Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
RESUMO ABSTRACT
Londrina é uma cidade de porte médio com grau de urbani- Londrina is a medium size city, with a high urbanization stage
zação acentuado no contexto paranaense. Atualmente exis- for the state of Paraná context. Nowadays there are many
tem vários conflitos de ordem social e ambiental, como é o social and environmental conflicts, the irregular occupation
caso da ocupação irregular em fundos de vale, objeto de of margins of rivers (bottom of valley) studied in this paper is
estudo deste trabalho. Foram utilizados dados cartográficos a typical example. Using the cartographic data of the database
do Banco de Dados do SIG-Londrina, do grupo IMAP&P do of SIG-Londrina, by IMAP&P group, in the Geosciences
Departamento de Geociências da UEL, os quais foram pro- Department of UEL, the maps were processed by SPRING.
cessados no SPRING. Os mapas derivados gerados foram Then maps of legal restriction and environmental protection
os de restrição legal e de áreas de preservação ocupadas areas with human occupation were generated. The results
irregularmente. Os resultados apontam a existência de show the existence of 21,36km² of environmental protection
21,36km² de área de preservação permanente, sendo que area (area of permanent preservation), but 5,42km² (25,4%)
5,42km² (25,4%) encontram-se com ocupação irregular. of that area are irregularly occupied by urbanization.
89. Esta lei define em seu art. 2º que as faixas ribeiri- Legalmente, a vegetação riparia é parte da
nhas devem ter no mínimo 30 metros de largura quan- Área de Preservação Permanente, na qual é vedado
do a largura do rio não ultrapassar 10 metros, aumen- o corte de vegetação nativa ou qualquer outra forma
tando conforme a largura do corpo d’água. No caso de de exploração, definida pelo Código Florestal, lei fe-
ocupação destas áreas, a norma estabelecida através deral n.º 4.771/65, devendo ser respeitadas as fai-
da Medida Provisória 1956-53 de agosto de 2000, que xas marginais ao longo das margens dos rios, tendo
alterou o art. 4º do Código Florestal, dita que a supres- estas larguras variáveis dependendo da largura dos
são de vegetação em APPs e conseqüentemente a sua corpos d’água. Ainda a Lei de Crimes Ambientais (n.º
utilização só poderá ser efetuada para fins de utilidade 9.065/98) considera crime destruir ou danificar flo-
pública e/ou benefício social devidamente declarado pelo resta considerada de preservação permanente, mes-
poder público municipal. mo que em formação, bem como utilizá-la de forma
Outro instrumento legal de grande importância na indevida.
proteção do meio ambiente em áreas urbanas é o Pla- A vegetação marginal aos corpos d’ água (riparia)
no Diretor dos Municípios, instituído pela Lei 7.483/98 tem recebido nos últimos anos atenção especial sobre
de julho/2000, que traça diretrizes gerais para o questões relacionadas, dentre outras, à sua importân-
planejamento global da cidade e dita normas para a cia para a manutenção do equilíbrio do ecossistema
proteção dos fundos de vale. Em Londrina, as leis de aquático; às caracterizações quanto a florística; à es-
parcelamento do solo para fins urbanos de uso, ocupa- trutura genética de suas populações, ou ainda de ques-
ção e expansão urbana (aprovadas em 07/1998) defi- tões referentes à revegetação de áreas riparias degra-
nem as áreas de fundo de vale como “Áreas Especiais dadas (SOARES, 2000).
de Fundo de Vale e de Preservação Ambiental”, deven- A preservação da vegetação riparia é fundamen-
do ser respeitadas as áreas ao longo das margens dos tal para a proteção de córregos e rios, principalmente
corpos d’água, numa largura mínima de 30 metros de os que atravessam as cidades, pois estão sujeitos a
cada lado. Esses locais teriam como princípio a proteção
um elevado grau de intervenção antrópica. Tal vegeta-
dos corpos d’água e destinar-se-iam prioritariamente à
ção contribui para a estabilização das margens dos
formação de parques contínuos, visando à preserva-
corpos d’água, reduzindo o assoreamento e auxilian-
ção ambiental e à recreação.
