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Exmo. Sr.

Presidente da República
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República
Exmo. Sr. Procurador Geral da República
Exmo. Sr. Primeiro Ministro
Exma. Sra. Ministra da Educação
Exmo. Director Regional de Educação do Algarve

C/c:

Exmo. Sra. Presidente da Comissão Executiva Instaladora


Exmo. Presidente do Conselho Pedagógico
Exmo. Presidente do Conselho Geral Transitório

Os professores do Agrupamento Vertical de Escolas D. Dinis - Quarteira,


abaixo assinados, vêm, por este meio, tomar posição no que respeita à situação
que passam a expor.
Não é possível pensar a acção educativa sem conceber a sua avaliação,
quer se trate dos alunos, dos docentes ou, de um modo geral, de todos os
profissionais envolvidos no fenómeno do ensino e da aprendizagem.
Como qualquer actividade humana, a educação está sujeita às mudanças
que se vão operando no seio das sociedades, estruturadas em paradigmas que
variam consoante as épocas. Do mesmo modo, os pressupostos subjacentes ao
conceito de avaliação, bem como os instrumentos pelos quais esta se actualiza,
devem ser continuamente revistos, numa perspectiva formativa, construtiva, de
modo a poder dar uma resposta adequada às exigências que as sociedades
modernas hoje nos colocam em termos dos padrões de conhecimento.
Avaliar e ser avaliado sempre foram dois aspectos indissociáveis da
condição de professor.

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Olhando para trás, ao longo das várias reformas educativas, a avaliação
foi um direito que, de alguma maneira, foi negado aos professores, na medida
em que todo o empenho, profissionalismo, dedicação e qualidade científica que
muitos deles sempre puseram no seu trabalho foram submersos na mediania
igualitária não necessariamente justa de uma menção de Satisfaz.
Vivemos um tempo de mudança. Sabemos que qualquer mudança digna
desse nome provoca sempre alguma instabilidade, encontra resistências, causa
apreensões. Daí a necessidade e a importância de debater as questões em
profundidade, de pensar em conjunto sobre os problemas, de tentar perceber a
fundamentação dos pressupostos e operacionalizar os modos da sua articulação
à prática.
Numa altura em que o modelo de avaliação de desempenho do pessoal
docente está a ser posto em prática à revelia de toda uma classe, não porque os
profissionais rejeitem ser avaliados, mas porque exigem uma avaliação
construtiva, não burocrática, que não perca de vista o objectivo principal da
acção educativa - os alunos e as suas aprendizagens - e que não transfira para os
profissionais do sistema o ónus das fraquezas desse mesmo sistema, urge
PARAR PARA REFLECTIR.
Está claro para a classe docente que este modelo de avaliação é um
modelo atabalhoado, desajustado, burocrático, anti-ecológico - pense-se na
quantidade de árvores que vai ser necessário abater para produzir pasta de
papel suficiente para todas as evidências, grelhas e fichas que o modelo
comporta, obrigando os professores a se desdobrarem em múltiplas tarefas cuja
finalidade não está sob a sua alçada mas pertence, definitivamente, à esfera do
governo que para tal foi democraticamente eleito pelos cidadãos aos quais
prometeu as metas que agora tenta, por decreto, afectar aos professores.
É óbvio para qualquer pessoa e, principalmente, para aqueles que vivem,
por dentro, a realidade de uma escola ou tutelam essa realidade, que o combate
ao insucesso e ao abandono escolares não são da responsabilidade dos
docentes, enquanto indivíduos, mas da escola como um todo e do sistema
educativo em que se alicerça.

