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Faculdade de Direito

Licenciatura em Direito

Direito do Trabalho

Material de Apoio para as aulas práticas I (enunciados de exames)


DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
2.ª Frequência (Diurno)
14-06-2005

Duração: 2 Horas (+30min. tolerância).


Docentes: Professor Doutor António Batalha ┼
Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Almaleque celebrou em Janeiro de 2004 um contrato com a empresa de construção civil PMTB
– “Paga-se Mal Mas Trabalha-se Bem” –, nos termos do qual Almaleque ficou obrigado a
desempenhar os seus serviços de trolha, reconhecidos a nível internacional, nas obras do futuro
Centro Cultural de Cabeça de Carneiro. O referido contrato continha, entre outras, as seguintes
cláusulas:
1) O local normal de trabalho seria nas obras do referido Centro Cultural, podendo o
empregador, sempre que o entendesse, mudar o trabalhador para outra qualquer obra que
estivesse a cargo da empresa, ou da empresa NTVPR – “Não Trabalhas Vais para a Rua –, que
pertencente ao grupo daquela;
2) O horário seria de segunda a sexta-feira, entre as 08H e as 12H e entre 14H e as 18H;
3) Pelos seus serviços Almaleque receberia 500Euros mensais líquidos acrescidos de 2% como
prémio de produtividade;
4) O contrato teria duração equivalente à duração da obra.
Logo no mês de Março a empresa NTVPR solicitou, com carácter de urgência, à empresa
PMTB, que lhe cedesse um trolha para conclusão das obras da piscina municipal de Vila Boim,
tendo o empregador dado indicações a Almaleque para se apresentar ao serviço na referida obra.
Muito contrariado, Alamaleque cumpriu a ordem.
Em Abril do presente ano, após regressar à sua empresa e terminadas as obras do CCCC,
Almaleque foi então integrado nas obras do polidesportivo de Mourão. Acontece porém que em
Maio, mais uma vez, a empresa NTVPR pediu à PMTB que lhe dispensasse Almaleque para as
obras de restauro do edifício dos Paços do Concelho de Avis. Contudo, Almalaque recusou-se a
cumprir a referida ordem.
Por tal facto, nesse mesmo mês, a empresa abriu um processo disciplinar a Almaleque, na
conclusão do qual promoveu o despedimento do referido trabalhador alegando a caducidade do
contrato.

a) Caracterize o contrato em questão, referindo, nomeadamente, os respectivos elementos


e os requisitos formais e substanciais de validade.
b) Pronuncie-se acerca da legalidade da cláusula referida em 1), bem como da legitimidade
legal da ordem dada a Almaleque em Março de 2004.
c) Avalie a licitude do despedimento de Almaleque tomando em consideração todos os
dados da hipótese.
d) Tendo Almaleque impugnado o despedimento, que direitos lhe assistem caso o mesmo
venha a ser considerado ilícito e tomando em consideração a circunstância de que, à
data do despedimento, Almaleque era já delegado sindical do Sindicato dos Trolhas da
Região Sul?

2
II
(9 valores)

1. Será o Princípio da Autonomia das estruturas de representação colectivas dos


trabalhadores um princípio absoluto? Justifique.
2. Explique o processo de negociação de uma convenção colectiva de trabalho.

FIM

Boa sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

3
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
2.ª Frequência (Pós-laboral)
14-06-2005

Duração: 2 Horas (+30min. tolerância).


Docentes: Professor Doutor António Batalha ┼
Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Belfadar foi contratado em Março de 2004 pela vidreira “Copos Partidos Lda” para
desempenhar funções de modelador durante a ausência do mestre Cresmelindo, que se
encontrava impedido de trabalhar por motivo de acidente rodoviário. Nos termos do referido
contrato Belfadar iria auferir um rendimento líquido mensal de 500Euros, ficando adstrito a um
horário diário (de segunda a sexta-feira, das 08H às 12H e das 14H às 18H), bem como ao
desempenho das referidas funções nas instalações da empresa, sitas na Marinha Grande. O
contrato teria a duração equivalente à ausência do mestre Cresmelindo.
Acontece porém que, apesar de trabalhar de forma empenhada e diligente, Belfadar, desde cedo,
assumiu uma postura de grande hostilidade nas relações com os demais empregados e com o seu
superior hierárquico, tendo, inclusivamente, em Dezembro de 2004, injuriado grosseiramente
um seu colega de ofício.
A despeito disto, Belfadar continuou a executar as suas tarefas com normalidade.
Contudo, em Fevereiro do presente ano, o superior hierárquico de Belfadar ordenou-lhe, no final
da tarde de sexta-feira, que viesse trabalhar no dia seguinte, uma vez que, como era do seu
conhecimento, havia necessidade de terminar uma importante encomenda de copos, vital para a
saúde financeira da empresa, e não havia disponível mais nenhum modelador.
Todavia, no dia seguinte Belfadar não compareceu ao serviço, tendo contactado o superior
hierárquico às 07H, informando-o que não se encontrava em condições de trabalhar pois, nessa
noite, tinha-se deslocado à festa de despedida de solteiro do irmão, acabando por abusar na
bebida e, por tal facto, estava muito indisposto e com fortes dores de cabeça.
Na sequência deste comportamento de Belfadar, a empresa abriu um processo disciplinar. Na
nota de culpa constava somente que Belfadar, com todo o seu comportamento no seio da
empresa, tinha originado um péssimo ambiente de trabalho e, para além disso, havia colocado
em risco a viabilidade económica da empresa, e por isso, deveria ser severamente sancionado.
No final do procedimento disciplinar Belfadar foi despedido, no entender da empresa, com justa
causa de despedimento.

a) Caracterize o contrato em questão, analisando quer os elementos do contrato quer os


requisitos formais e materiais de validade.
b) Pronuncie-se acerca da legitimidade legal da ordem dada a Belfadar em Fevereiro.
c) Avalie a licitude do despedimento de Belfadar, avaliando, nomeadamente, se existe, e
em que termos, justa causa de despedimento.
d) Quais os direitos que eventualmente lhe assistiriam se o despedimento viesse a ser
declarado ilícito? E se fosse considerado lícito, ponderando todas as situações
possíveis?

4
II
(9 valores)

1. Terão os membros das estruturas de representação colectiva dos trabalhadores algum


tipo de protecção especial? Concretize e justifique.
2. Pronuncie-se acerca dos âmbitos de aplicação pessoal e temporal das convenções
colectivas de trabalho.

FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

5
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 1ª Época (Diurno)
04-07-2005

Duração: 2h.30m (+30min. tolerância).


Docentes: Professor Doutor António Batalha ┼
Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
O Sindicato dos Trabalhadores da Industria Têxtil do Sul declarou uma greve na empresa
“Têxteis da China, Lda”, que iria ocorrer nos dias 04 a 08 de Junho, com o objectivo de exigir
várias melhorias no âmbito da relação laboral dos diversos trabalhadores da empresa.
A empresa “Têxteis da China, Lda”, que tinha de promover a entrega de uma grande encomenda
a um seu importante cliente holandês até ao final dessa semana, após receber o pré-aviso de
greve, recorreu aos serviços da empresa de trabalho temporário “Trabalhadores Para Todos os
Gostos”, para substituir os trabalhadores que eventualmente aderissem à greve.
Como no primeiro dia de greve somente três dos 25 trabalhadores da empresa compareceram ao
trabalho, o sócio gerente deu ordens aos trabalhadores contratados à “Trabalhadores para Todos
os Gostos” para assumirem as funções dos trabalhadores grevistas, para assim tornar possível a
entrega da encomenda nos prazos convencionados.
No decurso da greve, o delegado sindical, que também aderiu à greve, fora do seu horário de
trabalho, agrediu, nas proximidades das instalações da empresa, um dos trabalhadores que não
aderiu à greve.
A entidade empregadora, depois de instaurado o respectivo processo disciplinar, despediu os 22
trabalhadores que participaram na greve, alegando para o efeito que os trabalhadores deram
cinco faltas consecutivas injustificadas.

a) Considera lícita a substituição dos trabalhadores grevistas pelos trabalhadores


contratados à empresa de trabalho temporário, caso a greve tivesse sido legalmente
convocada? E se a greve fosse ilegal?
b) Poderia a entidade empregadora proceder ao despedimento dos 22 trabalhadores?
c) Haveria justificação para o despedimento do delegado sindical? Teria algum tipo de
protecção especial em caso de despedimento?
d) O facto do delegado sindical não ter respondido à nota de culpa é fundamento para se
considerarem os factos provados e legitima o despedimento?
e) Considerando que a empresa de trabalho temporário não estava devidamente habilitada
para o exercício da respectiva actividade, qual seria a consequência desta circunstância
para a relação laboral dos trabalhadores temporários? Poderia a empresa “Têxteis da
China, Lda” contratar por tempo indeterminado os trabalhadores temporários que
substituíram os trabalhadores grevistas?

6
II
(9 valores)

3. O que são Fontes Internacionais do Direito do Trabalho? Indique-as e refira a sua


importância.

4. Em que se traduz, e qual a sua importância, o fenómeno da Concertação Social?


FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

7
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 1.ª Época (Pós-laboral)
04-07-2005

Duração: 2h.30m (+30min. tolerância).


