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Introdução

Daqui a meia hora começa a apresentação do Renato.. e enquanto fazia a barba,


mesmo agora, decidi escrever um livro. Não sei escrever, apenas tenho deixado perdidos,
estes anos todos, excertos de ideias, pensamentos em cadernos e computadores; alguns,
leio-os vezes sem conta para me lembrar melhor daqueles momentos. Decidi escrever
alguma coisa porque ultimamente tenho tido imensa dificuldade em falar sobre certos
temas com a maior parte das pessoas que conheço; desta forma, crio a ilusão de que isto
possa, um dia, ser lido por alguém com paciência e curiosidade pelo que tenho pensado e
não tenho conseguido, por minha culpa talvez, discutir.
O mais provável, é que venha a fazer pequenos ou grandes saltos entre alguns temas,
na tentativa de interligar uma série de importantes descobertas e teorias, de chegar a
algumas conclusões.

Viagens no tempo, o bodysurf e o ser 2D

O tema que esta semana mais me tem ocupado é a construção de uma máquina do
tempo.
Depois de ter andado a rever alguns episódios da fantástica série Cosmos, do Carl
Sagan, comecei a fazer o download de um documentário sobre o físico Ronald Mallett, da
universidade de Connecticut. Connecticut é, por coincidência, a cidade onde o Thurston
Moore dos Sonic Youth nasceu em 1958. Os Sonic Youth são a minha banda favorita
desde os 13 anos. Mallett está a afirmar-se dentro da comunidade científica da mesma
forma que imagino Thurston Moore a chegar a Nova Iorque, em finais dos anos 70.
Ronald L. Mallett nasceu em Roaring Spring, Pensylvania, a 30 de Março de 1945. A 6
de Agosto do mesmo ano foi lançada a primeira bomba atómica em Hiroshima e, apenas
3 dias mais tarde, a segunda e mais potente em Nagasaki.
A irreverência de Mallett e, principalmente, as intuitivas soluções para problemas
aparentemente complexos têm dado que falar. Apesar do cepticismo de pessoas tão
consagradas como Stephen Hawking ou Kip Thorne, o certo é que Ronald Mallett está
disposto a construir a sua máquina do tempo.
É verdade que sou ligeiramente obcecado por viagens no tempo, é verdade que adoro
ficção científica, o espaço, a Battlestar Galáctica, a saga Star Wars, o Regresso ao
Futuro e o Donnie Darko, mas também é verdade que vivemos num mundo muito
estranho e que raramente pensamos muito nisso. Admito, totalmente, que a minha cultura
a este nível é muito incompleta e de grau amador, mas penso ter uma ideia geral bastante
clara sobre uma série de descobertas, de teorias e livros que já tive a oportunidade de ler,
ver e ouvir. Sou, no mínimo, um curioso e tento incluir, de inúmeras formas, a noção do
cosmos, do universo -conhecido e por conhecer- no meu dia-a-dia, sem que isso tenha de
ser entediante ou infinitamente complexo. Tento viver como que, em loop, acreditando
que nós somos como deuses a viver em infinitos universos de infinitas possibilidades,
mas que neste momento estamos simplesmente aqui. E é em loop que em princípio irá
funcionar essa tal máquina do tempo!
Parece ser que, teoricamente, não há nenhum impedimento físico para viajarmos no
tempo. Para tentarmos perceber esta ideia relativamente simples, precisamos de nos
debruçar sobre o conceito geral de “tempo”. Como definiríamos por palavras o “tempo”?
Quase todos acreditamos fielmente que se passámos uma hora a tomar um belo banho na
nossa praia preferida e a fazer um pouco de bodysurfing, para as pessoas que ficaram
paradas a tomar banhos de sol passaram exactamente os mesmos 60 minutos. Bom,
podemos não notar, mas as leis actuais da física contradizem esta ideia. Na realidade, o
tempo passou mais lentamente para nós do que para as pessoas em repouso. Isto
realmente acontece e está de acordo com a famosa Teoria da Relatividade. Significa então
que, quando saímos da água, estamos uma fracção de segundo no futuro relativamente a
todas as outras pessoas que se mantiveram imóveis, deitadas na areia. Claro que a noção
de termos viajado para o futuro, por ser tão ínfima, é simplesmente desprezada. Mas, e se
ao darmos um mergulho fôssemos raptados por estranhos seres da Atlântida e levados
num dos seus submarinos incrívelmente rápidos, e depois de uma visita guiada à sua
cidade secreta, submersa, fôssemos de novo deixados na mesma praia? Aí, a dilatação
temporal já seria de facto notada. Se, por exemplo, tivéssemos feito uma viagem de uma
hora à metade da velocidade da luz, a 150.000 km por segundo, ao chegarmos à praia ter-
se-iam passado, para nós, cerca de 8 minutos menos, que para todos os outros. Se a
velocidade do submarino tivesse sido de 80% a velocidade da luz, a dilatação temporal
aumentaria e, para nós, teria sido apenas uma viagem de pouco mais de 30 minutos.
Significa isto que, para nós, a essa velocidade, o tempo passaria a cerca de metade da
velocidade do que para o resto das pessoas. A tecnologia ainda não nos permite viajar a
essas velocidades, mas a dilatação temporal é mesurável e deve ser tida em conta nas
viajens espaciais, bem como, na sincronização dos satélites em órbita terrestre e de outros
planetas e luas.

A relatividade numa fotografia

Foi em 1905 que Albert Einstein publicou um trabalho que, mais tarde, viria a ser
conhecido por Teoria da Relatividade Especial. Cinco semanas antes tinha conseguido,
depois de uma conversa com o seu melhor amigo Michele Besso, resolver a aparente
incompatibilidade das equações da Electrodinâmica de Maxwell e Lorentz num sistema
de referência em movimento, que definia a velocidade da luz como sendo sempre uma
constante no vácuo, com as leis da Mecânica Geral.
A 17 de Março de 1905, precisamente a mesma terça-feira em que morria o jornalista
C.E. Whitney, conhecido pelas suas histórias de ficção sobre ursos e serpentes
publicadas em vários jornais nova-iorquinos, Einstein enviou ao editor da revista alemã
Annalen der Physic o primeiro de uma série de seis artigos, dos quais quatro se tornariam
os pilares da física moderna. “Sobre a electrodinâmica dos corpos em movimento” seria o
quarto e mais conhecido artigo de Einstein, que chegava à mesma revista a 30 de Junho
do mesmo ano. Esta publicação ficaria conhecida para sempre como Teoria da
Relatividade Especial ou Teoria da Relatividade Restrita. Foram necessários 10 anos para
que, Einstein e o seu amigo matemático Marcel Grossmann, conseguissem generalizar
esta teoria e transformá-la numa teoria relativista da gravidade, na Teoria da Relatividade
Geral, base da cosmologia científica.
Esta teoria é ainda o ponto de partida para a maioria das possíveis formas de viajar no
tempo e demonstra, entre outras coisas, que o tempo varia com o movimento, que o
tempo é relativo. No entanto, esta e posteriores teorias vieram colocar questões bem mais
complexas: será que o tempo existe? Existirá um princípio e um fim? Existirão universos
paralelos?
Há temas tão complexos, que dificilmente conseguimos imaginar que algum dia se
chegue a alguma conclusão. Limitamo-nos a viver as nossas vidas aproveitando esse
tempo, que nos foi dado de uma forma mágica, e apesar de, sem nos apercebermos,
termos uma sensação de eternidade inerente à nossa humilde existência, somos
confrontados diáriamente com o ciclo da vida que se impõe, como um relógio específico,
a cada um de nós. Relativamente a um extraterreste a viajar a milhares de kms por
segundo, não somos mais do que um piscar de olhos.
Em 1826, o francês Joseph Nicéphore Niépce foi o primeiro ser humano a tirar uma
fotografia com uma técnica por ele denomidada de Heliografia (do grego: helios=”sol”
graphos=”escrita”). Essa primeira imagem real foi tirada da janela do seu local de
trabalho. A fotografia foi feita com uma pequena câmara escura, na qual foi colocada uma
chapa metálica fotosensível durante 8 horas de esposição. Em 1940, graças a Niépce, ao
pintor francês Louis Daguerre e a um pequeno incidente, deste, com um termómetro de
mercúrio, existiam já vários estúdios fotográficos nas grandes cidades do mundo.
Fotógrafos ambulantes que visitavam as pequenas povoações, munidos dos seus
daguerreótipos portáteis, graças aos seus preços acessíveis, tornavam a invenção popular
entre todas as classes sociais.

