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1939 - 1945
Introdução
O Comando Costeiro da RAF era dentre os três comando operacionais existentes na RAF (os
outros dois eram o Comando de Bombardeio e o Comando de Caça), no início da 2ª Guerra
Mundial, o mais relegado ao segundo plano. Durante a primeira parte da guerra, era repleto de
equipamentos antigos, não aceitos pelos demais comandos, no máximo utilizavam aeronaves, que
embora fizessem parte da primeira linha, já estavam muito gastas e usadas. Os primeiros
resultados obtidos eram desanimadores e a um preço elevadíssimo de vidas humanas.
Entretanto, ao final da guerra, com o apoio dos comandantes superiores, com a introdução de
novas e especializadas aeronaves e o desenvolvimento de táticas específicas, o Comando
Costeiro tornou-se uma terrível ameaça a todos os navios do Eixo. Não obstante, atacar navios
fortemente defendidos à luz do dia exigia uma alta dose de coragem e determinação, e por
isso muitos tripulantes perderam suas vidas nesses ataques.
O Comando Costeiro iniciou a 2ª Guerra Mundial com apenas dois esquadrões equipados e
treinados para ataque à navios. Eram os esquadrões Nº 22 baseado em Thorney Island
(Sussex) e o Nº 42 baseado em Bircham Newton (Norfolk), ambos equipados com a aeronave
Vickers Videbeest III, um velho e obsoleto biplano, cujo projeto básico datava de 1928. Essa
aeronave era normalmente equipada com um torpedo de 18 polegadas e com duas
metralhadoras, sendo operada por uma tripulação de dois ou três homens.
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Um Videbeest do Esquadrão Nº 22, era a única
aeronave disponível para ataques em 1939. Note que o
torpedo era posicionado com um certo angulo, para
facilitar seu lançamento e a penetração na água.
Além desses dois esquadrões, o Comando Costeiro possuía dois outros esquadrões equipados
com aeronaves Lockheed Hudson, que estavam sendo introduzidos na RAF para substituir o
velho, mas confiável Avro Anson nas missões de reconhecimento, além de três outros
esquadrões equipados com uma mistura de hidro-aviões (Short Sunderlands, Saro Londons e
Supermarine Stranraers). Isso era tudo que o Comando Costeiro possuía, embora houvessem
outros esquadrões que realizavam missões marítimas espalhados pelos bases da RAF no
Mediterrâneo e no Oriente Médio.
Hudson, aeronave modificada de modelo civil, utilizada inicialmente para reconhecimento, e mais
tarde empregada para ataque. Possuía até 7 metralhadoras, sendo a aeronave sucessora dos
Ansons. Essa aeronave era do Esquadrão Nº 48.
Essa pequena força anti-navio não era tão ridícula como se pensa, como veremos adiante. Antes
da guerra, o grande temor britânico em relação à Kreigsmarine (Marinha Alemã) eram os
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U-boats (submarinos), que operando no Mar do Norte poderiam facilmente cortar as linhas de
suprimento que vinham das Américas e dos países da Commonwealth. Assim sendo, para o
Comando Costeiro, sua principal missão era a escolta de comboios, e para isso, as aeronaves
que possuía estavam mais do que adequadas, já que eram equipadas com bombas anti-
submarinos ou com cargas de profundidade. O trabalho de escolta era feito em conjunto com a
Royal Navy por meio da Fleet Air Arm. A costa alemã, por seu turno, ao longo do Mar do Norte
era relativamente pequena, e a destruição dos portos que abrigavam os navios de guerra era
responsabilidade do Comando de Bombardeio. No mar, esses vasos de guerra eram de
responsabilidade da Royal Navy Home Fleet, que ainda era naqueles tempos bastante poderosa.
Não passava pela cabeça de ninguém o extraordinário êxito a ser obtido pela Blitzkrieg na
França e nos Países Baixos e que o Comando Costeiro seria chamado a intervir com sua pequena
força de ataque.