Docentes: Professor Doutor António Batalha ┼
Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Ablismateque, condutor profissional, foi contratado em Novembro de 2004 pela empresa de


trabalho temporário “Trabalhadores Em Saldos” com o objectivo de desenvolver a sua
actividade de motorista em qualquer empresa que carecesse dos seus préstimos. Três meses
volvidos foi contactado para realizar os seus serviços de motorista na empresa “Depressa Se
Chega Longe, Lda” (DSCL), que pertencia ao grupo de empresas denominado “Transportes
Mais Rápidos Não Há”.
Ficou acordado que Ablismateque iria auferir um salário de 750Euros.
Acontece que dias antes a empresa DSCL celebrara um acordo de empresa, onde ficou
estabelecido, entre outras questões, que a retribuição mínima dos motoristas seria de
800Euros e que todos os trabalhadores da empresa passariam a beneficiar de um desconto
de 5 cêntimos/litro sempre que abastecessem os seus veículos numa bomba de combustível
propriedade do sócio gerente da DSCL, desde que adquirissem o kit de sócio do Sport
Lisboa e Benfica.
Ablismateque, após ter prestado os seus serviços na empresa DSCL durante dois meses, foi,
por ordem directa do sócio gerente da DSCL, cedido à empresa “Rapidíssima, Lda”
pertencente àquele grupo de empresas, para desenvolver a mesma actividade.
Um mês após iniciar funções nesta última empresa, diversos sindicatos representativos dos
trabalhadores da “Rapidíssima, Lda”, nos quais não se incluía o sindicato onde
Ablismateque estava inscrito, declararam uma greve geral na empresa por três dias, com o
fim de ser satisfeita a pretensão de aumentos salariais.
Como Ablismateque aderiu à greve a empresa promoveu a contratação de outro trabalhador,
também em regime de trabalho temporário, para realizar a actividade que competia a
Ablismateque desempenhar, sendo que, acabou por dispensar Ablismateque até ao final do
mês.
a) Analise o salário auferido por Ablismateque.
b) Ablismateque teria direito ao desconto caso tivesse adquirido o kit de sócio do SLB?
c) Seria válida a transferência para a empresa “Rapidíssima, Lda”, tendo em consideração
que ambas as empresas têm sede na mesma rua?
d) Os sindicatos poderiam declarar uma greve geral que abarcasse trabalhadores neles não
inscritos?
e) Poderia Ablismateque aderir à greve?
f) Seria legal a contratação do trabalhador em regime de trabalho temporário para realizar
a actividade de Ablismateque?
g) A empresa poderia dispensar os serviços de Ablismateque?

8
II
(9 valores)

5. O que são Fontes Específicas do Direito do Trabalho? Indique-as e refira a sua


importância.

6. Em que se concretiza o Princípio do tratamento mais favorável?

FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

9
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 2ª Época (Diurno)
13-09-2005

Duração: 2h.30m (+30min. tolerância).


Docentes: Professor Doutor António Batalha ┼
Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Bernadiolino é empregado da pastelaria “Bolo Podre” desde Junho de 1998 onde


desempenhava as funções de empregado de mesa e auferindo a quantia de 550 euros
mensais acrescidos de, em média, 100 euros em gorjetas dadas pelos clientes da pastelaria.
Em Março do presente ano e após diversos cursos de formação profissional realizados por
Bernadilolino na arte de pasteleiro, o gerente da pastelaria decidiu promovê-lo a ajudante de
do pasteleiro-chefe, passando a auferir 750 euros mensais. Contudo, Bernardolino nunca
gostou da farda de pasteleiro e raramente a vestia em conformidade com as instruções do
gerente da pastelaria.
Em Junho do presente ano, o gerente encontrou por duas vezes Bernadiolino a fumar
“marijuana” na cave da pastelaria.
Atendendo as estas duas circunstâncias (não uso da farda em conformidade com as
instruções dadas e consumo de “marijuana”) a entidade patronal abriu um processo
disciplinar a Bernadiolino com o objectivo de o despedir.
O processo concluiu com o despedimento de Bernadiolino por justa causa em Agosto
último.

a) Poderia o gerente da pastelaria (entidade empregadora) impor regras quanto ao


vestuário dos pasteleiros?
b) Em sua opinião os motivos alegados constituirão justa causa de despedimento?
Justifique.
c) Imagine que Bernadiolino não respondeu à nota de culpa. A falta de resposta será
fundamento para se considerarem os factos como provados e legitima o
despedimento?
d) Terá Bernadiolino algum mecanismo legal que lhe permita continuar a trabalhar na
pastelaria apesar de ter sido despedido?
e) Considerando que o tribunal declarava ilícito o despedimento, que direitos
assistiriam a Bernadiolino? E se fosse considerado lícito, assistir-lhe-iam alguns
direitos?
f) Imagine que, após a recusa por parte de Bernadiolino em utilizar a farda segundo as
ordens fixadas, a entidade empregador decide despromover Bernadiolino dando-lhe
instruções para retomar as anteriores funções e indicando-lhe que passaria a receber
a retribuição antiga. Quid Iuris?

10
II
(9 valores)

7. O que são convenções colectivas de trabalho? Indique-as e refira a sua importância.

8. Em que se traduz, e qual a sua importância, o denominado “Ius Variandi”?

FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

11
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 2ª Época (Pós-laboral)
13-09-2005

Duração: 2h.30m (+30min. tolerância).


Docentes: Professor Doutor António Batalha ┼
Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Augustinialino trabalhador da empresa de confecções “Directamente da China” há mais


de 7 anos foi despedido na sequência de um processo disciplinar movido pela entidade patronal
por ter insultado e agredido fisicamente Costinaluz, seu superior hierárquico, nas instalações da
empresa, após ter descoberto que o mesmo mantinha uma relação amorosa com a sua mulher.
Na sequência do despedimento de Augustinialino os demais trabalhadores da empresa reuniram-
se em plenário e declararam uma greve em protesto contra aquele despedimento e exigindo, por
um lado, a reintegração imediata daquele trabalhador e, por outro, o afastamento Costinaluz,
uma vez que, segundo os trabalhadores, ele representava um perigo imediato para os respectivos
casamentos, como aliás era exemplo a situação vivida por Augustinialino.

a) Alega Augustinialino que, por um lado, ele próprio e as testemunhas não foram ouvidas
nas instalações da empresa, mas sim no escritório do advogado da empresa e, por outro,
que na nota de culpa não constava a intenção de despedimento. Quid Iuris?
b) O fundamento enunciado constitui justa causa de despedimento? Justifique.
c) Teria Augustinialino alguma possibilidade de continuar a trabalhar na empresa após o
despedimento?
d) Imaginando que o tribunal declarava ilícito o despedimento, que direitos assistiriam a
Augustinialino? E se fosse considerado lícito, assistir-lhe-iam alguns direitos?
e) Imagine que o despedimento de Augustinialino foi efectuado por comunicação verbal e
sem processo disciplinar e que, na sequência da greve, a entidade empregadora pediu
desculpas àquele trabalhador e indicou-lhe para voltar ao posto de trabalho. Contudo
Augustinialino recusou-se a voltar ao trabalho. Quid Iuris?
f) Pronuncie-se acerca da legalidade da greve, nomeadamente tendo em conta os motivos
da mesma.
II
(9 valores)

9. O que são estruturas de representação colectiva de trabalhadores? Indique-as e refira a


sua importância.

10. Em que consiste o Princípio da Imutabilidade do Local de Trabalho? Será um princípio


absoluto ou comportará excepções?
FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

12
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
2ª Frequência (Diurno)
19-06-2006

Duração: 2h.00m (+30min. tolerância).


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
A empresa de catering “Comida ao Avesso”, com sede no Porto, contratou Adoménico e
Balbilurdes, marido e mulher, para seus cozinheiros, em Janeiro de 2006.
Adoménico assinou um documento escrito intitulado de “Contrato de Trabalho”, tendo ficado
estabelecido que o período experimental seria de sessenta dias. Contudo, passados trinta dias, a
entidade patronal informou verbalmente Adoménico do interesse em estender o período
experimental para seis meses, tendo aquele anuído.
Já Balbiqnuses assinou um contrato de trabalho a termo certo, sendo que, no documento
assinado, apenas constava que o mesmo era celebrado ao abrigo da alínea b) do n.º 3 do artigo
129.º do Código do Trabalho.
Em Março a empresa foi contratada para servir um jantar que iria ser oferecido pelo Presidente
da República, no âmbito das comemorações do 25 de Abril.
Assim, no dia 20 de Abril o gerente da empresa informou todos os cozinheiros sobre o
importante serviço que iria realizar e que, por estas circunstâncias, todos os cozinheiros
deveriam prestar serviço no dia 25 de Abril.
Contudo, Adoménico informou logo o gerente que nem ele nem a esposa iriam trabalhar nesse
dia, uma vez que, para além de ser feriado, pretendiam comemorar os 10 anos do seu casamento
com um passeio ao Gerês.
O gerente sublinhou que a ordem se estendia a todos sem excepção e que, por isso, estavam
obrigados a comparecer ao trabalho no dia 25 de Abril.
Adoménico e Balbilurdes no dia 25 de Abril foram passear para o Gerês e só se apresentaram ao
serviço no dia 27 de Abril.
Nesse mesmo dia Adoménico foi informado da resolução do seu contrato sem qualquer
indemnização, enquanto Balbilurdes foi confrontada com uma nota de culpa onde constava a
intenção de despedimento e a uma ordem de suspensão imediata da sua actividade e do
pagamento de qualquer retribuição enquanto decorresse o procedimento disciplinar.

a) Analise a validade do período experimental fixado no contrato celebrado entre


Adoménico e a empresa, bem como a alteração operada.
b) Pronuncie-se sobre a validade do contrato de trabalho celebrado entre Balbilurdes e a
empresa.
c) Poderia a entidade patronal resolver o contrato de Adoménico nos termos em que o fez?
d) Avalie a conformidade legal da ordem de suspensão que acompanhou a nota de culpa.
e) Imaginando que Balbilurdes acabaria por ser despedida, poderíamos considerar este
despedimento como um despedimento lícito? Justifique.
f) Em face da resposta dada à questão anterior que direitos assistiriam a Balbilurdes e qual
a forma de os fazer valer?