Quando penso em viagens no tempo, imagino a primeira vez que alguém possa ter tido
vontade de realmente viajar no tempo. Talvez por necessidade de mudar alguma coisa ou,
até, de voltar a viver um determinado momento da sua vida. Não é difícil olharmos para
uma fotografia de quando éramos pequenos e lembrarmo-nos de coisas que pensávamos
ter esquecido para sempre. Simplesmente, associamos de imediato, ou após alguns
segundos, aquela imagem parada no tempo a uma série de eventos, sons, cores e
sensações que reconstroem de uma forma familiar, embora incompleta, aquele momento
do passado. Que fantástico e grandioso seria podermos reviver, na íntegra e por tempo
indefinido, todos esses momentos. Uma fotografia ou até um filme de infância podem-se
tornar as nossas máquinas do tempo portáteis, imperfeitas, nas quais entramos por
segundos e espreitamos através dessa minúscula janela que se abre, no nosso cérebro,
para um passado arquivado.
A Sony registou, recentemente, a patente para a criação de mundos de realidade virtual
dentro do cérebro humano. A técnica, ainda não totalmente desenvolvida e pouco
divulgada, consiste na utilização de ultrasons para alterar os neurónios perceptivos e,
deste modo, criar uma ilusão perfeita. Todos os nossos sentidos seriam manipulados e, de
certa forma, “enganados”. À semelhança do filme Existenz, seríamos incapazes de
distinguir o virtual do real. O tema é de tal forma complexo que existe um crescente
número de pessoas no mundo científico a acreditarem que, realmente, é mais provável
que este universo seja simulado do que real. O físico Martin Rees e o matemático John
Barrow defendem que é muito possível que tudo o que vemos, esteja a ser criado por um
super-computador.
Poderemos ser, de facto, seres do futuro viciados no nosso próprio passado?
Resistiríamos a ver o filme da nossa vida, vezes e vezes sem conta? Poderá a humanidade
ter chegado à fórmula da imortalidade, criando loops das nossas vidas, ou de outras vidas
que acreditamos ser a nossa? Seria mais uma forma de explicar a sensação de dejá-vu ou
até o facto de, por vezes, não nos identificarmos com o nosso próprio corpo ou o nosso
sexo. Inúmeros filmes e livros abordam estes temas no limite da imaginação e
transmitem, a cada um de nós, dependendo do grau de sensibilidade e de interesse,
inúmeros mundos de infinitas possibilidades.
Para mim, é aqui que reside a essência da existência humana, na incerteza. Mesmo que
descobríssemos o mundo real e saíssemos do virtual, não bastaria para provar que não
fosse esse um segundo nível do virtual, e entraríamos numa lógica de mundos infinitos,
com uma única saída possível: o nosso instinto sobrenatural; esse sexto sentido que um
biólogo inglês provou existir, através de um estudo científico publicado, há pouco tempo,
na revista News Cientist. Cerca de 55% das pessoas sabe que está a ser observada no
escuro. Em estudos mais precisos esse valor aumenta até aos 90%.
Houve momentos da minha infância realmente bizzaros em que, estando a brincar
sozinho, tinha a estranha sensação de estar sempre alguém a olhar para mim. Muitas
vezes, assustava o meu primo tentando convencê-lo de que ele não passava de uma
experiência, que tudo era simulado de forma a ele não se aperceber. Fazia-o acreditar que
vivia nesse episódio da Twilight Zone em que, a um manequim de uma loja, lhe é
concedida a vida humana durante 30 dias, perdendo toda a memória do que tinha sido
antes. É claro que, a arma dele, era convencer-me a mim do mesmo e algumas incríveis
coincidências acabavam por nos fazer sentir, por momentos, uns estranhos.
O episódio “O Manequim” foi o último da primeira temporada, da série criada por
Rod Serling entre 1959 e 1964. Juntamente com Michael Wilson, co-escreveu, em 1968,
o clássico de ficção científica Planet of the Apes, que viria a ser o culminar da sua
carreira antes de morrer em junho de 1975, aos 51 anos. Eu nasci a 17 de Maio de 1975,
no Hospital de Santa Maria no Porto, Portugal. Os meus pais chegaram à cidade 15 dias
mais cedo, pois pensavam que eu poderia nascer antes. Acabei por ser puxado por uma
espécie de aspirador, o que me provocou um hematoma no crânio e, para agravar ainda
mais as coisas, nasci sem respirar.
Se tivesse que fazer uma compilação das minhas recordações televisivas de infância,
escolheria algumas realmente marcantes como o Espaço 1999, o Mighty Mightor ou a
Battlestar Galáctica.
Boyd Mallett, o pai de Ronald Mallett, era técnico de televisão nos anos 50. Depois de
ter cumprido o serviço militar durante a segunda grande guerra, tal como Rod Serling,
coleccionou uma série de fotografias autografadas de muitas estrelas de cinema e da
Broadway, todas elas clientes assíduas de Boyd. O actor Walter Matthau foi um deles.
The Fortune Cookie, de 1966, é considerada uma das melhores comédias clássicas de
sempre e um dos melhores papéis de Matthau.
Só com muito humor conseguiremos manter-nos mentalmente sóbrios, numa viagem
interminável por todas as teorias, experiências, crenças e filosofias que envolvem uma
abordagem insaciável sobre as viagens no tempo. Esse mesmo humor pode, muito bem,
ser a chave para o salto evolutivo que pressupõe o abandonar de uma verdade universal.
O matemático britânico Alfred North Whitehead (1861-1947) disse, uma vez, que é
necessária uma mente muito incomum para empreender a análise do óbvio. Alfred tinha
uma ideia muito concreta acerca do universo, e chegou a conclusões tão assombrosas que
acabou por afirmar que, de certa maneira, tudo está em todo o lado e em qualquer
instante. Em 1924, o matemático emigrou para os EUA, onde editou o revolucionário
Process And Reality. Foi, no entanto, anos antes que Whitehead, ainda em Londres,
escreveu uma série de livros menos conhecidos mas de grande relevância, como The
Concept Of Nature (1920) e The Principle Of Relativity (1922).
Durante a I Guerra Mundial, Whitehead perdera o seu filho mais novo, o que
provávelmente terá ampliado a sua vontade de entender o mundo, que se lhe havia
revelado da forma mais cruel.
Ronald Mallett sentiu de igual forma a agonia da morte, mas neste caso pelo falecimento
de seu pai Boyd que, com apenas 33 anos, sucumbiu a um ataque cardíaco provocado
pela sua enorme adicção ao tabaco.
Ele tinha apenas 10 anos e lembra-se do pai como uma pessoa com um fabuloso sentido
de humor.
Um dia Ronald descobriu o famoso livro “The Time Machine” de Herbert George Wells e
ficou fascinado. Wells nasceu a 21 de Setembro de 1866 em Inglaterra. Influenciado
pelas histórias de Julio Verne, H.G. Wells foi o primeiro a imaginar uma Máquina do
Tempo, e a sua história foi publicada em inúmeras revistas entre 1888 e 1894, mas só foi
editada tal e como a conhecemos em 1895, dez anos antes de Einstein ter enunciado o seu
primeiro postulado da sua famosa teoria. O livro foi um sucesso e contava a história de
um jovem cientista que, perdendo a sua prometida, construia um engenho capaz de o
transportar para o passado e para o futuro.
Wells foi provávelmente o primeiro a teorizar que o tempo é uma quarta dimensão na
qual nos podemos deslocar.
Existe um exemplo simples e genial que nos permite perceber facilmente o facto de não
conseguirmos “ver” essa quarta dimensão.
Em 1884 Edwin A. Abbott escreveu algo completamente diferente da Máquina do Tempo
mas igualmente único: “Flatland: A Romance Of Many Dimensions”. A história é contada
na primeira pessoa por um quadrado inteligente a viver num mundo em duas dimensões e
relata de forma surpreendente e divertida as aventuras dessa peculiar personagem numa
sociedade organizada e dos seus encontros com a 3ª dimensão.
Vamos imaginar uma cidade desenhada numa superfície plana, como uma folha de papel.
Essa cidade existe simplesmente na superfície do plano de papel que é bidimensional. Os
seus habitantes são igualmente seres de duas dimensões, definidos apenas por duas
coordenadas, mas sem altura. Devemos ter em conta que é um universo imáginário
ignorando a expessura do papel. O que aconteceria se de repente a cidade 2D fosse
visitada por uma nave espacial alíenigena do planeta 3D, e portanto tridimensional? Os
seres 2D não têm conhecimento da 3ª dimensão; alguns deles, cientistas porventura,
suspeitam que essa dimensão existe devido às suas teorias e experiências mas mesmo
assim não conseguem vê-la! A nave 3D é portanto ínvisivel para os seres da cidade 2D,
mas à medida que a nave descende e se aproxima da superfície, algo bizzaro acontece.
No preciso instante em que a nave aterra na cidade os seus seres vêm algo estranho
aparecer do “nada”. O que eles vêm não é a nave na sua totalidade mas uma fatia, uma
fracção que corresponde apenas aos três pés de aterragem da nave 3D. No interior da
nave os seres 3D conseguem perceber as 3 dimensões perfeitamente, pois são seres
tridimensionais. Se a nave for capaz de atravessar o plano, a vista torna-se ainda mais
bizarra para os seres da cidade bidimensional, vendo pedaços da nave aparecerem e
desaparecerem inexplicávelmente.
Nós humanos estamos perfeitamente habituados ás 3 dimensões e a nossa sociedade
depende cada vez mais dessa quarta dimensão, o tempo!
Se nos queremos encontrar com alguém em algum sítio temos sempre que dar a
informação das quatro dimensões à outra pessoa, sem excepção.
Ao indicarmos uma morada damos primeiro o nome da rua e o nº da porta. Isso localiza-
nos no plano bidimensional. Acabamos de dar duas coordenadas que definem duas
dimensões. Precisamos de uma terceira informação para assinalar correctamente o local,
que é a altura, neste caso o andar. Com isso indicamos correctamente o ponto de encontro
no nosso universo 3D. Mas precisamos ainda de um 4º dado tão importante como os
outros 3. O tempo, o instante, a hora exacta desse encontro, a quarta dimensão.
Ao contrário dos seres 3D na cidade 2D, nós não podemos simplesmente materializar-nos
no local onde combinamos sem ter percorrido todo o plano 2D, porque temos tantas
dimensões como o mundo que habitamos. Mas, o que aconteceria se uma nave da quinta
dimensão nos visitasse? Seria provávelmente uma autêntica máquina do tempo aos
nossos olhos, que se deslocaria livremente pelas 4 dimensões a que estamos sujeitos.
Vamos novamente até à cidade 2D imaginando que os seres 3D têm tecnologia suficiente
a bordo da sua nave 3D para dobrarem o plano da cidade 2D em forma de U. Se agora a
nave 3 D furasse o plano da cidade, poderia fazê-lo em dois locais ao mesmo tempo,
deixando ver duas fracções diferentes da sua nave aos seres 2D. Estariam de certa forma
em dois sitios ao mesmo tempo, pois tinham criado um atalho entre dois pontos do
mesmo plano.
Esses atalhos existem teoricamente no nosso universo.
Stephen Hawking acredita que esses buracos nos ligam a outros universos.
Michio Kaku diz-nos que esses atalhos nos ligam a outras dimensões, a universos
paralelos.
Em 1935 Albert Einstein e Nathan Rosen aperceberam-se que a relatividade geral
permitia a existência de “pontes” a que chamaram Einstein-Rosen bridges. Essas pontes
chamam-se agora wormholes e teóricamente são capazes de interligar regiões distantes
do espaço-tempo. Viajando por esses buracos de verme seriamos capazes de viajar mais
rápidamente do que um feixe de luz no espaço-tempo “normal” e portanto capazes de
viajar no tempo.
Os teóricos acreditaram durante anos que esses wormholes apenas podiam existir no
nosso universo durante um instante tão curto que impossibilitariam a nossa passagem
através deles. Cálculos mais recentes provam no entanto que com a tecnologia adequada,
usando matéria exótica (que possui energia negativa) seriamos capazes de impedir que o
wormhole se fechase colapsando sobre ele próprio, podendo passar através dele em
segurança.
As viagens no tempo foram e ainda são consideradas por muitos impossíveis, pois são
tantos os paradoxos e as realidades difíceis de imaginar que somos levados a pensar
numa estranha lei universal que nos impeça algum dia viajar ao passado ou ao futuro.
Isaac Newton acreditava que o tempo é como uma flecha, que uma vez lançada não se
desvia nunca de uma linha contínua, uniforme e infinita. Para ele um segundo na Terra
era um segundo em Marte, mas já se provou há muito tempo que isso não acontece como
Newton tinha previsto, um segundo na Terra não é igual a um segundo em Marte e a
órbita de Mercúrio também não é bem a mesma que Newton tinha traçado. Podemos e
devemos continuar a estudar a lei da gravidade de Newton, e até podemos usá-la nos
exemplos banais do dia a dia, mas não podemos por essas teorias em práctica quando
lidamos com a cosmologia ou com a mecânica quântica.
Foi antes de morrer que Einstein foi confrontado com uma nova solução para as suas
equações pelo matemático Kurt Gödel que permitia as viagens no tempo de uma outra
forma.
Imaginando um universo em que o tempo fluisse como um líquido em remoinho,
qualquer pessoa a viajar na direcção da rotação desse fluido encontrar-se-ia consigo
própria no ponto de partida, mas num tempo passado.
No entanto, também se descobriu na altura que o universo está em expansão e não em
rotação pelo que a hipótese foi posta de lado. Mas se o Big Bang, o ínicio do universo
conhecido, estivesse em rotação, então as viagens no tempo seriam possíveis em todos os
cantos do universo.

