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A Lingerie que encontramos no SIL também reflecte a nova realidade SIMONE PÉRÈLE
da distribuição, o avanço das Cadeias, cuja competitividade viu-se
potenciada pela liberalização das importações desde Oriente: estas A EVOLUÇÃO TÉCNICA
tendem a dominar nas gamas de produtos mais básicas, soutiens Como sempre, a qualidade dos tecidos,
pouco estruturados, gamas juvenis, pijamas e homewear de preço acessórios e acabamento dos materiais,
médio e médio-baixo. O Retalho Independente e, em grande parte, distingue a qualidade das marcas. Porém,
também os Grandes Armazéns multimarcas, adaptam-se: elevam a diferença é que hoje os consumidores
a fasquia da própria segmentação oferecendo produtos mais podem optar entre a “qualidade que os
sofisticados nas componentes técnicas e de moda. Ampliam satisfaz” e a “melhor qualidade”.
a oferta de tamanhos e copas. Procuram explorar o lado As diferenças de qualidade entre as marcas
lúdico da Lingerie, em especial o lado sexy, às vezes até bem de vários segmentos não são como no passado
próximo do hardcore. As marcas que alimentam estes canais, (mesmo as marcas duma gama baixa costumam
fundamentalmente de fabricantes europeus (mesmo que tenham cumprir uns “mínimos”); e o consumidor
parcialmente deslocalizado a própria produção para países com mudou os seus hábitos de consumo (ponderam
mão de obra mais barata, têm uma mentalidade industrial) são muito mais se querem pagar mais pela qualidade,
as que compõem o núcleo mais importante de expositores do SIL. em função do uso, ou do interesse que tenham
por um determinado género de produto).
Os dois pontos sobre os quais estas marcas formulam as suas Por exemplo, a qualidade do tacto das peças,
respostas para se distanciarem da oferta das Cadeias e, até com a chegada da microfibra e a sua evolução
mesmo, entre si, são o da “Evolução Técnica”; e o da identidade na última década e meia, para além de outros
temática, concentrada em interpretar as mil faces do mesmo novos materiais (Modal) e acabamentos
tema, ou seja, “A Sensualidade”. têxteis, é hoje um dado adquirido pelos
consumidores. É uma qualidade obrigatória
“MAIS
AS MARCAS PARECEM ASSUMIR QUE UMA DAS VIAS PARA OFERECER
CONFORTO ÀS MULHERES, É OFERECER-LHES MAIS ALTERNATIVAS
PARA QUE EFECTIVAMENTE VISTAM O TAMANHO CERTO DE SOUTIEN ”V
PAPEETE BY VERDISSIMA
CHICK 111
TOY STORY MODA ÍNTIMA MASCULINA
INSIDE OUT
Nalguns visitantes provocou surpresa, e não foram poucos UM SECTOR ADQUIRINDO MATURIDADE
aqueles que se perguntaram o que faziam alguns stands de
fabricantes de ‘jouets’ eróticos num Salão deste género. Numa Mais impacto do que extravagância.
zona que a organização do SIL denominou de ‘Spicy Garden’, Um “macho” acima de qualquer suspeita,
empresas com nomes bem explícitos, como ‘Chambre 69’, para quem as marcas de underwear propõem
‘Lovely Planet’, ‘Love to Love Kamasutra’, apresentaram duma harmonizar a criatividade e a elegância.
forma que até poderia ser definida de sofisticada e discreta os
chamados ‘sex toys’ (vibradores, estimuladores, etc.), óleos para As marcas de referência colocaram
massagem, e um vasto leque de produtos dedicados ao prazer definitivamente de lado a ostentação
feminino. Também expuseram algumas marcas de Lingerie que e ambiguidade sexual de temporadas
habitualmente relacionamos com a oferta das ‘sex-shops’ anteriores transmitidas no estilismo e imagem.
– Eros Veneziani, Dream-Girl, Shirley of Hollywood, Temptations,
As temáticas estilísticas de inspiração urbana,
Fantasy/Vacari. Qual é a explicação?
étnica ou desportiva, aparecem discretas
privilegiando a harmonia do ‘tom-sobre-tom’,
É o resultado da mudança cultural das últimas décadas, e que
as combinações de impacto em cores e
séries televisivas de grande sucesso internacional como ‘Sex and
estampados. No capítulo da imagem, as
the City’ reflectem. No passado, as boutiques de Lingerie vendiam
marcas resgataram a virilidade clássica:
camisas e gravatas masculinas, porque supunha-se que a
corpos naturais e um ideal de homem equilibrado,
consumidora aproveitaria a ocasião da compra das suas peças
bem sucedido, não excessivamente jovem,
íntimas para adquirir também algo para o seu marido. Hoje,
elegante e “politicamente correcto”, num
como é cada vez mais frequente na Europa Central, há retalhistas
compromisso entre a tradição e a modernidade.
