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INSTITUTO DE FÍSICA DA UFBA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO
DISCIPLINA : FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL IV-E (FIS 124)
DIFRAÇÃO
onde ê1, ê2... êN representam os vetores unitários perpendiculares às retas r1, r2...rN.
Cabem aqui algumas observações. Em primeiro lugar, como estamos supondo que as ondas
r
que atingem a fenda são planas, isto implica que todas as fases dos campos ∆ Ei são iguais, uma
vez que todos os pontos da fenda são atingidos simultâneamente por uma mesma frente de onda. Por
simplicidade fizemos nulas estas fases. Em segundo lugar, as ondas que atingem o ponto P são
esféricas, de modo que suas amplitudes, ∆Em(ri), dependem da distância ri. Contudo, se considerarmos
que o ponto P não esteja muito afastado de O, então podemos supor que esta amplitude não difere
1
essencialmente daquela do ponto O. Por outro lado, sabendo-se que a amplitude da onda que atinge a
fenda é Em e como dividimos a fenda em N partes iguais, é razoável supor que a relação entre Em e
∆Em(ri) seja:
Em = N ∆Em(ri) = N ∆Em (2)
r
O campo total em P será igual a soma vetorial dos campos ∆ Ei . No entanto, como estamos
na condição de Fraunhofer, isto é D >> a, os vetores êi serão todos paralelos entre si e a soma vetorial
poderá ser trocada por uma soma escalar.
Antes de efetuarmos esta soma, vamos modificar a equação (1) para que a operação seja
facilitada. Observe que podemos escrever:
ri = r1 + (ri - r1), i = 1, 2, 3, .... N (3)
Mas o que significa geométricamente as diferenças de caminho (ri - r1)? Para visualizamos isto,
vejamos o que ocorre quando N = 5.
Observe na figura ao lado que :
r1
r2 - r1 = (a/4) sen θ r2
r3 - r1 = 2 (a/4) sen θ = 2 (r2 - r1) r3
a/4
r4 - r1 = 3 (a/4) sen θ = 3 (r2 - r1) 2a/4 r4
3a/4
a θ r5
r5 - r1 = 4 (a/4) sen θ = 4 (r2 - r1)
θ
Assim, para uma fenda com um
numero N de irradiadores, podemos escrever
genericamente : (ri - r1) = (i - 1) (r2 - r1), i=
1,2,3...
Em particular, se i = N, então (rN-r1) = (N-1) (r2 - r1) = a sen θ (4)
Definimos uma fase ∆φ, tal que ∆φ = k (r2 - r1). Definimos também φ = k (rN - r1) e é fácil verificar que
a relação entre ambas é:
φ = k a sen θ = (N - 1) ∆φ = k (rN - r1) (5)
Podemos agora reescrever novamente as equações (1) na forma
∆E1= ∆Em cos(k r1 - ω t)
∆E2= ∆Em cos(k r1 - ω t + ∆φ)
: : : :
∆EN= ∆Em cos(k r1 - ω t + (N-1) ∆φ)
O campo em P será a soma de todos estes campos. Para efetuarmos este cálculo, iremos utilizar
novamente o campo complexo:
j ( k r1 − ω t + ϕi )
∆Ei = ∆E m e , onde ∆Ei = Re{ ∆Ei }
2
N N
E=
∑ ∆E = ∆ E ∑ e
i =1
i 1
i =1
j ( i −1) ∆ϕ
= ∆E1 S N , onde S N = 1 + e j ∆φ + e 2 j ∆φ + K + e j ( N −1) ∆φ
(qN − 1) j.∆ φ
Esta soma é dada por: S N = a1 , onde a1 = 1 e q = e . Assim,
(q − 1)
e j θ − e− jθ sen( N ∆φ / 2)
Como sen θ = , então: S N = e j ( N −1) ∆φ / 2 (6)
2j sen( ∆φ / 2)
Usando a relação (5), chegamos a :
sen(φ / 2) j ( rN − r1 ) 2 sen(φ / 2)
E = ∆E m e j ( k .r1 − ω t ) e j ( N −1) ∆φ / 2 = ∆E m e j ( k r1 − ω.t ) e
sen(φ / 2 N ) sen(φ / 2 N )
Observe que na expressão entre parênteses usamos φ = N ∆φ, ao invés de (5). Isto foi
possível, uma vez que estamos admitindo N >> 1. Nesta aproximação, devemos ter também
sen(φ/2N)=(φ/2N). Definindo r = (r1 + rN)/2 (distância do centro da fenda ao ponto P) e lembrando - se
sen( φ 2)
que Em = N ∆Em , obtemos: E = Em .e j(k.r − ω.t ) . Assim, o campo em P será dado por:
(φ / 2)
A grandeza que nos interessa no momento é a intensidade. Como vimos no capítulo anterior,
I = β E.E* , onde β é uma constante que depende do meio. Fazendo Io = β Eα2 (intensidade da luz
que atinge a fenda), a intensidade em P será:
Intensidade
sen 2 α
I = Io
α2
Maximo Central
condição de mínimo. -2 π -π π 2π 3π
0 α
-
-2 λ -λ 0 λ 2λ 3λ a senθ
3
k a sen θ
Como α= , esta condição poderá ser reescrita como a senθ = m λ . O gráfico de
2
distribuição de intensidade é mostrado acima.