O loop de Mallett

50 anos depois da morte do seu pai, Mallett está prestes a construir a primeira máquina
do tempo da história da humanidade.
O engenho funciona com base no princípio básico enunciado por Einstein em que a
matéria e a luz são duas manifestações de energia, e é capaz de criar um laser circular que
intercepte a trajectória de um feixe de luz fazendo-o desacelerar. Posteriormente um
neutrão será enviado para o centro da máquina onde teoricamente se criará um “loop
temporal”. O fenómeno mais bizarro poderá ocorrer ao depararmo-nos com um outro
neutrão dentro da máquina que poderá ser a mesma partícula acabada de chegar do
futuro.
Se esta experiência tiver sucesso, Mallett provará que o tempo pode ser alterado pela luz,
e que podemos enviar matéria para o passado. E se funcionar para um neutrão, deverá
funcionar para qualquer outro pedaço de realidade conhecida.
Com isto voltamos ao clássico paradoxo: ao entrarmos na máquina vamos encontrar-nos
à saída conosco no passado podendo assim impedir a nossa entrada. Se entrarmos
repetidamente na máquina, podemos inclusivamente criar um super-exército de “clones
temporais” iguais a nós próprios o que nos faz pensar no extremamente perigoso
potencial militar deste engenho.
Com uma máquina do tempo funcional é provável começarmos a receber matéria ou
informação do futuro a partir do momento em que a ligarmos. Uma sobrecarga de
informação pode eventualmente bloquear ou destruir a máquina por esta não suportar tais
quantidades de energia.
O facto de ainda não conhecermos todas as implicações das novas teorias unificadoras e
de não termos a certeza de qual delas, se é que existe só uma, se aproxima mais da
verdade, torna esta experiência ainda mais excitante e imprevisível. Apesar do enorme
cepticismo da comunidade científica em geral e de alguns colegas de Mallett, a
curiosidade persiste.
As implicações de num futuro próximo viajarmos no tempo são tantas e tão complexas
que a concepção do mundo que temos hoje em dia seria completamente posta em causa.
Estamos habituados a interferir com o futuro, mas temos uma consciência universal de
que o passado é inviolável, e é nessa certeza que a evolução se processa. Poderíamos
viver num mundo sem passado, presente ou futuro, onde tudo já aconteceu e em que
seriamos apenas observadores? Mas, não é isso que em certos momentos da nossa vida
inexplicávelmente sentimos que somos?
A sensação do observador é algo nato no ser humano; todos nós a experimentamos e
poucas vezes a questionamos, talvez pelo medo inconsciente de nos sentirmos
terrivelmente sozinhos.
Tal como acontece com os astronautas, os viajantes do tempo deverão ser submetidos a
um treino específico que se adivinha complexo.
Se podemos encontrar-nos conosco no passado, o que acontece ao nosso “eu”?
Saberemos lidar com o facto de estarmos a olhar para nós próprios? Teremos a sensação
de estar em dois sitios e em dois tempos?
No filme Regresso Ao Futuro II, Jennifer Parker encontra-se com ela própria no futuro e
instantaneamente as “duas” Jennifers desmaiam. É bastante provável que não aguentemos
o choque de nos encontrarmos com o nosso “eu” vindo do futuro.
Ao lidarmos com todas estas teorias podemos afirmar que, apesar de funcionarem
matemáticamente, podem não existir na realidade. Mas é um facto que os buracos negros
e muitos outros corpos e fenómenos cósmicos começaram por existir apenas em teoria.
O ser humano comum tende a acreditar no conceito que lhe é mais cómodo e que
rápidamente se torna numa verdade universal. Continuamos a viver num mundo
Newtoniano, onde as maças nos caem na cabeça e defendemos com unhas e dentes ideias
e teorias há muito caducas. Também convivemos com certezas contraditórias, e se
juntarmos às maças o conceito de que a velocidade da luz é uma constante, o nosso
pequeno mundo desmorona-se.
Foi exactamente em 1975, esse ano que teima em repetir-se nesta minha viajem pessoal,
que o professor Carrol Alley provou pela primeira vez as viagens no tempo. Com dois
relógios atómicos sincronizados, um colocado num avião e outro no solo, Alley pôde
constatar no fim do voo que o relógio no avião se tinha atrasado em relação ao que tinha
permanecido estático.
Anos depois, Sergie Avdeyev viajou 1/50 segundos para o futuro, ao passar 748 dias na
falecida estação espacial MIR.
Apesar de termos provas concretas de que é possível viajar para o futuro, as viagens para
o passado apenas são possíveis teoricamente.
O conhecido astrónomo Carl Sagan, enquanto escrevia o seu livro Contacto, teve dúvidas
em relação ao mecanismo que seria necessário para empreender uma viagem desde um
ponto na Terra até um ponto algures na constelação da estrela Vega. Essa viagem deveria
ser feita através de um vortex criado por um buraco negro, mas não estando certo de
como funcionaria em termos prácticos essa viagem, contactou um dos físicos que mais se
tem dedicado à teoria dos buracos negros e buracos de verme, Kip Thorne. No inicio a
intenção de Thorne era provar a Sagan que tal viagem não fazia sentido, mas acabou por
admitir que teoricamente não havia nenhum impedimento. Para além de chegar às
conclusões matemáticas que tornavam essa viagem possível, também surgiram provas de
que o passageiro viajaria também no tempo. Para tal apenas precisaria de um buraco de
verme com dois buracos negros nas extremidades.
Criar algo tão gigantesco e poderoso pode vir a ser um projecto de engenharia de um
futuro distante, e o facto de ainda não termos sido visitados por esses seres do futuro é
que teoricamente numa máquina assim apenas podemos viajar até ao momento em que
esta começou a funcionar..
A magia de Mallett reside no facto de não ter de manipular enormes quantidades de
matéria, pois assente no princípio de que matéria e energia são essencialmente a mesma
coisa, ele irá criar o seu vortex temporal usando apenas luz.

