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Instituto Camillo Filho – ICF

Projeto JA
Núcleo de Assessoria Jurídica Comunitária Justiça e Atitude

RELATÓRIO DE ATIVIDADES/2006

FEVEREIRO/2007
TERESINA - PI

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1. ATIVIDADES DO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2006


1.1. ERENAJU: Encontro Nacional De Assessoria Jurídica Universitária

Nos dias 13 a 16 de abril desse ano, ocorreu o ERENAJU – Encontro da Rede


Nacional de Assessoria Jurídica Universitária em Fortaleza/CE, evento no qual
representantes do JA estiveram presente. Sediado pelos Projetos CAJU- UFC, SAJU –
UNIFOR e NAJUC – UFC. O encontro ocorreu no espaço do Centro de Humanas 2, da
Universidade Federal do Ceará. A recepção foi excelente e amplamente desejada pelos
viajantes do ônibus cedido pela Universidade Federal do Piauí, depois de 12 horas de
estrada, barro e muitas músicas. O JA acompanhou os projetos CAJUÍNA – UFPI e
Mandacaru – CEUT nessa jornada.

A junção de diversos projetos e o reforço


da intenção de perpetuar os princípios da
assessoria jurídica popular motivaram os
participantes a ministrar e compor oficinas
sobre diferentes temáticas: Assessoria
Jurídica e Movimento Estudantil,
Universidade e AJU, Gênero, Teatro do
Oprimido. O tema Movimentos Sociais
rodeou os diversos espaços de discussão no
encontro, sendo pelas bandeiras específicas
como do Movimento Sem Terra, Movimento

Fig.1: Confraternização Inicial dos Passe Livre (etc), seja pela função de
Projetos discutir a sociedade que se vê nessas
movimentações populares.

E como não poderia faltar, uma das contribuições do JA para o evento coma
realização da famosa Oficina do Amor. Afinal, JA com toda certeza é amor. Fora enfatizado
que no curso normal de nosso projeto, essa oficina é utilizada para discutir a carta de
princípios da RENAJU, assim como buscar a firmeza de que o amor é base de tudo que

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estamos a tentar construir. Após o encontro, muitos projetos já nos procuraram para enviar
esquematizada essa oficina pedagógica, o que nos deixa amplamente felizes com a
aceitação da discussão e o sucesso das dinâmicas (do amarrado, do balão e do toque).

Fig.2: Oficina do AMOR

A descontração veio com o forró e na hora das refeições, onde havia maior
integração dos participantes do encontro e rodas de conversas sobre as práticas dos projetos
pelo Brasil a fora. Posteriormente fora consensuado que um espaço fixo para que os
projetos possam expor suas práticas de maneira sistematizada é necessário e será incluso na
programação dos próximos encontros.

Momentos de tensão vieram com a plenária final e a discussão se a Rede deveria


explicitar apoio crítico a movimentos sociais. O JA preferiu não se posicionar devido ao
fato de preferir discutir melhor o tema internamente pra depois expor opinião. Mas como
espaço democrático que é a plenária no ERENAJU, terminou se efetivando o
posicionamento de apoio aos movimentos. Entretanto vale aqui expor uma crítica a esse
momento desgastante. Assessoria Jurídica em si é um movimento de construção e
discussão e por muitas vezes na plenária vimos discursos impositivos o que fragilizou o
debate, posto que várias pessoas não se sentiram confortáveis para se pronunciarem. Esse
poderá ser um ponto a ser discutido no próximo encontro que ocorrerá na semana santa de
2007, em Curitiba, Paraná.

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Deste encontro, o JA trouxe muitos ganhos: novas amizades que foram feitas,
fortalecimento com as AJUs de Teresina, além de várias reflexões e idéias para o futuro do
nosso projeto e maior participação das pessoas.

2. ATIVIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2006

2.1. Núcleo da Diversidade Sexual


(Transcrição do projeto do Núcleo da Diversidade entregue à Coordenação de Pesquisa e
Extensão e ao Diretor Geral do Instituto Camillo Filho em Agosto de 2006)
Desde o início, o Projeto JA dedica-se à formação de multiplicadores em Direitos
Humanos. Desta forma, não poderia furtar-se do trabalho com a temática “Diversidade
Sexual”.
A proposta do Núcleo da Diversidade objetiva uma prática emancipatória diante do
público GLTB, através do entendimento a cerca dos Direitos Humanos, assim como dos
dispositivos concretos na atualidade e dos instrumentos e combate a discriminação e
violência, tendo como grupo referencial de comunidade de atuação o Grupo de Resistência
Homossexual Miridiwa.
Os objetivos propostos foram:
• Promover a emancipação do público GLTB (Gays, Lésbicas, Travestis,
Transexuais e Bissexuais) com a realização de atividades dialógicas que
transmitam conhecimento.
• Produção de conhecimento sobre a temática Diversidade Sexual;
• Estabelecer troca de conhecimentos entre o público GLTB e acadêmicos do
Instituto Camillo Filho;
• Demais objetivos do Projeto Justiça e Atitude em si.
A metodologia utilizada forma oficinas pedagógicas, grupos de estudo, pesquisa e
produção de textos.
As oficinas foram dispostas de modo a intercalar atividades teóricas de capacitação
dos acadêmicos do projeto e atividades práticas de vivência junto aos participantes do
Grupo Miridiwa.

