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Curso e Colégio Energia – Rio do Sul/Lages

Obras Literárias – Vestibular 2008 – Profª Marilene Maria Schmidt Goebel


O Ateneu - Raul Pompéia
Biografia: Raul d’Ávila Pompéia nasceu em Angra dos Reis (Estado do Rio) a 12 de abril de 1863 e morreu no Rio de Janeiro a 25 de
dezembro de 1895. Bacharelado em Letras, pelo Colégio D. Pedro II, em 1880, e formado em Direito, pela Faculdade do Recife, em 1886,
exerceu vários cargos públicos, entre eles o de Diretor da Biblioteca Nacional. Os seus artigos de crítica literária e diversos contos,
folhetins e crônicas, ficaram espalhados pela imprensa da época. Escritor pouco fecundo, Raul Pompéia deixou escritos romances de boa
qualidade, onde se nota a influência da escola realista e a marca indelével de um profundo espírito de observação, que fez dele um dos
melhores escritores psicólogos da literatura brasileira. Dotado de rara habilidade para o desenho, ilustrou alguns livros seus e de outros
autores, tendo feito também magistrais caricaturas de diversas personalidades da vida pública. Por motivos ainda mal esclarecidos,
suicidou-se com um tiro, aos trinta e dois anos.
Em 1880, publicou o primeiro livro, o ensaio literário Uma Tragédia no Amazonas e um ano mais tarde lançou Canções Sem Metro,
poesias. O romance O Ateneu, publicado em 1888, popularizou o nome do autor, por ter sido considerado um admirável estudo psicológico,
onde ele demonstrou a sua excepcional capacidade de análise do comportamento psíquico de seus semelhantes. No mesmo ano de 1888,
publicou ainda, em folhetins na Gazeta da Tarde, o romance Alma Morta. Obras: Poema em prosa: Canções sem Metro, 1881 Romance:
Uma Tragédia no Amazonas, 1880; As jóias da Coroa, 1882; O Ateneu, 1888; Conto: Microscópicos, 1881

O ATENEU – RAUL POMPÉIA – RESUMO E ANÁLISE


OBRA DA UFSC / UDESC e ACAFE
ANO DE PUBLICAÇÃO: 1888
ESCOLA LITERÁRIA: REALISMO / NATURALISMO / IMPRESSIONISMO
TEMA: A CORRUPÇÃO NO INTERNATO (=> A educação (sexual e intelectual) do adolescente como reflexo de uma sociedade
decadente./ => Crítica a um Brasil que agoniza no atraso sob o jugo da monarquia e do escravismo)
ROMANCE MEMORIALISTA – 12 CAPÍTULOS - RIO DE JANEIRO
NARRAÇÃO: 1ª PESSOA (SÉRGIO: NARRADOR-PERSONAGEM)