O computador consciente

Em Março de 2005 conseguiu-se criar no RHIC (Relativistic Heavy Ion Collider) de


Nova Iorque algo que os cientistas pensam ser um mínusculo buraco negro gerado a
partir da colisão de bolas de plasma microscópicas com núcleos de ouro. A temperatura
do objecto é 300 vezes superior à da superfície do sol e apenas sobrevive uma fracção de
segundo.
Descobertas assim mereceriam uma abertura do telejornal da noite. E se a experiência se
descontrolasse e o mundo fosse engolido?
As proporções energéticas da gravidade deste suposto buraco negro são felizmente
insignificantes.
As questões aumentam exponêncialmente à medida que evoluimos e se confirmam novas
teorias e por vezes ao meditarmos sobre a natureza do tempo da matéria e da energia
temos a sensação de que a verdade afinal é algo familiar e que está conosco, com o nosso
corpo, formado pelas mesmas partículas elementares que originaram o universo que
conhecemos, mas que se mantém um mistério para podermos continuar a investigar. E no
fundo, até onde podemos ir? Até que a nossa capacidade de compreender os dados
fornecidos pelos super-computadores do futuro se esgote?
Sabemos que por década os records de QI humano aumentam 3 pontos, mas num espaço
de 18 a 24 meses, a velocidade dos processadores dos computadores duplica! Fazendo
uma simples multiplicação constatamos que em 2010 os processadores atingirão os
50Ghz e em 2020, os 2000 Ghz.
O primeiro computador do mundo foi o ENIAC (Electronic Numerical Integrator And
Computer) concebido por John Mauchly e J. Presper Eckert em 1943 e concluido a 14 de
Fevereiro de 1946.
As 80 mulheres da Universidade da Pensilvânia que faziam os cálculos manuais da
balística durante a 2ª Guerra Mundial eram chamadas de mulheres-computador. O termo
computador deixou a partir desta altura de estar associado às pessoas que calculavam
estes dados para passar a designar a máquina inventada.
Das 12 horas de cálculo manual passou-se, nesta primeira fase, para uns alucinantes 30
segundos, mas o ENIAC pesava 30 toneladas, ocupava várias salas, consumia 200 000
watts de potência e a sua memória era de apenas 200 bits.
Ian Pearson da British Telecom afirmou uma semana após a apresentação da Playstation
3, 35 vezes mais rápida do que a sua predecessora, que o upload do cérebro humano para
um computador será possível dentro de menos de 50 anos tornando real o conceito da
ciber-imortalidade. Pearson foi mais longe e afirmou que em 2020 já será possível
construir um computador consciente, com niveis de inteligencia humana. Será realmente
por essa altura que os computadores igualarão a velocidade de processamento do cérebro
humano, e em pouco tempo deixaremos de ser os mais inteligentes do planeta.
A ideia de nos tornármos imortais através da transferência do nosso cérebro para um
computador tem tanto de fantástico como de assustador.
Cada célula individual do nosso cérebro consegue reproduzir o seu impulso eléctrico
apenas 10 vezes por segundo o que corresponde a cerca de 100 operações; um
computador pessoal consegue fazer mais de 10 biliões de operações nesse mesmo
segundo. No entanto possuímos aproximadamente 100 biliões de neurónios no nosso
cérebro, todos a trabalharem em conjunto, e cada um deles ligado por mais de 1000
filamentos chamados Axons. Esta característica de operações em paralelo dá-nos uma
capacidade estonteante de 100 mil biliões de operações por segundo.
A reprodução exacta de um neurónio é em teoria possível, já que, à semelhança de um
transistor, cada célula individual apenas processa informação sob a forma de impulsos
eléctricos, . A complexidade do cérebro humano está nas ligações, interacções e
associações de toda a massa cinzenta. Mas se conseguirmos reproduzir as células
elementares, não temos porque perceber o conjunto complexo das operações processadas.
Tomemos o exemplo do nosso computador pessoal, formado por uma infinidade de
transistors que somos capazes de conceber, ligar e por em funcionamento mas cujas
operações apenas percebemos sob a forma de um resultado real simplificado adaptado às
nossas necessidades e capacidades de percepção.
Assim, ao clonarmos digitalmente o nosso cérebro, não precisamos de perceber a
complexidade dos sentimentos como o amor, o ódio, ou a nossa particular forma de
pensar ou agir.
Surge então um problema parecido com o da máquina do tempo, em que temos dois
cérebros que definem a mesma pessoa ao mesmo tempo. A pregunta persiste; o que
acontece então ao observador a quem chamamos consciência e que nos define
individualmente?
A 29 de Maio de 1911, o filósofo francês Henry Bergson expôs numa conferência na
Universidade de Birmingham a sua vontade de enfrentar o problema da consciência e sua
definição. A particular abordagem de Bergson residia no facto de, após ter estudado
exaustivamente os métodos tradicionais filosóficos, decidir aventurar-se num processo
directo e espontâneo de investigação.
Espírito e consciência são a mesma coisa, e residem na conservação e acumulação do
passado e na antecipação do futuro, criando um conceito matemáticamente impossível, o
presente.
A consciência, segundo o filósofo, faz a ponte entre o passado e o futuro.
Ao termos a noção do futuro eminente, temos opção, e escolhemos de acordo com as
experiências vividas. O processo pode ser automático ou consciente, dependendo do grau
de familiaridade do movimento ou acção. À medida que regredimos na cadeia evolutiva,
deparamo-nos com níveis de consciencia cada vez menores. No entanto, o instinto e a
consciência parecem estar intimamente ligados de forma aleatória, já que na adaptação e
evolução de um ser vivo pode predominar qualquer uma das duas. Há seres que pararam
evolutivamente há milhões de anos, perfeitamente adaptados ao meio ambiente e sem
quaisquer traços de consciência; no entanto nós, porventura os mais conscientes, não
conseguimos parar de evoluir, biológica e tecnológicamente. O que há de tão especial na
consciência é o facto de ela ser um símbolo de liberdade, e a responsável por uma
infinidade de opções que a cada instante previne a existência de um único futuro.
Se vivemos num universo de infinitas possibilidades e as viagens ao futuro são possíveis,
então devem existir uma infinidade de realidades ou universos paralelos. Se as hipóteses
são infinitas, então todos os nossos sonhos existem algures nesta encruzilhada espaço-
temporal, e tudo é possível.
Max Planck acreditava que a ciência é incapaz de resolver o grande mistério do universo
porque, em última análise, nós fazemos parte desse mistério.
Os universos paralelos e outras dimensões sao realidades aceites pela maioria dos físicos
e cosmólogos actuais, e matemáticamente possíveis.
O hipercubo é um exemplo real de uma forma 4D que apenas conseguimos imaginar, mas
que conseguimos representar matemática e geométricamente como uma forma de 16
vértices e 32 arestas. Tal como o ser 2D não consegue imaginar um cubo 3D, nós somos
incapazes de imaginar o hipercubo.
Ao empreendermos a nossa viagem pelo tempo, entraremos nesse hiperespaço e
perderemos por uns fugazes instantes a noção do tempo e do espaço. É certo que não
podemos sobreviver fisicamente em universos com menos dimensões que o nosso. Num
universo exclusivamente 2D, seriamos automaticamente esmagados contra o plano onde
esse universo se expande. Mas poderão universos de dimensões diferentes coexistir
intependentes uns dos outros? Não existirá porventura uma relação intrínseca entre todas
estas probabilidades?
A nave 3D que visita a cidade 2D não é esmagada porque o seu universo 3D envolve o
universo 2D onde a cidade existe. Isto significa que nós também existimos “dentro “ de
universos com mais dimensões que o nosso, mas que simplesmente não percebemos.
Os antigos filósofos gregos, há mais de 2000 anos, acreditavam que 3 dimensões
bastariam para representar todos os objectos do mundo que nos rodeia. O filósofo
britânico do século VII Henry More acreditava que os fantasmas e espíritos habitavam
essa quarta dimensão espacial (diferente da actual dimensão temporal).
Um crescente interesse por dimensões adicionais deu-se a partir de 1870, onde esta
quarta-dimensão explicava em todos os ramos da ciência o estranho e o bizarro.
Em 1865, Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudónimo de Lewis Carroll, editou o livro
Alice no país das Maravilhas. Quatro anos antes tinha sido admitido como professor de
matemática em Oxford.
As geometrias não-euclidianas surgidas nas décadas de 1820 e 1830 começavam só por
esta altura a ser publicamente discutidas.
Euclides (300 a.C.) estudou em Atenas com discípulos de Platão os elementos da
geometria, da geometria plana e a teoria dos números entre outros temas e fenómenos.
O quinto postulado de Euclides dizia que :
Se uma linha recta cortar duas outras rectas de modo que a soma dos dois ângulos
internos de um mesmo lado seja menor do que dois rectos, então essas duas rectas,
quando suficientemente prolongadas, cruzam-se do mesmo lado em que estão esses dois
ângulos."
O padre jesuíta G. Saccheri descobriu no seu último livro “Euclides ab omni naevo
vindicatus” a geometria não euclidiana, admitindo a negação do postulado do paralelismo
pela redução ao absurdo.
Posteriormente chegou-se a duas hipóteses não absurdas, que se juntaram aos habituais
postulados da geometria absoluta, encontrando-nos actualmente com 3 sistemas
geométricos diferentes: a geometria euclidiana ou parabólica, a geometria de
Lobachevski ou hiperbólica e a geometria de Riemann, elíptica ou esférica.
Segundo Nicolai Lobachevski, por um ponto exterior a uma recta, podemos traçar uma
infinidade de paralelas a essa recta. Bernard Riemann afirma que por esse mesmo ponto
exterior não podemos traçar nenhuma paralela a essa recta.
As aplicações prácticas destas geometrias não-euclidianas viriam a ter um papel
fundamental na elaboração da Teoria da Relatividade de Einstein.
Existem dois tipos de teorias capazes de descrever os fenómenos físicos do universo. As
“teorias contruídas”e as “teorias descobertas”. Uma “teoria construída” assenta em bases
de experimentação capazes de a tornar suficientemente sólida para suportar pontuais
correcções. A “teoria descoberta” reside em reflecções teóricas que tentam resolver
problemas para os quais a teoria construída não nos dá respostas.
Um exemplo de teoria construída é o modelo padrão. Este modelo explica-nos e permite-
nos calcular todos os fenómenos físicos da nossa realidade. Está assente nas interacções
fundamentais das forças que conhecemos, a força electromagnética, a força fraca
(responsável pela radioactividade) e a força forte (responsável pela estabilidade do
protão). É precisamente onde este modelo falha que surge uma “teoria descoberta”.
Uma outra força, a gravitacional, não está incluida neste modelo padrão, pois o modelo
não suporta esta inclusão sem se desmoronar. Tal como a geometria Euclidiana coexiste
actualmente com as geometrias de Lobachevski e Riemann, também o modelo padrão
coexiste com as novas “teorias descobertas”.
O sonho de qualquer físico é descobrir uma teoria final que defina a estrutura da matéria
e as quatro forças fundamentais da natureza.
Esta teoria única passa pela unificação da teoria da relatividade com a mecânica quântica.
Ainda hoje os cientistas fazem cálculos extremamente precisos ao lançarem uma nova
sonda espacial com base na teoria gravitacional de Newton.
No entanto esta teoria falha perto de campos gravitacionais extremos, onde a teoria da
relatividade nos diz que o espaço-tempo se torna curvo. Realmente esta deformação
espaço-temporal existe mesmo em presença de campos gravitacionais muito pequenos,
mas simplesmente não são suficientemente influentes. A órbita de Mercúrio e os buracos
negros são exemplos de dois fenómenos onde não podemos aplicar a lei universal da
gravitação de Newton segundo a qual qualquer partícula material no universo atrai outras
com uma força directamente proporcional ao produto das massas das partículas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas.

