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SINDICATOS: NÃO COMPREENDER A VIDA NAS ESCOLAS…

Desabafo ou não desabafo? Eu, uma pequena peça, desempenho os meus direitos e deveres
cívicos ou não? Guardo a energia para outras coisas? Serei repudiado — pelos 13 sindicatos da
Plataforma Sindical — pelo que escrevo?
Ponderei e conclui que não serei mais maltratado do que, como professor, estou a ser pelo
ME.
Entendo, embora não aceite, que a tutela, por razões políticas e económicas, tenha uma
visão da escola pública diferente daquela que tiveram os portugueses da 1.ª República. Estes são
outros tempos, de modas neo-com, agora em declínio, num mundo globalizado. Mas, em
democracia, lá virá um tempo em que sempre podemos despedir o patrão: nas urnas. Até lá, a
visão estratégica dos governantes está legitimada, pese embora, nas sociedades livres, possamos
e devamos (enriquecendo a democracia) reclamar e opor-nos. Aliás, é isso que faz a diferença
da ditadura.
Agora, o que eu não entendo (nem aceito) é por que razões os sindicalistas —
salvaguardadas honrosas excepções — não compreendem que as escolas estão a ficar sem vida
— reformam-se, prejudicados, os professores que podem, senhores de vasta experiência, mas
agastados de iniquidades; vegetam os restantes afogados em grelhas e outros ofícios que os
cozerão lentamente.
Por que razão são arrogantes?

Bem, vou arriscar uma explicação.


Poderia, com inteligência e bom argumentário, se o tivesse desejado, a Plataforma Sindical
dos Professores, juntar-se aos professores e educadores (sindicalizados ou não) que sentem,
diariamente, a humilhação kafkiana que o novo ECD veio trazer com a sua lógica autofágica do
“surveiller et punir”. Sim, juntar-se para, no dia 15 de Novembro, nas ruas e avenidas da nossa
bela capital, fazer aquilo que Rawls defendera: quando as leis estão mal o povo tem o dever e o
direito de reclamar dos poderes políticos, justiça e equidade. Aquilo que Mário Soares chamou
de direito à indignação ou aquilo que fez com que, recentemente, Cavaco Silva apelasse ao
entendimento (entre Ministério e professores).
Dividir para reinar é, por osmose ao Ministério da Educação — os vícios apanham--se
quando se orbita à volta do poder —, aquilo que a Plataforma Sindical tem feito. Dividir?
Vejamos as organizações subscritoras: FENPROF, FNE, FENEI, FEPECI, ASPL, PRÓ-
ORDEM, SEPLEU, SIPE, SIPPEB, SNPES, SNPL, SPLIU, USPROF. Estes 13 “estados”
unidos, foram rápidos (desconheço se todos concordantes) a anunciar, antes da reunião com a
Ministra, que dia 15 “jamais”, pois fora disso tudo e todos são deserto. Bela união!

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Aforrados em seguros e benesses de miudezas várias com que cativam os bondosos e
distraídos colegas (como eu já fui), a Plataforma Sindical tem esquecido a razão pela qual
nasceu cada um dos seus membros. Com efeito, defender a escola pública, os seus trabalhadores
e alunos tornou-se, para alguns, menos relevante do que organizar uns passeios na Ryanair para
o Carnaval de Veneza.
Onde têm estado que não os vemos? Num momento tão dramático, brutal, para os
professores e para o futuro da escola pública portuguesa, a quantas escolas foram? Que reuniões
fizeram? Que mensagem passaram? Que formas de luta organizada disseminaram? Que
metodologia de acção sindical no terreno aprovaram? Que ideias concretas — fáceis de
encontrar tantos são os buracos na incongruência legislativa — deram aos professores para
travarem o processo avaliativo, entre outros? Acredito que tenham estado na alentejana Cuba e
em outros pequenos redutos lutadores onde deixaram alguns inflamados panfletos. De resto, e
este é o sentimento dominante, estiveram parados. Inertes, cosidos às secretárias das sedes e
inúmeras filiais. Quem sabe, caso tivessem cumprido, com eficácia, a sua missão, se os
movimentos espontâneos APEDE, MUP, PROmova e outros, não teriam despontado com tanta
aflitiva urgência? (Bem-haja a este últimos)
Terão alguns sindicalistas funcionalizados que evoluíram na carreira sem créditos, já
esquecido o que é, em Portugal, ter 30 alunos de dedo no ar, esperando os testes, numa sala de
aula fria e de ardósia? Se esqueceram é altura de voltarem às escolas.
Mas, sejamos justos para os sindicalistas que trabalham e que são críticos internos de
situações criadas. Eles sabem que o processo de genuflexão ainda não terminou. Virão ainda,
juntos, os lança-chamas e os bombeiros. Quando julgamos que chegámos ao fundo, ainda há
mais um buraco. Pois que ajam agora, caso contrário sempre podem sair.
A “guerra”, com e depois do 8 de Março, era para ter sido feita sem quartel. Era e é! Até ao
fim, sem cedências. Será preciso (com as devidas ressalvas) ler Sun Tzu?
Quem (sabe que — pormenor não despiciendo) luta por causas justas sabe que nunca se
deve render.

Contas em tempo de crise.


Um professor/educador pensa que, ainda, vale a pena manter-se sindicalizado nem que seja
para arranjar os dentes, pois em relação à defesa dos seus interesses já começa a pensar que
mais vale intervir num blogue. Engana-se, quanto ao conserto dos dentes. Em época de
flexibilidade na gestão de activos e de dinheiro virtual, qualquer arrumador de automóveis a
recibo verde arranja no Mercado do Bolhão, nas feiras de Viseu, de Bragança ou Vila Real ou
numa qualquer esplanada de Portimão um seguro a preço competitivo. TPC: Perguntem a um
contabilista ou a uma criança de 7 anos (já munida do Magalhães e respectivas canções) se têm
feito bom negócio?