Os pilotos do Comando Costeiro eram considerados parte de uma elite, pois eram treinados
para ser ao mesmo tempo piloto e navegador, realizavam um curso de reconhecimento ao final
de seu treinamento básico de vôo sobre o mar, vôo esse que requeria uma especial habilidade.
Uns poucos conseguiam concluir o curso de navegação avançada, o qual exigia estudos teóricos
profundos de navegação, incluindo a navegação astronômica, além é claro de muito treinamento
prático. Pode-se dizer que a conclusão do curso correspondia à obtenção de um diploma
universitário. Poucos eram os oficiais que concluíam apenas o curso de navegadores ou de
observadores aéreos, como era conhecida a função na época. Os demais membros da tripulação
(radio-telegrafista e artilheiro) eram normalmente subalternos, mas também treinados, e
muito bem treinados, para multi-tarefas. Entretanto, as táticas de ataques contra navios de
superfície estavam ultrapassadas, os equipamento eram inadequados e o Comando Costeiro não
possuía um sistema de informações confiável.
Quando do início das hostilidades, o Comando Costeiro foi chamado a atuar com seu esforço
máximo, principalmente no que diz respeito às funções anti-submarinas ao longo da costa da
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Grã-Bretanha e nas patrulhas no Mar do Norte, na caça aos potenciais corsários alemães
(navios de transporte disfarçados) . As tripulações tinham ordens expressas de não atacar
qualquer navio de transporte, a menos que fosse claramente identificado como corsário. Os
Ansons e Hudsons sofreram algumas baixas devidas aos bem armados hidro-aviões alemães e
também aos caças monomotores (principalmente quando realizavam missões próximas à costa),
mas a um Hudson do Esquadrão Nº 220 baseado em Thornaby - Yorkshire é creditada a
primeira vitória aérea da RAF na 2ª Guerra Mundial, quando abateu um hidro-avião alemão
Dornier Do-18, sobre o Mar do Norte, no dia 8 de outubro de 1939. A denominada Phoney War,
não se aplicava ao Comando Costeiro naqueles primeiros dias de guerra.
Enquanto isso, esforços para se equipar o Comando Costeiro com aeronaves mais efetivas, que
já havia sido iniciado antes mesmo do início da guerra, obtinham limitado sucesso. Os Ansons
estavam sendo retirados dos esquadrões de primeira linha, sendo substituidos pelo Hudson,
que embora não fosse a aeronave ideal, tinha pelo menos autonomia suficiente para realizar
incursões até a costa norueguesa. O Bristol Beaufort, que entrara em serviço em novembro de
1939, no Esquadrão Nº 22, como sendo o "torpedeiro mais veloz do mundo", já sofria de
problemas mecânicos crônicos. Inicialmente utilizado como lançador de minas e para missões à
baixa altura, mais tarde tornou-se o torpedeiro padrão do Comando Costeiro. A necessidade de
um caça de escolta de longo alcance fazia-se necessário, e a única solução plausível na época
era a utilização do Bristol Blenheim Mk IV, um bombardeio leve, que adaptado com a instalação
de um pod com quatro metralhadoras, podia ser operado como caça de escolta. Quando do
avanço alemão para oeste, o Comando Costeiro estava equipado com três esquadrões de
Blenheim IV.
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No dia 4 de maio, a RAF recebeu sinal verde para atacar os navios "mercantes" alemãs, mas
após a queda da França, ficou óbvio que os Hudsons e os Beuforts do Comando Costeiro eram
em número inadequado para realizarem a enorme tarefa para qual estavam sendo designados.