Hoje em dia a comunidade científica está a chegar à assombrosa conlusão de que as


fórmulas matemáticas se simplificam ao incluir essas dimensões desconhecidas nas
equações mais complexas.

Haverá alguma razão para que seja tão complexa a descoberta de algo que no fim se pode
revelar tão simples?
Provávelmente esta procura pode-se tornar eterna, e o alimento inesgotável do espírito
humano. Mas já que, de vez em quando, damos uns saltos importantes a nível do
conhecimento do universo, devemos fazer tudo quanto estiver ao nosso alcance para
tornar a nossa estadia mais agradável e divertida.
O site www.worldjumptoday.com está a organizar um salto conjunto de 600.000.000 de
pessoas às 11:39:13 do dia 20 de Julho de 2006, para que a o planeta Terra altere a sua
órbita. Se tudo correr bem poderemos parar o aquecimento global, aumentar os dias e
tornar o clima mais ameno. É claro que é com estas notícias que nos rimos. Sem nenhum
fundamento científico, notícias destas conseguem divertir-nos e propagam-se pelos
nossos computadores quase à velocidade da luz.

Jump to Bénicassim

Como que de uma viagem no tempo se tratasse, situemo-nos no dia 25 de Julho de 2006,
ás 17:55 horas locais, na Calle Manuel Azaña 52 de Valladolid, Espanha. Este é
precisamente o instante em que acabo de reler este texto e retomo a minha modesta
aventura literária. É interessante constatar que o site www.worldjumptoday.com já não
existe e que o mundo continua no mesmo sitio.
Depois de uma estonteante e muito divertida viagem ao FIB, Festival Internacional de
Bénicassim, parece-me ideal aproveitar as horas mortas destas férias de verão à procura
de novas pistas!
Durante a viagem de regresso de Castellón, eu, o meu primo e o Patxi, auto-denomidados
de Rackeros desde que tivemos essa ideia de um festival perfeito que ainda não
conseguimos pôr em práctica, acabamos por discutir ao som dos 12Twelve as viagens no
tempo, as modas e os vários estados de felicidade.
A 24 de Maio de 2006 foi publicado um artigo sobre novos meios de controlo da
felicidade no cérebro humano. Os anos 50's e 60's foram férteis em estudos sobre o efeito
de muitas drogas sintéticas sobre o comportamento humano. Peter Milner e James Olds
fizeram experiências deveras radicais em 1954, ao estimularesm electricamente alguns
ratos nos seus laboratórios. Quando estimuladas, as cobaias conseguiam manter-se
activas durante muitas horas sem necessidade de se alimentarem.
Em 1960 o psiquiatra Robert Heath da Universidade de New Orleans usou o mesmo
método em humanos. Heath tentava assim curar depressões, a dor e a adicção ás drogas,
ao álcool e ao tabaco, tendo mesmo chegado a fazer experiências controversas para curar
homens homossexuais.
Actualmente a estimulação cerebral com impulsos eléctricos é usada em casos de
Parkinson, e mesmo em amputados onde pode ser aplicado um interruptor que a pessoa
controla para se autoestimular e reduzir a dor, a infelicidade e a apatia.
Se bem que este tipo de felicidade sintética seja em muitos casos de sofrimento extremo
necessária, um mundo povoado por pessoas num estado de felicidade artificial pode
tornar-se assustador.
Já é dia 15 de Agosto e amanhã interrompo as minhas férias para ir ter com os meus avós.
A minha avó, a quem desde sempre chamo carinhosamente vovó, teve uma recaída há
uma semana e a cabeça dela parece flutuar entre realidades paralelas, desaprendendo
progressivamente coisas tão naturais como o acto de lavar as mãos.
Ontem vimos a 2ª parte de um filme que eu, o Patxi e o meu primo Sergio começámos em
1999. É uma espécie de loucura experimental em formato de filme caseiro que, de certa
forma, se relaciona com a espontaneidade destes rascunhos. As viagens no tempo estão
omnipresentes nos mais de 30 minutos que “Chucho” e “Chucho 2” já duram. É mais ou
menos óbvia uma certa procura do equilibrio entre caos e ordem, com uma montagem
sonora e visual básica que remete para sentimentos e emoções roubadas a outras fitas,
filmes de culto que já referi mais atrás, e que teimam em piscar o olho a tudo o que faço.
As actuações são toscas, os cenários improvisados, e os recursos muito limitados, mas
tenho a sensação estranha, sem querer parecer louco, que afinal “Chucho” pode ter a ver
com uma realidade paralela, a passar-nos informação de forma algo absurda.
(www.chucho1999.blogspot.com).
Há dois dias comprei na feira do livro antigo aqui em Santander dois livros: “Mas Alla
De La Teoria Cuantica” de Michael Talbot e “El Espiritu En El Átomo” de P.C.W. Davies
e J.R. Brown. Comecei pelo segundo e vou na página 45 onde se exemplifica uma vez
mais o paradoxo do gato de Schrodinger.
Já li este exemplo diversas vezes, em muitas obras de outros autores. É um exemplo
controverso que tenta explicar o que acontece num acto da medição ou observação
segundo a mecânica quântica.
Tentar explicar exemplos destes implica a aceitação por parte da pessoa ou pessoas com
quem estamos a falar, de certos conceitos sem entrarmos em fórmulas matemáticas e
experiencias laboratoriais complexas às quais dificilmente teríamos acesso. A melhor
forma é dando exemplos prácticos, que envolvem muitas vezes objectos ou tecnologias
do conhecimento geral. As células fotoeléctricas que permitem abrir portas ou activar
alarmes, os raios laser e a gravação analógica de TV são fruto das surpreendentes
descobertas de Einstein. Einstein morreu a 18 de Abril de 1955, com 76 anos. Aos 76
anos, mas em 2003, morreu também Yasuo Takei, o homem mais rico do Japão. A minha
avó tem tido uma obsessão com um cofre cheio de dinheiro. Parece ter a necessidade
constante de recorrer a sinais externos como um cão a ladrar ou um carro a passar para se
situar nesta realidade. Um pesadelo de 3 dias está na origem de toda esta confusão, talvez
semelhante à sofrida por um viajante no tempo; quem sabe também ele precise de
recorrer a sinais e pistas que confirmem a sua origem e provem o seu estado “presente”.
“El Espiritu En El Átomo” está quase no fim, e paralelamente tenho sentido a
necessidade de procurar informação adicional na net de modo a completar algumas
explicações mais complexas da teoria quântica, da mecânica quântica e dos universos
paralelos. Aprendi por exemplo que a teoria quântica é a teoria com mais sucesso de
todos os tempos! Esta teoria que define na perfeição 3 das 4 forças elementares do
universo tem diversas interpretações, algumas delas extremamente atractivas.
A IMM, ou interpretação de muitos mundos é uma dessas interpretações que propõe a
existência de múltiplos universos paralelos, todos idênticos mas em diferentes estados
físicos.
Foi em 1957 que Hugh Everett propôs em Princeton, a cidade onde faleceu Einstein, este
modelo.
Sem entrarmos demasiado na complexidade matemática da física quântica, imaginemos
um acto de observação laboratorial de um determinado fenómeno à escala microscópica.
Falemos em concreto da conhecida experiência da dupla fenda. Quando fotões são
conduzidos individualmente por uma dupla-fenda é necessária uma explicação baseada
no comportamento de onda para a luz, ou ondulatório para determinarmos onde deverão
ser observados após a passagem. No entanto, quando os observamos, eles mostram-se
como particulas e não como onda. Numa primeira fase, deixando apenas uma fenda
aberta, os fotões passam um a um e imprimem do outro lado da fenda um gráfico
luminico que resume as probabilidades do movimento ondulatório. No entanto, ao abrir a
segunda fenda, o resultado que deveria ser idêntico revela-se bizarro, criando a chamada
"interferência". Esta interferência ocorre sempre que duas ou mais ondas, sejam elas de
luz ou ondas do mar, se cruzam. A única explicação possível até agora para este estranho
fenómeno é a de que realmente cada fotão não escolhe a fenda por onde passa, mas acaba
por passar pelas duas fendas, em tempos diferentes. A interpretação conhecida como de
Copenhague explica este fenómeno introduzindo o conceito de colapso de onda no
momento da observação. Assim, o observador tem um papel fundamental neste colapso,
pois ele, ser consciente, interage com o fenómeno observado e colapsa no exacto
momento da medição, a função de onda dos fotões.
Ao contrário desta apetitosa mas bizarra interpretação, Everett explica o fenómeno
argumentando que a função de onda não é só a descrição do objecto, mas o objecto em si,
e que o observador não possui uma condição especial.
Temos portanto duas formas um pouco distintas de explicar os fenómenos observáveis
aquando de uma medição, ambas matemáticamente consistentes, mas com conclusões
igualmente bizarras. Segundo Copenhague o observador possui essa condição externa ao
próprio sistema, usufrui de um ingrediente exótico, permitindo-o colapsar a função de
onda e todos os universos paralelos que ocorreram desde o inicio da experiência. Ou seja,
os fotões sairam do ponto de partida, passaram pela dupla-fenda onde causaram a
bifurcação de vários universos semelhantes e em número idêntico a todas as
probabilidades, para colapsarem num único, fixado no momento exacto da observação.
Segundo Everett, esses universos existem independentemente do observador, mas apenas
temos acesso físico a um deles, o observado.
Podemos no entanto procurar outras explicações para o que acontece, e encontramos por
exemplo a teoria das muitas mentes, na qual é a mente do observador que se divide e não
todo o universo...
Todas estas abordagens da mecânica quântica mantêm-se fiéis aos principios
fundamentais da teoria quântica, e pelo menos até 2005 ainda não foram encontradas
provas físicas, matemáticas nem efectuadas experiências capazes de dar como certa
apenas uma delas.
À escala cosmológica, existem diversas interpretações em que num mundo de infinitos
universos alternativos, os que colapsam existem por um tempo menor que os que se
expandem.
Existe uma esperiência teoricamente possível que descreve a forma de distinguir os
multiplos universos de todas as outras interpretações. Esta envolve uma máquina de
suicidio quântico e alguém, talvez um fisico, com coragem suficiente para a usar. No
entanto, apenas a pessoa envolvida na experiência obteria a resposta, pois os
observadores não poderiam tirar qualquer conclusão.
Algo de semelhante ocorre no fantástico filme Donnie Darko, em que Donnie se ri no fim
talvez por saber exactamente o que vai acontecer assim que o motor de um avião que
criou a bifurcação de dois universos paralelos regressar ao passado e cair em cima dele. O
universo tangente entra em colapso logo no ínicio do filme assim que um engenho de
outro universo, o motor de um avião em que viajariam num futuro próximo a irmã mais
nova e a mãe de Donnie, irrompe pelo telhado dos Darko e cai exactamente onde há
minutos atrás estava a dormir D.D. Esse colapso acontece nos 28 dias em que decorre o
filme, por coincidência o tempo exacto das filmagens. No filme está explicito um
regresso a casa, ao universo “real” por parte da personagem principal. Mas o bizarro
argumento permite que no fim todo o tipo de hipóteses sejam colocadas, até a bifurcação
da mente de Donnie, que pode nunca ter saído “fisicamente” do seu quarto.
Donnie Darko de Richard Kelly passa-se em 1982, um ano mágico se tivermos em conta
que foi o ano de Blade Runner, de Evil Dead, do primeiro E.P. dos Sonic Youth, do
primeiro vírus de computador escrito por Rich Skrenta, do nascimento de Kirsten Dunst,
do 1º episódio de Cheers e de uma experiência extraordinária.
Uma equipe composta pelos fisicos Alain Aspect, Jean Dalibard e Gérard Roger
confirmaram a teoria quântica. Embora não fosse uma novidade para muitos cientistas, já
que a teoria tinha descrito durante 60 anos com êxito absoluto todos os fenómenos da
matéria sub-atómica, a maioria da comunidade cientifica apenas elogiou o trabalho do
trio com afirmações demasiado vagas. De facto os resultados da experiência resultavam
em duas hipóteses, das quais apenas uma delas deveria ser verdadeira. Ou a realidade
objectiva não existe para além da mente do observador ou então é possível comunicar
com o passado e com o futuro a uma velocidade superior à da luz. Uma afirmação destas,
com provas irrefutáveis, era no mínimo transcendente e um desafio ao senso comum.