que posicionam a boutique de Lingerie como um lugar inteiramente
dedicado em satisfazer os desejos mais íntimos da mulher. Num Salão como o SIL de Paris, onde
Desejos que não se limitam àquela peça que realça ou esconde, oficialmente expuseram uma centena de
ou do modelo mais sensual, talvez para um presente, ou para um colecções de underwear masculino, houve
momento especial. A boutique é também um espaço lúdico, onde espaço para tudo: empresas orientadas para
podem encontrar estes objectos num ambiente sem as conotações as linhas básicas, com marcas mais ou menos
da ‘sex-shop’. As empresas que os vendem adoptam uma linguagem atraentes em termos de imagem, mas
nova, mais intimista, dirigida especificamente ao público feminino. absolutamente estéreis na criação de Moda;
Em edições passadas da CHICK, na secção de Shops Internacionais o oposto, ou seja, as linhas masculinas de
publicamos crónicas de boutiques como Mae B. (Alemanha) que marcas que provêm do super-criativo sector
integram na oferta ‘sex toys’, e nesta edição temos o exemplo da da alta corseterie feminina, com linhas
loja Sonia Rykiel, em Itália. A direcção do SIL simplesmente tomou direccionadas para nichos sofisticados
nota desta realidade. de consumidores; e, no fim, as propostas
“provocação” para o “gay-drum”, linhas
marcadamente exibicionistas feitas, em alguns
casos, com gosto ou nem tanto, com marcas
que teriam pouco espaço para além do ambiente
duma sex-shop.
Mas regressando às marcas de referência,
definidas assim pela sua abrangência,
profundidade da gama, grau de desenvolvimento
estilístico e dos materiais, e impacto da
imagem e comunicação – das presentes
no SIL, a Impetus, Eminence, Hom, Calvin
Klein, Bruno Banani e Punto Blanco –, a
chegada do “factor Moda” à roupa interior
masculina é um fenómeno relativamente
recente. Inicialmente ocorreu a reboque da
ideia da comunidade Gay, mais sensível à
Moda e com um poder de compra superior
à média, e este seria o principal público alvo.
Porém, esta realidade viu-se rapidamente
confrontada com outras. Reflectindo-se que
ainda que próspero, este não deixa de ser um
nicho de mercado, e uma marca de referência
necessita ser mais abrangente. E também que
STAND DA ZONA SPICY GARDEN
na realidade, não existe roupa interior para
“ MERECE REFLEXÃO A NOTÍCIA
DA VIRAGEM DE PÁGINA DA MARCA HOM.
ACABOU POR SER BANIDO O HOMEM SEXY
E EXUBERANTE QUE REFLECTIA A SUA CRIAÇÃO,
E TAMBÉM O EXUBERANTE MANEQUIM,
IMAGEM DA MARCA DURANTE
VÁRIAS CAMPANHAS, ARROJADO,
NADA TRADICIONAL, CONSIDERADO
SEXUALMENTE AMBÍGUO,
REFUNDANDO-SE RADICALMENTE
O CONCEITO DA MARCA.
«O CONSUMIDOR QUER QUE A HOM
OFEREÇA CRIATIVIDADE
E PERMANEÇA UMA MARCA
EXCLUSIVAMENTE DE HOMENS» K ”
HOM 2005 HOM 2006
Gays, entre estes só uma minoria procura forma como estas definem o próprio posicionamento em termos
modelos que poderíamos definir como ‘drum’ de marketing, pulsando o mercado para calibrar o ponto certo
(tangas, transparências, cores e estampados de novidade e diferenciação (em produto e imagem) que é possível
associados à roupa interior feminina), e que se introduzir, e com o cuidado de não ficar “fora de foco”, confinada
consideram extravagantes porque colidem com num nicho excessivamente reduzido de consumidores.
o ideário que culturalmente se tem dum As marcas de referência comprovaram que a mudança de mentalidades,
heterossexual. mesmo na Europa, está a acontecer duma forma rápida, mas não
tão rápida quanto o desejariam. Hoje as marcas são mais céleres
Por outro lado, é inquestionável que
e agressivas nas propostas do que os seus clientes alvo em absorver
nos encontramos perante uma geração
as novidades.
descomplexada de heterossexuais (homens
com menos de 40 anos) preocupados com a Neste sentido merece reflexão a notícia, anunciada com pompa
aparência, inclusive da própria roupa interior. no SIL, sobre a viragem de página da marca Hom. Acabou por
ser banido o homem sexy e exuberante que reflectia a sua criação
Tudo isto tem produzido nos últimos dois anos
(corte, conjugação de materiais, uso de transparências, cores e
ajustamentos nas marcas, concretamente na