do na manutenção da qualidade da água. Juntamente
Os fundos de vale situados em rios que são ma-
com a vegetação localizada em outras áreas, atua so-
nanciais de abastecimento mereceram por parte do
bre os elementos climáticos (em microclimas urbanos),
governo estadual uma lei que se preocupa com a sua
contribuindo para o controle da radiação solar, tempe-
preservação, a de n.º 8.935/89, que define algumas exi-
gências especiais para os empreendimentos ou ratura e umidade do ar, a velocidade dos ventos e a
atividades que porventura venham a ser efetivados nas ação das chuvas (ZANINI, 1998), além de reduzir a
proximidades dos mananciais de abastecimento públi- propagação de ruídos.
co. Neste caso específico consideram-se não só as Além das funções de estabilizar as margens dos
APPs como também o seu entorno, de acordo com uma rios e córregos, manutenção da qualidade da água e
avaliação técnica do órgão ambiental competente. atenuação de fatores climáticos, devem ser acrescen-
Em se tratando de empreendimentos ou ativi- tada para os fundos de vale sua importância em rela-
dades potencialmente poluidoras e/ou utilizadores de ção à fauna e flora nativa.
recursos naturais, a Lei Federal n.º 6.938/81 institui a A preocupação com a preservação dos fun-
obrigatoriedade de licenciamento ambiental para os dos de vale não é um mero capricho dos estudio-
empreendimentos que de alguma forma venham a alte- sos, governantes e até da própria população. É an-
rar o meio ambiente, sendo obrigatória a elaboração do tes de tudo uma necessidade a fim de se preservar
EIA - Estudo de Impacto Ambiental. e tentar recuperar a qualidade da água dos rios. Já
Popularmente mais conhecida como mata ciliar, é notório que a água é um dos elementos da nature-
a vegetação riparia se desenvolve ao longo dos rios, za essenciais à vida e como tal merece todo o cui-
mananciais, reservatórios e demais corpos d’água e está dado na sua conservação. Foi nesta linha de pensa-
entre os ecossistemas mais perturbados pela ação mento que o governo federal criou a Lei Nacional de
antrópica. Funciona como reguladora do fluxo de água, Recursos Hídricos n.º 9.433/97, que, além de traçar
sedimentos e nutrientes entre os ecossistemas aquáti- normas e diretrizes para o uso racional dos recur-
co e terrestre e é essencial para a proteção do solo e sos hídricos, determina o pagamento de taxas pelo
dos recursos hídricos (MENDONÇA; BARROS, 2002). uso da água.
secundários (Ribeirões Cafezal, Cambé, Lindóia, ção ao item (e), artigo 2o e o artigo 10o do Código Flo-
Jacutinga e Três Bocas), que desembocam no Rio restal.
Tibagi, no sentido leste (GRATÃO, 1989). Áreas com declividade igual ou superior a 30%,
O relevo favoreceu o desenvolvimento da malha consideradas como áreas de uso restrito, conforme o
urbana em direção norte, leste e noroeste, cuja inclina- Plano Diretor e regulamentado pela Lei 7.483/98, so-
ção das vertentes é pequena e o relevo suave ondula- mam um total de 5,39km2 e estão localizadas principal-
do. Já a porção sul, com a elevada inclinação de suas mente na região sudeste da cidade ou nos fundos de
vertentes, tornou-se um obstáculo para a expansão ur- vale. Estas áreas, juntamente com a de distâncias mí-
bana, pois a ocorrência de vertentes com inclinação de nimas das nascentes e dos corpos d’água (figura 1), ou
30o ou até mesmo acima de 45o é comum. seja, as Áreas de Preservação Permanente, foram utili-
Dos 154,35km2 de área total, não foi registrada zadas como variáveis para compor o mapa de restri-
nenhuma área com declividade acima de 45%, em aten- ções legais e somam 21,36km2 (figura 2).
A comparação entre as áreas de restrições legais ocupação destes espaços. O Plano Diretor da cidade
e as de uso e ocupação do solo permitiu definir as áreas (Lei n.º 7.483/98), em seu art. 71º, afronta a resolução do
de ocupação irregular no perímetro urbano, ou seja, Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) - (004/
5,42km², o que corresponde a 25,4% das áreas de pre- 85), uma vez que o primeiro estabelece que “nos
servação permanentes em fundos de vale, encontram- parcelamentos de áreas com frente para o lago Igapó I
se invadidas ou ocupadas irregularmente (figura 3). (entre a barragem e a Avenida Higienópolis), permite-se
Conforme visto anteriormente, as áreas que mar- que os lotes tenham frente para a lâmina d’água, demar-
geiam os cursos hídricos, conforme o Código Florestal cando-se a faixa inedificável de 15m (quinze metros) a
(1965), são consideradas “Áreas de Preservação Per- partir da margem”, enquanto que a resolução do Conama,
manente” e pela Lei Federal n.º 6.766/79, que dispõe em seu art. 3º determina que “ao redor das lagoas, lagos
sobre o Parcelamento do Solo Urbano, consistem em ou reservatórios d’água naturais ou artificiais, desde o seu
área non aedificandi (de 15 metros de cada lado). Con- nível mais alto medido horizonte, em faixa marginal cuja
forme a Lei Federal n.º 7.803/89, deve ser respeitada largura mínima será de 30 (trinta) metros para os que
ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o estejam situados em áreas urbanas”.