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Também o professor não está no terreno a defender pontos de vista ou
posicionamentos individuais; faz parte do todo e a sua autonomia esgota-se no
cumprimento dos programas e dos curricula delineados pelo Ministério da
Educação. Logo, não lhe cabe a ele definir objectivos.
Os objectivos de todos os docentes estão definidos, à partida, são comuns
a todos os professores e passam, indiscutivelmente, pelo sucesso dos seus
alunos. Porém, não está na sua mão garantir resultados. Há todo um conjunto
de factores - como o meio onde a escola está inserida, a situação sócio
económica dos agregados familiares, a cultura de hábitos de trabalho ou a
ausência dela, a falta de expectativas de alunos e encarregados de educação, o
papel atribuído à escola na formação dos jovens, vista por alguns como um
espaço natural de aquisição de competências e saberes e por muitos como o
local onde deixar as crianças e os jovens durante as horas de expediente - que
não dependem do professor mas são resultado de anteriores políticas
educativas e económicas e de que todos, professores, alunos e a sociedade em
geral, sofremos os efeitos.
Estes factores suscitam, igualmente, outras tantas questões:
- Nunca antes houve, em Portugal, uma avaliação respeitante à implementação
das várias políticas educativas de sucessivos governos. Porquê, agora, imputar
aos professores a responsabilidade dos erros dessas mesmas políticas?
- Por que motivo a “culpa”, nas palavras da Senhora Ministra, do insucesso dos
alunos tem de ser, necessária e exclusivamente, atribuída aos professores?
- Que responsabilidade têm os professores na decisão de algumas famílias de
retirarem os jovens da escola para, assim, poderem fazer face a uma situação
económica desfavorável?
- Por que razão os professores têm de se comprometer, no início de cada ano
lectivo, com metas que, desde logo, não dependem só de si, como a melhoria
dos resultados dos alunos e a diminuição da taxa de abandono escolar?
- Numa lógica empresarial de desempenho por objectivos, como se depreende
dos diplomas emanados do Ministério da Educação, estando envolvidas no
processo três entidades distintas - professores, alunos e encarregados de

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educação - por que motivo só aos primeiros se exige deveres e se cobra
resultados?
- Qual a justiça de um modelo de avaliação de desempenho - ADD, que obriga
o trabalhador, neste caso os professores, a despenderem inúmeras horas, para
além das 35 consagradas nos seus horários, em tarefas burocráticas ou extra
curriculares, umas, de formação e investigação, outras, que não são
contabilizadas, ou sequer pagas, mas que contribuem, perversamente, para a
sua avaliação?
- A flagrante desmotivação que todo este processo tem provocado nos
professores, desde a desvalorização socioprofissional até uma avaliação de
desempenho injusta, parcial, burocrática, inexequível e que não contribui em
nada para a melhoria da aprendizagem dos alunos. Além disso, tem tornado o
trabalho na escola insuportável;
- Todo este processo põe em causa, inclusive, os deveres gerais da profissão
previstos no artigo 10º do respectivo Estatuto (ECD), nomeadamente, os
deveres do rigor, da isenção, da justiça e da equidade, em particular, os deveres
de exercício da sua função por critérios de qualidade, especialmente, o dever de
cooperação;
- Este modelo de avaliação promove e incentiva a competição desmedida entre
colegas de profissão, inviabilizando o trabalho cooperativo, absolutamente
necessário para um exercício de funções com qualidade;
- A promoção, com os prejuízos supracitados, da divisão entre avaliados e
avaliadores, titulares e não titulares, sem qualquer critério de exigência
aceitável, apenas pelo exercício de cargos administrativos;
- A avaliação do desempenho está orientada para a melhoria estatística dos
resultados dos alunos, promovendo eventuais resultados artificiais, como
consequência de serem inflacionados, promovendo o facilitismo e
despromovendo o rigor e a exigência;
- O próprio Ministério da Educação não dá resposta adequada às
recomendações do Conselho Científico para Avaliação dos Professores,
mantendo em vigor fichas de avaliação absolutamente desadequadas;

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- Como é que o processo educativo pode ser isento de arbitrariedades quando a
realidade das escolas é diferente, ao nível de:
- recursos e qualidade de recursos;
- distribuição dos alunos/constituição de turmas;
- meio socioeconómico onde se insere cada escola;
- a heterogeneidade das turmas.