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Assim, resumem-se as oficinas efetivadas no segundo semestre de 2006:

A- Oficina de Apresentação do Projeto JA (TEÓRICA)


Ministrante: Coordenadores do JA
Público: Acadêmicos do JA
Descrição: Apresentação do Projeto Justiça e Atitude; explanação do que é Assessoria
Jurídica Comunitária e noções de Direitos Humanos. Será realizada dinâmica de
entrosamento entre calouros e veteranos no JA, com ênfase em relatos pelos veteranos de
sua convivência com o projeto.

B - Oficina: E essa tal diversidade sexual... (TEÓRICA)


Ministrante: João Leite (Coordenador do Grupo Miridiwa)
Público: Acadêmicos do JA
Descrição: Falas sobre diversidade sexual, partindo do histórico, organização, segmentação,
etc. O militante do Grupo Miridiwa irá falar sobre o grupo em si, sobre tratamento e as
expectativas do grupo.

C – Oficina: Práticas de Assessoria Jurídica Comunitária (TEÓRICA)


Ministrante: Projeto Cajuína.
Público: Acadêmicos do JA
Descrição: Narrativa das experiências dos outros projetos de assessoria jurídica
comunitária, técnicas do teatro do oprimido, indicações de temáticas e vias para abordar os
temas das oficinas e aplicação da dinâmica do Amor.

D – Oficina de Inserção do Projeto JA na Comunidade (PRÁTICA)


Ministrante: Acadêmicos do JA
Público: Grupo Miridiwa

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Descrição: Os acadêmicos, através de uma prática dialógica, transmitirão os conhecimentos
acerca dos Direitos Humanos, o que é preconceito e descrever assessoria jurídica popular e
o Projeto Justiça e Atitude.

E – Oficina: Diversidade Sexual (PRÁTICA)


Ministrante: Acadêmicos do JA
Público: Grupo Miridiwa
Descrição: As falas se basearão nos conceitos de Identidade, Homofobia, Segmentação do
Movimento GLTB e as ações estatais e não estatais em relação a Diversidade Sexual.
Também será enfatizada a expressão da demanda GLTB quanto à efetivação do respeito ao
homossexual.

F – Oficina: Homossexual, Direito e Saúde (TEÓRICA)


Ministrante: Acadêmicos do JÁ e profissionais da área de Saúde
Público: Acadêmicos do JA
Descrição: Indicação e análise crítica das vias onde o direito concretiza a proteção à
dignidade do público GLTB. Explanação sobre AIDS e Doenças Sexualmente
Transmissíveis, campanhas, prevenção, tratamento, etc.

G – Oficina: Como o Direito acolhe o Homossexual? (PRÁTICA)


Ministrante: Acadêmicos do JA
Público: Grupo Miridiwa
Descrição: Através de dinâmicas serão abordados os seguintes temas: proibição á
discriminação, direito de família, direito previdenciário, legislação federal, estadual e
municipal, dente outros aspectos. Será questionado o que ainda falta para efetivar o respeito
legal ao homossexual.

H – Oficina: Como o Homossexual se sente na sociedade? (PRÁTICA)


Ministrante: Acadêmicos do JA
Público: grupo Miridiwa

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Descrição: Nesta oficina, será necessário dividir o conjunto em dois grupos. Um trabalhará
com a aplicação da técnica do teatro do oprimido pelos acadêmicos do JA.

I – Oficina: E a saúde, como está? (PRÁTICA)


Ministrante: Acadêmicos do JA
Público: Grupo Miridiwa
Descrição: Será explanado acerca da AIDS e das Doenças Sexualmente Transmissíveis
sobre os aspectos da prevenção, sintomatologia, tratamento, etc. Serão exibidos exemplos
de campanhas sobre o tema, incentivando o debate crítico quanto a efetividade desses
meios e incentivando o grupo a simulação de um campanha de mídia que seja efetiva no
combate dessas doenças.

J – Oficina: Protagonismo Social (TEÓRICA)


Ministrante:
Público: Grupo Miridiwa
Descrição: Explanação de como ser protagonista social, descrevendo meios e espaços
destinados à participação popular. Também será abordado a questão de como ser um
multiplicador em Direitos Humanos e a efetiva emancipação social.

L – Oficina: Sou protagonista ou coadjuvante nessa sociedade? (PRÁTICA)


Ministrante: Acadêmicos do JA
Público: Grupo Miridiwa
Descrição: Serão abordadas diversas situações onde há necessidade de participação popular
e será questionada se a atitude tomada pelo indivíduo, o descreve como protagonista social
ou não. Será conceituado o que é ser protagonista social, emancipação e a necessidade de
ser multiplicador em Direitos Humanos.