Durante a Blitzkrieg, a maioria das aeronaves da RAF estiveram engajadas no hercúleo
trabalho de proteger a retirada das tropas britânicas, culminando com a Retirada de
Dunquerque. Por seu lado, uma das tarefas do Comando Costeiro era a interrupção do
fornecimento de minério de ferro proveniente da Suécia, embarcados através do porto de
Narvik na Noruega, para alimentar a indústria bélica germânica. Durante os meses de verão,
esse minério podia ser razoavelmente transportado através do Mar Báltico, mas durante o
inverno ele ficava totalmente congelado. Como os alemães ocupavam a Holanda, o porto de
Roterdã seria uma alternativa muito mais conveniente, pois dali o minério poderia ser
transportado por chatas e barcaças pelo Rio Reno até o Vale do Ruhr, onde se localizava o
centro industrial alemão. Os comboios alemães eram muito bem organizados, escoltados por
navios varredores de minas e por navios de pesca repletos de canhões anti-aéreos, além de
cobertura aérea. A frota mercante alemã fora muito aumentada com a captura de muitos
barcos noruegueses, dinamarqueses, holandeses e franceses, ao mesmo tempo em que os
portos da costa oeste francesa tornaram-se disponíveis para os submarinos, para os navios de
guerra, para os de transporte e para os corsários, e juntos levariam o terror aos comboios
aliados no Atlântico bem como teriam um enorme potencial para impedir a capacidade britânica
de continuar guerreando.
A Batalha da Inglaterra
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Nesse período, vários ataques notáveis foram realizados contra navios de superfície. No dia 21
de junho, seis Swordfish da Fleet Air Arm, baseados em Hatston nas Ilhas Orkneys, tentaram
atacar o couraçado Scharhorst ao largo de Bergen. Nenhum torpedo atingiu o navio e duas
aeronaves foram perdidas. Em seguida a esse ataque, quatro aeronaves Hudson dos esquadrões
Nº 224 e 233 do Comando Costeiro, baseados em Leuchars in Fife, cada um transportando
duas bombas de 500 libras, atacaram o navio, e o resultado foi que duas aeronaves foram
derrubadas por Messerschimitt Me-109 e o navio continuou intacto. A última tentativa foi
realizada por nove Beauforts do esquadrão Nº 42, baseados em Wick in Caithness, utilizando
um ataque em mergulho, com duas bombas de 500 libras. Conseguiram atingir de "raspão" o
navio, mas nada grave, e perderam três aeronaves, abatidas pelos Me-109. Mesmo que
tivessem conseguido atingir em cheio o navio, com certeza poucos danos teriam causado à
enorme blindagem do couraçado. Concluindo, sete aeronaves foram perdidas para nenhum
resultado concreto, mesmo considerando toda a bravura das tripulações.
Nesses tempos, havia uma escassez de torpedos para os esquadrões de Beaufort, que só
começaram a recebe-los ao final do verão de 1940, e assim os ataques contra os navios de
superfície eram realizados pelos Hudsons, Blenheims, Beauforts e Swordfish utilizando
bombas normais, conseguindo-se algum resultado, mas com perdas elevadas. Um outro método
de ataque, que mais tarde provou ser bastante efetivo, era o lançamento de minas magnéticas
(as chamadas "cucumbers"). Essas minas pesavam cerca de 1.650 libras e eram lançadas, à
baixa altura (600 pés) com pequenos paraquedas, nas entradas dos portos, sendo ativadas pela
massa metálica dos navios que passavam próximas a elas, e com uma tremenda explosão.
Infelizmente algumas delas explodiram durante o lançamento, causando a destruição completa
das aeronaves que as estavam lançando. Foram utilizadas também uma outra versão desta mina,
conhecida como TIM, para ataques às docas.
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Esse par de Beaufort, do Esquadrão Nº 42, era baseado em
Leuchars. Reparem no avião líder, equipado com uma metralhadora
no nariz, apontando para trás, que era operada pelo navegador,
utilizando um espelho, de modo a evitar os ataques por
baixo dos Me-109's.
Até final daquele ano, as unidades do Comando Costeiro tinham afundado apenas seis navios
inimigos por ataques diretos além de terem danificado outros 14. O Comando Costeiro iniciou o
ano de 1941 com uma força de oito esquadrões de Bleinheim, seis de Hudson, três de Beaufort,
dois de Swordfish da Fleet Air Arm e um de Beaufighter. O serviço de informações havia
melhorado consideravelmente, parte como resultado das informações passadas pelos corajosos
agentes infiltrados nos países ocupados e parte devido ao magnífico trabalho realizados pelos
Spitfires do Esquadrão de Foto-reconhecimento, que era controlado pelo Comando Costeiro.