- Qual a lógica de um modelo de avaliação docente que:


- avalia do mesmo modo professores em início, meio e final de carreira?
- não respeita a especificidade da área de especialização de cada docente?
- não melhora a qualidade de ensino e não valoriza profissionalmente os
professores?
- não contempla a actualização pedagógico-científica dos docentes -
- preparação de aulas, formação profissional , etc. - ou o seu investimento
em formação pós-licenciatura?
- não dá formação, ou fá-lo tardiamente, e apenas a alguns, dos
intervenientes no processo?
- impõe quotas quanto à atribuição das menções qualitativas, de acordo
com o despacho 20131/2008, condicionando, à partida, os resultados da
avaliação e comprometendo a sua imparcialidade?
Num processo normal, bem pensado, bem planeado e minimamente
credível, deveria ter havido um tempo previamente estabelecido para reflexão e
debate dos objectivos da avaliação, dos diplomas que lhe conferem
enquadramento legal bem como dos instrumentos que a servem. Tal não
aconteceu e o processo foi imposto unilateralmente.
Como conclusão, é necessário reformular este modelo de avaliação,
dando-lhe sentido, credibilidade e eficácia e reparando as injustiças que os
diplomas legais impostos pelo Ministério da Educação consagram. Todo o
processo da Avaliação de Desempenho dos docentes só se consegue com os
docentes e nunca contra eles e sem os ouvir.

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Assim sendo os professores, abaixo assinados, deste Agrupamento de
Escolas vêm:

1. Requerer a suspensão do modelo de avaliação do desempenho docente nos


moldes em que está estruturado;
2. Exigir a revogação do Decreto Regulamentar 2/2008, bem como o Decreto-
Lei 15/2007 que lhe dá suporte legal.

Quarteira, 5 de Novembro de 2008

Exmo. Sr. Presidente da República


Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República
Exmo. Sr. Procurador Geral da República
Exmo. Sr. Primeiro Ministro
Exma. Sra. Ministra da Educação
Exmo. Director Regional de Educação do Algarve

C/c:

Exmo. Sra. Presidente da Comissão Executiva Instaladora


Exmo. Presidente do Conselho Pedagógico
Exmo. Presidente do Conselho Geral Transitório

Os professores e Educadores da Escola E.B. 1 Dona Francisca de Aragão,


reunidos em plenário no dia 30 de Outubro, reiteram o seu total desacordo com
os princípios que norteiam a Avaliação do Desempenho Docente proposto pelo
Ministério da Educação. Deste modo apresentam a seguinte moção que vem:

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c) Requerer a revisão do Modelo de Avaliação do desempenho docente nos
moldes em que está estruturado;
d) Propor a renegociação do Decreto Regulamentar 2/2008, bem como o
Decreto-Lei 15-2007 que lhe dá suporte legal;

Nos termos e com os fundamentos seguintes:


 A excessiva carga burocrática, que o processo de avaliação acarreta, está
a prejudicar gravemente o normal funcionamento da actividade lectiva,
com a agravante de se estar ainda numa fase inicial.

 A flagrante desmotivação que todo este processo tem provocado nos


professores, desde a desvalorização socioprofissional até uma avaliação de
desempenho injusta, parcial, burocrática, inexequível e que não contribui
em nada para a melhoria da aprendizagem dos alunos, tem tornado o
trabalho na escola insuportável.
 Todo este processo põe em causa, inclusive, os deveres gerais da
profissão previstos no artigo 10º do respectivo
Estatuto, nomeadamente, os deveres do rigor, da isenção, da justiça e da
equidade, nomeadamente, os deveres de exercício da sua função por
critérios de qualidade, nomeadamente, o dever de cooperação.

 Este modelo de avaliação promove e incentiva a competição desmedida


entre colegas de profissão, inviabilizando o trabalho cooperativo,
absolutamente necessário para um exercício de funções com qualidade.

 A promoção, com os prejuízos supracitados, da divisão entre avaliados e


avaliadores, titulares e não titulares, sem qualquer critério de exigência
aceitável, apenas pelo exercício de cargos administrativos.

 A avaliação do desempenho está orientada para a melhoria estatística


dos resultados dos alunos, promovendo eventuais resultados artificiais

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porque inflacionados, promovendo o facilitismo, despromovendo o rigor
e a exigência.

 O próprio Ministério não dá resposta adequada às recomendações do


Conselho Científico para Avaliação dos Professores, mantendo em vigor
fichas de avaliação absolutamente desadequadas.

Face ao exposto e com o intuito de contribuir para a revisão sugerida,


colocam-se ainda as seguintes questões:

 Não há obrigatoriedade de frequência no Jardim-de-infância. Como é


que um dos itens da avaliação das educadoras é o abandono escolar?