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Entretanto, um testemunho: — Filho, a mamã dá ao sindicato, durante 12 meses, 15 €. Ora,
como bem sabes isso dá…, isso mesmo, 180 euros (36 contos), lindo filho! Por ser associada a
mamã tem descontos. Em média cerca de 10%. Como adquiro, por mês, cerca de 100 € de bens
e serviços (coisas) utilizando os descontos que o sindicato me permite, quanto poupo? —
Poupas 10 € por mês, mamã, mas ainda dás 5 €. — Muito bem. Agora diz-me filho, a mamã tem
bons descontos com o cartão do supermercado (e já não falo do LIDL e do Clube Mini Preço),
das gasolineiras, da fnac, nos saldos, nos outlet, nas liquidações totais, no MediaMarkt e, ainda,
através da tia Kinhas que conhece muita gente em Cascais e na Foz. Pergunto-te, vale a pena?
Vale a pena, ainda mais depois dos bons conselhos que um jornal (semanário), o Expresso, tem
dado para a poupança?
Outra questão a colocar, já a adultos é: está disposto a trocar a sua liberdade por um prato de
lentilhas?

Ditado popular.
Queres conhecer o vilão? Mete-lhe o pau na mão…
A verdade é que os sindicatos deixaram que os paus proliferassem e com eles aqueles que
estão sempre prontos a rastejar, prontos para o caminho da servidão de que Hayek nos falara.
Fez mais por nós o Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP -
http://www.ccap.min-edu.pt/ ), cuja presidente pediu a reforma (!), do que os 13 sindicados
unidos para a sua própria sobrevivência. Migalhas! 10% de migalhas — e de chapéu na mão —
foi o que foram buscar ao Ministério. Nada que as escolas, por si, não conseguissem rectificar,
remetendo ao ministério informações, dada a inexequibilidade da aplicação do processo
avaliativo dos professores, de entre outras perplexidades.
Têm os sindicatos relações privilegiados de negociação, de representatividade, com os
órgãos de governo? Cuidado, não se deixem contaminar com os tiques da governação… pois
não têm o monopólio.
Se os sindicatos quisessem, que bom seria uma marcha conjunta de protesto, mesmo
sabendo que o ME arranjaria argumentos para a depreciar, ora porque são poucos, ora porque
são muitos e tanto faz…

Momento da Verdade
Ainda vamos a tempo?
Depois das injecções doutrinárias transmitidas pelos formadores (que andaram e andam
pelas escolas) sobre o não testado modelo avaliativo que — relembre-se mil vezes — foi
severamente criticado pelo CCAP, nomeado pelo governo, ainda vamos a tempo?
Sim, nunca é tarde para denunciar os erros.

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Por exemplo, andam para aí alguns formadores (bem pagos pelos fundos europeus) a
espalhar os ovos de basílisco de que eles próprios duvidam. Alguns fazem-no pelo dinheirinho,
dentro do asséptico e pseudo-pragmático slogan não há almoços grátis – “there is no free lunch.
(Estes, na generalidade, olham de cima para baixo, mas também há os que olham de baixo para
cima). Outros, fazem-no porque acreditam que o seu cartão tem a cor certa para o que aspiram
ou por qualquer outra razão que desconheço. (Estes, geralmente, olham apenas de cima para
baixo). Verdade ou mentira? Ora, há que confrontar os formadores com a sua consciência. (Se
não a tiverem tudo é uma questão de educação, como dizia o Eça). Adiante. Mas, como
infelizmente estamos a assistir, afinal há almoços grátis! Não, não me refiro àqueles que fazem
trabalho voluntariado, nem às empresas/organizações que têm uma política social, apesar de
toda a sua corporate action looking for dollars. Refiro-me ao que se passa hoje em Wall Street,
Frankfurt ou Lisboa, i. é, — como alguém já disse — quando é para ganhar, privatizam-se os
lucros, quando é para pagar (a crise) pagamos todos! E, nós, professores, também estamos a
pagar.
Esta política economicista levou a este deplorável estado das coisas. (Ficaremos, até
Janeiro, à espera do novo governo norte-americano). Os filhos de todos nós (da maior parte) são
herdeiros destas paupérrimas décadas de políticas educativas que, ao contrário da Irlanda e da
Dinamarca (da verdadeira flexi-segurança, pois lá vive-se com dignidade), investiram a sério na
Educação.
Verdade ou mentira?
As pessoas não devem estar ao serviço da economia, mas a economia ao serviço das
pessoas.
Sim, ainda vamos a tempo. Na rua, junto da comunicação social, nos fóruns, na blogosfera,
na net, nas escolas (com os pais e encarregados de educação), na praça pública, nas urnas.

Braga e Guimarães, 19 de Novembro de 2008.


(Dia Mundial das Missões)
Carlos Félix Fernandes
carlosjfelixf@gmail.com

Nota: Não faço parte de nenhum movimento espontâneo de professores que tornaram legal a
manifestação do dia 15 de Novembro. Sou apenas mais um entre tantos desiludidos. Não milito em
nenhum partido político. Tenho votado livre dentro do arco democrático nacional. Nem sempre votei
bem. Já fui sindicalizado. Estive em Lisboa no memorável 8 de Março de 2008. A 8 de Novembro estarei
na Feira do Cavalo da Golegã. A 15, no Marquês de Pombal.
Obrigado José Gil pelo extraordinário artigo que escreveu na Visão. Obrigado também a todos os
articulistas, professores e restantes cidadãos que nos fazem pensar que ainda há esperança num Portugal
asseado.

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