A maioria das missões dessa época da guerra eram realizadas ao longo da costa oeste francesa
e consistiam basicamente em lançamento de minas ou bombardeio a baixa altura, sempre
realizadas ao nascer ou ao por do sol. As aeronaves eram carregadas com duas bombas de 500
libras e quatro de 250 libras, sendo que uma dessas era às vezes substituída por um conjunto
de bombas incendiárias. A maioria dos ataques era realizado sob intenso fogo anti-aéreo e com
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a presença de holofotes. Os alemães utilizavam diferentes produtos químicos em suas balas
traçantes - o nitrato de estrôncio produzia uma cor vermelha, o cobre uma cor verde, o sódio
uma cor alaranjada e o potássio uma cor de malva - de modo a orientar os artilheiros, e assim
durante um ataque, o céu parecia uma festa pirotécnica. Os artilheiros das aeronaves
tentavam destruir os holofotes, enquanto que o rádio operador lançava garrafas vazias de
cerveja, que em sua queda produziam um silvo bastante característico, que os ingleses
acreditavam perturbar os alemães, e o observador, localizado no nariz de vidro das aeronaves
orientavam os pilotos na corrida de bombardeio. Os Beauforts davam um tremendo pulo,
quando se viam livres da carga de bombas, e o metralhador agora observava o ataque,
reportando-se ao piloto, enquanto esse realizava violentas manobras para evitar a anti-aérea e
tentar voltar para casa.
Nesse período ocorreram dois ataques principais, realizados por Beauforts operando
isoladamente. O primeiro ocorreu na manhã de 6 de abril de 1941, após um vôo de
reconhecimento realizado por um Spitfire, atendendo a uma informação de um agente secreto
operando em Brest, que informara sobre a presença do couraçado Gneisenau. As fotos
mostraram que o navio havia sido deslocado de uma doca interna para outra externa, e uma
missão com seis Beauforts do esquadrão Nº 22, equipados com torpedos foi lançada a partir de
St Eval na Cornwall, mas devido ao mau tempo, apenas uma aeronave alcançou o alvo. O
Beaufort, pilotado pelo Flying Officer Kenneth Campbell, lançou e acertou um torpedo no
costado da belonave, abrindo um buraco de 12 metros de diâmetro. O Gneisenau quase foi a
pique, mas rapidamente rebocado para a doca original, permaneceu fora de combate por cinco
meses. O Beaufort foi derrubado pela defesa anti-aérea e toda tripulação morta. Os corpos
dos tripulantes foram resgatados pelos alemães e receberam honras militares no funeral. O
Flying Officer Campbell recebeu a condecoração Victoria Cross pós-morto, a única
condecoração desse tipo recebida por um tripulante do Comando Costeiro durante a guerra.
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Imagens de um ataque dos Beaufighters do Esquadrão Nº 236.
O outro ataque ocorreu no dia 13 de junho de 1941, quando um Beaufort do esquadrão Nº 42,
baseado em Leuchars, pilotado pelo Flight Sergeant Ray Loveitt, atacou o couraçado de bolso
Lutzow. Essa belonave, de acordo com as informações da inteligência britânica havia partido da
Baía de Kiel e se dirigia para o norte, estando seu movimento sendo monitorado pelo
Government Code and Cypher School - Bletchley Park em Buckinghamshire, que era capaz de
descodificar as mensagens da Kreigsmarine, após ter capturado o equipamento Enigma de um
U-boat (o U-110), que se rendera a um navio da Royal Navy em 9 de maio daquele ano. Mesmo
com tudo isso, os britânicos não sabiam exatamente a posição do Lutzow, e o Beaufort do
Flight Sergent Loveitt foi a única entre as oito aeronaves dos esquadrões Nº 22 e 42 que
encontrou o navio, à sudoeste da Noruega, escoltado por alguns destroiers. O Beaufort,
aproveitando-se de nuvens baixas, surpreendeu os navios, conseguiu lançar um torpedo sem que
os navios pudessem reagir com um único tiro. O Lutzow foi seriamente atingido, mas conseguiu
retornar à Kiel, onde permaneceu em doca seca por mais de seis meses.
