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MEGATENDÊNCIAS

A MODA ÍNTIMA QUE VEM AÍ


INSIDE UMA VISÃO SOBRE AS GRANDES TENDÊNCIAS EXPRESSADAS PELAS MARCAS QUE PARTICIPARAM NO
OUT SALÃO INTERNACIONAL DA LINGERIE (SIL), EM PARIS

MODA ÍNTIMA FEMININA


TÉCNICA, MUITA SENSUALIDADE E UMA SURPRESA

A primeira pergunta que nos vem à mente perante a oferta de


Lingerie (usando o termo para englobar tudo, corseterie, underwear,
roupa de dormir e para os momentos de ‘relax’) vista nos mais de
400 stands do SIL é: até que ponto esta reflecte a realidade do
mercado?

A resposta é que, “aparando as pontas” (aqueles expositores que


vieram procurar clientes que lhes subcontratassem a produção;
e a oferta destinada às ‘sex-shops’) a Lingerie que encontramos
no SIL pode ser definida como “a ponta do diamante” do que se
faz na Europa em termos criativos. Representa também uma forma
de interpretar o vestuário mais íntimo, que teve a sua origem em
França sendo hoje identificado como europeu. É a Lingerie com
um alto conteúdo de Moda, tecnicamente avançada, e reveladora
duma sensualidade sofisticada, expressão de feminilidade duma
mulher europeia emancipada, sexualmente livre de expressar-se
e guiar a sua própria vida. Neste sentido, a Europa não é regra,
mas sim excepção.

A Lingerie que encontramos no SIL também reflecte a nova realidade SIMONE PÉRÈLE
da distribuição, o avanço das Cadeias, cuja competitividade viu-se
potenciada pela liberalização das importações desde Oriente: estas A EVOLUÇÃO TÉCNICA
tendem a dominar nas gamas de produtos mais básicas, soutiens Como sempre, a qualidade dos tecidos,
pouco estruturados, gamas juvenis, pijamas e homewear de preço acessórios e acabamento dos materiais,
médio e médio-baixo. O Retalho Independente e, em grande parte, distingue a qualidade das marcas. Porém,
também os Grandes Armazéns multimarcas, adaptam-se: elevam a diferença é que hoje os consumidores
a fasquia da própria segmentação oferecendo produtos mais podem optar entre a “qualidade que os
sofisticados nas componentes técnicas e de moda. Ampliam satisfaz” e a “melhor qualidade”.
a oferta de tamanhos e copas. Procuram explorar o lado As diferenças de qualidade entre as marcas
lúdico da Lingerie, em especial o lado sexy, às vezes até bem de vários segmentos não são como no passado
próximo do hardcore. As marcas que alimentam estes canais, (mesmo as marcas duma gama baixa costumam
fundamentalmente de fabricantes europeus (mesmo que tenham cumprir uns “mínimos”); e o consumidor
parcialmente deslocalizado a própria produção para países com mudou os seus hábitos de consumo (ponderam
mão de obra mais barata, têm uma mentalidade industrial) são muito mais se querem pagar mais pela qualidade,
as que compõem o núcleo mais importante de expositores do SIL. em função do uso, ou do interesse que tenham
por um determinado género de produto).
Os dois pontos sobre os quais estas marcas formulam as suas Por exemplo, a qualidade do tacto das peças,
respostas para se distanciarem da oferta das Cadeias e, até com a chegada da microfibra e a sua evolução
mesmo, entre si, são o da “Evolução Técnica”; e o da identidade na última década e meia, para além de outros
temática, concentrada em interpretar as mil faces do mesmo novos materiais (Modal) e acabamentos
tema, ou seja, “A Sensualidade”. têxteis, é hoje um dado adquirido pelos
consumidores. É uma qualidade obrigatória
“MAIS
AS MARCAS PARECEM ASSUMIR QUE UMA DAS VIAS PARA OFERECER
CONFORTO ÀS MULHERES, É OFERECER-LHES MAIS ALTERNATIVAS
PARA QUE EFECTIVAMENTE VISTAM O TAMANHO CERTO DE SOUTIEN ”V

propriedades cosméticas (hidratantes, etc.). Mostram-se pouco


impressionados pelas capacidades de protecção dermatológica
(combater maus cheiros, etc.). No entanto, estão a descobrir,
especialmente nos mercados de menor tradição (Europa do Sul),
as potencialidades dos produtos feitos em tecidos que possuem
propriedades termo-reguladoras, desde os feitos com fios Trevira,
até aos que incorporam Outlast.