ENREDO - “O romance O Ateneu é uma das obras mais importantes do Realismo brasileiro. Trata-se de uma narrativa na primeira pessoa,
em que o personagem Sérgio, já adulto, conta sobre seu tempo de aluno interno no Colégio Ateneu. A ação do livro transcorre no ambiente
fechado e corrupto do internato, onde convivem crianças, adolescentes, professores e empregados.
É dado o início do romance com o pai de Sérgio advertindo "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem
para a luta" Dr. Aristarco é o diretor do colégio. Figura soberba, cheia de empáfia e que visava apenas o lucro. Tinha o sonho de ver um
busto com a sua face. Sérgio vai narrando as decepções, os medos, as dúvidas, a rígida disciplina, as amizades, os acontecimentos em torno
da própria sexualidade, as questões nem sempre respondidas. O romance é um diário de um internato: as aulas, a sala de estudos, a diversão
nos banhos de piscina, as leituras, o recreio, o que acontecia nos dormitórios, no refeitório e as disputas. O mundo da escola é sempre visto
e retratado a partir da perspectiva particular de Sérgio. Desse modo, a instituição, os colegas, os professores e o diretor Aristarco são
representados em função de certa ótica, claramente caricatural, em que os erros, hipocrisias e ambições são projetados e realçados.
Misturando alegria e tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio, pacientemente reconstrói, por meio da memória, a adolescência
vivida e perdida entre as paredes do famoso internato. A obra acaba com o incêndio do Ateneu pelo estudante Américo. No incêndio o
diretor fica perdido, estático com o que está acontecendo com seu patrimônio e naquele mesmo dia é abandonado pela esposa.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA
1) Embora nem tudo em O Ateneu possa ser comprovado na realidade, pois o autor mistura o real com a ficção, pode-se dizer que o
romance tem muito de autobiográfico, retratando a passagem do autor pelo Colégio Abílio. Algumas identificações são possíveis:
a) O Ateneu = Colégio Abílio;
b) Sérgio = Raul Pompéia (adolescente);
c) Dr. Cláudio = Raul Pompéia (adulto);
d) Dr. Aristarco = D. Abílio Borges.
2) Como é próprio desse tipo de narrativa (com traços autobiográficos), o livro é narrado em primeira pessoa.
3) Raul Pompéia se revela no livro através de Sérgio, que pode ser visto de duas perspectivas: Sérgio-protagonista (o adolescente que vive a
ação do romance) e Sérgio-narrador que reflete bem o adulto Raul Pompéia que, na verdade, está escrevendo o romance. Pode-se falar
ainda, numa terceira presença de Raul Pompéia no livro, revelada pelo Dr. Cláudio, que se mostra maduro, grave, ponderado e lúcido.
4) Embora tenha sido rotulado de “crônica de saudades” e apresente traços autobiográficos, O Ateneu não é um livro de memórias, mas um
romance, em que o autor “manipula o seu material pela imaginação, misturando o real com a ficção”.
5) O Ateneu apresenta doze capítulos e, pode ser dividido em quatro partes:
a) apresentação do Ateneu, por fora, antes da entrada de Sérgio (Capítulo I);
b) o primeiro ano de Sérgio no Ateneu (Capítulo II a VII);
c) o segundo ano de Sérgio no internato (Capítulo VIII a XI);
d) a destruição do Ateneu pelo incêndio (Capítulo XII).
VIVENCIAS + MEMÓRIAS = PASSADO E PRESENTE
ESCRITA DO ROMANCE = PRESENTE
Entre dois mundos: a família e a sociedade
Microcosmo: família
Cosmo: Ateneu
Macrocosmo: sociedade

REALIDADE X FICÇÃO
A fonte documental de Raul Pompéia foi o famoso Colégio Abílio, dirigido por Abílio Borges, Barão de Macaúba, onde o autor fizera seus
primeiros estudos. Assim, pode-se fazer a correlação:
Ficção: O Ateneu , Aristarco, Sérgio
Realidade: Colégio Abílio, Abílio Borges, Raul Pompéia
Duas passagens, metaforicamente, criticam a realidade sócio-política:
1. Episódio em que Jorge, filho de Aristarco, recusa-se a beijar a mão da princesa (a República não se curva à Monarquia);
2. Américo põe fogo no Ateneu. (O aluno simboliza o mundo novo que destrói o mundo velho – América X Europa)

PERSONAGENS
1) Sérgio: pode ser visto de dois ângulos: como protagonista, é um adolescente inexperiente e tímido que é conduzido pelas mãos do pai
para fazer a sua iniciação na escola da vida. À medida que vai “crescendo dentro do mundo sombrio do internato (e da vida), vai-se
tornando amargo, cético e sarcástico: agora é o adulto Raul Pompéia quem certamente fala pelo protagonista-narrador. Sérgio é bem um
símbolo do adolescente às voltas com o doloroso aprendizado da vida; é a criança perdendo a sua pureza virginal, fazendo a sua iniciação
no mundo podre e carcomido de hipocrisia dos adultos.
2) Aristarco: Etimologicamente, o seu nome significa “governante de melhores”. Revela-se, ao longo do livro, prepotente, autoritário,
arrogante e vaidoso. Representa bem o educador tradicional com seus métodos rígidos de disciplinas e com sua empáfia: “Acima de
Aristarco, Deus. Deus tão-somente; abaixo de Deus, Aristarco”. Aristarco, sem dúvida, representa bem, com seu colégio, o mundo social
com seus valores, bajulações, discriminações e convenções. Afinal, o internato era um espelho da sociedade.
3) Ema: Pode ser vista de dois ângulos: anagrama de mãe, na qual o protagonista projeta a figura de sua genitora com o seu carinho, sua
compreensão e a sua ternura; e mulher, evocada pela protagonista de Madame Bovary, de Flaubert, cujo nome é também Ema. Ao contrário
da revelação marcada pelo ódio com Aristarco, “Sérgio e Ema constituem a história de amor do romance”. O relacionamento de Sérgio com
ela é ambíguo, indo do maternal ao erótico, como declara: “Não! Eu não amara nunca assim minha mãe”.
- Representando bem a decadência moral que se quer mostrar, destacam-se Venâncio, subserviente e bajulador de Aristarco; Silvino,
inspetor corrupto; Ângela, a canarina sensual, que costumava assistir ao banho dos rapazes; e os colegas de Sérgio com os quais o
protagonista mantém um relacionamento bastante estreito e íntimo: Bento Alves, trabalha na biblioteca e apaixona-se por Sérgio; Franco, a
imagem da insegurança e do fracasso; mau aluno, perseguido, vítima de discriminações, Américo, o incendiário. Rebelo, o aluno modelo;
Sanches, seu protetor e iniciador na sexualidade; Egbert, um amigo sincero que o ajuda a enfrentar os problemas; Rômulo, desprezível e
corrompido; Nearco da Fonseca, rico, inteligente, ginasta.