 Não há sucesso nem insucesso na educação pré-escolar. Como é que


as educadoras podem ser avaliadas em relação às aprendizagens dos alunos?

 Como é que o processo educativo pode ser isento de arbitrariedades


quando a realidade das escolas é diferente, ao nível de:
- recursos e qualidade de recursos
- distribuição dos alunos/constituição de turmas
- meio socioeconómico de inserção da escola

 Um aluno no primeiro ano, em Estudo do Meio, facilmente, consegue


100% numa ficha de avaliação. O que acontece no ano seguinte? É possível que
baixe a sua média porque o programa curricular se tornou mais complexo. O
que se fazem aos resultados, também se manipulam?

 O aluno é avaliado quanto ao nível da progressão, comparando a


avaliação do ano lectivo transacto e a avaliação diagnóstica. Hipoteticamente, se
numa turma de vinte e quatro alunos existem seis com um nível de muito bom
ou excelente, que não conseguem progredir mais, será o professor penalizado

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por ter alunos tão bons? É o que se interpreta relativamente às questões de
progressão dos resultados da turma, uma vez que teria de se obter 85% de
progressão para se obter classificação de dez pontos neste parâmetro.

 Na sequência da questão anterior, se o aluno no ano lectivo transacto


obteve uma média numa disciplina na ordem dos 97%, no ano lectivo corrente
só poderá progredir se tiver mais que 97%. No caso do 1º ciclo, se o aluno no
ano lectivo presente frequentar o 2º ano de escolaridade, qual vai ser a meta no
final do 2º ano? No final do 3º ano? E no final do 4º ano para o professor não ser
penalizado?

 Hipoteticamente, se uma escola tiver 6 quotas para muito bom e


houver 8 professores que correspondem ao perfil de muito bom porque
atingiram esse nível em todos os parâmetros avaliados, o que acontece?
Manipulam-se os parâmetros para que somente 6 consigam o muito bom?

 No artigo 18.º, ponto um, alínea c) do Decreto Regulamentar n.º


2/2008 está definido que o órgão de direcção executiva da escola pondera o
progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e redução das
taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto socioeducativo em que se
insere a escola/agrupamento. Também o Ministério da Educação tem em conta
o contexto em que se insere a escola/agrupamento aquando da atribuição das
quotas para essa escola/agrupamento?
Uma situação concreta: as escolas estão a definir metas altíssimas e inatingíveis
face ao contexto socioeducativo onde se inserem, apenas com o intuito de
receber uma percentagem de quotas maior. Estas quotas são atribuídas às
escolas de acordo com o contexto socioeducativo onde se inserem ou de acordo
com as metas que definem, independentemente do contexto?

 Em que medida é que o contexto socioeducativo é tido em conta na


avaliação do professor? Apenas há referência a este contexto socioeducativo

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aquando da avaliação realizada pela direcção executiva, não estando
contemplado no ponto de partida do processo avaliativo.

 Há indicadores de medida que não são diferenciáveis. Como é que se


demonstra evidência para esses indicadores?

 A formação que incide sobre conteúdos de natureza científico-


didáctica com estreita ligação à matéria curricular leccionada imposta pelo
Ministério da Educação foi aceite de bom grado pelos docentes empenhados em
melhorar a sua prática pedagógica. No entanto, actualmente, esses docentes não
são beneficiados por terem cumprido as directrizes do Ministério da Educação;
são sim penalizados porque no artigo 33.º, ponto 5 do Decreto Regulamentar n.º
2/2008, os professores que realizaram as referidas acções de formação nos anos
escolares de 2005/2006 e 2006/2007 só vêem transitar um crédito para a
presente avaliação.

 Há avaliadores que ainda não frequentaram a formação sobre


avaliação. Como é que poderão avaliar?

 O que se entende por projectos e actividades extra-curriculares? São


destinados aos professores, aos alunos ou a ambos? E se a escola não possuir as
condições necessárias à implementação do projecto ou actividade, quem é o
prejudicado? Como se resolve a situação?
 A grande diversidade de grelhas/documentos de Avaliação de
Desempenho Docente, elaborados nas diferentes escolas é demonstrativa da
complexidade que há em uniformizar o processo de avaliação. Esta não
uniformização prejudicará, certamente, alguns professores em detrimento de
outros.