13
II
(9 valores)

“Educação/Greve: Adesão entre os 70 e 80 por cento a nível


nacional - Fenprof
Lisboa, 14 Junho (Lusa) - A greve de hoje de educadores e professores do ensino básico e secundário teve
uma adesão entre 70 e 80 por cento a nível nacional, segundo a Federação Nacional dos Professores
(Fenprof), que convocou o protesto .Os índices de adesão divulgados pela Fenprof foram desvalorizados
pela ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, no final da reunião do Conselho de Ministros. A
governante contrapôs que "o importante" é discutir "os efeitos" da paralisação "para os outros professores
que não fazem greve e para os alunos". "Os professores que fazem greve estão a exprimir uma
insatisfação pelas mudanças que estão a ser propostas. É natural que haja insegurança e até um sentimento
de fragilidade em relação às medidas, porque está em causa uma mudança radical" no sector, disse. Em
comunicado hoje divulgado, a federação congratulou- se com os índices de participação registados em
todo o País, considerando que "as contínuas ofensas proferidas pela equipa ministerial" e a proposta do
Ministério da Educação (M E) de alteração ao Estatuto da Carreira Docente "despoletaram uma das
maiores greves de docentes". A greve teve particular impacto na Região Autónoma da Madeira, onde a
adesão se situa acima dos 90 por cento, adianta a Fenprof. Para a federação sindical, os dados da adesão à
greve são um sinal inequívoco "do repúdio relativamente às políticas, às práticas e ao discurso da equipa
que governa o ME", evidenciando também a "coesão, unidade e força" dos professores. Segundo a
Fenprof, os dados de adesão à greve a nível nacional indiciam ainda que será elevada a participação dos
docentes na manifestação nacional de hoje à tarde para o Ministério da Educação, partindo do Parque
Eduardo VII, em Lisboa. A contestação foi agendada pela Fenprof, à qual se juntaram outras quatro
estruturas sindicais independentes, como o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados e o Sindicato
Nacional dos Profissionais da Educação. A proposta de alteração ao Estatuto da Carreira Docente
apresentada no final de Maio pela tutela está na origem do protesto, sobretudo devido a aspecto s mais
polémicos como a participação dos pais na avaliação de desempenho dos professores e a imposição de
quotas para progressão na carreira. Os sindicatos acusam o Ministério de não querer promover o mérito
na avaliação dos professores, mas apenas impor barreiras à sua progressão profissional por razões
economicistas, e alegam que os encarregados de educação não têm competência para avaliar os docentes,
nem são parte isenta para o poderem fazer. Esta é a terceira vez em pouco mais de um ano que a equipa
ministerial enfrenta uma paralisação de educadores e professores.”
In – Lusa (14 Jun, www.lusa.pt)

Com base na notícia publicada pela LUSA descreva o que é o “Direito à greve” e
em que circunstâncias pode ser decretada (tenha em atenção o sector específico da
vida sócio-económica a que a notícia faz alusão).
Articule a resposta com o princípio da Liberdade Sindical tendo em consideração a
sua relevância em termos individuais e colectivos.

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

14
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
2ª Frequência (Pós-laboral)
19-06-2006

Duração: 2h.00m (+30min. tolerância).


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Imagine a seguinte situação:
Artimendes concluiu a sua licenciatura em Contabilidade pela Universidade Lusófona em Junho
do pretérito ano. Como pretendia trabalhar no seio de uma empresa decidiu enviar o seu
currículo para algumas empresas do mercado lisboeta.
Volvido um mês, foi contactado por uma empresa do ramo automóvel para um entrevista de
emprego. Após a entrevista foi apresentado ao proprietário da empresa tendo ficado
verbalmente acordado entre ambos o seguinte:
1.º Artimendes ira prestar serviço na secção de contabilidade da referida empresa.
2.º Como contrapartida pelo seu serviço Artimendes iria receber 1500 Euros mensais, com todos
os descontos legais.
3.º Prestaria serviço na sede da empresa em Lisboa, com possibilidade de, caso se justificasse,
prestar os seus serviços na filial da empresa no Porto.
4.º O horário de trabalho seria de segunda a sexta feira das 09.30h ás 13h e das 14.30h ás 18h.
5.º Artimendes disporia ainda de um gabinete próprio e de automóvel fornecido pela empresa,
estando todas as despesas de manutenção do mesmo a cargo da empresa.
Ficou ainda acordado que as condições salariais seriam revistas em Fevereiro de 2006.
Tal como fora estabelecido, em Fevereiro deste ano a entidade patronal propôs a Artimendes um
aumento salarial de 50 euros mensais, informando-o ainda que, desta vez, por meras questões de
organização interna da empresa, iriam reduzir o acordo por escrito.
Constava do documento que o acordo teria uma duração de 1 ano com possibilidade de
renovação automática, caso não viesse a ser denunciado por qualquer das partes. Artimendes
assinou o referido acordo.
Aconteceu porém que, durante os meses de Março e Abril, Artimendes faltou ao trabalho por
diversas vezes (8), tendo para o efeito apresentado atestados médicos.
A entidade empregadora, estranhando o comportamento de Artimendes – que sempre fora um
funcionário exemplar e não apresentando o mesmo qualquer sintoma que revelasse problemas
de saúde – decidiu investigar, tendo acabado por descobrir que Artimendes mantinha um caso
amoroso com uma médica, por sinal esposa do chefe de contabilidade, que, por sua vez,
assinava os atestados, e que as faltas resultavam de encontros que os dois amantes mantinham
nos dias de folga da médica.
Irado com toda a situação, e uma vez que era amigo pessoal do seu chefe de contabilidade, o
proprietário da empresa informou de imediato Artimendes que estava despedido.

a) Como qualifica o acordo celebrado em Junho de 2005 entre Artimendes e a empresa?


b) Pronuncie-se quanto à validade da cláusula prevista na parte final do número 3.º.

15
c) O acordo alcançado em Fevereiro do presente ano terá alguma relevância no que
concerne à natureza da relação jurídica existente entre Artimendes e a empresa?
Justifique.
d) Com a ordem de despedimento dada pelo proprietário da empresa estariam reunidos
todos os pressupostos para uma válida cessação dos efeitos da relação jurídica existente
entre Artimendes e a empresa? Justifique.
e) Tomando em consideração a resposta à questão anterior, que direitos assistiriam a
Artimendes, e como os poderia fazer valer?
f) Imagine que um mês depois ter sido informado pelo proprietário da empresa que estava
despedido, Artimendes recebe em sua casa uma nota de culpa com vista ao
despedimento. Quid Iuris?

II
(9 valores)
Azambuja no último dia de incerteza
“ Ontem, o dia foi de luta na Azambuja e de festa em São Petersburgo. Os cerca de 1200 trabalhadores
portugueses da fábrica da General Motors (GM) e de 600 dos serviços de apoio cumpriram o seu primeiro
período de luta contra a ameaça de encerramento da unidade que representa um terço da produção
automóvel do país....Na pequena Vila Nova da Rainha, o dia foi de silêncio, em vez de vaias e cantos de
luta. O movimento de rua à volta do edifício administrativo da GM Portugal foi sobretudo de jornalistas e
funcionários de segurança, a “cumprirem ordens superiores”. Os trabalhadores, em pequenos grupos,
avistaram-se ao fundo, na zona industrial, quando terminou a primeira hora de paralisação. Não falaram e
os da segunda hora de paralisação também não. O cansaço e a incerteza falaram por eles. Klaus Franz,
presidente do forúm europeu de empregados da GM, descrevia horas antes que o grupo norte-americano
caminha para o “início do abandono da produção e engenharia automóvel na Europa ocidental”, o que
levará a “uma tremenda perda de postos de trabalho na GM, passo a passo, em toda a Europa”. Paulo
Vicente, operário e representante dos trabalhadores, defende que esta paralisação foi “uma decisão a nível
europeu” para mostrar “descontentamento pela forma como têm vindo a ser tratados”. Os trabalhadores
da GM na Europa têm vindo a manifestar-se “solidários” com os seus colegas portugueses. Várias
fábricas na Europa ocidental correm também riscos, com o maior construtor automóvel do mundo a
atravessar a maior crise da sua história e a apostar em mercados mais baratos. Os trabalhadores
portugueses dizem continuar sem perceber por que motivo a casa- mãe quer fechar a fábrica da
Azambuja. O estudo que a GM divulgou na semana passada diz que cada carro saído desta fábrica custa
mais 500 euros do que em outras, não especificadas. Paulo Vicente assegura, no entanto, que o próprio
presidente da GM Europa, Carl-Peter Foster, declarou que “a fábrica da Azambuja é uma das melhores do
grupo na Europa”, das que “apresentam melhores resultados, grandes melhorias nos últimos tempos” e
que qualquer decisão que incluísse o encerramento seria “difícil de tomar”. Segundo este trabalhador, a
produção do Combo é neste momento lucrativa para a empresa. “A forte intenção da direcção da GM em
fechar a fábrica da Azambuja” ficou patente na reunião de terça feira passada com a direcção europeia do
grupo, em Frankfurt, à qual os trabalhadores portugueses apresentaram duas propostas, uma de redução
dos custos logísticos, outra para a atribuição da produção dos veículos da marca Chevrolet. Ainda
esperaram por uma resposta ontem, mas não chegou, reforçando a expectativa de uma decisão a ser
anunciada hoje, como prometida pela direcção europeia, com todos os sinais a indicarem o encerramento
“para o Outono”, como admite o mesmo representante. Proposta para comprar prensa O peso da
factura logística na actividade da fábrica preocupa tanto trabalhadores como direcção. Paulo Vicente
considera, porém, que não existem dados “pormenorizados” que expliquem a diferença dos 500 euros,
acusando a GM de não ter facultado “os resultados do estudo que anunciou”, pelo que, para o
representante dos trabalhadores, o estudo “não é nada”. Considerou ainda que a aquisição de uma unidade
de prensas reduziria estes gastos em “cerca de metade”, já que se evitava ter de recorrer à fábrica de
Saragoça para o efeito, com os custos de transporte inerentes. A proposta para a aquisição da prensa já foi
ontem entregue ao presidente da GM Europa, Carl-Peter Foster, que pediu “24 horas para analisar a
proposta”. O ministro da Economia, Manuel Pinho, tem acompanhado a evolução dos acontecimentos e,
segundo Paulo Vicente, “está disposto a ajudar dentro da medida dos possíveis”, mas terá de ser um
“investimento para o futuro da Azambuja” e não apenas num modelo automóvel, defendeu... O operário
desmentiu ainda que já estarão a ser negociadas as indemnizações a pagar aos funcionários da GM, tal

16
como a data de 31 de Outubro para o encerramento. Na sua opinião, “tudo isso é pura especulação”. Hoje,
os trabalhadores da Azambuja estarão em plenário à espera da decisão final”
In - 14.06.2006 - 09h11 : Tiago Trovão (PÚBLICO)

Com base no artigo publicado no Jornal “PUBLICO” discorra resumidamente


sobre os Direitos dos Trabalhadores, citando as normas e preceitos legais, e
desenvolva o alcance da intervenção do Senhor Ministro da Economia no caso em
epígrafe.