M – Hora de Avaliar! ( PRÁTICA)


Ministrante: Acadêmicos do JA
Público: Grupo Miridiwa

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Descrição:

N – Encerramento e Avaliação Interna (TEÓRICA)


Ministrante: Coordenadores do JA
Público: Acadêmicos do JA
Descrição: Será apresentado o resultado da avaliação realizada junto ao Grupo Miridiwa e
os acadêmicos serão questionados quanto a metodologia, programa e atividades do Núcleo
da Diversidade, sendo indicados os pontos que deverão ser mantidos e os que deverão ser
modificados. Recebimento dos artigos feitos pelos acadêmicos para possível publicação.
Eleição dos novos coordenadores do JA.

2.2. III SEMANA JURÍDICA

No período de 31 de outubro a 02 de novembro, o


Centro Acadêmico de Direito da faculdade
realizou a III Semana Jurídica, na qual o JA fez-se
presente. Integrantes do Projeto ministraram o
mini-curso Direito e Diversidade Sexual que
revelou a procura muito grande dos acadêmicos
do Instituto em esclarecer essa temática tão Fig.3 – III SEMANA JURIDICA

abordada na atualidade. Dividiram-se os inscritos


no mini-curso em 3 salas distintas para um a
melhor abordagem do tema, discutido em forma
de oficina.

Fig.4 – III SEMANA JURIDICA

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2.3. ENNAJUP: I Encontro Norte/Nordeste de Assessorias Jurídicas Universitárias
Populares

Mais uma vez o JA pode mostrar seus estudos e


conhecimento na temática Diversidade Sexual.
Realizado entre os dias 11 e 15 de outubro no
Setor de Esportes da Universidade Federal do
Piauí, o ENNAJUP contou com a participação do
JA facilitando a oficina sobre homo diversidade.

Fig.5 – ENNAJUP

2.4. CORERED: Encontro Nacional De Assessoria Jurídica Universitária

O CORERED é um encontro realizado entre os Centros Acadêmicos das faculdades do


Maranhão, Ceará e Piauí para decidirem sobre o ERED (Encontro Regional de Estudantes
de Direito) da III Regional. O ERED 2007 deverá acontecer em Teresina, entre os meses de
março e abril. No Conselho de organização foi decidido que as AJUP´s ( Projetos de
Assessoria Jurídico Populares) também deliberariam no tocante à organização do evento, e
com isso o JA conjuntamente com o projeto CAJUINA da UFPI entraram efetivamente no
grupo de organização. O Diretório Acadêmico do Instituto saiu da organização restando ao
JA representar a faculdade junto às outras Instituições de Ensino que participam do
Encontro.

3. CONCLUSÕES GERAIS QUANTO A ATUAÇÃO DO PROJETO JA EM 2006.


1) Avaliação positiva das oficinas realizadas;
2) A maioria dos integrantes apresentou suas oficinas temáticas com uma metodologia
voltada para a integração dos participantes do Miridiwa e JA;
3) Maior reconhecimento e participação do Projeto na faculdade e sociedade, visto que o
JA inseriu-se na comunidade e alem de oficinas ministradas fora do Instituto, representa
o mesmo na organização do ERED 2007.

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4) Maior envolvimento e compromisso social por parte dos acadêmicos integrantes.
Propostas de maior atuação do JÁ em 2007.

4. CERTIFICADOS
A carga horária expressa nos certificados dos acadêmicos e coordenadores do
Projeto JA será de 54 horas/aula, resultado do somatório de 13 oficinas de duração de 04
horas/aula cada. Será ofertado certificado aos participantes da comunidade com a carga
horária de 28 horas/aula, somatório de 07 capacitações práticas com duração de 04
horas/aula cada, como será demonstrado a seguir.

a) acadêmicos coordenadores

b) acadêmicos participantes

c) Grupo Miridiwa

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ANEXOS

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ANEXO I
VII ERENAJU
(ENCONTRO DA REDE NACIONAL DE ASSESSORIA JURÍDICA
UNIVERSITÁRIA)
OFICINA DO AMOR
JA é AMOR no ERANAJU 2006/FORTALEZA – CE

O Amor como Princípio Fundamental da Assessoria Jurídica Popular

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A Oficina do Amor foi inspirada no curso seqüencial intitulado Educação desde e
para Direitos Humanos, coordenador pelo Professor Warat. Nesse curso existe a disciplina
do Amor com quarenta horas de duração. Brincamos com os componentes da oficina
dizendo ser interessante imaginar provas e avaliações didáticas sobre o amor.

De toda forma, essa oficina é parte do processo de capacitação dos participantes do


Projeto Justiça e Atitude - JA e se insere na tentativa de discutir a carta de princípios da
Rede Nacional de Assessoria Jurídica Universitária. Inicialmente fazemos duas oficinas em
separado, a do Amor que será aqui descrita e outra específica sobre assessoria jurídica
utilizando a dinâmica da Confiança. Entretanto para o ERENAJU fizemos a junção dessa
dinâmica às outras da primeira oficina. Abaixo segue passo a passo a descrição pedagógica
desse instrumento.

