Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Definição
De um modo geral, a resistência antibiótica caracteriza-se pela capacidade de
uma bactéria resistir aos efeitos de um antibiótico.
Existem duas definições diferentes para resistência aos antibióticos:
Definição Terapêutica
Uma estirpe é resistente quando a concentração de antibiótico que ela é capaz de
suportar é elevada que a concentração que se pode atingir in vivo. Isto é, a bactéria
torna-se resistente quando a concentração mínima inibitória (CMI) não é suficiente para
a matar.
Definição Microbiológica
Uma estirpe é resistente quando é capaz de suportar uma concentração de
antibiótico mais elevada do que aquela que é capaz de inibir o desenvolvimento da
maioria das estirpes da mesma espécie. Por exemplo, se dentro de uma espécie tivermos
100 bactérias sensíveis e apenas uma resistente, esta última é resistente a nível
microbiológico uma vez que esta classificação se aplica apenas a uma estirpe e não às
outras suas semelhantes.
Tipos
1. Resistência natural
Característica presente em todas as estirpes da mesma espécie.
Algumas bactérias conseguem ganhar resistência sintetizando os próprios
antibióticos que são criados para as inibirem.
Outras bactérias podem ainda ter este tipo de resistência por ausência do
sistema de transporte ou o alvo do antibiótico.
1
Por exemplo, as espécies Gram negativas
são resistentes à vancomicina porque o seu
elevado peso molecular e hidrofobia não
permitem a sua difusão através da membrana
externa da parede celular bacteriana, via canais de
porina. Esta membrana externa estabiliza a
permeabilidade da barreira plasmática contra o
Figura 19.1 – Resistência natural
antibiótico.
das bactérias Gram negativas
2. Resistência adquirida
Característica que só aparece em algumas estirpes duma dada espécie
normalmente sensível. Este tipo de resistência refere-se às estirpes que no seu estado
selvagem eram susceptíveis a um dado antibiótico e que devido à utilização de
antibióticos passaram a ser resistentes a antibióticos.
As resistências adquiridas podem ainda ser divididas em:
• Resistência por mutação cromossómica
Modificações
• Resistência por aquisição de genes genéticas
• Resistência por rearranjos intra-moleculares no DNA
2
- Proteínas ribossomais
Se a sequência de RNA for alterada também não será reconhecida
pelo antibiótico.
Nestes casos, a resistência é limitada a antibióticos do mesmo grupo,
isto é, normalmente se é resistente a um dado antibiótico também é
resistente aos seus semelhantes.
3
(é necessário que o antibiótico já esteja no citoplasma para que os genes sejam
activados)
2) Destoxificação do antibiótico
Exemplo: β-lactamases e aminoglicosido tranferases. Estas enzimas são produzidas
pelas bactérias e actuam contra os antibióticos.
3) Modificação do alvo
Exemplo: Eritromicina. Este antibiótico é indutor de metilases. A metilação de adeninas
e citocinas faz com que as enzimas já não actuem.
Transdução
Transferência de material
genético de um dador para um receptor,
mediado por um vírus específico de
bactérias (fago ou bacteriófago). Quando
um fago desencadeia um ciclo lítico (lise
da célula dadora), originam- -se fagos
Conjugação
Transferência directa de
material genético entre duas células
(dadora e receptora) através de
contacto físico. Por exemplo, nas
bactérias Gram negativo há passagem
de um tubo proteico de conjugação
(PILI). Figura 19.5 – Plasmídeo R com genes para
resistência a antibióticos
5
Este tipo de transferência genética é mediado por plasmídeos F (plasmídeos de
fertilidade), como por exemplo o factor R que contém genes de resistência aos
antibióticos.
A resistência mediada por plasmídeo R pode ser simples, mas, na maioria das
vezes, é múltipla e, por isso, torna a bactéria resistente a dois ou mais antibióticos.
