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A RECONFIGURAÇÃO DOS CENTROS DE SAÚDE E O PAPEL DA

INTERVENÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS DE


SAÚDE PRIMÁRIOS

1 – ANTECEDENTES

O presente documento insere-se num percurso iniciado pelo documento de


Alcochete – Que Saúde Pública para Portugal Hoje? (Maio de 2006) e
prosseguido pelo texto do “Encontro da Amadora – Comemoração dos 20 anos
da Carta de Ottawa” (Janeiro de 2007)

Tomam-se igualmente como referências a “ Proposta para a Reconfiguração


dos Centros de Saúde – Criação do Agrupamento dos Centros de Saúde”
redigido pela missão para os Cuidados de Saúde Primários (Maio de 2007), o
documento “Termos de referência para a Rede Nacional de Saúde Pública –
Âmbito Regional e Local, da responsabilidade da Comissão Nacional Executiva
e do Grupo de Acompanhamento Nacional da Reorganização dos Serviços de
Saúde Pública (Setembro de 2006), e também a Proposta dos Delegados
Regionais de Saúde de 16 de Maio de 2007.
Sob o ponto de vista conceptual torna-se ainda como referência no que
respeita aos cuidados de saúde primários, a Declaração de Alma-Ata,
Conferência Internacional sobre os Cuidados de Saúde Primários, OMS/FISE
(Setembro de 1978)

2 – OBJECTIVO

Partindo da valorização positiva dos documentos tomados como referência, o


objectivo do presente documento é o de contribuir com propostas de
operacionalização tendo em vista um bom desenvolvimento dos Cuidados de
Saúde Primários na sociedade portuguesa contemporânea e a clarificação do
papel de Intervenção em Saúde Pública no contexto dos Cuidados de Saúde
Primários.
3 – PRINCÍPIOS
3.1 – PROMOÇÃO DA SAÚDE E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Vive-se em Portugal um elevado grau de alienação em relação aos


mecanismos da saúde e aos processos de promoção da saúde, a nível
individual e comunitário
Os documentos da Amadora e Alcochete, assumidos pelo Grupo de Animação
em Saúde Comunitária, alertam para a gravidade da presente situação e para a
urgente necessidade de iniciativas de mudança.
Infelizmente esta alienação, além de abranger grande parte da população,
afecta também muitos dos que têm responsabilidade na prestação de cuidados
de saúde e na própria decisão das políticas relacionadas com a saúde.
Corre-se assim o grande risco de confundir Cuidados de Saúde Primários com
actos assistenciais desinseridos dos processos de promoção da saúde e do
desenvolvimento das pessoas, famílias e comunidades.
Por este caminho, produzir-se-à cada vez menos saúde apesar de se consumir
cada vez mais toda a crescente “oferta” (venda) de meios de diagnóstico e de
medidas terapêuticas, frustrando-se os técnicos, os políticos e os cidadãos com
os fracassos da evolução no que respeita à relação entre custos e benefícios
em qualidade e anos de vida.
Urge por isso manter bem vivos os princípios em que se fundamentam os
Cuidados de Saúde Primários e a Promoção da Saúde, assumidos nas
Declarações de Alma-Ata e Ottawa pela OMS, e olhá-los à luz da realidade
actual do nosso país.

3.2 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA AOS DIFERENTES


NÍVEIS (LOCAL, REGIONAL E NACIONAL)

Para além dos princípios enunciados no parágrafo anterior e que têm


constituído o fundamento para a nossa actuação em saúde pública, fazemos
igualmente referência ao Programa de Acção Comunitária no domínio da
Saúde Pública para 2003/2008 (Decisão nº 1786/2202 / CE do Parlamento
Europeu, aprovado na União Europeia. Com base neste conjunto de princípios
Sistematizamos, ao nível local, regional e nacional as principais funções
atribuídas/atribuíveis à Saúde Pública:

1ª - Assegurar a vigilância, monitorização e análise dos determinantes


que influenciam a saúde na perspectiva de obtenção de ganhos em
saúde. (a)

2ª – Formular, desenvolver e gerir Programas de Promoção da Saúde,


prevenção da doença e prolongamento da vida com qualidade dos
cidadãos – Promovendo a Saúde, Prevenindo a Doença face às
Determinantes de Saúde em todas as Políticas e Actividades (b)

Notas

(a) - Para a execução desta função é absolutamente necessário que a


Saúde Pública disponha de um sistema sustentável de vigilância de
saúde, acessível a partir da base e que possibilite a manutenção de
um diagnóstico de situação actualizado da comunidade
(Determinantes de Saúde, Factores Ambientais) a fim de
estabelecer/manter indicadores qualitativos e quantitativos
comparáveis aos níveis regional, nacional e internacional.