1. Nome:

Oficina do Amor - O Amor como princípio fundamental da Assessoria Jurídica


Popular

2. Objetivos

O interesse dessa oficina é causar estranheza em seus participantes e fazer com que
cada um note algumas de suas barreiras sentimentais que servem de obstáculo para maior
interação com o próximo. Também é um momento de descoberta do outro, como pessoa
que possui fraquezas, e descoberta do grupo como ente feito da diversidade. A discussão
termina por fazer referência aos princípios da Carta da RENAJU e o grupo terminará por
constatar que o amor (confiança e respeito) norteiam esse elenco de condutas.

3. Material:

a) Sacos de lixo escuros recortado em tiras (podem ser retalhos de pano


cortados para vendas e amarras) ;

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b) Balões coloridos, contanto que tenham cores repetidas;
c) Várias fichinhas com o elenco dos sentimentos das Carta de Princípios da
RENAJU, que deverão ser colocadas dentro dos balões.
d) Aparelho de Som;
e) Músicas animadas (de preferência infantis, tipo Xuxa, Chiquititas, etc) e
calmas (introspectivas tipo Miss You Love - Silverchair).
f) Local fechado, onde possa se conseguir um ambiente escuro.

4. Duração

60 a 90 minutos. Haverá indicação de limites para cada dinâmica, entretanto esse


não é um ponto rígido já que depende do grupo com o qual se realiza tal oficina.

5.Descrição

Primeiramente, divulga-se a oficina sem revelar o sentido da palavra amor.


Interessante que as pessoas pensem que a Oficina do Amor faz referência a um tipo de amor
específico, como o sexual, espiritual, maternal etc. Utiliza-se frases como: Vamos fazer
amor mais tarde? Vamos amar mais tarde? Olha vai ter um grupo que vai amar mais tarde,
topa ir? etc. A preparação é importante, pois as pré-noções também serão trabalhadas no
decorrer da oficina. As pessoas vão preparadas para discutir sexualidade, por exemplo, no
intuito de mais ouvir do que falar e quando se deparam com um direcionamento diferente
terminam se integrando mais.

Estando todos no ambiente destinado à oficina, faz-se uma dinâmica de


apresentação. Saber o nome das pessoas é o início da interação. No ERENAJU/2006
optamos pela dinâmica de memorização dos nomes, fazendo um círculo e cada pessoa
falava seu nome e repetia os que já foram falados, até chegar ao primeiro que iniciou a
atividade. Entretanto, obviamente esse é um ponto flexível, cabe ao facilitador escolher
uma movimentação para efetivar esse primeiro contato. O que não pode deixar de acontecer
é a apresentação.

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Posterior divide-se o grupo em duplas (preferencialmente com pessoas que não
tenham maior contato anterior) e começa a dinâmica do amarrado que trabalhará a
confiança. Uma pessoa será vendada e terá suas mão atadas, de preferência para trás, pois
assim interfere-se mais com senso de profundidade e direção da pessoa. A outra que está
livre, guiará seu par pelo local. O facilitador pede para que as duplas saiam da sala e
explorem o local. Algumas vezes, o facilitador pedirá que o guia rode seu par, para evitar
que o amarrado comece a criar noção do espaço por onde caminha vendado. No término de
10 a 15 minutos, o facilitador pede para que retornem á sala, com sinais. O amarrado não
pode saber que está voltando à sala, para que suas emoções estejam a flor da pele quando
da narração de sua aventura.

Ainda vendados (com as mãos livres), as pessoas falam como se sentiram. A maioria
das pessoas faz referência aos portadores de deficiência, das limitações que os espaços
geram a essas pessoas. O facilitador então pergunta se eles confiaram nos guias e por que.
As explanações são as mais diversas: “Ele me levou pra um lugar que nem sabia onde
era!”, “A pessoa não me avisava dos degraus!” , “O meu guia me levou pra beber água!”,
“O meu me colocou no banheiro feminino.. etc...”. Faz-se as mesmas perguntas aos guias:
Qual a sensação de está guiando alguém? A maioria responde que é responsabilidade.

Pronto, chegamos o ponto de discutir a Confiança que as pessoas sentem pelas


outras. Não é um sentimento fácil de se efetivar. Confiança advém de um processo de
conhecimento do próximo. E requer em contrapartida a responsabilidade em quem se
confia. Entregar-se nas mãos de outra pessoa que ainda não se tem intimidade é uma
dificuldade peculiar no ser humano. Esse momento deve durar 15 minutos.

Então, mudam-se os pares. A preferência é fazer pares do mesmo sexo. Agora a vez
da dinâmica do toque. Apaga-se a luz e pede-se para que os participantes fechem os olhos.
Coloca-se uma música calma e pede para que as pessoas se toquem. O facilitador dá as
instruções do toque: Peguem nas mãos! Nos braços, depois pernas. Rosto. Toquem os
olhos, nos lábios e por aí vai. Chega um determinado momento que o facilitador pede para
que as pessoas procurem peculiaridades no corpo do parceiro, como uma cicatriz, um sinal
etc. Então, pede-se que parem.