O grande tema em termos de “Evolução Técnica” no SIL foi,


sem dúvida, o aumento na oferta de tamanhos e copas, mesmo
em modelos que pareciam ser poucos prováveis de se proporem
nas copas D, ou tamanhos até ao 44, e que significou para muitas
marcas uma profunda revisão na construção das suas peças
e consequente vestibilidade. Generalizado o acesso a materiais
confortáveis, as marcas parecem assumir que uma das vias para
oferecer mais conforto às mulheres, é oferecer-lhes mais
alternativas para que efectivamente vistam o tamanho certo de
soutien. Há muito tempo que circula a informação de que mais
de 80% das europeias vestem a medida errada de soutien
(alguns meses atrás, numa edição do programa da Oprah dedicado
PARAH à lingerie, afirmava-se que 94% das americanas vestem a medida
errada). As marcas podem e devem fazer mais para inverter este
das peças, e não mais um argumento. quadro, e parece que agora, com a necessidade de qualificar
No campo dos têxteis técnicos e concretamente a própria oferta perante uma concorrência cada vez mais feroz,
nos tecidos com propriedades cosméticas, a oferta está realmente a ser revolucionada neste sentido.
de regulação térmica, e os de protecção Por último, destaque para a procura de novos desenvolvimentos
dermatológica, os consumidores estão a nas copas, como por exemplo a “Star Cup” da marca Ritratti,
separar com naturalidade o “trigo do joio”. pensada para decotes que até agora pediam a isenção do soutien.
Não parecem dispostos a pagar mais pelos
produtos que alegadamente possuem A SENSUALIDADE:
Tudo gira à volta da interpretação da sensualidade:
Uma interpretação mais fresca, feita duma sensualidade
aparentemente inconsciente. É o “flirt”, a “paquera”. Os temas
remetem para elementos iconográficos do passado recente e do
quotidiano urbano. Os motivos, as cores, revelam vontade de
comunicação. Poder-se-ia dizer que é jovem (assim o SIL o
segmenta), mas a subdivisão por ‘moods’ (estados de espírito)
parece hoje mais apropriada do que subdivisão por faixas etárias.
A outra interpretação da sensualidade é mais madura, duma
mulher consciente da sua sexualidade. É o jogo de sedução e de
afirmação, e onde cabe, inclusive, um apontamento de extravagância.
Os temas são mais sofisticados e intensos, as temáticas jogam
com a fusão de presente e passado, de etnias e culturas.

Nestas duas “sensibilidades” encaixa-se a totalidade das propostas


da Moda feminina presentes no SIL. No mood mais “jovem”,
tecidos leves e poucas transparências. Cortes mais simples,
menos ousados, maior utilização de estampados, do humor,
das cores primárias, das geometrias simples. No ‘mood’ maduro,
impera a nobreza dos materiais: guipure, rendas. Materiais que
compensam a densidade com a revelação da transparência.
Cortes mais elaborados, insinuantes, ousados, cores e combinações
de tons que primam pelo exotismo e pelos detalhes.