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consideravelmente na localização das belonaves inimigas, especialmente à noite. Ao final deste
ano, um total de 28 navios inimigos havia sido afundado além de 20 outros danificados, mas as
perdas de aeronaves continuavam elevadas. Uma estatística da RAF, daquele tempo, dizia que a
probabilidade de sobrevivência de um piloto de caça era de 43%, dos tripulantes dos
bombardeios médios e pesados era de 44%, dos tripulantes dos bombardeios leves era de 25%
e a dos tripulantes dos torpedeiros do Comando Costeiro era de apenas 17%, podendo chegar
dependendo da maneira como era feita esta estatística à apenas 2%. Claro que esses são
valores médios, variando com a estação do ano, e com o esquadrão (tipos de missões
realizadas), mas de qualquer modo, as tripulações do Comando Costeiro eram aquelas que mais
sofriam baixas entre todas as unidades da RAF.
Nessa época, todas as aeronaves Beauforts operavam apenas com torpedos e eram as
responsáveis por boa parte da tonelagem afundada, mas seu futuro operacional na Grã-
Bretanha seria encerrado na primavera daquele ano, quando foram despachadas para o Teatro
de Operações Mediterrâneo, onde sua presença era muito necessária, de modo a atacar as
linhas de suprimento das forças do Eixo para o Norte da África. O substituto dos Beauforts
seriam os Handley Page Hampden, uma aeronave que o Comando de Bombardeio não queria mais
e que foi convertida para a sua nova missão, passando a equipar quatro esquadrões do Comando
Costeiro, e realizaram missões bastante eficientes, principalmente ao longo da costa sudoeste
da Noruega. Outra aeronave proveniente do Comando de Bombardeio, que passou a ser
utilizada pelo Comando Costeiro foram os Armstrong Whitworth Whitley VII, que realizavam
missões de bombardeio, principalmente contra navios operando na Baía de Biscaia.
No dia 22 de setembro de 1942, 32 Hampdens dos esquadrões Nº 144 e 455, este último com
tripulações australianas, foram deslocados para a base russa de Vaenga, para realizarem uma
missão especial: atacarem o couraçado Tirpitz, caso esse deixasse o fjord de Altenfjord, para
atacar o comboio PQ18, que estava dirigindo-se para o porto de Murmansk. Nove Hampdens
foram perdidos durante a jornada de ida, mas a operação não foi realizada. As aeronaves
restantes foram transferidas para os russos e as tripulações retornaram à Inglaterra a bordo
de Catalinas da RAF.
Enquanto isso, duas novas versões do Beaufughter eram desenvolvidas para ataques à navios.
No meio de 1942, os Mk IC foram substituídos pelos Mk VIC, que possuíam motores com mais
potência, melhor estabilidade a baixa altura, além de uma metralhadora atirando para trás,
operada pelo navegador. A outra versão era o "Torbeau" (Torpedo-Beaufighter), versão
torpedeiro do Mk VIC, que permanecia com os quatro canhões e com a metralhadora, mas
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utilizavam agora um novo torpedo, o Mk XV, que fora desenvolvido para ser lançado à altas
velocidades. Em novembro de 1942, foi formado em North Coates o 1º Grupo de Ataque,
constituído pelos esquadrões Nº 236 equipado com Beaufighter VIC e Nº 254 equipado com
"Torbeau", mas a primeira missão desse grupo, realizada no dia 20 daquele mês, não obteve
muito sucesso. Nesta missão, 25 Beaufighters decolaram para interceptar um comboio alemão
ao largo da costa holandesa, quando afundaram apenas um rebocador marítimo, e danificaram
outros dois navios ao preço de 3 abatidos pelos Me-109, 2 perdidos durante o pouso e 5 com
avarias pesadas.