Transposões
o Sequências de DNA de cadeia dupla capazes de promover a sua própria
transposição entre plasmídeos, de um plasmídeo para o cromossoma e vice-versa
o São constituintes comuns do cromossoma bacteriano, de plasmídeos e de
bacteriófagos.
Integrões
o Elementos genéticos móveis;
o Têm genes para a resistência a antibióticos, tal como os anteriores.
Sensibilidade
Sensível
Estirpe que pode ser atingida por um tratamento da dosagem habitual por via
geral. O tratamento dado ao indivíduo leva à morte da bactéria.
Resistente
A estirpe não pode ser atingida qualquer que seja o tipo de tratamento.
6
- Tratamento local
- Aumento das dosagens por via geral
- Concentração fisiologia particular (urina, bílis)
Exemplos
Resistência às β-lactaminas
Antibióticos que actuam na membrana, não entram na bactéria (com excepção
destes, os restantes antibióticos terão de atravessar a parede celular e membrana
citoplasmática para exercer a sua função).
• β-lactamases
Estas enzimas são as responsáveis pela resistência aos antibióticos β-
-lactâmicos;
Hidrolizam o anel β-lactâmico tornando o antibiótico inactivo;
À medida que novos antibióticos (β-lactaminas, neste caso) são usadas, as
bactérias vão alterando a conformação das β-lactamases;
As bactérias podem ainda produzir enzimas que destroem o núcleo β-
-lactâmico característico deste tipo de antibiótico.
• Alteração das PLP (PBP)
Estas enzimas são sintetizadas pelas bactérias e são importantes ao nível da
síntese do peptidoglicano;
7
Antibiótico não reconhece a estrutura uma vez que há alteração da
conformação do alvo;
Esta PBP alterada não tem afinidade para os antibióticos β-lactâmicos, mas
substitui funcionalmente as PBP clássicas que são inibidas naturalmente pelos
mesmos.
• Modificação na permeabilidade da membrana (porinas)
Quando há alteração conformacional das porinas, o antibiótico deixa de poder
entrar na bactéria;
Mutações nos genes Omp (porinas) podem impedir a sua acção.
Figura 19.6 – Exemplo de uma bactéria Gram negativa (com membrana externa)
8
• A enzima β-lactamase fica inutilizável e, por isso, não há síntese do
peptidoglicano. Consequentemente, a bactéria deixa de ter rigidez e a diferença de
pressão osmótica leva à sua lise.
No segundo caso:
o Com a alteração da
conformação da PBP, há
pouca afinidade e a β-
-lactamina solta-se.
Consequentemente, a
bactéria não morre.
9
Antibióticos que actuam dentro da bactéria (a nível do ribossoma).
• Resistência natural
Anaeróbios aerotolerantes
Para atravessarem a membrana é necessário consumirem energia. Como as
bactérias anaeróbias não têm cadeia respiratória a nível da membrana, não têm maneira
de consumir energia e, por isso, são naturalmente resistentes aos antibióticos. Por outras
palavras, por falta de transportadores oxidativos, este tipo de bactérias torna-se
intrinsecamente resistente aos aminósidos.
• Resistência adquirida
Alteração mutacional do alvo do antibiótico (ribossoma) leva ao impedimento
da interacção antibiótico-alvo e, consequentemente, não há inibição da síntese
proteica pelo antibiótico.
• Interferência com o transporte do antibiótico
Porinas localizadas na membrana externa podem ser alteradas por mutação ou
delecção, impedindo a difusão através dos canais de porina.
(Impermeabilização da membrana externa).
• Destoxificação enzimática:
APH aminosido-fosfotransferase
ANT aminosido-nucleotidiltransferase
AAC aminosido-acetiltransferase
Estas enzimas, localizadas em
plasmídeos e transposões, vão inactivar
enzimaticamente os antibióticos,
promovendo a sua acetilação ou
fosforilação. Quando o antibiótico entra pela Figura 19.8 – Inactivação dos
primeira vez na bactéria, esta morre. No aminósidos por acetilases (AAC),
entanto, aquando de uma exposição adenilases (AAD) e fosfotransferases
posterior, a bactéria já criou estas enzimas (APH)
que vão inactivar o antibiótico.