As minhas avós e o Michael Talbot

Mais uns dias passaram, e também as vindimas no Douro. Estive nos Álamos, a quinta
onde cresci, em Ervedosa do Douro. Depois de um verão de inconstantes vai e vens na
peninsula, de manhãs a fazer bodysurf em Liencres e de noites a elaborar mais um plano
para o festival de música perfeito, regresso ao Porto onde o trabalho em atraso me
desespera. O fim do verão é sempre um dilema para mim, e este foi provávelmente o
mais repentino de todos. Fecho os olhos e é dia 13 de Outubro!
Boas noticias, a minha avó recuperou 90%, e ninguém percebe muito bem como. É
realmente dificil perceber o que se passou no cérebro dela durante aqueles dias de
loucura. Pode ser Alzheimer num estado muito primitivo. Esperemos que os novos
medicamentos caríssimos que está a tomar nunca mais a deixem ficar naquele estado.
O livro que recomecei a ler de Michael Talbot fascina-me cada vez mais. Não estou
obcecado, mas diria que passo parte do tempo que estou acordado a pensar
intermitentemente em muitas das coisas que vou lendo e o meu mapa pessoal parece ir
desenhando-se pouco a pouco.
A relação entre o meu dia a dia e todas estas ideias parecem converger para um estado de
excitação diferente. É como se a minha consciencia de repente se começasse a dar conta
de que pode realmente sobreviver para além de tudo isto. As incriveis referências
experimentais que Talbot faz em “Más Allá De La Teoria Quântica” são impressionantes.
Na página 148, é explicada a experiência do físico russo Anatoli Zhabotinsky. Este
descobriu que quando determinadas substâncias quimicas são misturadas no estado
liquido, em vez de oscurecerem e dispersarem uma na outra, oscilam entre dois estados
claramente distintos. Este efeito, denominado de “reacção de Zhabotinsky” foi o passo
para uma maior investigação dos sistemas abertos, que trocam informação com o
ambiente, e que são a maioria dos sistemas conhecidos.
Uma lei conhecida como segunda lei da termodinâmica, atribuida ao fisico francês Sadi
Carnot e que data de 1824, afirma que os sistemas tendem para crescentes estados de
desordem ou caos. Um grande número de cientistas que se seguiram desenvolveram e
aperfeiçoaram esta lei, concluindo que esta se aplicaria a todo o Universo.
No entanto aqui surge um problema, e nós provavelmente no centro da equação mais
complexa. Os organismos vivos, não mecânicos, não se ajustam tão fielmente à lei de
Carnot. A vida ensina-nos que a origem da molécula de ADN e a complexidade crescente
que se observa na evolução dos organismos pluricelulares não tende de forma nenhuma
para o caos. A informação trocada pelos seres vivos é cada vez maior, e a consciencia
dessa mesma troca de informação é a chave para o impulso biológico que nos impele a
evoluir.
Todas as ideias expostas neste livro por Talbot seguem uma lógica que tenta explicar, por
meios cientificos, um fenómeno poltergeist que o perseguiu durante anos. As experiências
de objectos a voarem à frente dos seus olhos são narradas de forma tão realista e num
contexto tão complexo como o da física quântica, que sou levado a encarar de forma
totalmente bizarra um fenómeno que julgava caduco, enterrado algures no meu passado
adolescente de leituras duvidosas sobre a vida depois da morte.
No dia em que a minha mãe me telefonou de Santander a dizer-me que fosse ter com ela
e com a minha outra avó, tita-celi, percebi pela primeira vez uma sensação de perda
extrema, pois tive a certeza que íam ser os últimos dias da minha avó. Eu adorava a
minha avó espanhola, tinha uma energia rara, um sentido do humor e uma disposição fora
do comum, e uma aparência sempre jovem. Transmitia uma energia que agora um cancro
ía consumindo, e nos ía apagando pouco a pouco, nos últimos dias do ano de 2001.
Lembro-me das longas caminhadas do hospital até casa dos meus tios... era o regresso
que mais me deixava de rastos, depois de passar com ela a tarde, pois sabia que podia não
voltar a vê-la.
Fazia desenhos sentado na cadeira, ao lado da cama dela. Faláva-mos e até adormecia
com a cabeça em cima do seu colo. Uma tarde aconteceu algo estranho; de repente a
minha avó começou a apontar para a parede, como que hipnotizada. No quarto estava
mais uma senhora numa outra cama, os estores deixavam apenas entrar uns ténues raios
de luz, e estavamos envoltos numa estranha atmosfera. Preguntei-lhe o que se passava e
ela respondeu-me que uma rapariga estava na parede, sentada a olhar para ela. De repente
o olhar dela desviou-se em direcção à janela e exclamou: "me ha dicho adiós". A estranha
personagem que nem eu nem a outra senhora conseguiamos ver tinha-se despedido dela e
tinha saido a voar. De repente conseguia ver um grande cavalo com um grande colar, e
em extâse contava-nos que via papeis a esvoaçarem por cima dela, desenhos que o meu
avô estava a fazer ou tinha feito, o meu avô António que eu nunca cheguei a conhecer.
De seguida tudo desapareceu para ela...voltou a olhar para a parede e por muito estranho
que pareça, ouviu-se um ruido, um golpe seco vindo daquela parede, daquele sito para
onde ela estava a olhar. A senhora do lado levantou-se assustada a abrir os estores e a luz
inundou o quarto, dissolvendo toda aquela atmosfera surreal. Meses antes, na última vez
que ela esteve nos Álamos, ficámos sozinhos em casa, jantámos e fomos ver televisão.
Vimos um programa sobre o filme Los Otros (The Others, Amenábar), e a nossa conversa
naquela noite foi sobre a vida depois da morte e o medo que ela tinha por não saber o que
a esperava do outro lado. Eu lembro-me perfeitamente de estar no quarto onde estou
agora a escrever estas linhas, e de ela estar de pé, à porta, a despedir-se antes de irmos
dormir. Saíu-me mais uma vez essa ideia que ninguém me tira, na qual tudo é possível, e
o que lhe disse foi que iria ter o meu avô à espera, que não ía ser assim tão diferente
disto, e que não vale a pena viver com medo da morte do nosso corpo, porque afinal,
quando virmos como é, vamos ter a sensação de não ser nada de especial. Ela sorriu e
disse-me que oxalá tivesse razão, era tão bom que eu estivesse certo.
De repente esta minha incursão pela metafísica parece desconexa até para mim, mas
depois das últimas leituras que tenho feito, torna-se practicamente inevitável incluir
nestes rascunhos, memórias anexas inexplicáveis, e algumas coincidências.
É interessante denotar que, quanto mais longe vamos nas nossas observações do mundo
sub-atómico, mais estranhos são os fenómenos que encontramos, mais bizarras as
partículas e as reacções entre elas. Em vez de estarmos a abrir caminho para uma
simplicidade aparente, mergulhamos nas entranhas de uma física cheia de paradoxos,
irreal, e inconsistente com a simplicidade que esperávamos encontrar. Um mundo só
explicável por teorias desafiadoras do senso mais incomum, mas com aplicações cada vez
mais prácticas. A nano-tecnologia é um bom exemplo, e é cada vez mais usada em áreas
táo díspares como a do controlo de qualidade de alimentar e a da indústria aeroespacial.
Tal como alguém refere num excerto do próximo filme de Richard Kelly, Southland
Tales, o futuro acabará por ser muito mais futurístico do que o que tinhamos previsto.
O mais reconfortante é talvez o facto de nós próprios, seres conscientes e observadores
deste turbilhão de informação sermos, no fundo, constítuidos por essa mesma amálgama
de partículas que saltam da sua condição virtual para o mundo real com repercussões
difíceis de aceitar. Os próprios conceitos de vida e morte confundem-se e aconsciência
assume um papel fundamental nas diversas abordagens da teoria quântica, questionando a
nossa verdadeira natureza.
Vamos especular e imaginar que as coisas se processam de uma forma familiar mas
incompatível com a nossa condição humana actual. Desenhamos a superfície de um
mundo liquido e opaco a que chamamos realidade. As ondas fazem mexer tudo à nossa
volta, e tal como não notamos o movimento da terra, também não notamos a ondulação
que une toda a existência à tona da água. A força que causa essa ondulação impercéptivel
está por sua vez num plano da realidade que não conseguimos ver, submersa , em
universos gémeos, idênticos em quase tudo ao nosso, mas que apenas variam pela mais
pequena singularidade. As nossas consciências são de facto aglomerados de bactérias,
mas olhando mais de perto não passam de entidades físicas em simbiose que ligam o