seu nível mais alto uma faixa marginal com uma largura O crescimento desordenado da cidade trouxe
mínima de 30 metros (aumentando conforme a largura uma série de problemas ligados à ocupação do espaço
do corpo d’água). urbano, gerando uma cidade complexa, onde os vários
As leis de parcelamento do solo para fins urba- atributos da natureza foram sendo degradados, criando
nos e de uso, ocupação e expansão urbana (aprovadas injustiça e necessidades sociais prementes, afetando
em 07/1998) em Londrina definem as áreas de fundo principalmente uma parcela da população menos
de vale como “Áreas Especiais de Fundo de Vale e de favorecida. É necessária uma atuação mais eficaz do
Preservação Ambiental”, devendo ser respeitadas as governo e também da iniciativa privada, para que haja
áreas ao longo das margens dos corpos d’água, numa urgentemente uma melhoria de condições de vida da
largura mínima de 30 metros de cada lado. Esses lo- população, principalmente a mais carente.
cais teriam como princípio a proteção dos corpos d’água A legislação ambiental vigente é suficiente para
e destinar-se-iam prioritariamente à formação de par- que o meio ambiente e os recursos naturais sejam
ques contínuos, visando à preservação ambiental e re- devidamente protegidos, porém falta o cumprimento
creação. destas leis pelas autoridades competentes. A divul-
Embora a legislação existente seja suficiente para gação das leis ambientais para a população, por meio
garantir a preservação dessas áreas, a ocupação irre- de campanhas publicitárias, é um instrumento muito
gular das APPs vem ocorrendo principalmente após os importante e poderá contribuir individualmente para
anos de 1970, promovidas por invasões e também pelo a melhoria da qualidade ambiental e de vida da po-
poder público municipal, que cedeu espaços em fundos pulação, e ainda para uma melhor fiscalização e cum-
de vales para entidades e associações, patrocinando a primento da legislação vigente.
REFERÊNCIAS
BARROS, M. V. F. Análise Ambiental Urbana: estudo aplica- TO APLICADO AO PLANEJAMENTO MUNICIPAL, 2., 1991,
do à cidade de Londrina PR. São Paulo, 1998. Tese (Douto- Serra Negra, SP. Anais...
rado) – Universidade de São Paulo. CAVALHEIRO, F. Urbanização e alterações ambientais. In:
BRASIL. Código Florestal (Lei nº 4.771/1965). Governo Fede- TAUK, S.M. Análise ambiental: uma visão interdisciplinar. São
ral. Disponível em:<www.senado.gov.br> (Legislação Federal). Paulo: Unesp/Fapesp. 1991. p. 88-99.
CÂMARA, G.; MEDEIROS, J. S. Mapas e suas representa- GRATÃO, L. H. O sítio urbano de Londrina. Primeiras noções
ções computacionais. In: ASSAD, E. D.; SANO, E. E. (Eds.). geomorfológicas. Departamento de Geociências, Universida-
Sistema De Informações Geográficas: aplicações na agricul- de Estadual de Londrina, 1989. 4 p. Mimeografado
tura. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1998. p. 13-29. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
CARRARA, A. L. R.; FORESTI, C.; SANTOS, J. R. A distribui- Censo demográfico do Brasil, Rio de Janeiro: IBGE, 2000. CD.
ção dos espaços verdes em áreas urbanas: cartografia e IPPUL (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Lon-
análise comparativa entre dados TM/Landast e HRV/SPOT. drina). Carta topográfica digital da área urbana de Londrina.
In: ENCONTRO NACIONAL DE SENSORIAMENTO REMO- Londrina, 1995. CD.