(Bactérias passam a sintetizar o próprio antibiótico)
10
Resistência às quinolonas
• Mutação cromossómica
Alteração da girase (mutação nos
genes gyrA e gyrB);
Alteração da topoisomerase IV
(mutações no gene parC ou parE)
• Redução do número de porinas
• Diminuição da acumulação
(Bomba de Efluxo)
Também designado de bomba de
expulsão;
São normalmente translocases
Figura 19.9 – Resistência às quinolonas
localizadas na membrana
plasmática;
Diminuição da concentração intracelular por efluxo do antibiótico;
Por exemplo nas tetraciclinas, caso esta não esteja em concentração suficiente
é enviada para o exterior através desta bomba;
11
Resistência ao cloranfenicol
Antibióticos que actuam como bacteriostáticos, inibindo apenas o crescimento
das bactérias.
• Resistência plasmídica
• Mutação ribossómica
Mudança na subunidade 23 do rRNA
• Resistência enzimática
A resistência bacteriana ao cloranfenicol é mediada por uma enzima
inactivadora do antibiótico, a cloranfenicol-acetiltransferase que é codificada
pelo plasmídio R;
Os 2 grupos hidroxilos do cloranfenicol são acetilados pela claranfenicol
acetiltransferase, tendo como doador o acetil-CoA;
A adição de grupos acetil inactiva o antibiótico.
Resistência às sulfamidas
Antibióticos que actuam por competição inibitória com a dihidropteroato
sintetase.
• Resistência natural
12
• Resistência adquirida
Mutação cromossómica: cromossoma
diminui permeabilidade pelas porinas;
Aquisição de plasmídeo;
Mutação nos genes que codificam DHPS
(dihidropteroato sintetase) e DHFR
(dihidrofolato redutase).
• Hiperprodução de PAB
Ácido paraminobenzóico (cofactor) é
indispensável para a síntese dos ácidos
nucleicos (síntese de folatos);
PBA é semelhante estruturalmente à
sulfamida, daí que haja competição entre
ambos. Assim, se a concentração da
sulfamida for superior à do PAB este
último fica inactivo e a sulfamida acaba
por ocupar-lhe o lugar e a bactéria
morre. Pelo contrário, se a concentração
do ácido for superior, bactéria fica
resistente. Figura 19.12 – Síntese de folatos
• Hiperprodução de DHFS (dehidrofolato
sintetase)
Não é inibida pelas sulfamidas;
Esta enzima tem como substrato o PAB. Se a concentração de sulfamida for
elevada, a DHFS é inactivada e o PAB continua livre.
• DHFS mutação resistente
A sulfamida não actua sobre esta, daí que haja síntese na mesma de purinas e
pirimidinas;
Produção de uma forma de dihidropteroato sintetase com baixa afinidade para
as sulfamidas, sem alteração na afinidade para o PAB.
• Plasmídeo DHFS adicional
• Diminuição de permeabilidade
13
Resistência aos nitrofuranos e nitro-imidazóis
Antibióticos que quando em elevada concentração inibem enzimas do ciclo de
Krebs, síntese DNA e RNA e síntese total de proteínas.
Resistência à rifampicina
Antibióticos inibidores da síntese de mRNA.
14
Dependente de Energia;
Através de proteínas inseridas na membrana citoplasmática (TetA, B, C, D, E);
Mecanismo mais frequente.
• Protecção do ribossoma bacteriano
Por proteínas que bloqueiam a ligação da tetraciclina ao ribossoma (TetM, O,
S, B e Q).
Na ausência de tetraciclina:
TetR é ligada ao operão tetO2.