RESUMO
Largura da fenda = a
E = E α cos (k ⋅ r − ω ⋅ t )
sen α
Campo em P E α = E m
α
φ k a sen θ
α = 2 = 2
sen2 α
Intensidade: I = Io
α2
Máximo Central α= 0 ou θ=0
Condição de Mínimo α= mπ e a senθ = m λ m = ±1, ±2, ±3…
Assim, o campo (complexo) em P, produzido pela i-ésima fenda será escrito como:
sen α
Ei = Eα e j ( k ri − ω t ) onde Eα = Em , e i = 1, 2, 3, .....N
α
Observe que podemos escrever ri = r1 + (ri − r1 ) e
4
r2 − r1 = d sen θ
M M M
rN − r1 = (N − 1) d sen θ
Definindo δ = k ( r2 − r1 ) = k d sen θ
Logo k( rN − r1 ) = (N - 1) δ (7)
qN − 1 jδ
Usando SN = a1 , onde a1 = 1 e q = e , teremos
q −1
( e j N δ − 1) e j N δ / 2 (e j N δ / 2 − e − j N δ / 2 ) j ( N −1) δ / 2 sen( Nβ )
SN = = , logo S N = e , onde β = δ/2
jδ jδ /2 jδ / 2 − jδ /2 sen( β )
(e − 1) e (e −e )
Usando a relação (7),teremos
sen( Nβ ) j [ k r1 − ω t + k ( rN − r1 ) / 2 ]
E = Eα e
sen( β )
Fazendo r = ( rN + r1 ) / 2 , chegamos finalmente a:
sen α sen( Nβ )
E = Re{ E } = Em cos (kr - ωt)
α sen( β )
A Intensidade será:
2 2
sen α sen(Nβ) k a sen θ k d sen θ
I = Io onde α= e β=
α sen(β) 2 2
2 2
sen α sen(Nβ)
O termo é chamado de fator de difração (FD) e o termo é chamado
α sen(β)
de fator de interferência (FI).
5
O fator de interferência tem máximos quando β = mπ ( m = 0, ± 1, ± 2...). De fato, usando a
FI
2
N
-2 π -π 0 π 2π β
-2λ -λ 0 λ 2λ d senθ
a
m=2 (2 ordem)
a
m=3 (3 ordem)
a
m=4 (4 ordem)
- 2λ λ 3λ senθ
-λ 0
d 2λ d 4λ λa
a a
d d
6
se m = 0, temos a "ordem zero"; se m = 1 temos a 1a ordem e assim por diante. Estes máximos
obedecem a equação da rede
d senθ = m λ m = 0, 1, 2....
a. Casos especiais
2 2
sen α sen(Nβ)
Da expressão I = Io podemos chegar a alguns resultados já discutidos
α sen(β)
anteriormente:
2
sen(Nβ) sen α
• Para o caso onde N = 1, teremos = 1 . Assim I = Io , o que nos remete à
sen(β) α
expressão da difração de fenda única.
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b2. Largura de linha
Como afirmamos anteriormente, as ordens de
FI 2 difração são justamente os máximos do fator de
N
2
sen Nβ
interferência . Observe que este fator é
sen β
nulo quando senNβ = 0. Desta forma, o primeiro
π
mínimo ocorre quando β = . Para β negativo
N
π
este mínimo ocorrerá para β = − . Desta forma a
N
-π -π 0 π β
N N 2π
largura do pico é definido como ∆β = .