fundo do oceano virtual com a realidade onde encarnamos. A nossa consciência, que
evoluiu desde sempre, e que habitou infinitas formas físicas, reescreve-se de forma a
aprender a sobreviver e faz a ligação entre o virtual e o real. Os sonhos mantêm-nos
àlerta, e o nosso maior objectivo enquanto espécie é recolher o máximo de informação
possível.
Se olharmos à nossa volta vemos um mundo estranhamente familiar. mas se pensarmos
bem onde estamos, no meio do espaço, num canto muito especial do sistema solar,
protegidos dos grandes meteoritos, do frio da escuridão, a uma distância ideal de um sol
que permite que algo a que chamamos de "vida" consiga, contra todas as expectativas,
um grau de complexidade estonteante em direcção a um futuro incerto, somos tentados a
parar e reflectir, dislumbrados pela nossa própria condição. Poderá toda esta
complexidade, esta luta de partículas bizarras das quais descendemos e que polulam nos
meus dedos que tocam estas teclas, nos meus olhos cansados, na ventoinha do meu disco
rígido, existir por mero capricho e não com um fim comum? Acredito sinceramente que
existe um objectivo, senão vários, tantos como universos paralelos, tantos como entidades
conscientes, e que no fundo esses próprios objectivos não são mais do que consciências
avançadas. Talvez aglomerados do que nós chamamos "almas" povoem a escuridão do
cosmos, num nível de realidade que por vezes entra em contacto com o nosso, e que em
situações de instabilidade emocional se mostram, em alturas em que a nossa consciência
desfoca este plano de realidade, fazendo-nos entrar nesses mundos paralelos.
Acredito num mundo onde os fenómenos paranormais têm a mesma origem que o
germinar de uma semente. Simplesmente existimos num nível de realidade que nos
distancia desses fenómenos, e quando surgem, parecem-nos bizarros e "do outro mundo".
Existem estudos bem fundamentados que mostram que o futuro de pequenos grupos de
seres de uma espécie difere do "plano de fundo" que leva toda a espécie a evoluir. No
caso dos seres conscientes, evoluimos pessoalmente e sem dar-nos conta contribuimos
para a evolução da espécie, em direcção desconhecida para nós. Tal como as térmitas
constrõem as suas "colmeias" milimétricamente posicionadas e as ventilam através de
complexos labirintos arquitectónicos, também os seres humanos são capazes de conceber
projectos megalómanos que ultrapassam as suas condições individuais.
A rede global de comunicação, a Internet, tornou-se na primeira tecnologia de civilização
tipo I na história da humanidade. A comunidade ciêntifica divide as civilizações
inteligentes no universo em três tipos, I, II e III. Nós estamos agora a chegar ao primeiro
patamar, e a atravessar a etapa mais difícil. Segundo diversos e precisos estudos, nos
próximos 200 anos devemos chegar ao tipo I e ser capazes de subsistir com energias
renováveis, abandonando definitivamente as orgânicas. Se conseguirmos ultrapassar as
rivalidades étnicas e os extremismos religiosos, saltando o ponto crítico de auto-
destruição, então podemos contar com uma longa época de paz e harmonia, onde
controlaremos o próprio clima e os vulcões a nível planetário. A seguinte fase durará
aproximadamente 5000 anos e levar-nos-á à conquista do nosso sistema solar e da nossa
galáxia. Poderemos mover-nos fácilmente pela via láctea e retirar energia directamente
das estrelas. Teremos então alcançado o estatuto de civilização tipo II. A partir daqui
quase tudo se torna possível e evoluiremos até a uma condição próxima dos que
chamamos deuses. Por esta altura teremos abandonado há muito a nossa carcaça humana
e habitaremos um formato muito mais perfeito e seguramente imortal. O nosso colossal
controlo energético permitirá a construção dos agora absurdos modelos galácticos de
viagens no tempo. Acredito no entanto que teremos durante o nosso paraíso de 5000 anos
no tipo I, engenhos capazes de nos deslocar na dimensão temporal.
Voltemos ao "agora", a 4 de Dezembro de 2006 à minha belíssima condição de
contemporâneo da era mais complexa da minha raça. O saldo do Sapo ADSL aqui nos
Álamos acabou. Estou por isso "offline". No Porto tenho Netcabo e estou quase sempre
"on-line", ligado a pesquisar, trabalhar ou a comunicar.
Foi em Agosto de 1962, no MIT- Massachussets Institute Of Technology que J.C.R.
Lickider previu vários computadores ligados globalmente, permitindo o acesso a
informação e a programas de uma forma muito rápida. Este conceito tinha o nome de
"Rede Galáxica" e era essêncialmente o da internet dos nossos dias.
Vivia-se a Guerra Fria entre as duas potências mundiais, a União Sovíética e os EUA, e
surgiu a necessidade militar de proteger dados que, mesmo em caso de ataque do inimigo,
não fossem destruídos.
A solução passava por vários computadores ligados à distância, a partilharem a mesma
informação, que prevaleceria perante um ataque surpresa.
A Advanced Research Projects Agency (ARPA), integrante do sistema militar americano,
tornou este projecto realidade.
A ideia da troca de informação usando "pacotes" em vez de circuitos, e o facto de se
conseguirem pôr dois computadores a "falarem" em rede entre a California e
Massachussets 4 anos depois abriram caminho para uma discussão global sobre as
vantagens das redes computadorizadas. Estranhamente, um estudo paralelo sobre redes de
pacotes tinha sido desenvolvido pelos ingleses Donald Davies e Roger Scantlebury da
NPL-Nuclear Physics Laboratory, que após um encontro com os investigadores
americanos, chegaram a conclusões de funcionamento, nomenclatura e velocidades.
Em 1969 instalou-se o primeiro servidor na UCLA - University Of California em Los
Angeles, que albergava o projecto Aumento do Intelecto Humano, de Doug Engelbart que
já incluia um sistema apróximado ao usal Hipertexto da internet actual, o NLS. A
ARPANET que era a rede criada anteriormente tinha agora o seu primeiro "nó", a
setembro de 1969, ao qual rápidamente se juntaram os da Universidade de Santa Barbara
e da Universidade do Utah. Em 1971 existia já um protocolo totalmente funcional entre
servidores e um ano depois falava-se pela primeira vez em correio electrónico.Foi em
março de 1972 que Ray Tomlinson, da BBN, escreveu o primeiro software com as
funções de "enviar" e "ler". A partilha de recursos entre computadores era uma óbvia
vantagem económica e serviços como Telnet e arcaicos servidores de correio faziam parte
do turbilhão de software livre que se começava a desenvolver.
Com a invasão da comunidade ciêntifica na ARPANET nos anos 70, os militares
acabaram por se dissociar da rede para formarem uma rede exclusiva, a Milnet, no inicio
dos anos 80.
O protocolo TCP/IP criado pela National Science Foundation (NSF) estabeleceu um
maior sistema de comunicação entre os maiores centros ciêntificos de computação. As
redes menores e os computadores universitários podiam agora comunicar-se com esses
centros e entrar noutras redes. A ARPANET deu origem à Internet e o sistema onde as
pequenas redes se podiam ligar foi apelidado de Backbone (espinha dorsal).
Foi exactamente a 1 de Janeiro de 1983 que o protocolo da ARPANET passou de NPC
para TCP/IP, de forma imediata e sem grandes problemas.
Com o aparecimento dos microcomputadores nos anos 80 houve uma necessidade de
compactação das tecnologias de base, e a Ethernet desenvolvida em 1973 por Bob
Metcalfe foi-se tornando dominante da rede e das redes. Outras redes íam surgindo tais
como a Bitnet ou a Usenet, não tão fechadas a circuitos académicos. 200 milhões de
dólares foram investidos por entidades governamentais e privadas na expansão e
desenvolvimento da Internet entre 1986 e 1995.
1995 foi o ano em que eu cheguei ao Porto para estudar Design de Comunicação na
ESAD (Escola Superior de Artes e Design). Lembro-me de haver nessa altura muito
poucos telemóveis e de existir apenas uma empresa em Portugal com e-mail. Dois anos
mais tarde criei o meu primeiro e-mail no hotmail e os primeiros chats em html eram
motivo de excitação nas aulas de informática.
Tal como temos 3 tipos de civilizações, também temos 3 tipos de redes, A, B e C. O tipo
A representa as redes à escala nacional, com um pequeno número de redes com muitos
servidores. O tipo B representa as redes a nível regional, e a C as locais, com um grande
número de redes e relativamente poucos servidores.

