mas se acham verdadeiros
Stradivarius. Do outro lado, muitas pessoas vão às programações de culto
para ver as apresentações dos “caríssimos” instrumentos.

Pedro foi um cara polêmico, mas Jesus gostava de estar com ele. Ele
presenciou acontecimentos que poucos apóstolos puderam ver, como a
ressurreição da filha de Jairo (Lc 8:51). Pedro também é lembrado por curar
pessoas, de modo que levavam enfermos para as ruas para que ao menos a
sombra de sua capa cobrisse alguns deles (At 5:15). Mas, no período entre
Sua morte e ascensão, Jesus visitou este mesmo Pedro no mar de Tiberíades
(Jo 21:1-7). E o que ele estava fazendo? Pescando! Sem a presença de Jesus,
ele voltou a ser o que era: um simples pescador, com todos os seus velhos
hábitos, como o de pescar nu.

A bíblia diz como Jesus escolhia seus instrumentos. Ele chama quem
Ele quer (Mc 3:13). Isto nos coloca no mesmo nível de Mateus, Lucas, João, do
cantor ou pregador famoso e do irmão que acabou de aceitar a Jesus. Sem
Jesus somos instrumentos comuns. Se produzimos algum timbre especial,
algum som interessante, se tocamos o coração das pessoas, é por causa do
músico!
 O desapontamento que senti em minha experiência com aquela guitarra
é semelhante àquele sentido por pessoas que vêm às reuniões de culto com
desejo de suprir necessidades espirituais e descobrem que instrumentos não
fazem música sozinhos, por mais “caros” ou “famosos” que sejam.

Nenhum músico, cantor ou pregador famoso morreu ou estaria disposto

a morrer por você. Nenhum deles pode te dar a vida eterna. Nenhum deles é
capaz de convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8).
Harmonias complicadas, técnica vocal e belas mensagens não são capazes de
ganhar uma única alma para Jesus. Quem é o homem para que o Senhor se
lembre dele (Sl 8:4)? Precisamos adorar a quem realmente é digno! Pare de
idolatrar os Stradivarius e adore a quem merece toda honra, toda glória e todo
poder (Ap 5:13).