(b) - Deverá competir à Saúde Pública assegurar garantir um elevado


nível de Protecção à Saúde Humana na definição e aplicação de todas
as políticas e actividades comunitárias, mediante a promoção de uma
estratégia de saúde integrada e intersectorial. Deverá igualmente
participar no aperfeiçoamento de métodos que permitam avaliar a
qualidade e a eficácia das estratégias e medidas de Promoção da
Saúde.
3ª - Capacitar os cidadãos a fim de promoverem a sua saúde. (c)

4ª - Reduzir as desigualdades em saúde e/ou face aos Determinantes de


Saúde (d)

5ª - Criar e sustentar acções transversais e parcerias intersectoriais para


a promover a saúde e reduzir as desigualdades;

6ª - Possibilitar a Investigação e o controlo dos surtos epidemias e riscos


para a saúde, nomeadamente doenças transmissíveis e não
transmissíveis aumentando a capacidade de resposta rápida e
coordenada às ameaças à saúde;

Notas

(c) Esta capacitação implica ter da Promoção da Saúde a ideia de que


é um processo que capacita as pessoas a tomarem consciência e a
agir em prol do seu desenvolvimento individual e colectivo, sendo a
saúde um recurso, a par de outros, neste processo. Assenta
complementarmente num modelo de Desenvolvimento e Valorização
de competências a partir do qual as pessoas tomem decisões face à
Saúde e ao Desenvolvimento. “ ... Deve ser reforçado o apoio às
estruturas e programas que reforçem as capacidades dos indíviduos,
das instituições, associações, organizações no domínio da saúde
através de uma rede que possibilite uma análise comum dos factores
que afectam à saúde das populações.” Estratégia de Saúde
Pública e Estratégia de Saúde na Comunidade são sinónimos e
só a partir desta compreensão é possível “ produzir um valor
acrecentado comunitário e enfrentar os novos desafios que se
colocam á saúde pública.

(d) - Implica o desenvolvimento de actividades no terreno de


Promoção da Saúde e de Prevenção da Doença através das parcerias
tendo em conta o desenvolvimento de Projectos e de redes inter-
institucionais e da cooperação com Organizações não
Governamentais. Compete igualmente à saúde pública colaborar na
análise e definição de estratégias sobre as determinantes sócio-
económicas da saúde, a fim de identificar e combater as
desigualdades no sector da saúde e de avaliar o impacto dos factores
económicos e sociais sobre a saúde.
7ª - Assegurar o cumprimento das leis e normas que visam proteger e
promover a saúde avaliando o seu impacto; (e)

8ª - Desenvolver e manter um corpo de especialistas em saúde com


formação adequada;

9ª - Acompanhar a efectiva execução do Plano Nacional de Saúde


nomeadamente às metas definidas para a melhoria de saúde, prevenção
da doença e redução das desigualdades;

10ª - Melhorar a Informação e os conhecimentos com vista ao


Desenvolvimento da Saúde Pública - Investigar, desenvolver, avaliar e
inovar em Saúde; (f)

11ª Assegurar a qualidade das funções de Saúde Pública; (g)

Notas
(e) – Nesta perspectiva, a Função de Autoridade de Saúde surge como
indissociável de toda a actividade de Saúde Pública em interacção
com a Promoção da Saúde e do Ambiente através da construção de
consensos entre serviços e comunidades.

(f) - Esta melhoria deve incentivar a capacidade dos cidadãos a


decidir nas questões que dizem respeito à sua saúde avaliando as
boas práticas em saúde pública, a partir de informações simples,
claras e cientificamente válidas.

(g) – É de sublinhar que a qualidade em Saúde Pública assenta em


grade parte em processos de Formação/Acção e Investigação/Acção,
construídos em cooperação intersectorial e comunitária. Nesta
perspectiva, compreendemos que a flexibilidade inerente a estes
processos tem muito maior capacidade de se adequar às constantes
mudanças dos contextos em que vivem as populações com quem
trabalhamos, do que um conjunto de indicadores que não integre a
visão interdisciplinar que os determinantes da saúde obrigam.

4 – PROPOSTAS
4.1 – PROPOSTAS NO ÂMBITO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE E CUIDADOS
DE SAÚDE PRIMÁRIOS.