Um Beaufigher "Torbeau"
A mudança de tática
O Comando Costeiro iniciou o ano de 1943 com seis esquadrões de Beaufughters, quatro de
Hampdens, cinco de Hudsons (dos quais três eram utilizados como reconhecimento) e dois de
Swordfish. A solução encontrada para resolver a doutrina de ataque foi a indicação do Wing
Commander Neil Wheeler como comandante do Esquadrão Nº 236, que poderia, com sua
experiência adquirida durante as operações com Beauforts em Malta, transmitir confiança e
otimismo, bem como logicamente novas táticas e procedimentos operacionais. Os Beauforts
haviam afundado vários navios do Eixo em suas operações na África do Norte, mas a um preço
elevado. Os remanescentes do esquadrão foram agrupados no Esquadrão Nº 39 em Luqa
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(Malta) sob o comando do Wing Commander Patrick Gibbs, que já havia voado anteriormente no
Esquadrão Nª 22 na Inglaterra. Gibbs insistia no emprego dos Beauforts do Esquadrão Nº 227
contra os navios e barcos antiaéreos, seguidos imediatamente dos torpedeiros, em vagas
sucessivas. As perdas continuavam elevadas, mas a tática causava um efeito devastador nos
comboios inimigos, com numerosos naufrágios.
Após algumas discussões, essas táticas foram adotadas, no primeiro ataque do ano, sòmente
realizado no dia 19 de abril, ao largo de Textel. Nesse dia, 51 Beaufighters operaram, incluindo
os do Esquadrão Nº 143, que havia se juntado ao Grupo de North Coates. Algumas das
aeronaves "antiantiaérea" foram carregadas com bombas e escoltadas por 22 Spitfires dos
Esquadrões Nº 118 e 167. Sob os gritos do comandante Wheeler de "Ataquem, ataquem.
ataquem...", os Beaufighters dirigiram-se para o alvo, com uma precisão nunca vista e o
resultado obtido foi muito bom. Quatro navios de escolta e um navio mercante foram , e ao
regressarem à base, as aeronaves foram recebidas pelo pessoal de terra, que posicionados ao
longo da pista de pouso os saudava entusiasticamente.
Esse ataque é um marco de mudança dos esquadrões de ataque do Comando Costeiro. Outro
fator que contribuiu para a melhoria dos resultados obtidos pelos esquadrões, foi a introdução
dos foguetes de ataque. Os Beaufighters podiam carregar oito desses foguetes sob as assas, e
cada um possuía uma cabeça explosiva de 25 libras. Esses foguetes eram lançados mirando-se a
linha d`água, pois existe um princípio que diz que "mais vale um furo abaixo da linha d`água do
que dez furos no tombadilho". O primeiro ataque utilizando esses foguetes foi realizado no dia
1 de junho de 1943, quando um Beaufighter do Esquadrão Nº 236 pilotado pelo Flying Officer
Mark Bateman, afundou o submarino U-418. Embora esse primeiro ataque tenha sido um
sucesso, as tripulações levaram algum tempo até se acostumarem com o novo equipamento, e na
média, os resultados obtidos ainda eram desanimadores.
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Um Mosquito atacando um navio no
Sande Fjord.
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404 (Royal Canadian Air Force) eram combinados e passam a formar o Grupo de Ataque de
Davidstow Moor - Cornwall, de onde poderiam operar contra a costa oeste da França.
Aos grupos de ataque do Comando Costeiro, foi designada a missão de proteger os flancos da
Força-Tarefa que estava levando as tropas que desembarcariam no dia 6 de junho, o Dia -D, na
Normandia. A eles se juntaram oito esquadrões da Fleet Air Arm, cinco de Avengers e três de
Swordfish. Os esquadrões realizaram diversas missões contra destroiers alemães que
tentavam se deslocar para o norte em direção à Força-Tarefa, bem como contra algumas
lanchas torpedeiras. Esses ataques foram realizados com a ajuda de um novo grupo formado
em Portreath, pelos Esquadrões Nº 235 e Nº 248, equipados com aeronaves Mosquito Mk VI,
recém introduzidos no Comando Costeiro. Os Mosquitos eram equipados com quatro canhões de
20 mm e quatro metralhadoras, além de oito foguetes. Alguns Mosquitos do Esquadrão Nº 248
eram equipados com um canhão Molins antitanque, capaz de atirar um projétil com peso de 6
libras, a uma razão de dois por minuto, utilizando um carregador com 25 projéteis, e eram
conhecidos por "Tsetse". Um submarino chegou a ser afundado por um desses Mosquitos no dia
25 de março de 1944 e outro no dia 10 de junho.