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

17
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 1.ª Época (Diurno)
14-07-2006

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
A empresa de moldes “Geometria Invariável” conta com 200 trabalhadores nos seus quadros,
10% dos quais sindicalizados.
No presente ano, alegando dificuldades económicas, recusou entrar em negociações com os
trabalhadores quanto a aumentos salariais. Em consequência disso os trabalhadores decidiram
em plenário, no dia 02 de Junho, a realização de uma greve de zelo na referida empresa, a ter
lugar nos dias 12, 13 e 14 do referido mês.
Contudo a Administração da empresa, prevendo que a greve iria causar graves prejuízos,
ordenou aos trabalhadores que não estariam de turno nessas datas para se apresentarem ao
serviço.
Como no dia 12 de Junho 50 dos 100 trabalhadores de turno aderiram à greve, começando a
trabalhar a embalar os moldes de forma muito descuida e deficiente, não obedecendo às ordens
dos respectivos superiores hierárquicos, um dos administrador da empresa mandou retirar todos
os trabalhadores grevistas e ordenou o avanço de 50 trabalhadores do grupo que estava de
prevenção.
No decurso da greve um dos trabalhadores grevista agrediu o trabalhador que o estava a
substituir.
No final da greve os 50 trabalhadores foram confrontados com uma nota de culpa onde
constava, entre outras as coisas, intenção de despedimento. Um mês depois os mesmos
trabalhadores receberam em suas casas a decisão de despedimento assente na circunstância de,
segundo a entidade patronal, estes terem desobedecido aos superiores hierárquicos e faltado
injustificadamente ao trabalho durante três seguidos.

Assim:
a) Considera lícita a greve declarada pelo plenário de trabalhadores? Justifique.
b) Pronuncie-se quanto à licitude do modo de realização da greve.
c) A empresa “Geometria Invariável” poderia proceder ao despedimento dos trabalhadores
grevistas? E, especificamente do trabalhador que agrediu o colega? Justifique
detalhadamente.

II
(9 valores)
1. Quais os Direitos Constitucionais dos trabalhadores? Desenvolva o Princípio do Direito
ao Trabalho.
2. O direito ao trabalho pode ser limitado pelo pacto de não concorrência. Comente.
3. Relacione o Princípio da Igualdade com o Princípio do Salário Igual para Trabalho
Igual.

18
FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

19
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 1.ª Época (Pós-laboral)
14-07-2006

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
A empresa de calçado “Pés Tordos” conta com 200 trabalhadores nos seus quadros.
No presente ano recusou-se a negociar com os trabalhadores qualquer aumento salarial alegando
dificuldades económicas. Em consequência disso o SRTCCS (Sindicato Representativo dos
Trabalhadores de Calçado do Centro Sul) declarou, no dia 02 de Junho, uma greve de
rendimento na referida empresa, a ter lugar nos dias 12, 13 e 14 do referido mês.
Acontece que a empresa em causa deveria entregar uma importante encomenda até ao dia 15 de
Junho, e a concretizar-se a greve a empresa não iria cumprir o prazo em causa e, por tal
circunstância, iria sofrer avultados prejuízos. Assim, após receber o pré-aviso de greve,
contratou, sob condição, vários trabalhadores a uma empresa de trabalho temporário com vista a
cumprir o referido prazo.
Como no dia 12 de Junho 85 trabalhadores aderiram à greve, começando a trabalhar a um ritmo
muito lento, não obedecendo às ordens dos respectivos superiores hierárquicos, um dos
administrador da empresa mandou retirar todos os trabalhadores grevistas e ordenou o avanço
dos trabalhadores contratados à empresa de trabalho temporário.
No decurso da greve dois delegados sindicais agrediram o administrador que ordenou a retirada
dos trabalhadores grevistas.
No final da greve os 85 trabalhadores foram confrontados com uma nota de culpa onde
constava, entre outras as coisas, intenção de despedimento. Um mês depois os mesmos
trabalhadores receberam em suas casas a decisão de despedimento assente na circunstância de,
segundo a entidade patronal, estes terem desobedecido aos superiores hierárquicos e faltado
injustificadamente ao trabalho durante três seguidos.

Assim:
a) Considera lícita a greve declarada pelo SRTCCS? Justifique.
b) Pronuncie-se acerca da contratação de trabalhadores temporários pela empresa em causa,
admitindo, por um lado a licitude da greve e, por outro lado, a ilicitude da mesma.
c) A empresa “Pés Tortos” poderia proceder ao despedimento dos trabalhadores grevistas?
E dos dois delegados sindicais? Justifique detalhadamente.

II
(9 valores)
1. O trabalhador tem direitos e deveres na sua relação contratual com o empregador. Diga
quais são esses direitos (constitucionais e ordinários) e desenvolva o dever de lealdade.

2. Quais as fontes do Direito do Trabalho? Refira a hierarquia e importância das fontes


internas.

20
3. O que distingue um contrato de trabalho de um contrato de prestação de
Serviços?

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


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Boa Sorte!

21
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 2.ª Época (Diurno)
04-09-2006

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Atente na seguinte situação:

Gilmerindo foi contratado pelo Banco ROTA, com sede no Porto, no dia 01 de Março de 2003
para nele exercer funções de corretor, trabalhando na respectiva sala de câmbios, na
dependência directa do respectivo coordenador.
Acontece que, no dia 01 de Dezembro daquele ano, Gilmerindo, que entretanto havia concluído
a sua licenciatura em Direito na no Departamento de Direito da Universidade Lusófona, foi
notificado pela Direcção de Pessoal do banco de que, durante os 6 meses seguintes, passaria a
desempenhar funções de consultor jurídico da filial de Santarém, em substituição do jurista que
aí trabalhava e que se encontrava impedido de comparecer ao serviço por estar gravemente
doente.
Gilmerindo recusou cumprir a referida ordem, alegando que, além de tal mudança lhe causar
transtorno, uma vez que reside no Porto, onde também é a sede do banco, seu local de trabalho
habitual, foi contratado para ser corretor e não para ser consultor jurídico. A empresa, porém,
mantém a ordem, informando o trabalhador que ela é legítima, face ás disposições legais
aplicáveis.
Gilmerindo continuou a apresentar-se no seu local de trabalho habitual, o que levou a empresa a
aplicar-lhe, sem mais, uma sanção disciplinar pecuniária, que, porém, não executou de imediato.
Gilmerindo, embora manifestando mais uma vez o seu desacordo com a transferência para o
Porto, passou a aí comparecer. Numa 3ª feira, logo de seguida a um feriado, chegou ao serviço
apenas depois da hora de almoço, o que leva o seu superior hierárquico directo a recusar o seu
trabalho desse dia, sendo-lhe comunicado na 2ª feira seguinte que lhe haviam sido marcadas 4
faltas injustificadas. Mais lhe é entregue uma nota de culpa com vista ao seu despedimento, com
base em infracção disciplinar grave.
O Despedimento veio a concretizar-se um mês depois.

Comente todos os factos que considere pertinentes fazendo o respectivo enquadramento


jurídico.

II
(9 valores)

A
Nos termos do disposto no nº6 do artigo 204 do Código do Trabalho é obrigatório as entidades
empregadoras enviarem à Inspecção-Geral do Trabalho, a relação nominal dos trabalhadores

22
que efectuaram trabalho suplementar durante o semestre anterior, com discriminação do
número de horas prestadas.

Defina, em termos técnico-jurídicos, o que entende por tempo de trabalho, horário de


trabalho e trabalho suplementar.

B
A Portaria nº 726/2006, de 17-07 (Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social) aprova o
regulamento de extensão das alterações do CCT entre a ACILIS - Associação Comercial e
Industrial de Leiria, Batalha e Porto de Mós e outras e o CESP - sindicato dos Trabalhadores
do Comércio, Escritório e Serviços de Portugal.

Defina, em termos técnico-jurídicos, o que entende por CCT e por regulamento de


extensão.

FIM

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23
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 2.ª Época (Pós-laboral)
04-09-2006

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Atente na seguinte situação:

O Banco ROTA, com sede no Porto, decide abrir um novo estabelecimento em Lisboa.
Felicinio, jurista, foi contratado, em 1 de Outubro de 2001, para aí exercer funções de director
dos serviços de jurídicos, pelo prazo de 1 ano, em regime de isenção de horário e uma
retribuição mensal de €2000, ao que acrescia cartão de crédito até ao limite de €1500 mensais.
O motivo para a contratação a prazo constante do contrato foi a dúvida quanto ao êxito do novo
estabelecimento.
Em 1 de Outubro de 2002, o contrato é renovado por mais 1 ano.
Nesse mesmo ano, tendo Felicinio marcado os últimos 5 dias de férias a que tinha direito para
Dezembro, a empresa altera-lhe tal marcação para última semana do mês de Março seguinte,
com fundamento em conveniência de serviço. Contudo, nesta última semana de Março de 2003,
o trabalhador volta a ser impedido de gozar férias, visto que há problemas na empresa que
necessitam de uma intervenção urgente.
Felicinio reclama desse facto, pelo que lhe é mandado instaurar um processo disciplinar.
Invocando a natureza das suas funções, a empresa suspende-o preventivamente, sem perda de
retribuição, durante o decurso do processo, que vem a culminar com a transferência de António
para a sede da empresa, com a categoria de chefe de repartição dos serviços de contabilidade.
Ao tomar conhecimento dessa sanção, António continua a apresentar-se diariamente nas
instalações de Lisboa, sendo-lhe marcadas faltas injustificadas pela empresa.
Após uma semana nessa situação, é-lhe instaurado novo processo disciplinar com vista ao
respectivo despedimento, não só com base nessas faltas injustificadas, mas também na inaptidão
do trabalhador para o desempenho das suas funções e na quebra do seu dever de lealdade para
com a entidade patronal (de que seria prova o ter publicado um artigo na imprensa em que
criticava alguns aspectos do mercado bancário em Portugal).
Entretanto, dado ter-se atingido o dia 30 de Setembro de 2003, entende António que, face à
caducidade do seu contrato daí decorrente, tem direito à respectiva compensação de fim de
contrato, bem como a ser indemnizado de não ter gozado as férias do ano anterior.

Comente todos os factos que considere pertinentes fazendo o respectivo enquadramento


jurídico.

24
II
(9 valores)

A
O Decreto Legislativo Regional nº 19/2006/A, de 02-06 - Região Autónoma dos Açores -
Assembleia Legislativa - adoptou à Região Autónoma dos Açores o Código do Trabalho e a
respectiva regulamentação.

Identifique as Fontes Internas de Direito do Trabalho. Explicite, em termos técnico-


jurídicos, cada uma delas.

