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MOÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL

DOS PROFESSORES DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE CANEÇAS

Os professores abaixo-assinados da Escola Secundária de Caneças, reunidos em assembleia


geral, vêm deste modo manifestar o seu repúdio em relação a um modelo de avaliação do
desempenho que atenta contra a valorização da sua profissão e que mina seriamente as condições
de um ensino de qualidade e de rigor. Os fundamentos com que os professores assim se pronunciam
são os seguintes:

• A forma como este modelo de avaliação do desempenho está concebido fomenta as divisões,
o conflito e a competitividade malsã entre os colegas de profissão, contrariando a cooperação
necessária ao trabalho das equipas pedagógicas e à própria ideia dos estabelecimentos de
ensino enquanto comunidades escolares.

• O exercício da profissão docente é demasiado plural e complexo para poder ser aferido na
base de indicadores uniformizados, assentes em critérios subjectivos que decorrem de
ideologias pedagógicas contestadas e de modelos que estão longe de suscitar consenso
junto da comunidade científica.

• A aplicação deste modelo de avaliação do desempenho vai ser efectuada por avaliadores que
não foram devidamente preparados para essa função, na qual foram investidos devido a um
concurso arbitrário e aleatório, e que, por isso mesmo, carecem de legitimidade para julgar o
trabalho desenvolvido pelos colegas, muitos deles com uma longa e frutuosa experiência de
ensino.

• Entre as muitas situações de desigualdade e de iniquidade, subjacentes à aplicação deste


modelo de avaliação, destaca-se aquela em que haverá professores avaliados no plano
científico e pedagógico e outros que terão apenas uma avaliação do desempenho
pedagógico, já que esta será realizada por professores de outros departamentos ou grupos
de docência distintos daquele a que pertence o avaliado.

• A equidade na avaliação do desempenho vai ser igualmente afectada pelo facto de haver
professores avaliados em função da diferença entre as suas classificações internas e as
classificações obtidas pelos alunos nas provas de avaliação externa, ao passo que muitos
outros professores não estarão sujeitos a esta confrontação dado que as suas disciplinas não
são abrangidas por exames nacionais.

• Este modelo de avaliação selecciona de forma injusta a atribuição das classificações de


Muito Bom e de Excelente na base de quotas arbitrariamente definidas, as quais irão depois
agravar a desigualdade entre os docentes nos futuros concursos de professores que o
Ministério pretende agora impor, sem que tal desigualdade reflicta diferenças reais de mérito.

• O presente modelo de avaliação assenta em critérios para a obtenção das classificações


máximas que penalizam o exercício de direitos constitucionalmente protegidos como sejam a
maternidade/paternidade, as faltas por doença ou por acompanhamento dos filhos, por greve
ou pela participação em eventos de reconhecida relevância social ou académica.

• Este modelo de avaliação pressupõe que o trabalho dos professores possa ser medido por
parâmetros que, em grande medida, escapam à sua responsabilidade directa, como sejam o
sucesso dos alunos e o abandono escolar, parâmetros fortemente afectados por variáveis
sociais, culturais e até económicas que os docentes não estão em condições de controlar,
havendo aqui uma pressão implícita para que os resultados escolares dos alunos sejam
artificialmente inflacionados, o que só irá acentuar a degradação do rigor e da exigência
inerentes à prática educativa.

Por tudo isto, os professores abaixo-assinados da Escola Secundária de Caneças não


reconhecem neste modelo de avaliação qualquer efeito positivo sobre a qualidade da educação e do
seu desempenho profissional e, nesse pressuposto, fazem os seguintes apelos e exigências:

• Do Ministério da Educação os professores exigem que, para o corrente ano lectivo, se


suspenda integralmente o Decreto Regulamentar n.º 2/2008, devendo no entanto serem
garantidos aos professores os aspectos relacionados com a celebração e a renovação de
contratos e com a progressão na carreira;

• Que se dê início imediato a negociações com vista à construção de um modelo de avaliação


do desempenho que não esteja orientado para a formatação uniformizadora da actividade
docente, para a punição, para a hierarquização e para o controlo burocratizado, mas que seja
formativo, responsabilizador da comunidade educativa no seu conjunto e efectivamente
valorizador do trabalho realizado pelos professores.

• Que esse processo negocial não se limite ao modelo de avaliação do desempenho, mas que
incida igualmente na revisão integral do Estatuto da Carreira Docente, revogando
nomeadamente a divisão da carreira entre professores titulares e não titulares.

• Solicita-se que o Conselho Executivo faça chegar este abaixo-assinado ao Ministério da


Educação.

Caneças, 11 de Novembro de 2008

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