No final do mês de junho, o Grupo de Davidstow foi transferido para Strubby - Lincolnshire,
para concentrar esforços nos ataques ao tráfego naval proveniente da Noruega. Em setembro,
foi mais para o norte, indo operar a partir de Banff, juntamente com o Grupo de Portreath,
uma vez que todos os navios alemães que operavam a partir da França haviam sido destruídos,
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contra a costa norueguesa. A maioria dos navios alemães operava à noite, e ficavam escondidos
em fjords de dia. Os Mosquitos e Beaufighters não davam tréguas aos alemães, penetrando
nos fjords e atacando-os, sendo protegidos nesses ataques por Mustangs e por Mosquitos Mk
VI do Esquadrão Nº 333, operado por noruegueses. Esses, familiarizados com os fjords, agiam
como guias, levando as aeronaves do Comando Costeiro até os alvos.
Com o avanço terrestre das tropas aliadas pela Bélgica e sul da Holanda, ataques ao porto de
Roterdam tornaram-se inúteis, visto que os alemães não podiam mais utiliza-lo, e isso permitiu
que o Grupo de Ataque de North Coates de concentrasse nas águas dinamarquesas e na costa
sul da Noruega. Nessa fase da guerra, a utilização de torpedos havia sido praticamente
abandonada, e a arma mais empregada e eficiente era o foguete. Durante o ano de 1944, o
Comando Costeiro afundou 175 navios alemães, um aumento enorme comparado com os anos
anteriores, ao mesmo tempo, o que Comando de Bombardeio continuava a atacar os portos e os
estaleiros alemães, ajudados pelos Halifax do Comando Costeiro que minavam os portos. A
crise na Marinha Mercante alemã alcançou seu climax quando praticamente todos os navios de
escolta foram aniquilados bem como os portos suecos fechados aos alemães em setembro
daquele ano. Os restantes dos navios foram totalmente destruídos nos meses finais daquele
ano.
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Foguetes de 60 lb, sob a asa de um Mosquito
Ao mesmo tempo em que as tropas russas avançavam de leste, os barcos e U-boats alemães
deslocavam-se para oeste do Mar Báltico, tornando-se alvos para as aeronaves do Comando
Costeiro, que operavam nas costas dinamarquesas e nas costas alemãs do Mar do Norte. Até o
final da guerra 10 U-boats e 86 navios foram afundados pelas aeronaves inglesas naquela área.
O Grupo de Ataque de North Coates afundou outros 10 U-boats ao longo da costa holandesa.
Conclusão
Embora a ofensiva antinavio não tenha interrompido por completo a importação alemã de
minério de ferro e de outros minérios vitais da Suécia, ela aumentou sobremaneira a
dificuldade para a indústria alemã desde o início de 1943. O lançamento de minas realizado à
noite, afundou mais navios do que os ataques diurnos realizados, principalmente no Báltico,
enquanto que outros navios foram destruídos nos portos, pelos ataques da 8ª Força Aérea do
Exército dos Estados Unidos ou pelo Comando de Bombardeiros da RAF, mas cujo esforço
combinado foi um fracasso. Os estaleiros alemães não foram capaz de construir navios no
mesmo ritmo em que eram destruídos, bem como a Kreigsmarine não encontrava pessoal
treinado o suficiente para substituir os mortos e desaparecidos. A indústria alemã nunca foi
capaz de suprir a produção necessária bem como a Luftwaffe teve que deslocar unidades
permanentes para defender os portos e os estaleiros. A força de ataque do Comando Costeiro
nunca passou de 12 esquadrões, e esteve permanentemente engajada em ataques à objetivos
estritamente militares. Sua contribuição para a vitória final foi muito além do que se é
reconhecido.
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Apêndice
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