B
O Aviso nº603/2006, de 21-07 - Ministério dos Negócios Estrangeiros - torna público ter o
Governo da República Portuguesa depositado, em 2 de Junho de 2006, junto da Organização
Internacional do Trabalho, o seu instrumento de ratificação à Convenção nº 175, sobre o
trabalho a tempo parcial, adoptada em Genebra em 24 de Junho de 1994.

Identifique as Fontes Internacionais de Direito do Trabalho. Explicite, em termos técnico-


jurídicos, cada uma delas. Enquadre a Organização Internacional do Trabalho e qual a
sua relevância para o Direito do Trabalho (em termos nacionais, europeus e
internacionais).

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


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25
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame de Época Especial (1.ª Chamada)
10-10-2006

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
Almerindo foi contratado, em Outubro de 2004, pela empresa de camionagem
“AVOAR, S.A., para trabalhar como motorista. Desde o início do contrato, e tomando
em consideração o facto de ter o trabalhador ter residência em Évora, a empresa
definiu-lhe um percurso entre Évora – onde também se situa a sede da empresa – e a
Guarda. Acontece que, a entidade empregadora, em Março do presente ano, entregou-
lhe uma ordem de serviço onde o informava que, embora continuasse a realizar o
mesmo trajecto, devia, contudo apresentar-se para prestar trabalho no escritório da
empresa na Guarda, contrariamente ao que vinha ocorrendo, pois iniciava o serviço na
sede da empresa.
Almerindo recusou acatar a referida ordem, e continuou a apresentar-se em Évora.
Contudo a empresa, por sua vez, não aceitou que Almerindo continuasse a apresentar-
se ao serviço em Évora, invocando uma cláusula contratual que determinava que a
empresa podia alterar o local de trabalho de Almerindo a todo o tempo e sem
justificação.
Almerindo discorda alegando que a referida cláusula era ilegal e que, por seu turno, a
ordem também o era, na medida em que, a concretizar-se, originar-lhe-ia transtornos
familiares gravíssimos. Como retaliação ao comportamento de Almerindo, o gerente
da empresa decidiu retirar-lhe o camião e colocou-o nos serviços de manutenção e
apoio mecânico.
Dois dias depois Almerindo agride o gerente da empresa a pontapé no parque de
estacionamento da empresa, quando se dirigiam para os respectivos automóveis após
um dia de trabalho. Contudo, no processo disciplinar entretanto instaurado apurou-se
que a agressão foi motivada por palavras dirigidas a Almerindo pelo gerente –
imputação esta cuja veracidade foi comprovada por diversas testemunhas. Almerindo
foi despedido com fundamento na agressão cometida, bem como pelo não acatamento
da ordem supra referida. O trabalhador considera que o despedimento é ilícito, já que a
agressão foi cometida fora do local e do tempo de trabalho.
Tendo em vista a impugnação judicial do despedimento, Almerindo pretende saber se
tem alguma forma de evitar os inconvenientes que resultam da perda da remuneração
durante o tempo de duração do processo judicial.
Comente todos os factos que considere pertinentes fazendo o respectivo
enquadramento jurídico.

26
II
(9 valores)
Responda às três questões seguintes:

1. O Direito à protecção na maternidade e na paternidade é um direito fundamental em


Portugal. Porquê? Qual a relevância de tal qualificação em termos de direito
substantivo?

2. Identifique e qualifique os contratos de trabalho especiais.

3. Defina em termos técnico-jurídicos greve. Identifique, fundamentando, os tipos de


greve que são permitidos no ordenamento jurídico-laboral português.

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

27
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame Época Especial (Diurno)
13-11-2006

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
A empresa de construção civil “Tudo a Prumo” conta com 55 trabalhadores nos seus quadros,
entre os quais Anicetino, trabalhador na empresa desde há 5 anos.
Acontece que, no presente ano, mais propriamente no dia 27 de Março, Anicetino recusou-se a
cumprir uma ordem do seu superior hierárquico segundo a qual Anicetino devia apresentar-se
ao serviço – tal como outros trabalhadores – no fim de semana imediatamente seguinte. Como
fundamento da recusa Anicetino invocou o facto de a esposa ter sido recentemente sujeita a uma
intervenção cirúrgica, encontrando-se ainda hospitalizada, pelo que não tinha quem tomasse
conta dos quatro filhos, dado que o familiar mais próximo residia a 250 km de distância.
No fim de semana em causa Anicetino acabou mesmo por não comparecer ao serviço e a
entidade patronal, inconsiderando os fundamentos da ausência ao trabalho, entregou, logo na
segunda-feira imediata, uma nota de culpa a Anicetino na qual este era acusado de ter
incumprido uma ordem legítima do superior hierárquico e onde se prescrevia a intenção de
despedimento.
Cinco dias mais tarde, Anicetino recebe em sua casa uma carta registada com aviso de recepção
na qual a entidade patronal lhe comunica a decisão de despedimento com justa causa.
No dia seguinte, inconformado com a decisão, Anicetino dirige-se a um dos membros da
comissão de trabalhadores e comunica-lhe a sua situação. Aquele membro da comissão de
trabalhadores mostra-se, contudo, surpreendido com toda a situação, mais a mais, porque a
comissão de trabalhadores desconhecia sequer que tinha corrido um processo disciplinar contra
Anicetino. Após a conversa, foi de imediato convocada uma reunião plenária de trabalhadores.
Nessa reunião ficou decidida uma greve de um dia como forma de protesto pelo despedimento
de Anicetino.
A referida greve teve lugar sete dias depois, sendo que todos os trabalhadores aderiram.
Na sequência da greve, e como forma de retaliação, a entidade empregador decidiu fechar a
empresa por dois dias impedindo o acesso dos trabalhadores ao estaleiro e às obras da empresa.

Comente todos os factos que considere pertinentes fazendo o respectivo enquadramento


jurídico.

II
(9 valores)
1. O trabalhador tem direitos e deveres na sua relação contratual com o empregador. Diga
quais são esses direitos (constitucionais e ordinários) e desenvolva o dever de lealdade.

28
2. Indique as fontes internas do direito do trabalho e refira a hierarquia e importância destas
fontes.

3. Pronuncie-se acerca dos pressupostos de validade do contrato de trabalho.

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

29
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame Época Especial (Pós-laboral)
13-11-2006

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

(9 valores)
Atente na seguinte situação:
A empresa de peças para automóvel “Ferrugem”, com sede em Lisboa, conta com 70
trabalhadores nos seus quadros.
Acontece que, no final do mês de Outubro do corrente ano as negociações entre a empresa e a
comissão de trabalhadores com vista a estabelecer aumentos salariais para o próximo ano,
terminaram sem qualquer acordo.
Na sequência das negociações e perante a intransigência da Administração da empresa em não
aceitar as propostas apresentadas pela comissão de trabalhadores, decidiram os membros desta
comissão convocar uma greve geral da empresa. A greve teve lugar oito dias depois sendo que
nela participaram apenas 15 trabalhadores, uma vez que a Administração emitira um
comunicado segundo o qual, face à manifesta ilicitude da greve, deveriam os trabalhadores
comparecer ao trabalho e que qualquer trabalhador que nela participasse seria alvo de
procedimento disciplinar.
Para evitar a paralisação da empresa, a Administração contratou alguns trabalhadores a uma
empresa de trabalho temporário substituindo dessa forma os trabalhadores grevistas.
Quanto aos trabalhadores grevistas foram alvo de um processo disciplinar que culminou com o
despedimento devido a infracção grave ao dever de obediência e ao dever de assiduidade.
No seio da mesma empresa, Anacleto trabalhador da empresa há 4 anos, recebeu uma ordem do
seu superior hierárquico no sentido da qual deveria apresentar-se ao serviço na dependência da
empresa em Évora. A ordem de serviço foi emitida com base numa disposição contratual que
permite à entidade empregadora mudar o local de trabalho dos trabalhadores sempre que o
serviço o justificar. Anacleto recusa-se a cumprir a referida ordem alegando que tal mudança lhe
causa transtornos familiares irremediáveis.

Comente todos os factos que considere pertinentes fazendo o respectivo enquadramento


jurídico.

II
(9 valores)
1. Diga o que entende por liberdade sindical, identificando a sua relevância constitucional e
as suas mais importantes manifestações na legislação ordinária.

2. Indique as fontes internacionais do direito do trabalho e referindo a importância destas


fontes.

30
3. Pronuncie-se acerca dos elementos essenciais do contrato de trabalho, procurando
distingui-lo do contrato de prestação de serviços.

FIM

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Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

31
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Teste Formativo
09-01-2007

Duração: 2h.00m.
Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.

Imagine a seguinte situação:


Artimendes concluiu a sua licenciatura em Contabilidade pela Universidade Lusófona em Junho
do pretérito ano. Como pretendia trabalhar no seio de uma empresa decidiu enviar o seu
currículo para algumas empresas do mercado lisboeta.
Volvido um mês, foi contactado por uma empresa do ramo automóvel para um entrevista de
emprego. Após a entrevista foi apresentado ao proprietário da empresa tendo ficado
verbalmente acordado entre ambos o seguinte:
1.º Artimendes ira prestar serviço na secção de contabilidade da referida empresa.
2.º Como contrapartida pelo seu serviço Artimendes iria receber 1500 Euros mensais, com todos
os descontos legais.
3.º Prestaria serviço na sede da empresa em Lisboa, com possibilidade de, caso se justificasse,
prestar os seus serviços na filial da empresa no Porto.
4.º O horário de trabalho seria de segunda a sexta feira das 09.30h ás 13h e das 14.30h ás 18h.
5.º Artimendes disporia ainda de um gabinete próprio e de automóvel fornecido pela empresa,
estando todas as despesas de manutenção do mesmo a cargo da empresa.
Ficou ainda acordado que as condições salariais seriam revistas em Fevereiro de 2006.
Tal como fora estabelecido, em Fevereiro deste ano a entidade patronal propôs a Artimendes um
aumento salarial de 50 euros mensais, informando-o ainda que, desta vez, por meras questões de
organização interna da empresa, iriam reduzir o acordo por escrito.
Constava do documento que o acordo teria uma duração de 1 ano com possibilidade de
renovação automática, caso não viesse a ser denunciado por qualquer das partes. Artimendes
assinou o referido acordo.
Aconteceu porém que, durante os meses de Março e Abril, Artimendes faltou ao trabalho por
diversas vezes (8), tendo para o efeito apresentado atestados médicos.
A entidade empregadora, estranhando o comportamento de Artimendes – que sempre fora um
funcionário exemplar e não apresentando o mesmo qualquer sintoma que revelasse problemas
de saúde – decidiu investigar, tendo acabado por descobrir que Artimendes mantinha um caso
amoroso com uma médica, por sinal esposa do chefe de contabilidade, que, por sua vez,
assinava os atestados, e que as faltas resultavam de encontros que os dois amantes mantinham
nos dias de folga da médica.
Irado com toda a situação, e uma vez que era amigo pessoal do seu chefe de contabilidade, o
proprietário da empresa informou de imediato Artimendes que estava despedido.

a) Como qualifica o acordo celebrado em Junho de 2005 entre Artimendes e a empresa?


b) Pronuncie-se quanto à validade da cláusula prevista na parte final do número 3.º.
c) O acordo alcançado em Fevereiro do presente ano terá alguma relevância no que
concerne à natureza da relação jurídica existente entre Artimendes e a empresa? Justifique.