ESTILO DE ÉPOCA
Em o Ateneu, podem-se detectar aspectos de vários estilos de época, desde o Naturalismo até o Modernismo.
1) O estilo naturalista se manifesta no livro através das descrições de Ângela e na abordagem do homossexualismo que se pode entrever nas
relações de Sérgio com Sanches, Bento Alves e Egbert. Muitas vezes, as personagens são descritas nos seus aspectos bestiais e animalescos,
priorizando-se o seu lado instintivo, como é comum no Naturalismo.
2) Além desses aspectos visivelmente naturalistas, sobressaem na obra outros que filiam ao estilo realista. Como se pode perceber pela
leitura de O Ateneu, Raul Pompéia tende para a crítica ferina e caricatural de pessoas e instituições sociais; revela um pessimismo cético na
visão da sociedade; manifesta maior preocupação com a análise em detrimento do enredo, razão por que a narrativa é arrastada, anda
devagar; em suma, priorizando a análise dessecante e profunda, o autor revela forte carga psicológica na descrição das personagens. Esses
aspectos citados, como se sabe, configuram o Realismo e estão bem presentes em O Ateneu.
3) Raul Pompéia, após ter passado pelo Realismo-Naturalismo, “só encontrou plena e satisfatória expressão dentro dos cânones do
Impressionismo”, tendo tido a nossa “primeira grande repercussão” nesse estilo de época, que se destaca mais na pintura.
O mais importante no Impressionismo é o instantâneo e único, tal como aparece ao olho do observador. Não é o objeto, mas as sensações e
emoções que ele desperta, num dado instante,, no espírito do observador, que é por ele reproduzido caprichosa e vagamente. No
Impressionismo, pois, o que importa são as impressões, as sensações que ficam, não os fatos acontecidos.
4) Outra tendência estilística que pode ser detectada em O Ateneu é a modernista que se manifesta através da postura crítica assumida pelo
autor, ao longo da obra. O autor critica e satiriza, como é comum no Modernismo, o tom retórico e verbalista da poesia parnasiana. Com
sua genialidade, Raul Pompéia antecipa o Modernismo, podendo ser visto como um dos precursores do movimento que eclodiu em 1922,
com a famosa Semana da Arte Moderna.