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Ainda de olhos fechados, pede-se que as pessoas descrevam os parceiros e a
sensação de tocar outra pessoa e ser tocado. Essa é uma dinâmica de estranheza porque as
pessoas sentem vergonha de algum detalhe em seus corpos e se sentir esquadrinhado por
uma pessoa que nem conhecem intimamente faz com que sentimentos diferentes apareçam.
Algumas pessoas dizem que se sentiram desconfortáveis, outras não e por aí vai. Agora já
podem abrir os olhos.

Algumas pessoas ainda não conseguirão olhar nos olhos do parceiro. No mínimo,
haverá certa cumplicidade entre as pessoas que se tocaram.

Assim, no momento posterior, a discussão já fluirá mais leve e solta. Interessante


dessa dinâmica na seqüência do Projeto JA é que as pessoas ficam menos inibidas em se
posicionarem e também aparecem mais afeitas a conhecer os outros, não se restringindo
mais aos mini-grupinhos que sempre existem. Duração dessa situação: 15 minutos.

Agora vem a dinâmica dos balões. O facilitador já deverá ter colocado as fichinhas
dentro dos balões. As fichinhas terão os seguintes termos: respeito, confiança, sociedade
justa, direitos humanos, assessoria jurídica popular, desmistificação do Direito, amor.

Entregará para as pessoas e pedirá que os encham. Colocara a música infantil e


pedirá que brinquem com o balão nos seguintes comandos: - Joguem os balões pro ar sem
saírem do lugar; - Agora saiam do lugar e brinquem pela sala, sem deixar o balão cair; -
Troquem os balões; - Troquem por balões da mesma cor; - Estourem os balões!

Nessa situação, as pessoas voltam a se descontrair como crianças. O facilitador


dirigirá a exposição das pessoas quanto aos sentimentos que se sente quando se é criança. O
ponto aqui é saber porque quando se é criança se ama mais, se confia mais e porque
mudamos quando crescemos. Destinados 10 minutos para esse momento.

Depois a discussão será em torno das fichinhas. O facilitador deixará que o grupo
converse agora, conceituando os termos apresentados nos papelotes e incentivando a
reflexões como: Quem você não consegue amar? O que tem tudo isso em comum com o
amor? Com a AJU? E com a confiança? Há assessoria jurídica sem amor? E dá-se
prosseguimento. O facilitador deverá intervir quando sentir que a discussão está

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desanimando. Todas as dinâmicas efetuadas formam um processo de desprendimento para
que as pessoas possam falar com sinceridade e quando estiverem refletindo saberem que
existem aspectos que as impedem para total integra à atividade da assessoria jurídica. Ponto
crucial e objetivo da oficina. Deverá durar o máximo de tempo possível.

O encerramento dessa oficina poderá ser com uma reflexão, a leitura de um conto
(indicamos a história de São Jorge e o Dragão, com o sentido que as pessoas terminam por
criar armaduras e viver em combate que desaprendem amar) ou outro elemento à escolha
do facilitador.

Mensagem do Projeto JA:

Muitas pessoas encaram, inicialmente, essa oficina como uma brincadeira.

Entretanto temos que ver que a atividade de assessoria jurídica é uma resposta a um
mundo brutalizado que utiliza o Direito para mitigar a dignidade do ser humano. O que é
prático e rápido toma lugar da reflexão, do sentimento.

Enquanto participantes da Assessoria Jurídica, por mais libertadora que seja essa
prática, seus componentes não estão a salvo do ‘não sentir’. Temos certeza que todos
querem fazer o melhor para modificarem a realidade. Entretanto, não é pelo fato de serem
de projetos de Assessoria Jurídica que as pessoas são boazinhas, politicamente corretas ou
um ser humano melhor que um opressor que capitaliza vidas. Existe hipocrisia e demagogia
e não estamos alheios de efetuar posturas que contenham esses elementos.

Somos pessoas que se insurgem com o que está posto, mas devemos nos dar o
direito de nos estranharmos e sentir o outro. Não basta lutar por esse ser, se não se quer
proximidade, não se tem confiança e respeito. Não somos direcionadores das comunidades
nas quais se atua. Porque ‘tanger’ gente é o que não queremos.

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A oficina do Amor é uma modesta representação da necessidade de estarmos sempre
nos perguntando sobre nossos sentimentos e sentido de justiça. Por isso não é uma
brincadeira banal.

Confiar e respeitar é coisa séria.

Amar é crucial.

