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RASCUNHO
JUCERJA
Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro
Tradutor Pblico e Intrprete Comercial
Concurso Pblico 2009 MANDARIM
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RASCUNHO
JUCERJA
Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro
Tradutor Pblico e Intrprete Comercial
Concurso Pblico 2009 MANDARIM
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Texto para Verso
(...)
Negrinha era uma pobre rf de sete anos. Preta? No; fusca, mulatinha escura, de
cabelos ruos e olhos assustados.
Nascera na senzala, de me escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos
escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa no
gostava de crianas.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com
lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no cu. Entaladas as banhas no trono (uma
cadeira de balano na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigrio, dando audincias,
discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma dama de grandes virtudes apostlicas,
esteio da religio e da moral, dizia o reverendo.
tima, a dona Incia.
Mas no admitia choro de criana. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viva sem
flhos, no a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso no suportava o choro da carne
alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criana, gritava logo nervosa:
Quem a peste que est chorando a?
Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilo? O forno? A me da criminosa
abafava a boquinha da flha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em
caminho belisces de desespero.
Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razo. Fome quase sempre, ou frio, desses
que entanguem ps e mos e fazem-nos doer...
Assim cresceu Negrinha magra, atrofada, com os olhos eternamente assustados.
rf aos quatro anos, por ali fcou feito gato sem dono, levada a pontaps. No compreendia
a idia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ao ou omisso. A mesma coisa, o mesmo ato, a
mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase no andava.
Com pretextos de que s soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a
na sala, ao p de si, num desvo da porta.
(LOBATO, Monteiro. Negrinha. So Paulo. Ed. Brasiliense)
RASCUNHO
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