LINGUAGEM
1) A linguagem se revela acadêmica, marcada pela correção e obediência aos padrões gramaticais. É uma língua distante do leitor moderno,
mais afeito aos coloquialismos e à linguagem informal do estilo modernista. Além de outras, o autor usa, com freqüência, construções
clássicas, hoje pouco comuns, como a colocação apossinclítica do pronome (uso do pronome átono antes de palavra tida como atrativa):
“disse que me não interessavam as intrigas”.
2) Destaca-se a erudição do autor revelada através de citações e referências clássicas, a que o leitor de hoje está pouco acostumado. Veja,
por exemplo, a passagem abaixo, em que o autor perpassa o exceto de figuras mitológicas: “Era mais que uma revelação temerosa do
Olimpo; era como se Júpiter mandasse Mercúrio catar a terra os raios já disparados e os unisse ao estoque inavaliável dos arsenais do
Etna...”
3) Tendência para a adjetivação excessiva, que se casa bem com a atmosfera pictórica de feição impressionista que perpassa o livro. Quase
sempre o substantivo vem acompanhado de adjetivo, como revelam os excertos seguintes: “Ele, como um deus caipora, triste, sobre o
desastre universal de sua obra”. “Erigia-se na escuridão da noite como imensa muralha de coral flamante, como um cenário animado de
safira com horripilações errantes, de sombra, como um castelo fantasma batido de luar verde emprestado à selva imensa dos romances
cavalheirescos”.
4) Tendência para o símile (= comparação), explicitada pela conjunção “como”: “No pátio o silêncio dormia ao sol como um lagarto”: “As
condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de gritos”: “As mangueiras, como intermináveis serpentes, insinuavam-se pelo
chão”.
5) Uso com muita freqüência de outras figuras de estilo:
Hipérbole: “Aristarco arrebentava de júbilo!” “Um olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que furava o céu como a extrema
agulha de um templo gótico”
Metáforas: "Aristarco todo era um anúncio. "; "O tempo é funeral para sempre das horas."; “O Ateneu é uma sementeira uma horta”
Personificação ou Prosopopéia: "O sol vinha também à capela e colava de fora aponte as vidraças."
"... sorriram as rosas místicas de maio. "- "Os olhos riam, destilando uma lágrima de desejo."- "O Ateneu olhava."- "O grêmio esclarecido
rejubilou. "- "quando o sentimento fala..."
Metonímias: "O futuro tinha reservado para Nearco um feixe de melhores palmas... "
"Acima de Aristarco – Deus / Deus tão somente; abaixo de Deus –Aristarco."
Eufemismo: "os tempos felizes " /"saudade dos dias que correram como os melhores " / "Crônica de saudades"
6) Atmosfera impressionista pelo cromatismo (obsessão pela cor), ora tendendo para o vermelho (“há sons brilhantes como a luz vermelha”,
“trazia um ferro na mão gotejando vermelho”); ora para o branco (“ao fundo daquelas altíssimas paredes do Ateneu, claras da caiação, do
tédio, claras, cada vez mais claras”).

ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES


1) A narrativa de O Ateneu é dominada por traços satíricos e caricaturescos.
2) A escola, em O Ateneu, é vista como um reflexo da sociedade (“Não é o internato que faz a sociedade; o internato a reflete”). Nela
sobressaem os casos de corrupção, deslealdade, amizades perigosas, homossexualismo e outras degenerescências sociais.
3) O doloroso e pungente aprendizado da vida pela criança. A cena inicial, em que o pai deixa o filho à porta do Ateneu, é bem um símbolo
do ingresso da criança no mundo adulto: “Vais encontrar, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta”.
4) O sentimento de vingança acaba-se instalando nas cabeças em formação. A necessidade de libertação desse mundo de opressão, que
rouba a liberdade de ação e a espontaneidade dos gestos, é uma conseqüência natural e lógica: a catarse é uma válvula que descomprime,
liberta e alivia. E é assim que termina O Ateneu – com vingança do ser violentado contra o mundo que o oprime: o incêndio, ao final, é bem
um protesto contra a violência a hipocrisia e esse mundo de aparências construído pelos homens da Terra.

FICHA DE LEITURA
Autor: Raul Pompéia
Obra: O Ateneu (1888 ) – Crônica de Saudades
Gênero Literário: romance
Época: realismo (séc. XIX ) – 2ª metade
Enredo: história de um menino que aos onze anos entra para um internato e ali começa seu contato com o mundo, por meio de experiências
pessoais e de novos amigos durante dois anos letivos.
Personagens: Sérgio, Aristarco, Ema, Ângela, Rebelo, Franco.
Espaço: o colégio Ateneu, no Rio de Janeiro.
Tempo: da narrativa – o autor adulto; da história – infância do autor.
O tempo cronológico não supera dois anos, que vão desde a entrada de Sérgio no colégio até o incêndio que o destrói totalmente, por volta
da última década do séc. XIX; predomina o tempo psicológico por ser um romance de memória em que fatos e pessoas vêm a tona da
consciência conforme sua importância no momento da narração.
Foco narrativo: 1ª pessoa / narrador-personagem
Contexto econômico-social: Brasil Império, oligarquia cafeeira do Vale do Paraíba, cuja mão de obra era escrava e sua posterior
decadência. Movimentos pró-abolição e república. Grupos sociais heterogêneos: latifundiários escravistas, bacharéis, brancos livres,
escravos e operários, imigrantes europeus, garimpeiros, camponeses, funcionários.
Título e Subtítulo: O Ateneu, do latim ATHENAEUM constitui o título do livro; o subtítulo Crônica de saudades já antecipa

Início
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste
aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico,
diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, Eu tinha onze
anos. (...)
Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez se ponderarmos que o tempo é
a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo — o funeral para sempre das horas. Rio de Janeiro, março de 1888. FIM

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