ANEXO II
Oficina A – 05/08/06

Tema: Oficina de Apresentação do Projeto JÁ (TEÓRICA)


Objetivos: É o primeiro encontro dos antigos
participantes do Projeto com os novos inscritos.
Momento em que há esclarecimentos do sobre o
Projeto, seus objetivos, sua metodologia para
Capacitação e importância na formação do aluno.
Fig.6 – OFICINA A

Desenvolvimento: Foi feita uma dinâmica de apresentação, na qual o objetivo era


descontrair e ao mesmo tempo ajudar a memorizar o nome dos outros participantes. Forma-
se uma roda e cada participante diz seu nome e em seguida uma qualidade que tenha como
letra inicial a mesma do seu nome, gesticulando a qualidade. Após a primeira rodada, cada
pessoa fala o nome do integrante à sua direita gesticulando a qualidade por ele feita.

ANEXO III
Oficina B – 12/08/06

Tema: E essa tal diversidade sexual... (PRÁTICA)


Objetivos: A oficina tratou de diversidade sexual. Antes de iniciar o tema, foi feita uma
dinâmica para apresentar o grupo, na qual foram espalhadas varias figuras no chão e depois

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foi pedido para que cada pessoa pegasse uma figura. Quando todas já estavam com suas
figuras na mão, foi pedido para que cada um dissesse o seu nome e o porque de ter
escolhido aquela figura.

Desenvolvimento: Após a dinâmica de apresentação começou o desenvolvimento do tema


“diversidade sexual” em que foram discutidos vários aspectos, como:
• nossa sociedade reproduz uma moral que tem como característica oprimir e excluir
determinados grupos, qualquer um que não se encaixe nos rígidos padrões por ela
estabelecidos é discriminado e esse é um dos motivos pelo qual a luta pela livre
orientação sexual é mais difícil.
• A luta pelo direito à diversidade sexual é muito antiga, mas ela ficou mais evidente
no dia 28 de junho de 1969 quando em um bar nova-iorquino freqüentado por gays
e afins, chamado Stonewall. Os freqüentadores, cansados das humilhações e da
violência causadas pela policia, se revoltaram gerando uma grande manifestação
contra a homofobia, que percorreu as ruas de Nova Iorque por três dias. Daí nasce o
dia internacional do orgulho gay e o atual movimento GLBTT, lutando pelos
direitos civis, humanos e sociais dos que não possuem a orientação sexual
predominante.
• A orientação sexual indica o gênero (masculino ou feminino) que uma pessoa se
sente preferencialmente atraída fisicamente e/ou emocionalmente. Ela pode ser
bixessual (atração por ambos os gêneros), heterossexual (atração pelo gênero
oposto) e homossexual (atração pelo mesmo gênero).
• O homossexual é uma das minorias mais discriminadas, pois para se ter uma idéia,
enquanto para os membros das demais minorias sociais a família constitui o
principal grupo de apoio no enfrentamento da discriminação praticada pela
sociedade global, no caso dos homossexuais, é no próprio lar onde a opressão e a
intolerância fazem-se sentir mais fortes. Enquanto as igrejas cada vez mais
defendem e abrem espaço para outras minorias sociais, as portas das igrejas
continuam fechadas aos homossexuais.

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• É fundamental que as entidades e lideranças engajadas na luta pela cidadania


reconheçam que os direitos sexuais também são direitos humanos e que eles não
podem ser limitados apenas a certos grupos e seus projetos particulares, mas a todos
os segmentos que formam a sociedade, que sofrem e são discriminados.
• A homossexualidade é considerada como um crime em diversos paises até hoje,
com punições desde multas até à pena de morte, apesar de em outros a tolerância e
mudanças de mentalidade vir aumentando e, ate mesmo, estarem sendo autorizados
matrimônios entre pessoas do mesmo sexo e adoção de crianças por parte dos
mesmos.
• A violação aos direitos humanos contra as minorias sexuais podem ser traduzidas
em: casos de desigualdade no sistema educacional; casos de obstáculos ao direito
dos transexuais para conservar sua identidade de gênero; ações de impedimentos
para participação política dos homossexuais; e casos de desigualdade no sistema de
saúde; além de agressões físicas e verbais perpetradas por civis, bem como
agressões ou detenções policiais baseadas na orientação sexual.
Depois dessa discussão sobre o tema foi feita uma outra dinâmica que consistiu em
dividir o grupo maior em grupos menores e cada grupo fez um comercial com o
seguinte tema: vende-se um homossexual. Essa dinâmica foi muito divertida, os grupos
foram bem criativos e rendeu muitas risadas.
Após essa dinâmica houve o encerramento da oficina sobre diversidade sexual onde
cada um dos integrantes relatou suas conclusões e perspectivas quanto a diminuição do
preconceito e, conseqüentemente, melhor aceitação da sociedade.
Houve boa interação entre os integrantes do grupo JÁ e Miridiwa. O fluxo de idéias foi
proveitoso para todos.

ANEXO III
Oficina C - 26/08/06
Tema: Práticas de Assessoria Jurídica Comunitária (TEÓRICA)

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Objetivo: Discussão da realidade que nos cerca e das formas de interferir e modificar essa
realidade, para melhor entender o trabalho da Assessoria Jurídica Popular.