N
2π
Como usualmente temos N>>1, podemos considerar ∆β muito pequeno, isto é ∆β ≈ dβ = . Por outro
N
π ⋅ d ⋅ sen θ π ⋅ d ⋅ cos θ 2π
lado sabendo-se que β = , então dβ = dθ = . Definimos então a largura de
λ λ N
linha a quantidade
2λ
dθ = .
N ⋅ d ⋅ cos θ
Observe que Nd = L, que é a largura da rede de difração. Assim, quanto maior a largura da rede,
menor será a largura de linha.
Podemos ainda expressar dθ em função da ordem de difração, usando a equação da rede:
λ
sen θ = m . Como cos θ = 1 − sen 2 θ , então:
d
2λ
dθ =
λ2
Nd 1 − m 2
d2
Observe que à medida que a ordem m cresce, o termo da raiz decresce fazendo com que a
largura angular da linha cresça.
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λ
R= , onde λ é o comprimento de onda médio e
∆λ min
∆λmin é o limite de resolução, ou seja, a diferença
mínima na qual estas linhas são resolvidas. Esta
grandeza é definida pelo critério de resolução de
Rayleigh o qual estabelece que duas linhas são
resolvidas quando o máximo principal de uma linha
coincide com o primeiro mínimo adjacente de outra
linha. Da figura ao lado pode-se perceber que a
∆θ min separação angular mínima que obedece a este critério
∆θ
é justamente a metade da largura de linha, ou seja
λ
∆θmin = . Por outro lado, usando a expressão da dispersão, obtemos
N ⋅ d ⋅ cos θ
m ⋅ ∆λ min
∆θmin = .
d ⋅ cos θ
Igualando ambas expressões, teremos
λ m ⋅ ∆λ min
= , o que nos conduz à R = m ⋅ N .
N ⋅ d ⋅ cos θ d ⋅ cos θ
Note que para termos um elevado poder de resolução é necessário ter um elevado número de
linhas.
Por fim é interessante observar que o poder de resolução está associado com a largura de linha,
enquanto que a dispersão está relacionado com com a separação entre os centros das linhas.
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P Suponha então uma fonte puntiforme,
monocromática, de comprimento de onda λ que está a uma
a
grande distância de um orifício circular de diâmetro a. Na
O tela de observação haverá um padrão de difração que
1.22λ
a senθ
0 2.23λ 3.23λ
a ⋅ sen θ = 1,22 ⋅ λ
Para se encontrar os outros mínimos de difração,
devemos encontrar os outros zeros de J1(α). Isto ocorrerá
quando α = 7.0156; 10.1735; 13.3237;
As figuras ao lado mostram a distribuição de
intensidades do feixe difratado por uma fenda circular.
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lente) do telescópio tem formato circular, as imagens apresentarão padrão de difração. Por outro lado,
se o ângulo θ for pequeno, haverá uma superposição dessas figuras de difração, formando um único
"borrão", de modo que não poderíamos afirmar se se trata de uma imagem de um ou de dois objetos.
Contudo, à medida que o ângulo θ cresce, as imagens irão se separando, até chegarmos a um limite
no qual podemos afirmar que o "borrão" constitui, na verdade, de uma superposição de duas imagens.
Na verdade, este limite não é bem definido, mas para retirar o caráter subjetivo de cada um definir o
seu limite, convencionou-se estabelecer um critério objetivo: trata-se do criterio de resolução de
Rayleigh o qual afirma que o limite de resolução, isto é o ponto a partir do qual as duas imagens
estarão resolvidas (discerníveis), é quando o máximo central da figura de difração de uma das imagens
coincide com o primeiro mínimo de difração de outra imagem. Assim, o limite de resolução angular é
dado por:
λ
∆θR = arc ⋅ sen1.22
a
Desta forma, se os dois objetos O e P estiverem separados por
uma distância angular maior que ∆θR as imagens estarão
resolvidas; se este ângulo for menor que este limite de
resolução, as imagens estarão sobrepostas de forma que não
podemos fazer distinção entre uma ou outra imagem. Neste 0 1.22 λ senθ
a
caso as imagens não são reslovidas.
As figura abaixo, à esquerda, mostra uma situação onde as fontes se encontram em uma
distância angular igual ao ângulo de resolução angular, enquanto que à direita a distância angular é
maior que este limite.
BIBLIOGRAFIA
1. Fowles G.R., Introduction to Modern Optics
2. Jenkins F., White H., Fundamentals of Optics
3. McKelvey J.P., Grotch H., Física, vol.4
4. Crawford F.S., Ondas - Curso de Física de Berkeley, vol. 3
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