PAPEETE BY VERDISSIMA
CHICK 111
TOY STORY MODA ÍNTIMA MASCULINA
INSIDE OUT

Nalguns visitantes provocou surpresa, e não foram poucos UM SECTOR ADQUIRINDO MATURIDADE
aqueles que se perguntaram o que faziam alguns stands de
fabricantes de ‘jouets’ eróticos num Salão deste género. Numa Mais impacto do que extravagância.
zona que a organização do SIL denominou de ‘Spicy Garden’, Um “macho” acima de qualquer suspeita,
empresas com nomes bem explícitos, como ‘Chambre 69’, para quem as marcas de underwear propõem
‘Lovely Planet’, ‘Love to Love Kamasutra’, apresentaram duma harmonizar a criatividade e a elegância.
forma que até poderia ser definida de sofisticada e discreta os
chamados ‘sex toys’ (vibradores, estimuladores, etc.), óleos para As marcas de referência colocaram
massagem, e um vasto leque de produtos dedicados ao prazer definitivamente de lado a ostentação
feminino. Também expuseram algumas marcas de Lingerie que e ambiguidade sexual de temporadas
habitualmente relacionamos com a oferta das ‘sex-shops’ anteriores transmitidas no estilismo e imagem.
– Eros Veneziani, Dream-Girl, Shirley of Hollywood, Temptations,
As temáticas estilísticas de inspiração urbana,
Fantasy/Vacari. Qual é a explicação?
étnica ou desportiva, aparecem discretas
privilegiando a harmonia do ‘tom-sobre-tom’,
É o resultado da mudança cultural das últimas décadas, e que
as combinações de impacto em cores e
séries televisivas de grande sucesso internacional como ‘Sex and
estampados. No capítulo da imagem, as
the City’ reflectem. No passado, as boutiques de Lingerie vendiam
marcas resgataram a virilidade clássica:
camisas e gravatas masculinas, porque supunha-se que a
corpos naturais e um ideal de homem equilibrado,
consumidora aproveitaria a ocasião da compra das suas peças
bem sucedido, não excessivamente jovem,
íntimas para adquirir também algo para o seu marido. Hoje,
elegante e “politicamente correcto”, num
como é cada vez mais frequente na Europa Central, há retalhistas
compromisso entre a tradição e a modernidade.
que posicionam a boutique de Lingerie como um lugar inteiramente
dedicado em satisfazer os desejos mais íntimos da mulher. Num Salão como o SIL de Paris, onde
Desejos que não se limitam àquela peça que realça ou esconde, oficialmente expuseram uma centena de
ou do modelo mais sensual, talvez para um presente, ou para um colecções de underwear masculino, houve
momento especial. A boutique é também um espaço lúdico, onde espaço para tudo: empresas orientadas para
podem encontrar estes objectos num ambiente sem as conotações as linhas básicas, com marcas mais ou menos
da ‘sex-shop’. As empresas que os vendem adoptam uma linguagem atraentes em termos de imagem, mas
nova, mais intimista, dirigida especificamente ao público feminino. absolutamente estéreis na criação de Moda;
Em edições passadas da CHICK, na secção de Shops Internacionais o oposto, ou seja, as linhas masculinas de
publicamos crónicas de boutiques como Mae B. (Alemanha) que marcas que provêm do super-criativo sector
integram na oferta ‘sex toys’, e nesta edição temos o exemplo da da alta corseterie feminina, com linhas
loja Sonia Rykiel, em Itália. A direcção do SIL simplesmente tomou direccionadas para nichos sofisticados
nota desta realidade. de consumidores; e, no fim, as propostas
“provocação” para o “gay-drum”, linhas
marcadamente exibicionistas feitas, em alguns
casos, com gosto ou nem tanto, com marcas
que teriam pouco espaço para além do ambiente
duma sex-shop.
Mas regressando às marcas de referência,
definidas assim pela sua abrangência,
profundidade da gama, grau de desenvolvimento
estilístico e dos materiais, e impacto da
imagem e comunicação – das presentes
no SIL, a Impetus, Eminence, Hom, Calvin
Klein, Bruno Banani e Punto Blanco –, a
chegada do “factor Moda” à roupa interior
masculina é um fenómeno relativamente
recente. Inicialmente ocorreu a reboque da
ideia da comunidade Gay, mais sensível à
Moda e com um poder de compra superior
à média, e este seria o principal público alvo.
Porém, esta realidade viu-se rapidamente
confrontada com outras. Reflectindo-se que
ainda que próspero, este não deixa de ser um
nicho de mercado, e uma marca de referência
necessita ser mais abrangente. E também que
STAND DA ZONA SPICY GARDEN
na realidade, não existe roupa interior para
“ MERECE REFLEXÃO A NOTÍCIA
DA VIRAGEM DE PÁGINA DA MARCA HOM.
ACABOU POR SER BANIDO O HOMEM SEXY
E EXUBERANTE QUE REFLECTIA A SUA CRIAÇÃO,
E TAMBÉM O EXUBERANTE MANEQUIM,
IMAGEM DA MARCA DURANTE
VÁRIAS CAMPANHAS, ARROJADO,
NADA TRADICIONAL, CONSIDERADO
SEXUALMENTE AMBÍGUO,
REFUNDANDO-SE RADICALMENTE
O CONCEITO DA MARCA.
«O CONSUMIDOR QUER QUE A HOM
OFEREÇA CRIATIVIDADE
E PERMANEÇA UMA MARCA
EXCLUSIVAMENTE DE HOMENS» K ”
HOM 2005 HOM 2006