Desenvolvimento:
MATERIAIS UTILIZADOS

• Cartolinas
• Tesoura
• Pinceis
• Fita Adesiva
• Barbante

1° Momento – Dinâmica do Quem Somos? – É distribuído para cada participante um


pincel e uma folha de papel. Pede para cada um que coloque seu nome e um defeito ou
qualidade. Em seguida cada um se apresenta dizendo o seu nome e explicar a característica
que colocou no papel. Em seguida cada participante coloca o seu papel em mural onde tem
um nome “Quem Somos?”. Em seguida o coordenador explica a importância de trabalhar
em grupo para construirmos um grupo de assessoria jurídica popular.

2° Momento
• Divide-se a turma em grupos
o Para cada grupo é entregue uma cartolina e pincéis
• Após distribuir as cartolinas, cada grupo deverá desenvolver nela uma forma de
intervir na sociedade a partir dos conhecimentos adquiridos na faculdade.

3° Momento – Cada grupo deverá apresentar o seu cartaz levantando questões acerca das
formas de interação entre aluno e comunidade na construção de uma sociedade mais justa.

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4° Momento – Dinâmica da Teia - Abre-se uma grande roda tendo um dos participantes o
rolo de barbante na mão. Cada participante deve dizer em uma única palavra o que espera
do Projeto JA no semestre e, em seguida, jogar o rolo de barbante pra outra pessoa na roda
segurando-o em um de seus pontos, formando, ao final, uma grande teia com o barbante no
centro da roda. Em seguida o coordenador, que foi o que iniciou com o lançamento do rolo
de barbante, explica a importância de trabalhar em grupo para a assessoria jurídica popular.

Fig.7 – OFICINA C Fig.8 – OFICINA C

ANEXO V
Oficina D – 23/09/06
Tema: Inserção do Projeto JA na Comunidade (PRÁTICA)
Objetivo: é o JA se inserindo no meio social, repassando o conhecimento sobre
Direito, assessoria jurídica, assistência, estabelecendo formas de interação entre os
integrantes do projeto e a comunidade.
Desenvolvimento: Foi feita uma rápida dinâmica de apresentação para familiarizar
os nomes dos integrantes do Grupo Miridiwa com os do JA e após isso, uma grande
roda para uma conversa franca, onde todos podiam falar e expor suas opiniões e
dúvidas sobre a temática Diversidade Sexual. Cada integrante do Grupo Miridiwa
pôde contar um pouco da sua vivência na sociedade e das dificuldades que
enfrentam, assim como os integrantes do JA puderam falar de sua convivência com
o tema Homodiversidade.

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ANEXO VI
Oficina E – 30/09/06

Tema: Diversidade Sexual (PRÁTICA)


Objetivo: através do diálogo, transmitir informações do Grupo Miridiwa e esclarecer
duvidas nesses primeiros contatos do JA.
Desenvolvimento: a Oficina se deu em forma de debate. Os integrantes do Projeto
conversaram abertamente com o João – representante do Grupo Miridiwa- que pode
explicar muito sobre identidade, homofobia, GLTB e tirar as dúvidas sobre o tema.

Fig.9 – OFICINA E Fig.10 – OFICINA E

ANEXO VII
Oficina F – 07/10/06

Tema: Homossexual, Direito e Saúde (TEÓRICA)


Objetivo: Desmistificar a visão que se tem na sociedade da relação entre
homossexualidade e HIV/ AIDS.

Desenvolvimento:

• Textos:

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HOMOAFETIVIDADE E SAÚDE

Breve Histórico

O homossexualismo vem sendo debatido por diversos ângulos. Do ponto de vista da saúde,
ele é visto pelas muitas questões que o rodeiam e não pela sua condição em si, uma vez que
deixou de ser considerado como doença. A saúde do homossexual está sendo discutida do
ponto de vista do seu conforto psicológico, a partir da sua aceitação sócio-cultural

Por ser uma questão que envolve vários aspectos polêmicos, em especial os culturais,
jurídicos e sociais, o homossexualismo costuma também ser um tema controverso para a
saúde.

Centenas de pesquisas foram realizadas e outras centenas estão em curso para tentar definir
a homossexualidade: trata-se de uma doença? Um distúrbio? Uma perversão? Uma opção?
Seja como for, embora os números variem, aceita-se dizer que cerca de 10% da população é
lésbica ou homossexual numa parte significativa das suas vidas, conforme explica o Grupo
Gay da Bahia (GGB), atuante ONG (Organização Não-Governamental), em sua página na
Internet sobre o assunto.

“É difícil determinar percentagens exatas devido ao fato de muitos daqueles que temem o
preconceito esconderem a sua orientação sexual”, ponderam. Segundo o GGB, “os
indivíduos homossexuais crescem em todo o tipo de lares, em todos os tipos de famílias.
São criados nas áreas rurais, nas grandes cidades e em todos os locais deste mundo. Os
homossexuais estão presentes em todos os grupos sócio-econômicos, étnicos e religiosos
imagináveis”.

Assumindo-se estes dados como verdadeiros, estamos tratando aqui de uma parcela
consideravelmente grande da população, realmente expressiva, impossível, portanto, de ser

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ignorada nas suas questões de saúde, assim como nas suas demandas sociais, culturais ou
jurídicas.