Na presença de tetraciclina:
TetR liga-se à tetraciclina alostericamente e
dissocia-se do tetO2, permitindo a expressão das
Figura 19.14 – Regulação do efluxo
proteínas de resistência à tetraciclina.
mediada por repressores
15
Classes de Mecanismos de resistência a
Exemplos
antibióticos antibióticos
Gentamicina 1. Alteração do alvo
Aminoglicósidos Kanamicina 3. Inactivação do antibiótico
tobranicina
4. Efluxo activo
Ansamicinas Fifampicina
1. Alteração do alvo
2. Redução na permeabilidade celular
1. Alteração do alvo
Penicilinas
β-lactâmico 3. Inactivação do antibiótico
Meticiclina
3. Isolamento de um antibiótico por uma
proteína
2. Redução da permeabilidade celular
Fenicóis Cloranfenicol 4. Efluxo activo
3. Inactivação do antibiótico
Vancomicina
Glicopéptidos 1. Alteração do alvo
Teicoplanina
4. Efluxo activo
Eritromicina
Macrólidos 1. Alteração do alvo
Claritromicina
3. Inactivação do antibiótico
1. Alteração do alvo (DNA girase)
Quinolonas e Ácido Nalidíxico 2. Defeito da difusão através na membrana
Fluoroquinolonas Norfloxacina externa
4. Efluxo activo
4. Efluxo activo
Sulfonamidas ou Co-trimonazole 3. Via metabólica alternativa
Trimethoprim 1. Hiperprodução do alvo onde antibiótico
actua
2. Redução na permeabilidade celular
Tetraciclina
4. Efluxo activo
Tetraciclinas Minociclina
1. Alteração do alvo
3. Via metabólica alternativa
16
Avaliação laboratorial
Antibiograma
O antibiograma é um teste feito in vitro que mede a resistência ou sensibilidade
de uma bactéria específica a vários antibióticos e, assim, permite a determinação de qual
o antibiótico mais adequado ao tratamento da doença provocada pela bactéria em
estudo.
Objectivo
Procedimento
• Neste teste há a utilização de caixas de Petri com um meio de cultura de gelose
(Agar Mueller-Hinton) onde semeamos a bactéria por espalhamento;
• O antibiótico é impregnado nuns discos de papel de filtro (discos de difusão)
colocados na caixa inoculada com a bactéria. Este antibiótico vai difundir-se ao
longo do meio de gelose (dispersão em torno de um círculo);
Resultados
• Interpretação da susceptibilidade baseia-se na medida do halo de inibição do
crescimento bacteriano formado ao redor do disco;
• Microrganismos que apresentarem resistência in vitro também serão resistentes in
vivo. Por outro lado, microrganismos apresentando sensibilidade in vitro podem
ser resistentes in vivo;
17
Zona correspondente à CMI
(concentração mínima que
Resistência muito elevada
(Bactéria cresce junto ao disco) impede a multiplicação da
bactéria)
Diâmetro muito pequeno
A partir deste ponto, a
concentração de
Concentrações decrescentes antibiótico já não é
de antibióticos Figura 19.16 – Antibiograma suficiente para que a
bactéria morra
Determinação da CMI
Macrométodo
• Série de tubos com diluições sucessivas de antibiótico;
• Adicionar mesma quantidade de bactérias em todos os tubos;
• À medida que a concentração de antibiótico diminui, o tubo torna-se turvo (há
crescimento de bactérias);
• Quando a concentração de antibiótico é muito elevada, não existem bactérias;
• O primeiro tubo com turvação (crescimento bacteriano) visível corresponde ao
valor da CMI.
18
Bactéria cresce neste sentido
porque concentração de
antibiótico vai diminuindo
progressivamente
(começa a notar-se a turvação)
Eteste
• Tira de papel colocada na caixa inoculada com a bactéria;
• Disponível para todos os antibióticos;
• Esta tira tem um gradiente de concentração (concentrações crescentes de
antibiótico) para se determinar quantitativamente a sensibilidade ou resistência
de qualquer microrganismo.
• Objectivo: determinar CMI.
19
Concentração crescente de antibiótico
(aumenta o halo à volta da tira)
www.textbookofbacteriology.net
20