Gays, entre estes só uma minoria procura forma como estas definem o próprio posicionamento em termos
modelos que poderíamos definir como ‘drum’ de marketing, pulsando o mercado para calibrar o ponto certo
(tangas, transparências, cores e estampados de novidade e diferenciação (em produto e imagem) que é possível
associados à roupa interior feminina), e que se introduzir, e com o cuidado de não ficar “fora de foco”, confinada
consideram extravagantes porque colidem com num nicho excessivamente reduzido de consumidores.
o ideário que culturalmente se tem dum As marcas de referência comprovaram que a mudança de mentalidades,
heterossexual. mesmo na Europa, está a acontecer duma forma rápida, mas não
tão rápida quanto o desejariam. Hoje as marcas são mais céleres
Por outro lado, é inquestionável que
e agressivas nas propostas do que os seus clientes alvo em absorver
nos encontramos perante uma geração
as novidades.
descomplexada de heterossexuais (homens
com menos de 40 anos) preocupados com a Neste sentido merece reflexão a notícia, anunciada com pompa
aparência, inclusive da própria roupa interior. no SIL, sobre a viragem de página da marca Hom. Acabou por
ser banido o homem sexy e exuberante que reflectia a sua criação
Tudo isto tem produzido nos últimos dois anos
(corte, conjugação de materiais, uso de transparências, cores e
ajustamentos nas marcas, concretamente na

BRUNO BANANI IMPETUS


CHICK 113
INSIDE OUT

OLAF BENZ MANSTORE

“ PARALELAMENTE ÀS MARCAS DE REFERÊNCIA, A SEGMENTAÇÃO DEFINE-SE qualquer ambiguidade, deixando para o


estilismo os apontamentos pontuais de
CADA VEZ MELHOR, POIS DESENVOLVEM-SE MARCAS REALMENTE
DE NICHO (ALTERNATIVAS) COM RESPOSTAS PARA TODOS OS GOSTOS:
“provocação”. Punto Blanco expôs no SIL,
mas não apresentou aí a sua nova colecção.
PARA OS FASHIONISTAS IRREDUTÍVEIS; PARA QUEM TEM
De todas as formas não se esperam desvios da
ALMA DE STRIPPER; PARA QUEM, SEM AMBIGUIDADES, linha traçada nos dois últimos anos; enquanto
QUER EXPRESSAR ATRAVÉS DA ROUPA INTERIOR a Impetus apresentou os seus novos conceitos
A PERTENÇA AO TERCEIRO SEXO K ” estilísticos e uma imagem sofisticada e atraente,
que mostram de alguma forma o caminho a
motivos estampados), e também o exuberante manequim – seguir e a razão do seu sucesso nos últimos
imagem da marca durante várias campanhas (arrojado, nada anos: apostas estilísticas sóbrias com um
tradicional, considerado sexualmente ambíguo) –, refundando-se conteúdo moda bem balanceado, uma imagem
radicalmente o conceito da marca. «O consumidor quer que a Hom elegante e moderna e, sem dúvida, nada banal.
ofereça criatividade e permaneça uma marca exclusivamente
Concluindo, no futuro próximo a moda íntima
de homens», disse Sandrine Molineri (direcção de marketing) à
masculina seguirá o rumo da criatividade,
imprensa, referindo-se ao resultado do estudo que encomendaram
mas será interpretada com os “pés no chão”
para fundamentar a nova estratégia.
pelas marcas de referência, acompanhando
O facto de tal mudança ter sido amplamente comunicada dá-nos pacientemente a evolução dum Homem que
conta da importância que passou a ter o posicionamento, e que se apesar de metabolizar a mudança, mostra-se
exige também às marcas de underwear masculino uma definição perplexo perante a elasticidade de posicionamento
mais clara da sua segmentação. dalgumas marcas.
Calvin Klein já tinha varrido, há várias décadas, qualquer sinal de Paralelamente às marcas de referência, a
ambiguidade, sem anunciá-lo, e hoje a sua imagem é representada segmentação define-se cada vez melhor, pois
pelo jogador de futebol Fredrik Ljungberg, visto como ideal desenvolvem-se marcas realmente de nicho
contraposição ao tão cacarejado, quanto conceitualmente (alternativas) com respostas para todos os
indefinido, “metrossexual”. Calvin Klein também começou a gostos: para os fashionistas irredutíveis; para
dedicar mais espaço ao factor moda nas suas colecções de quem tem alma de stripper; para quem, sem
underwear, pois é evidente que o consumidor actual pretende ambiguidades, quer expressar através da roupa
muito mais do que o eterno básico de algodão, por mais que a interior a pertença ao terceiro sexo. Isto sem
“griffe” impressa no elástico possa acrescentar-lhe o tão desejado contar com as inúmeras linhas que são extensão
status de marca. da oferta dos criadores de moda, de marcas de
pronto-a-vestir e sportswear, que não formam
Bruno Banani joga hoje com os códigos duma modernidade urbana
parte da oferta de marcas que se encontram
(politicamente correcta), bem distante da imagem ambígua
num tipo de evento como o SIL.
transmitida anos atrás. Os latinos (Punto Blanco e Impetus), talvez
por razões culturais, quase sempre se mantiveram longe de
CHICK 114

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