Assim, os signatários renovam a proposta de revisão do Modelo de


Avaliação de Desempenho, certos de que, desta forma, contribuem para a

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melhoria do trabalho dos docentes, das aprendizagens dos alunos e da
qualidade do serviço público de educação. Contudo, que fique bem claro que os
docentes abaixo-assinados não se recusam a ser avaliados ou a avaliar quem
quer que seja, caso essa seja a vontade de Vossas Excelências.

Quarteira, 06 de Novembro de 2008

Requerimento:

Exmo. Sr. Presidente da República


Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República
Exmo. Sr. Procurador Geral da República
Exmo. Sr. Primeiro Ministro
Exma. Sra. Ministra da Educação
Exmo. Director Regional de Educação do Algarve

C/c:

Exmo. Sra. Presidente da Comissão Executiva Instaladora


Exmo. Presidente do Conselho Pedagógico
Exmo. Presidente do Conselho Geral Transitório

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Os professores e Educadores da Escola E.B. 1 Dona Francisca de Aragão,
reunidos em plenário no dia 30 de Outubro, reiteram o seu total desacordo com
os princípios que norteiam a Avaliação do Desempenho Docente proposto pelo
Ministério da Educação. Deste modo apresentam a seguinte moção que vem:

e) Requerer a revisão do Modelo de Avaliação do desempenho docente nos


moldes em que está estruturado;
f) Propor a renegociação do Decreto Regulamentar 2/2008, bem como o
Decreto-Lei 15-2007 que lhe dá suporte legal;

Nos termos e com os fundamentos seguintes:


 A excessiva carga burocrática, que o processo de avaliação acarreta, está
a prejudicar gravemente o normal funcionamento da actividade lectiva,
com a agravante de se estar ainda numa fase inicial.

 A flagrante desmotivação que todo este processo tem provocado nos


professores, desde a desvalorização socioprofissional até uma avaliação de
desempenho injusta, parcial, burocrática, inexequível e que não contribui
em nada para a melhoria da aprendizagem dos alunos, tem tornado o
trabalho na escola insuportável.
 Todo este processo põe em causa, inclusive, os deveres gerais da
profissão previstos no artigo 10º do respectivo
Estatuto, nomeadamente, os deveres do rigor, da isenção, da justiça e da
equidade, nomeadamente, os deveres de exercício da sua função por
critérios de qualidade, nomeadamente, o dever de cooperação.

 Este modelo de avaliação promove e incentiva a competição desmedida


entre colegas de profissão, inviabilizando o trabalho cooperativo,
absolutamente necessário para um exercício de funções com qualidade.

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 A promoção, com os prejuízos supracitados, da divisão entre avaliados e
avaliadores, titulares e não titulares, sem qualquer critério de exigência
aceitável, apenas pelo exercício de cargos administrativos.

 A avaliação do desempenho está orientada para a melhoria estatística


dos resultados dos alunos, promovendo eventuais resultados artificiais
porque inflacionados, promovendo o facilitismo, despromovendo o rigor
e a exigência.

 O próprio Ministério não dá resposta adequada às recomendações do


Conselho Científico para Avaliação dos Professores, mantendo em vigor
fichas de avaliação absolutamente desadequadas.

Face ao exposto e com o intuito de contribuir para a revisão sugerida,


colocam-se ainda as seguintes questões:

 Não há obrigatoriedade de frequência no Jardim-de-infância. Como é


que um dos itens da avaliação das educadoras é o abandono escolar?

 Não há sucesso nem insucesso na educação pré-escolar. Como é que


as educadoras podem ser avaliadas em relação às aprendizagens dos alunos?

 Como é que o processo educativo pode ser isento de arbitrariedades


quando a realidade das escolas é diferente, ao nível de:
- recursos e qualidade de recursos
- distribuição dos alunos/constituição de turmas
- meio socioeconómico de inserção da escola

 Um aluno no primeiro ano, em Estudo do Meio, facilmente, consegue


100% numa ficha de avaliação. O que acontece no ano seguinte? É possível que

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baixe a sua média porque o programa curricular se tornou mais complexo. O
que se fazem aos resultados, também se manipulam?