1ª Proposta – É fundamental garantir que os processos de prestação dos CSP


através dos Centros de Saúde Reconfigurados, decorram de forma a
proporcionar que as pessoas, as famílias e as comunidades se capacitem
progressivamente para agirem como promotores da saúde individual e
comunitária.
Isto implica um investimento na Promoção da Saúde que vai muito mais além
do que que a mera resposta às necessidades de saúde expressas pelas
populações que recorrem às consultas, e exige uma disponibilidade de meios
humanos e materiais que não se conforma com os critérios explícitos sobre a
relação entre o número de atendimentos e o número de horas de trabalho.
2ª Proposta – É fundamental garantir que haja uma ligação estreita entre a
prestação dos CSP nos CS Reconfigurados e os Planos, Programas e
Projectos assumidos aos vários níveis, com vista a melhorar a qualidade de
saúde das populações. Isto implica um planeamento dinâmico com
comunicação recíproca entre os diferentes níveis, procurando-se envolver no
processo todos os intervenientes.

3ª Proposta – É fundamental garantir que haja uma boa interacção em equipa


entre todos os intervenientes na prestação dos CSP ao nível dos CS
Reconfigurados e que haja também uma boa articulação e cooperação
intersectorial entre o CS e os outros sectores imprescindíveis ao bom
desenvolvimento dos CSP, nomeadamente os sectores Social, da Educação,
do Ambiente, e do Desenvolvimento Local.
Isto implica que seja favorecida a comunicação, a avaliação e o planeamento
conjunto dentro de cada Centro de Saúde Reconfigurado e que haja pontes
activadas pela cooperação efectiva entre os Centros de Saúde, as
Comunidades e os Serviços Locais.

4.2 – PROPOSTAS EM RELAÇÃO À UNIDADE DE SAÚDE PÚBLICA NO


CONTEXTO DO CENTRO DE SAÚDE RECONFIGURADO E FACE À
REORGANIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS.

4ª Proposta - No que respeita à Unidade de Saúde Pública (USP) e embora se


valorizem como muito importantes as suas funções de Observatório de Saúde
e de colaboração na função de Autoridade de Saúde, considera-se também
indispensável que seja conferido à USP um papel activo como interveniente
nos processos de cooperação interdisciplinar e intersectorial dentro do
Agrupamento dos Centros de Saúde. (5ª proposta) nas parcerias com outros
sectores imprescindíveis para o desenvolvimento dos cuidados de saúde
primários (6ª proposta), e na comunicação/animação com grupos e
comunidades locais (7ª proposta), tendo em vista a promoção da saúde, no
contexto da formulação, desenvolvimento e avaliação de Planos, Programas e
Projectos, a partir do diagnóstico de saúde e da identificação de prioridades.

5ª Proposta – É fundamental garantir formas de articulação regular entre as


USP e as USF UCS, UCC, UR”A”P e formas de comunicação entre as USP e
os orgãos de direcção e gestão que garantam a efectividade da estratégia dos
Cuidados de Saúde Primários. Nesta perspectiva a Saúde Pública deve estar
representada no Conselho Clínico.
Só assim a articulação entre a USP e as outras estruturas do ACS não correrá
o risco de ficar limitada apenas ao recurso “on demand” junto das USP, e
poderá decorrer como um processo de cooperação estruturado e c/ iniciativa
de ambas as partes.

6ª Proposta – Face à rede de recursos existentes ao nível local, as USP


devem participar com outras unidades dos ACS na promoção de formas de
cooperação intersectorial que contribuam para o desenvolvimento dos cuidados
de saúde primários, valorizando-se em especial a interacção com os serviços e
outras entidades relacionadas com a área Social, da Educação, do Ambiente e
do Desenvolvimento Local.

7ª Proposta - As USP, juntamente com o Conselho da Comunidade, a UCC e


as outras Unidades Funcionais do ACS deverão cooperar activamente c/grupos
de cidadãos, Associações Locais e Autarquias, nos processos de Promoção da
Saúde e na participação comunitária em relação ao desenvolvimento dos CSP.

8ª Proposta – Caberá às USP´s (a nível Local) e aos Departamentos (a nível


Regional), através das equipas que os compõem, promover a integração entre
as diferentes áreas pelas quais se distribui a intervenção em saúde pública
uma vez que é no seu conjunto que a Saúde Pública se realiza plenamente.

9ª Proposta – As USP devem dispor de pelo menos um pólo em cada


concelho.

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