O Natal passado no cérebro


Uma semana em Paris, depois o Natal nos Álamos e agora a investigação árdua sobre
uma luz, uma hipótese, um fármaco chamado Bryostatin 1, desenvolvido principalmente
para tratar cancros mas que se mostrou muito recentemente capaz de travar e curar a fatal
doença de Alzheimer. Depois de muito ler sobre o assunto e de colocar em situações
ligeiramente desconfortáveis alguns médicos a quem telefonei, cheguei à conclusão que
existem algumas discrepâncias de opinião na comunidade médica sobre os vários
tratamentos, diagnósticos e as novas descobertas. Realmente até há pouco tempo esta era
uma doença pouco conhecida e cujo derradeiro diagnóstico apenas se conseguia através
da autópsia. Depois de muito navegar, numa altura em que a Internet é um manancial de
informação e desinformação, depois de muito filtrar essa mesma informação e ir dar aos
sites oficiais dos principais centros internacionais de investigação neurológica, posso
finalmente refutar essas primeiras opiniões generalizadas e redutoras, "Não há cura,
ponto final" ou "Isso não deve ser bem assim" fazem-me lembrar a primeira vez que por
sorte talvez acertei no auto-diagnóstico de um terrível furúnculo. A seguir foi o fungo que
o meu pai teve em que depois de estudados os sintomas fui facilmente descobrir na net
exactamente o que era. Não quero armar-me em espertinho nem sequer ler algo na
internet e depois gritar em voz alta que afinal há cura para o incurável, mas algo se
passa... e quero saber mais. Afinal, quantas pessoas procuram segundas e terceiras
opiniões de diferentes médicos? Quantas vezes médicos da mesma especialidade opinam
de forma diferente relativamente a uma doença ou diagnóstico? A minha avó serve de
exemplo quando há anos foi internada em Vila Real para ser operada de barriga aberta a
pedras nos rins. Ora, o meu pai decidiu ir a correr até à Póvoa do Varzim onde em 30
minutos com raios laser lhe resolveram o assunto. Não defendo a auto-medicação nem o
auto-diagnóstico, mas sim a procura da informação. Muitos médicos só tomam
conhecimento de novos fármacos através dos delegados de propaganda médica, enviados
de laboratórios muito interessados no seu lucro exponêncial. Não são teorias da
conspiração, são pormenores mais ou menos óbvios, ao alcance dos mais atentos.
Em relação a esta nova descoberta, e a uma posível cura para o Alzheimer e outras
doenças degenerativas do cérebro, a reacção do médico da minha avó, o psiquiatra que a
está a tratar foi, primeiro de espanto, depois de algum cepticismo e por fim de extrema
curiosidade, após a minha breve e imprecisa explicação sobre o modo de actuação da
droga e a origem da informação.
Se uma noticia destas abrir o jornal da noite dos 4 canais nacionais, talvez as coisas sejam
diferentes. Mas, afinal descobri que o jornal Público já falou sobre isto umas 3 vezes este
ano, e as fontes de informação na internet são practicamente inabaláveis. Aquela que
considero mais relevante é a do Blanchette Rockefeller Neurosciences Institute (BRNI)
nos EUA, que em conjunto com o MBL (Marine Biological Laboratory) constataram que
o Bryostatin activa a produção das proteínas responsáveis pela construção da memória
permanente. Sendo o artigo de Outubro de 2005, contínuo na dúvida se o medicamento
está ainda em fase de testes ou se pode ser já encontrado para prescrição médica em
algum país. Algumas informações são de que realmente ele existe para uso em doentes
com cancro, mas o seu uso para doentes con Alzheimer pode ainda ser restrito a grupos
de investigação. Este é agora um grande objectivo, tentar saber mais e encontrar forma da
minha avó poder ser tratada com este fármaco. Pena que nada disto fosse possível para
curar a minha outra avó, Tita-Celi... A conformação do fim de um ciclo, em que os avós
desaparecem inevitávelmente está a gerar preguntas incómodas no meu cérebro. Depois
de muitas horas a ver documentários e a ler livros visionários, a ideia de que a morte pode
ser ultrapassada nos próximos anos parece-me fascinante. Mas por outro lado, se essa
morte é ainda para quem acredita uma ligação aos que já foram, o que fazer? Imaginemos
que a minha mãe tem essa opção, morrer ou não. Então eu escolho não morrer. Ela terá de
escolher entre ir ter com os pais dela ou ficar comigo, o que é uma crueldade. Por outro
lado, se ficar, pode ter a hipótese de um dia conseguir de alguma forma contactar o outro
lado e talvez até de juntar as várias realidades, ou criar um mundo áparte, onde
coexistamos num rio temporal complexo. De qualquer forma tenho por certo que seja
como for, tudo é possível, e o facto de estarmos sempre entre o passado e o futuro, faz de
nós senhores do tempo e não prisioneiros. Não será essa liberdade de "estarmos" que nos
faz sentir vivos? Podemos perder essa liberdade? Essa noção? Pode o Alzheimer fazer
isso? Parece que por instantes sim; e que também nos faz esquecer de quem somos e
quem são os outros. A esperança é de que não é a informação que se perde, mas os meios
para a troca dessa informação. Realmente não nos esquecemos. Em analogia a um
computador, a informação contínua no disco, é só o sistema que não é capaz de arrancar
devidamente. Isto para mim significa de uma forma muito pessoal que somos eternos.
Então, acho que vou continuar à procura da informação de uma solução, seja nos
próximos dias, anos ou séculos.

O CERN, as casas de petróleo e o pai de Hitler.


Amanhã a Sofia faz anos. Hoje é dia 27 de Setembro de 2008. Daqui por uns dias vamos
viver juntos. Hoje não há ondas em Leça da Palemeira. O CERN parou.
Alguém pensou que as casas íam valorizar para sempre, e agora estamos na maior crise
financeira depois da Grande Depressão de 1929. A 24 de Outubro de 1929, o dia em que
a bolsa de Nova Iorque quebrou, Adolf Hitler pensou em agarrar essa oportunidade e
fazer uma campanha agressiva que convencesse os milhares de alemães desesperados
cujo estilo de vida de classe média abastada ruia dia após dia. Nesse dia, que ficaria para
sempre conhecido como Quinta-Feira negra, nasceu George Crumb, um compositor
americano de música avant-garde conhecido por explorar timbres bizarros , tais como a
"Spoken Flute" que consiste em falar enquanto se sopra no instrumento. A 14 de
Setembro de 1930 os nazis subiam ao poder. O filósofo gay e judeu Allan Bloom nascia
nesse exacto dia em Indianapolis.
Se realmente a crise não se resolver tão rápido como gostariamos, seremos capazes de
eleger líderes tão perigosos como o filho de Alois Schicklgruber? Alois era o pai de
Adolf. 13 anos antes de ele nascer, ás 18:30 do dia 20 de Abril de 1889, o seu pai mudou
o apelido para Hitler, sem razão aparente. O pequeno Adi, como era conhecido em casa,
foi apanhado a fumar com nove anos, por um dos padres da escola católica onde estudava
e onde fazia parte do coro. Ele era conhecido por ter uma excelente voz; anos mais tarde
passava as noites em cima do muro do cemitério, com o olhar perdido nas estrelas.
No CERN tentam pela primeira vez na história da humanidade reproduzir o instante a
seguir ao Big Bang para desvendar os segredos mais profundos do cosmos, das estrelas e
dos planetas e descobrir principalmente uma partícula responsável pela massa da matéria,
o Bossão de Higs!
O CERN fez ontem 40 anos.
No passado dia 10 de Setembro o grande acelerador de partículas, o maior do mundo com
27 Km's de extensão, entrou em funcionamento. 7 dias depois foi o jantar de anos da
minha mãe. 2 dias depois ouve uma fuga de Helio. Há 4 dias atrás foi anunciada possível
causa, uma ligação electrica defeituosa parece ter estado na origem do incidente. O
período obrigatório de manutenção de inverno da grande máquina vai-nos dar mais uns
meses de vida. Isto porque segundo Luis Sancho e Walter L. Wagner e alguns seguidores,
o acelerador de particulas poderia ser o responsável pelo fim do mundo, e até do
Universo! Dia 30 de Abril deste ano alguém colocou um post num blog preguntando a
estes dois cientistas em tom irónico se seria melhor cancelar a sua viagem em canoa
agendada para o dia do inicio da experiência, já que nunca tinha feito canoagem em anti-
água.
A anti-matéria cria-se no universo como resultado da colisão de partículas de alta energia,
tal como ocorre no centro das galáxias e como está previsto acontecer no coração do
CERN. Um positrão é uma particula de anti-matéria, idêntica ao electrão mas com carga
positiva. Um antiprotão é um protão com carga negativa. Um atómo de anti-hidrogénio
de uma molécula de água por exemplo, seria formado por um positrão e um antiprotão. A
matéria e a anti-matéria aniquilam-se uma à outra criando raios Gamma, os mesmos que
Stan Lee usou para descrever o acidente que transformou Bruce Banner no Incrivel Hulk
em Maio de 1962. Quando tentássemos surfar num mar de anti-água o mais certo seria
que a água do nosso corpo se aniquilasse com a anti-água do mar, e que alguém a
observar esse bizarro evento ficasse grande, feio e verde.
As colisões entre matéria e antimatéria convertem toda a massa possível das partículas
em energia. Esta quantidade é muito maior que a energia química ou mesmo a energia
nuclear que se podem obter actualmente através de reacções químicas ou fissão nuclear. A
reação de 1 Kg de antimatéria com 1 Kg de matéria produziria 1.8×1017 J de energia
( segundo a equação E=mc² ). Em contraste, queimar 1 Kg de petróleo produziria
4.2×107 J, e a fusão nuclear de 1 Kg de hidrogénio produziria 2.6×1015 J. Quando a
antimatéria é aniquilada com a matéria ordinária, a energia emitida é o dobro da massa de
antimatéria, de forma que o armazenamento de energia na forma de antimatéria poderia
apresentar (em teoria) uma eficiência de 100%. No entanto a produção de anti-matéria é
altamente dispendiosa na actualidade, e os processos que a originam, no interior dos
aceleradores de particulas, gastam ainda mais energia do que aquela que é produzida.

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