32
d) Com a ordem de despedimento dada pelo proprietário da empresa estariam reunidos
todos os pressupostos para uma válida cessação dos efeitos da relação jurídica existente
entre Artimendes e a empresa? Justifique.

II

Indique as fontes internas do direito do trabalho e refira a hierarquia e importância


destas fontes.

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

33
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
1ª Frequência (Diurno)
02-02-2007

Duração: 2h.00m (+30min. tolerância).


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Azulino, cidadão argelino, e a empresa de publicidade “ENGANOSA” celebraram, por


escrito, em 15 de Junho de 2005 um contrato que designaram como CONTRATO DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, no qual constava o seguinte: «1.ª (Objecto) – A
ENGANOSA (primeira outorgante) ajusta com AZULINO (segundo outorgante) a
prestação de serviços de natureza publicitária e promocional, com vista a assegurar a
divulgação e conhecimento pelo público dos produtos e marcas comercializadas pelo
primeiro outorgante, utilizando para o efeito a via telefónica ou mediante deslocações
aos próprios estabelecimentos comerciais; 2.ª (Local e horário da prestação) – 1. Os
serviços ajustados na cláusula anterior serão efectuados na sede da primeira outorgante
sita em Lisboa e, sempre que se justificar, na filial do Porto. 2. O segundo outorgante
deve cumprir o seguinte horário: segunda a sexta-feira, das 09h e 30m às 17h.30m., com
intervalo para almoço entre as 12h00m e as 13h00m; 3.ª (Vigência e denúncia) – 1.O
presente contrato tem início em 01 de Julho de 2005. 2. Durante a vigência do contrato,
qualquer das partes poderá livremente denunciá-lo mediante aviso prévio, por escrito, à
outra parte, com a antecedência mínima de 15 dias, não conferindo a denúncia lugar a
qualquer indemnização; 4.ª (Contraprestação) – 1. Em contrapartida dos serviços
prestados, o primeiro outorgante pagará ao segundo a quantia mensal fixa de 700euros,
sobre os quais recaem todos os descontos legais. 5.ª (Execução da prestação) – O
segundo outorgante deverá acatar todas as ordens e instruções do supervisor da secção à
qual ficará adstrito, o qual definirá o modo de execução da actividade e controlará o seu
desempenho, pontualidade e assiduidade».
Durante a execução do contrato as cláusulas contratuais forma integralmente cumpridas,
sendo que Azulino beneficiou ainda de um seguro de acidentes de trabalho, gozou férias
pagas em 2006 e recebeu uma quantia equivalente ao seu salário antes das férias e antes
do natal, às quais a empresa deu o nome de prémios por bom desempenho.
Contudo no dia um de Janeiro Azulino foi confrontado com uma missiva da empresa na
qual denunciava o contrato ao abrigo da cláusula 3.ª.
Azulino afirma que tal procedimento é ilegal uma vez que é trabalhador da empresa.

Pergunta-se:

a) Qual o tipo de contrato celebrado entre Azulino e a ENGANOSA? Justifique.


b) Indique os pressupostos de validade do contrato, referindo se o mesmo foi regularmente
celebrado (pode levantar as hipóteses que julgar pertinentes).

34
c) Será válida a definição do local da prestação tal qual como consta na cláusula 2.ª (Local e
horário da prestação) supra descrita?
d) Pronuncie-se quanto ao conteúdo da cláusula 3.ª (Vigência e denúncia)?
e) Imagine que Azulino, 15 dias depois de iniciar a actividade, tem de regressar
definitivamente à Argélia. Poderá fazer cessar os efeitos do contrato sem indemnizar a
empresa?

II
(9 valores)

The official number of unemployed in Germany has been falling. It dipped below 4m in
November for first time since 2002. But that is largely due to a cyclical revival in
German business. A dysfunctional labour market is still one of the country’s biggest
problems: some 6.2m people are getting some kind of government support, of whom
plenty have jobs. The government in many cases has been subsidising employers to
create jobs or has been creating uneconomic work itself.
(The Economist, January 13th 2007)

1) Tendo em conta o excerto supra transcrito, refira quais as medidas que os Governos podem e
devem tomar para promover o emprego?

2) Indique sucinta mas escorreitamente o que são fontes internas do Direito do Trabalho,
referenciando os diferentes tipos e a relação hierárquica existente.

FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

35
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
1ª Frequência (Pós-laboral)
02-02-2007

Duração: 2h.00m (+30min. tolerância).


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Abigalino, cidadão marroquino, e a empresa privada de gestão de piscinas


“AFOGADA” celebraram, por escrito, em 15 de Junho de 2005 um contrato que
designaram como CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, no qual constava o
seguinte: «1.ª (Objecto) – A AFOGADA (primeira outorgante) ajusta com
ABIGALINO (segundo outorgante) a prestação de serviços de docência, em regime de
exclusividade, no âmbito da qual este leccionará aulas de natação e monitorizará o uso
das piscinas fora do período de aulas acompanhando os respectivos utilizadores; 2.ª
(Local e horário da prestação) – 1. Os serviços ajustados na cláusula anterior serão
efectuados nas diferentes piscinas geridas pela primeira outorgante no distrito de Lisboa
e, sempre que o serviço o impuser, no distrito de Setúbal. 2. O segundo outorgante deve
cumprir o seguinte horário: segunda a sexta-feira, das 09h e 30m às 17h.30m., com
intervalo para almoço entre as 12h00m e as 13h00m; 3.ª (Vigência e denúncia) – 1.Os
efeitos do presente contrato iniciar-se-ão em 01 de Julho de 2005. 2. Durante a vigência
do contrato, qualquer das partes poderá livremente denunciá-lo sem aviso prévio, não
conferindo a denúncia lugar a qualquer indemnização; 4.ª (Contraprestação) – 1. Em
contrapartida dos serviços prestados, o primeiro outorgante pagará ao segundo a quantia
mensal fixa de 1500euros ilíquidos, sobre os quais recaem todos os descontos legais 5.ª
(Execução da prestação) – O segundo outorgante deverá acatar todas as ordens e
instruções quer do Coordenador do grupo ao qual ficará adstrito quer do Supervisor
Geral da Empresa, que definirão o modo de execução da actividade e controlarão o seu
desempenho, pontualidade e assiduidade».
Durante a execução do contrato as cláusulas contratuais foram integralmente cumpridas,
tendo Abigalino beneficiado ainda de um seguro de acidentes de trabalho, gozado férias
pagas em 2006 e recebido quantias equivalentes ao seu salário antes das férias e antes
do natal, as quais a empresa designou por Reconhecimento por Bom Desempenho.
Contudo no dia 5 de Janeiro último Abigalino para além de chegar atrasado ao trabalho
vinha ainda alcoolizado, sequelas da noite do Bairro Alto, entrando em discussão com o
Coordenador de Grupo, e acabando mesmo por agredir este último. A empresa abriu um
processo para averiguação de responsabilidades, concluindo pela responsabilidade de
Abigalino punindo-o com um desconto salarial de 5%. Todavia no dia 15 Janeiro foi

confrontado com uma missiva da empresa na qual esta denunciava o contrato ao abrigo
da cláusula 3.ª.

36
Abigalino que tal procedimento é ilegal uma vez que é trabalhador da empresa.

Pergunta-se:

a) Qual o tipo de relação contratual existente entre Abigalino e a AFOGADA? Justifique.

Conjecturando a existência de um contrato de trabalho:


b) Indique se o contrato da hipótese foi regularmente celebrado tendo em conta os
pressupostos de validade do contrato de trabalho;
c) Será válida a definição do local da prestação tal qual como consta na cláusula 2.ª (Local e
horário da prestação) supra descrita?
d) Pronuncie-se quanto ao conteúdo da cláusula 3.ª (Vigência e denúncia).
e) Poderia Abigalino exercer temporariamente as funções de Coordenador de Grupo, no
caso deste se encontrar impedido durante certo tempo? Em que termos e mediante que
condições?

II
(9 valores)
Yet it is not self-evident that less work would mean more happiness. In America, when
the working week has shortened, the gap has been filled by assiduous tv-watching. As
for well-being, other studies show that elderly people who stop working tend to die
sooner than their peers who labour on. Indeed, another side of happiness economics
busies itself studying the non-monetary rewards from work: most people enjoy parts of
their work, and some people love it.
(The Economist, December 23rd 2006)

1) Tendo em conta o excerto supra transcrito, refira qual o papel do trabalho nas sociedades
contemporâneas.

2) Indique sucinta mas escorreitamente o que são fontes internacionais do Direito do Trabalho,
indicando-as e, justificando, qual a sua relação com a Constituição da República Portuguesa.

FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

37
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
2ª Frequência (Diurno)
11-06-2007

Duração: 2h.00m.
Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)

Em 25 Janeiro de 2005 Hipócritino, médico, celebrou com a Clínica Ortopédica SAISCOXO,


Lda., um contrato de trabalho com início da produção dos respectivos efeitos em 01 de
Fevereiro de 2005 e com um período de vigência de dois anos. Nos termos do referido contrato,
Hipócritino desempenharia as funções de médico ortopedista, de segunda a sexta-feira, entre as
9 e as 13 horas, nas instalações da clínica sita na estrada da Luz em Lisboa, recebendo em
contrapartida uma remuneração mensal de 2000 euros.
Ora acontece que em 25 de Janeiro de 2007 a empresa abriu outra clínica na Zona Expo e
Hipócritino recebeu instruções para passar a apresentar-se na nova clínica.
Contudo Hipócritino recusou cumprir e mencionada ordem alegando que tal mudança lhe
causava grandes transtornos, uma vez que tinha que atravessar toda a cidade para ir trabalhar.
Volvidos quatros dias de trabalho, e uma vez que Hipócritino continuou a apresentar-se nas
instalações da Estrada da luz, contrariando a ordem que recebera, a empresa decidiu instaurar-
lhe um processo disciplinar. Para o efeito elaborou nota de culpa na qual se podia ler que
Hipócritino havia incumprido uma ordem legítima da entidade empregadora e que, por tal, seria
sancionado disciplinarmente.
Todavia, dois dias antes de proferida a decisão, o sócio maioritário da Clínica descobriu que
Hipócritino mantinha uma relação amorosa com a sua esposa. Assim no dia seguinte, quando se
prestava para entrar na clínica, Hipócritino é impedido de entrar pelo segurança, que o informa
que já não era trabalhador da clínica e que recebera instruções para não o deixar entrar.
Estupefacto com toda a situação, telefona à Directora de recursos humanos da clínica a qual lhe
confirma que estava efectivamente despedido e que iria receber em casa a decisão final do
processo disciplinar e um cheque no qual lhe eram pagos todos os montantes a que tinha direito
pela cessação dos efeitos do contrato.
Desorientado, Hipócritino não sabe como reagir à situação.

Comente todos os factos que considere pertinentes fazendo o respectivo enquadramento


jurídico.

II
(9 valores)

Comente o seguinte texto fazendo o respectivo enquadramento teórico e legal:

O que, porém, mais importa não é o nível do subsídio [de desemprego], mas o apoio ao
trabalhador que perde o seu posto, com vista a reduzir ao mínimo a situação de desempregado
e a proporcionar-lhe melhores condições de empregabilidade, ao mesmo tempo que, para

38
assegurar estas, é indispensável garantir formação e flexibilidade nas relações laborais, em
particular em matéria de horários. Os sindicatos que se opõem à mudança estão a obedecer a
regras que os levam a preferir defender os insiders e a reduzir à retórica política a defesa do
emprego, esquecendo que este se promove pelo flexibilidade na criação de novos postos de
trabalho e não pela defesa dos que perderam a viabilidade económica, ou de políticas
insustentáveis no enquadramento em que o país se situa.

In Diário Económico
08-062007

FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

39
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
2ª Frequência (Pós-laboral)
11-06-2007

Duração: 2h.00m.
Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Imagine a seguinte situação:
Em 25 Janeiro de 2005 Bertolino celebra com a Sociedade de Mediação Imobiliária
PAGUEPRIMEIRO, Lda. um contrato de trabalho, por dois anos, nos termos do qual
desempenharia as funções de mediador imobiliário, com isenção de horário de trabalho,
recebendo em contrapartida uma retribuição mensal de 800 euros à qual acresceria uma
comissão de 2% sobre a comissão que a empresa recebesse por cada venda que Bertolino
fizesse. Porém a efectivação de tal contrato ficaria dependente da circunstância de Bertolino
obter aprovação no curso de mediador imobiliário que estava a frequentar, o que viria a
acontecer em 31 de Janeiro desse ano.
No decurso do ano 2005 Bertolino iria revelar grande capacidade para a mediação imobiliária,
cotando-se como o melhor vendedor da empresa, tendo auferido 12000 euros em comissões.
Todavia em Fevereiro de 2006 Bertolino entrou em litígio com o gerente da empresa por causa
da marcação das férias, uma vez que Bertolino queria gozar as férias em Junho, dado que tinha
participado num concurso e aí ganhara um viagem às Maldivas, viagem essa que só poderia ser
realizada no mês em causa. Insensível aos argumentos de Bertolino, o gerente da empresa
marcou-lhe as férias para o mês de Agosto.
No último dia do mês de Maio Bertolino informou o gerente que durante o mês seguinte não se
apresentaria ao trabalho uma vez que iria gozar as férias a que tinha direito.
Durante o mês de Junho Bertolino não se apresentou ao trabalho.
Quando regressou de férias, foi à caixa do correio e verificou que tinha duas cartas da empresa.
Numa delas constava uma nota de culpa na qual a empresa, atendendo aos factos acima
referidos, lhe imputava a prática de várias infracções disciplinares e o informava da intenção de
lhe aplicar uma das sanções disciplinares previstas na lei. Na outra carta, com data posterior,
constava a decisão final do processo disciplinar onde se podia ler que Bertolino havia sido
despedido com justa causa sem qualquer indemnização ou compensação. Junto com esta última
carta vinha a informação de que a empresa tinha transferido para a conta de Bertolino uma
quantia equivalente aos montantes a que este tinha direito com a cessação dos efeitos do
contrato.
Estupefacto, Bertolino não sabe que fazer.

Comente todos os factos que considere pertinentes fazendo o respectivo enquadramento


jurídico.

II
(9 valores)

1. Quais os direitos que a Constituição consagra aos trabalhadores?

40
2. Em que consiste, enquadramento legal e conteúdo do Direito de Maternidade?

FIM

Boa Sorte.
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.

41
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 1.ª Época (Diurno)
04-07-2007

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
Alfonso, cidadão espanhol, e Bunjii, nacional da Coreia do Sul, são contratados pelo Jornal
“SoMente” em 25 de Junho de 2006. Tendo ambos os contratos idêntico teor, dos mesmos
resulta que Alfonso e Bunjii são contratados para exercer as funções de jornalista, na sede do
Jornal, sita em Lisboa, com isenção de horário de trabalho, recebendo, em contrapartida pelos
serviços prestados, a quantia mensal ilíquida de 1500 euros à qual acresce: 100 euros de
subsídio mensal de alimentação; 100 euros de subsídio de transporte; e 150 euros pela isenção
do horário de trabalho. Do contrato resulta ainda que o período experimental é de 60 dias e que
Alfonso e Bunjii ficam directamente subordinados ao chefe da secção de assuntos
internacionais.
Alfonso e Bunjii entram ao trabalho no dia 01 de Julho de 2006.
Todavia, no dia 8 de Agosto do mesmo ano, o chefe da secção de assuntos internacionais
comunica à Direcção do jornal que Bunjii não domina minimamente a língua portuguesa, pelo
que, no seu entender, deve ser despedido. Em face desta informação, a Direcção envia uma carta
a Bunjii na qual lhe dá conta que, com efeitos imediatos, prescinde dos seus serviços, uma vez
que o contrato ainda se encontra dentro do período experimental. Bunjii discorda alegando que,
no caso, prevalece a norma constante do acordo de empresa celebrado entre o Jornal “SoMente”
e o Sindicato dos Jornalistas Unidos da qual resulta que o período experimental, para os
contratos individuais de trabalho abrangidos, é de 30 dias.
Em Novembro desse ano Alfonso informa verbalmente o seu chefe de secção que em Dezembro
gozará 10 dias de férias. O chefe de secção diz, porém, que só tem direito a gozar férias no ano
seguinte, dado que o direito a férias só se adquire no início de cada ano civil. Não obstante, em
Dezembro Alfonso não comparece ao trabalho durante 10 dias úteis seguidos.No dia 10 de
Janeiro de 2007 Alfonso recebe em casa uma nota de culpa na qual consta que lhe havia sido
instaurado um procedimento disciplinar com vista ao despedimento e lhe é imputada a prática
de uma infracção disciplinar grave. Alfonso não responde à nota de culpa. No dia 23 de Janeiro
seguinte é notificado da decisão final onde se pode ler: dado que o trabalhador-arguido não se
pronunciou, como devia, sobre os factos que lhe são imputados, consideram-se os mesmo
confessados nos termos do artigo 484.º do Código de Processo Civil, pelo que se decide
aplicar, com efeitos imediatos, a sanção disciplinar de despedimento sem qualquer
indemnização ou compensação.
Alfonso entende que o despedimento é ilícito, não sabe, contudo, como reagir.

Comente todos os factos juridicamente relevantes, não esquecendo, se for o caso, de


apontar quais os direitos do trabalhador decorrentes da cessação dos efeitos do contrato.

42
II
(9 valores)

1 – Quais são e a importância das Fontes internacionais do Direito do Trabalho. Diga,


ainda, qual é a sua hierarquização e se esta tem natureza rígida.

2 - Dê uma breve noção (máximo de 5 linhas) de:


a) Trabalhador (a);
b) Trabalhadora grávida;
c) Trabalhadora lactante; e
d) Trabalhadora puérpera.

3 – Quais são os Instrumentos de Regulamentação Colectiva e respectiva importância


atendendo aos seus objectivos.

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

43
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 1.ª Época (Pós-laboral)
04-07-2007

