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Peter Wanke
Introdução
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indústria e tempo de entrega exigido pelo varejo. No VMI, o estoque da indústria
pode ser localizado num centro de distribuição avançado e a entrega para o varejo
ser praticamente instantânea.
A questão-chave é como a indústria deve ressuprir o estoque no varejo. As
escolhas são um estoque centralizado na indústria combinado com um tempo de
entrega mais longo para o varejo (e menor giro) ou um estoque descentralizado,
próximo ao varejo, com entregas mais rápidas (e maior giro). Em essência, o que se
está buscando é responder se essa iniciativa gerencial (VMI) deveria ser estruturada
via distribuição direta (estoque centralizado na indústria ou num centro de
distribuição único) ou via distribuição escalonada (estoque descentralizado num
centro de distribuição local). Qual o tipo de distribuição mais adequado?
De modo qualitativo, o impacto do tipo de distribuição nos principais
indicadores de desempenho na indústria e no varejo é relativamente bem
documentado e são diversas as evidências empíricas sobre o sentido dos efeitos
principais da distribuição direta e da distribuição escalonada (Evers, 1999; Leew e
Goor, 1999; Evers e Beier, 1998; Tallon, 1993; Amstel e Amstel, 1985).
Alguns desses impactos já foram citados em livros há mais de vinte anos. Por
exemplo, Bowersox et al. (1980) afirmam que a distribuição escalonada implica
maiores níveis de estoque para a indústria, sendo preferível quando os produtos são
de baixo custo adicionado e existe a possibilidade de consolidar o transporte entre a
indústria e o centro de distribuição (Jayaraman, 1998 e Carter e Ferrin, 1996). A
distribuição direta a partir da indústria tende a se verificar com produtos de alto
custo adicionado, sobretudo se os volumes são elevados e há proximidade com o
varejo (Bowersox e Closs, 1996). O alto custo adicionado também pode inibir
intermediários interessados em manter estoques, levando a indústria à distribuição
direta ao consumidor final (Lambert e Stock, 1998).
De acordo com Levy e Weitz (1998), a escolha do tipo de distribuição pelo
varejo deve considerar simultaneamente o custo total associado a cada alternativa e o
atendimento ao cliente, ou seja, ter o produto na loja quando o consumidor final
quiser comprá-lo. A distribuição escalonada permite que o varejo opere com menos
estoque, resultado de entregas mais freqüentes a partir do centro de distribuição.
Além disso, um melhor balanceamento entre sobras e faltas pode decorrer da
revisão, sempre que necessário, das quantidades solicitadas ao centro de distribuição
(Berman e Evans, 1998).
A distribuição direta, pelo fato de consumir tempo no varejo com o
recebimento e o processamento de pedidos, pode levar a ressuprimentos menos
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freqüentes e à consolidação dos envios. Segundo Levy e Weitz (1998), a distribuição
direta no varejo também é favorecida pela proximidade geográfica.
Percebe-se que, sob os prismas da indústria e do varejo, a escolha do tipo de
distribuição é indiferente quando são considerados os critérios distância entre a
origem e o destino e volume de compras: maiores distâncias e menores volumes,
distribuição escalonada com consolidação via centro de distribuição; menores
distâncias e maiores volumes, distribuição direta da indústria ao varejo. Quando o
critério de análise é o nível de estoque na indústria e no varejo, a distribuição
escalonada implica maiores níveis de estoque para o primeiro e menores para o
segundo e a distribuição direta, vice-versa.
A rede em análise
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Na figura 1 é ilustrada não apenas essa rede logística simples, mas também
são apresentadas as principais variáveis envolvidas na decisão de determinar a
proporção ótima entre distribuição direta (Wc) e distribuição escalonada (W1). Deve
ser ressaltado que W1 e Wc devem somar 100%.
Transferência Ci, k,
Ce COB
FOB W1
LT1
Ci, k sLT1
CD Local D
sD
Onde:
D – Demanda diária média do mercado;
sD – Desvio-padrão da demanda;
W1 – Percentual da demanda atendida de forma escalonada (via CD Local);
Wc – Percentual da demanda atendida de forma direta (via CD Central);
COB – Cobertura, em dias de demanda, que se deseja manter no CD Local;
Ce – custo unitário de transferência do CD Central para o CD Local por dia de viagem;
Cd – custo unitário de distribuição direta do CD Central para o mercado por dia de viagem;
Ci – custo unitário de manutenção de uma unidade em estoque;
k – fator de serviço para dimensionamento do estoque de segurança no CD Central e no CD Local;
LT1 – lead time médio do CD Central para o CD Local;
sLT1 – desvio-padrão do lead time do CD Central para o CD Local;
LTC – lead time médio do CD Central para o mercado (suposto igual da Fábrica para o CD Central);
sLTC - desvio-padrão do lead time do CD Central para o mercado (suposto igual da Fábrica para o CD Central).
E ainda:
O mercado pode escolher entre dois tipos de política de distribuição: ou recebe CIF direto do CD Central ou
retira FOB escalonado do CD Local.
Existem duas abordagens para tentar resolver esse problema. A mais clássica e
conhecida é associada às técnicas de programação matemática no campo da pesquisa
operacional, enfatizando os custos de transporte e de instalação e relegando ao
segundo plano os custos de estoques. Trabalhos mais recentes como os de
Jayaraman (1998) e Croxton e Zinn (2005)* têm tentado estabelecer pontes entre os
modelos de programação matemática e os níveis de estoque, ainda que
desconsiderando a correlação da demanda entre os ramos ou pernas da rede logística.