 O aluno é avaliado quanto ao nível da progressão, comparando a


avaliação do ano lectivo transacto e a avaliação diagnóstica. Hipoteticamente, se
numa turma de vinte e quatro alunos existem seis com um nível de muito bom
ou excelente, que não conseguem progredir mais, será o professor penalizado
por ter alunos tão bons? É o que se interpreta relativamente às questões de
progressão dos resultados da turma, uma vez que teria de se obter 85% de
progressão para se obter classificação de dez pontos neste parâmetro.

 Na sequência da questão anterior, se o aluno no ano lectivo transacto


obteve uma média numa disciplina na ordem dos 97%, no ano lectivo corrente
só poderá progredir se tiver mais que 97%. No caso do 1º ciclo, se o aluno no
ano lectivo presente frequentar o 2º ano de escolaridade, qual vai ser a meta no
final do 2º ano? No final do 3º ano? E no final do 4º ano para o professor não ser
penalizado?

 Hipoteticamente, se uma escola tiver 6 quotas para muito bom e


houver 8 professores que correspondem ao perfil de muito bom porque
atingiram esse nível em todos os parâmetros avaliados, o que acontece?
Manipulam-se os parâmetros para que somente 6 consigam o muito bom?

 No artigo 18.º, ponto um, alínea c) do Decreto Regulamentar n.º


2/2008 está definido que o órgão de direcção executiva da escola pondera o
progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e redução das
taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto socioeducativo em que se
insere a escola/agrupamento. Também o Ministério da Educação tem em conta
o contexto em que se insere a escola/agrupamento aquando da atribuição das
quotas para essa escola/agrupamento?

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Uma situação concreta: as escolas estão a definir metas altíssimas e inatingíveis
face ao contexto socioeducativo onde se inserem, apenas com o intuito de
receber uma percentagem de quotas maior. Estas quotas são atribuídas às
escolas de acordo com o contexto socioeducativo onde se inserem ou de acordo
com as metas que definem, independentemente do contexto?

 Em que medida é que o contexto socioeducativo é tido em conta na


avaliação do professor? Apenas há referência a este contexto socioeducativo
aquando da avaliação realizada pela direcção executiva, não estando
contemplado no ponto de partida do processo avaliativo.

 Há indicadores de medida que não são diferenciáveis. Como é que se


demonstra evidência para esses indicadores?

 A formação que incide sobre conteúdos de natureza científico-


didáctica com estreita ligação à matéria curricular leccionada imposta pelo
Ministério da Educação foi aceite de bom grado pelos docentes empenhados em
melhorar a sua prática pedagógica. No entanto, actualmente, esses docentes não
são beneficiados por terem cumprido as directrizes do Ministério da Educação;
são sim penalizados porque no artigo 33.º, ponto 5 do Decreto Regulamentar n.º
2/2008, os professores que realizaram as referidas acções de formação nos anos
escolares de 2005/2006 e 2006/2007 só vêem transitar um crédito para a
presente avaliação.

 Há avaliadores que ainda não frequentaram a formação sobre


avaliação. Como é que poderão avaliar?

 O que se entende por projectos e actividades extra-curriculares? São


destinados aos professores, aos alunos ou a ambos? E se a escola não possuir as
condições necessárias à implementação do projecto ou actividade, quem é o
prejudicado? Como se resolve a situação?

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 A grande diversidade de grelhas/documentos de Avaliação de
Desempenho Docente, elaborados nas diferentes escolas é demonstrativa da
complexidade que há em uniformizar o processo de avaliação. Esta não
uniformização prejudicará, certamente, alguns professores em detrimento de
outros.

Assim, os signatários renovam a proposta de revisão do Modelo de


Avaliação de Desempenho, certos de que, desta forma, contribuem para a
melhoria do trabalho dos docentes, das aprendizagens dos alunos e da
qualidade do serviço público de educação. Contudo, que fique bem claro que os
docentes abaixo-assinados não se recusam a ser avaliados ou a avaliar quem
quer que seja, caso essa seja a vontade de Vossas Excelências.

Quarteira, 06 de Novembro de 2008

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