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
Arnaut, cidadão Francês, e Belfadar, nacional da Arábia Saudita, são contratados pelo Rádio
“SóPortugal” em 25 de Junho de 2006. Tendo ambos os contratos idêntico teor, dos mesmos
resulta que Arnaut e Belfadar são contratados para exercer as funções de locutores, na sede da
Rádio, sita em Lisboa, com o horário de trabalho das 14horas às 21horas, sem intervalo,
recebendo, em contrapartida pelos serviços prestados, a quantia mensal ilíquida de 1500 euros à
qual acresce 150 euros de subsídio de desgaste pela inexistência de intervalo.
Arnaut e Belfadar entram ao trabalho no dia 01 de Julho de 2006.
Todavia, no dia 8 de Agosto do mesmo ano, o Coordenador de Locutores comunica à Direcção
da Rádio que Belfadar não pronuncia adequadamente muitas palavras da língua portuguesa,
pelo que, no seu entender, deve ser colocado noutras funções. Em face desta informação, a
Direcção emite uma ordem de serviço na qual dá conta que, com efeitos imediatos e até
melhorar o seu português falado, Belfadar passa a desempenhar as funções de arquivista; invoca
para o efeito uma norma constante do Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) celebrado entre o
Sindicato dos Locutores Agregados e as Rádios da Grande Lisboa que permite, sempre que se
justifique, a colocação dos locutores em quaisquer outras funções. Belfadar discorda alegando
que tal ordem é ilícita, dado que a mesma não tem legitimação contratual ou legal e a norma do
ACT, para além de ilegal, não lhe seria, de todo, aplicável uma vez que não é sindicalizado.
Em Novembro desse ano Arnaut informa o seu chefe de secção que em Janeiro seguinte gozará
os 12 dias úteis de férias a que tem direito. O chefe de secção diz-lhe, porém, que só tem direito
a gozar 6 dias úteis de férias, dado que o tempo correspondente ao período experimental não
conta para efeito de apuramento dos dias de férias. Não obstante, em Janeiro, Arnaut não
comparece ao trabalho durante 12 dias úteis.
Em Fevereiro Arnaut é confrontado com uma nota de culpa na qual lhe é imputada a prática de
uma infracção disciplinar por violação do dever de assiduidade e lhe é comunicada a intenção
de se proceder ao seu despedimento. Na decisão final, notificada ao trabalhador no fim de
Fevereiro, pode ler-se o seguinte: ao trabalhador-arguido foi imputada, em sede de nota de
culpa, a prática de uma infracção ao dever de assiduidade. Ora, em fase dos factos apurados e
das normas legais aplicáveis, concluímos que o trabalhador-arguido não cometeu qualquer
infracção. Todavia, ficou provado, na instrução, que o trabalhador-arguido prestou serviço em
rádio concorrente, praticando, desse jeito, uma grave infracção ao dever de lealdade, infracção
essa que quebrantou de forma irreversível o elo de confiança que unia o trabalhador-arguido a
esta rádio. Pelo que, se decide aplicar a sanção disciplinar de despedimento sem qualquer
indemnização ou compensação.
Arnaut entende que o despedimento é ilícito, não sabe, contudo, como reagir
Comente todos os factos juridicamente relevantes, não esquecendo, se for o caso, de
apontar quais os direitos do trabalhador decorrentes da cessação dos efeitos do contrato.

II
(9 valores)

44
1 - O trabalhador tem direitos e deveres na sua relação contratual com o empregador.
Diga quais são (constitucionais e ordinários) e desenvolva o dever de obediência.

2. Dê uma breve noção (máximo 5 linhas) de:


a) Contrato colectivo;
b) Acordo colectivo; e
c) Acordo de empresa.

3 – O Princípio do Tratamento Mais Favorável, princípio fundamental de uma ordem


pública social, caracteriza a relação jurídico-laboral em Portugal. Considera-o
fundamental para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida dos trabalhadores
portugueses? Entende que promove os direitos económicos e sociais destes e que é uma
real e efectiva vantagem?

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

45
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 2.ª Época (Diurno)
04-09-2007

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
A Empresa “CAITUDO” dedica-se à construção civil.
Em 01 de Janeiro de 2005, a indicada empresa celebra com o trabalhador ATURDINO,
cidadão checo, um contrato escrito nos termos do qual o admite para o exercício das
funções inerentes à categoria profissional de tolha, por um prazo de 5 meses, invocando
para o efeito um acréscimo de actividade motivado pela adjudicação de uma importante
empreitada referente à construção do novo aeroporto de Lisboa, situado algures entre a
Ota, Alcochete e Rio Frio.
Entretanto, em 15 de Janeiro seguinte, a empresa em questão celebra com a empresa
“SÓFISURAS, que também se dedica à construção civil, um contrato de consórcio por
força do qual ambas as empresas se obrigam, entre si e de forma concertada, a realizar a
construção de um importante empreendimento turístico em pleno Parque Natural da
Serra da Arrábida.
Em 01 de Fevereiro seguinte as obras do aeroporto são suspensas pelo Governo, na
sequência do surgimento de um estudo apresentado pela Confederação da Agricultura
Portuguesa que demonstra a viabilidade económico-financeira, a par da inexistência de
impactos ambientais, da construção do aeroporto na orla costeira junto à praia de
Carcavelos.
Pelo que, o engenheiro responsável pela obra do aeroporto, na qual trabalha
ATURDINO, ordena-lhe que na semana seguinte se apresente ao trabalho na obra da
Serra da Arrábida, uma vez que ali é maior a necessidade de mão-de-obra.
ATURNINO opõe-se, uma vez que no seu contrato apenas consta como local de
trabalho a sede da empresa e o local da obra do aeroporto.
Nos dias que se seguiram ATURNINO apresenta-se na sede da empresa e, apesar de a
empresa disponibilizar transporte para deslocar os trabalhadores para a obra da Serra da
Arrábida, ATURNINO recusa deslocar-se para tal local.
Em face da recusa, a empresa envia uma a carta a ATURNINO, na qual faz constar que
a partir da data de recepção da missiva, aquele deixaria de ser trabalhador da empresa,
uma vez que tinha abandonado o seu trabalho, não tendo direito a qualquer
indemnização ou compensação.

Comente todos os factos juridicamente relevantes.

46
II
(9 valores)

1. O que são fontes específicas do Direito do Trabalho? Identifique-as e explique a sua


importância e respectiva hierarquia.

2. Diga o que entende por requisição civil, não esquecendo de focar a sua importância e
os requisitos legais para a respectiva utilização.

3. Identifique e caracterize os meios de resolução de conflitos colectivos de trabalho


previsto na legislação laboral portuguesa.

FIM

Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.


Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

47
DEPARTAMENTO DE DIREITO
Licenciatura em Direito
Direito do Trabalho
Exame 2.ª Época (Pós-laboral)
04-09-2007

Duração: 3 (três) horas.


Docentes: Professora Teresa do Rosário Damásio.
Dr. Flávio Serrano Roques.
Cotação: I = 9; II = 9; 2 valores de apreciação global.

I
(9 valores)
Atente na seguinte situação:
A Empresa “NAFTALINA, Lda.”, com sede em Leiria, dedica-se à confecção de
têxteis.
Em 01 de Janeiro de 2005, a indicada empresa celebra com o trabalhador BIRMINO,
cidadão eslovaco, um contrato escrito nos termos do qual o admite para o exercício das
funções inerentes à categoria profissional de operador de monta-cargas, por um prazo de
6 meses, invocando para o efeito a necessidade de substituir um trabalhador ausente por
se encontrar a frequentar um curso de formação profissional, custeado pela empresa, na
Alemanha.
Entretanto, no dia em que BIRMINO começa a trabalhar, 15 de Janeiro, a empresa
adquire 70% do capital social da empresa “TRAÇAS, Lda.”, com sede em Coimbra,
que também se dedica à confecção de têxteis, assumindo assim uma posição maioritária
nesta empresa.
No dia 15 Julho a empresa comunica a BIRMINO a sua intenção de o manter na sua
organização, renovando-lhe o contrato por mais 6 meses, contudo BIRMINO deveria
apresentar-se ao trabalho em Coimbra, na empresa “TRAÇAS, Lda.”.
BIRMINO opõe-se alegando, por um lado, que já é trabalhador por tempo
indeterminado, dado que o trabalhador que havia substituído regressara há dois meses
atrás e, por outro lado, jamais iria para outra empresa - que, como se não bastasse, se
encontra situada em Coimbra - por tal não estar contemplado no seu contrato.
Nos três dias que se seguiram continuou a apresentar-se nas instalações da empresa em
Leiria. Contudo, foi sistematicamente impedido de entrar nas ditas instalações, sendo
informado que já não era trabalhador da empresa e, como tal, estava proibido de entrar.
BIRMINO, desesperado, quer reagir mas não sabe como.

Comente todos os factos juridicamente relevantes.

II
(9 valores)

“Os trabalhadores da Galp Energia, numa carta ao Provedor de Justiça, a que o Jornal de Negócios
Online teve acesso, acusam a administração da petrolífera de estar a actuar como se estivesse acima da
lei, violando princípios constitucionais e da República. A Comissão de Trabalhadores denuncia que a
administração de Ferreira de Oliveira e Murteira Nabo está a fazer uma "gestão autocrática" e a
sonegar informação quanto a questões estratégicas. As questões relacionadas com o futuro da Galp

48
estão a ser tratadas com "enorme secretismo" e com "elevada sonegação de informação, no quadro de
uma gestão autocrática que se afigura crescente em aspectos essenciais estratégicos, económicos e
sociais", dizem os trabalhadores. No documento é relatado que está a ser impedido o direito de os
trabalhadores participarem nos processos de reestruturação, não estando também a ser respeitado o
direito "claramente explicitado na lei" quanto a "serem informados sobre a formulação final dos
instrumentos de reestruturação e de se pronunciarem antes de aprovados" – reestruturações quer em
domínios administrativos, quer de diversificação e de novos desenvolvimentos industriais. Apesar de a
administração querer "mostrar a existência de uma normal vivência democrática no seio da empresa" e
de procurar "que haja a ideia de existência de um relacionamento não conflituoso com a organização de
trabalhadores", a CT acusa a administração de estar a enveredar "pelo caminho da obstrução em
aspectos essenciais do direito ao controlo da gestão, em claro arrepio da Constituição e das leis da
República que o consagram (Lei 99/2003 e Lei 35/2004)". Os trabalhadores dizem mesmo que "tal
prática ultimamente vem sendo agravada", coincidindo com a inexistência das reuniões regularmente
realizadas entre a CT e o presidente do conselho de administração, actualmente, Francisco Murteira
Nabo. Esta não é a primeira vez que os trabalhadores da Galp recorrem ao provedor de Justiça para se
queixarem da actuação da administração da empresa. Em 2000, o provedor de Justiça fez um reparo à
então administração da Galp Energia, através de uma carta dirigida ao presidente da empresa na época,
António Mexia, na sequência de uma queixa da Comissão de Trabalhadores por obstrução ao exercício
do controlo de gestão por parte da administração. A Provedoria de Justiça solicitava ainda à
administração que "de futuro, se abstivesse de praticar actos ou omissões (...) que violem direitos
constitucional e legalmente atribuídos às comissões de trabalhadores". A actual administração, segundo
os trabalhadores, "encontra-se agora a agir como aquela sobre a qual veio a recair a referida posição
assumida" pelo provedor de Justiça.”

In:http://www.negocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Empresas&CpContentId=300992

Com base na notícia publicada no Jornal de Negócios responda, de forma fundamentada, às


seguintes questões:
1. Quais os direitos que a Constituição consagra aos trabalhadores?

2. O que são e quais os direitos da Comissão de trabalhadores. Desenvolva o direito de


intervir na reorganização das unidades produtivas.

FIM
Tenha especial cuidado com a caligrafia e com a ortografia.
Faça uma atenta gestão do tempo disponibilizado.
Boa Sorte!

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