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A menos difundida, porém adequada para redimensionar redes logísticas já
existentes, é derivada das diferentes maneiras de se calcular o efeito portfólio, ou
seja, o percentual esperado de redução de estoques de segurança a partir da
centralização do atendimento. Nessa abordagem, os custos de transporte são
relegados ao segundo plano e predominam as análises de como os coeficientes de
correlação entre as diferentes pernas da rede logística podem contribuir na
consolidação dos estoques de segurança numa menor quantidade de instalações.
Mahmoud (1992) tentou estabelecer uma ponte entre a redução dos estoques de
segurança e o impacto em outros componentes do sistema logístico como, por
exemplo, os custos totais.
Essa descrição não pretende esgotar todas as particularidades dessas duas
metodologias alternativas, mas chamar atenção para que elas podem indicar
resultados conflitantes, mesmo quando é considerada uma rede relativamente
simples como aquela apresentada na Figura 1.
Por exemplo, na Figura 2 é ilustrado o padrão típico de solução para os
modelos de programação matemática quando se considera que CD Central e CD
Local devem permanecer abertos e que necessariamente o custo de transporte via
CD Local (parte do trajeto é FOB) é menor que o custo de transporte a partir do CD
Central (CIF). Toda a distribuição deveria ser feita pelo CD Local (W1 = 100%) e
não haveria espaço para a distribuição direta. Mas a que custo de manutenção de
estoques de segurança em ambos os CDs?
Transferência
Ci, k
Ce
FOB W1=100%
LT1
Ci, k sLT1
CD Local D
sD
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Já na Figura 3 é apresentado o típico padrão de decisão quando se analisa o
problema sob o prisma do efeito portfólio. A duplicidade de estoques de segurança
em ambos os CDs é o X da questão, o que levaria à consolidação dos estoques de
segurança no CD mais próximo da fonte de suprimento, ou seja, levaria à
centralização dos estoques no CD Central que está mais próximo da fábrica. Em
outras palavras, W1 = 0% e conseqüentemente Wc = 100%. Mas a que nível de
gastos com transporte?
Ci, k
D
sD
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segurança na rede) e (b) a determinação de como se comporta o coeficiente de
correlação entre as demandas do CD Local e do mercado para CD Central.
A demanda do CD Local para o CD Central depende, dentre outras variáveis,
da cobertura de estoque de ciclo (COB), em termos de dias de consumo, que a área
comercial ou de marketing acha razoável manter no CD Local. De tempos em
tempos essa cobertura é consumida pelo atendimento ao mercado e a necessidade
um lote de reposição, proporcional a essa cobertura, é gerada para o CD Central.
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cobertura no CD Local é uma variável de mercado a ser definida pela área
comercial.
Principais resultados
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coeficiente, ou seja, quanto maior a incerteza da demanda, menor o percentual de
distribuição escalonada e maior o percentual de distribuição direta. Só que isso
acontece a partir de determinado ponto. Valores pequenos do coeficiente de variação
da demanda (até 0,5) favorecem a distribuição escalonada. Esses valores indicam até
que ponto vale a pena manter estoques de segurança numa instalação intermediária
para economizar os gastos de transporte com a entrega direta.
• Custo unitário de manutenção de estoques (Ci). Como não poderia deixar
de ser, quanto maiores os custos de manutenção de estoques, menor a propensão
para a distribuição escalonada.
• Custos unitários de distribuição direta por dia (Cd) e custos unitários de
distribuição escalonada por dia (Ce). Assim como o trade-off anterior, esses
também são “fáceis” de interpretar. Maiores os custos de distribuição direta, maior o
percentual de distribuição escalonada. Por outro lado, maiores os custos de
distribuição escalonada, menor o percentual de distribuição escalonada.
• Razão entre variâncias do lead-time (y). Quanto maior for a incerteza do CD
Central no atendimento ao mercado comparativamente ao seu atendimento ao CD
Local, maior deve ser o percentual de distribuição escalonada, pois os estoques de
segurança necessários para assegurar determinado nível de serviço serão
proporcionalmente menores no CD Local do que no CD Central.
• Razão entre as médias do lead-time (x). Quanto mais próximo do CD
Central for o CD Local e quanto mais distante do mercado forem ambos os CDs, o
CD Local vai perdendo importância como elemento para minimização dos custos
totais e, conseqüentemente, menor o percentual de distribuição escalonada. Um dado
curioso é que em situações extremas e mantendo todo o resto constante, os valores
de W1 e Wc convergem, respectivamente, para 40% e 60%, ou seja, 40% para
entrega FOB via CD Local e 60% para entrega direta a partir do CD Central. Em
outras palavras, para CDs Locais que são “satélites” de um CD Central afastado do
mercado, seria verificado um piso ótimo de aproximadamente 40% para os dados
analisados.
• Fator de serviço (k). Quanto maior o nível de serviço desejado em termos de
disponibilidade de produto, menor o percentual de distribuição escalonada,
basicamente em função de dois motivos: (a) os estoques de segurança começam a
ficar excessivos na rede de distribuição em relação aos gastos com transporte e (b),
do ponto de vista de nível de serviço, o papel de um CD Local é contribuir,
sobretudo, com a dimensão de prazo de entrega, e não com a dimensão de
disponibilidade de produto (a qual depende do fator k).
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Figura 6 – Análises de sensibilidade - I
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Conclusões
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*Veja artigo de Walter Zinn e Keely Croxton “Considerações sobre o estoque no desenho de
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Tecnologística – já disponível também no site:
www.tecnologistica.com.br/site/lista_anteriores.asp
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