No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) em Minuta de Resolução do dia 03 de


março de 1999, estabelece uma série de normas de atuação para os psicólogos em relação à
questão da Orientação Sexual, em especial partindo do princípio que a homossexualidade
“não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. De acordo com o que rege esta
minuta do CFP, os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham
tratamento e cura das homossexualidades, devendo eles apenas “contribuir com seu
conhecimento para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de
discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos e práticas
homoeróticas”.

De acordo com a edição 27, ano XII, de agosto de 1993, do Boletim do Grupo Gay da
Bahia (GGB), em 1985, anos antes, portanto, do CFP se pronunciar sobre o tema, o
Conselho Federal de Medicina também passou a impedir a classificação da
homossexualidade como desvio e transtorno sexual.

Homoafetividade e Problemas de Saúde

Epidemologistas estimam que 30% de todos homossexuais masculinos com 20 anos de


idade serão HIV positivo ou morrerão de AIDS (Sida) pela idade dos 30 anos, oq eu
significa que a incidência de AIDS entre vinte a trinta anos de idade no homem
homossexual é aproximadamente 430 vezes maior do que entre a população heterossexual
de forma geral.

Na América Latina, aproximadamente 43,5% dos casos de AIDS estão relacionados à


transmissão homo-bissexual (Cáceres; Chequer, 2000). No Brasil, na década de 90,
aproximadamente 24% dos casos de AIDS estão relacionados à transmissão homo e
bissexual, contra aproximadamente 30% dos casos relacionados à transmissão

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heterossexual. Na década de 80, as estatísticas brasileiras registravam aproximadamente
47% dos casos relacionados à transmissão homo-bissexual, contra 10% entre os
heterossexuais. Tais porcentagens demonstram que a transmissão homossexual é tão
importante quanto a heterossexual, ao mesmo tempo em que apontam para uma tendência à
diminuição do número de casos entre os homossexuais. No entanto, raras foram as
iniciativas governamentais de prevenção destinadas à população homossexual masculina
que pudessem marcar a relevância da transmissão homossexual na disseminação do
HIV/AIDS ou com as quais pudéssemos relacionar a tendência à diminuição de casos.
Quase todas as iniciativas de prevenção conhecidas foram realizadas por ONGs/AIDS e
grupos gays. No caso do Brasil, a primeira campanha governamental a ser realizada em
nível nacional está prevista para 2002.

No campo da epidemiologia, também são escassos e pouco difundidos os estudos


epidemiológicos que, qualitativamente, se debruçam sobre a questão da homossexualidade
e podem ajudar na compreensão de como a epidemia vem afetando diferentes populações
de homens com práticas homossexuais e com quais outros problemas de saúde e doenças se
cruzam. A realização de mais estudos poderia, inclusive, ampliar a compreensão de como as
porcentagens de casos relativos à transmissão heterossexual subiram e como caíram os
casos devidos a transmissão homossexual.

Nos últimos anos, a homossexualidade, como categoria social, tem sido objeto de pesquisas
e debates, que vêm colocando à luz diferentes processos de como identidades sociais e
políticas são conformadas a partir da vivência de desejos sexuais por pessoas do mesmo
sexo (Heilborn, 1996; Parker, 1991; McRae, 1990). No campo da epidemiologia também
tem sido problemática a definição da homossexualidade como categoria epidemiológica, e
o seu enfoque se apresenta complexo e difícil. Nem sempre a transmissão homo-bissexual
corresponde a casos de pessoas com uma identidade sexual/social definida como
homossexual, podendo ser até pessoas que se definam socialmente como heterossexuais.
No Brasil, 18% dos casos de AIDS entre homens ainda acusam transmissão por causa
ignorada, e a dificuldade de compreender quem são e o que acontece nestes 18% pode ser

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resultado de limites dos instrumentos epidemiológicos e da complexidade em definir
epidemiologicamente o universo homossexual. Pode ser que entre estes 18% estejam
incluídos homens com práticas homossexuais esporádicas ou constantes e com identidades
sociais heterossexuais (Brasil, 2001a).

Se houve uma queda no número de casos relacionados à transmissão homo-bissexual, ou se


há uma tendência à estabilização no número de novos casos, seria interessante conhecer o
porquê e como essas mudanças se distribuem por diferentes segmentos da população
homossexual, levando em conta fatores como idade, raça, classe social, áreas geográficas,
entre outros. Há registros que apontam para a juvenilização e a pauperização na incidência
do HIV/AIDS no Brasil e em outros países (Pimenta et al., 2001). Jovens com práticas
homossexuais têm sido apontados como especialmente vulneráveis ao HIV e podem
aumentar outra vez a incidência de AIDS entre a população homossexual masculina. Antes
que novos estigmas sejam criados ou antigos reforçados, é importante a realização de
estudos que possam analisar essas tendências e fatores correlatos, que possam orientar
ações de prevenção e contribuir na definição sobre as necessidades no âmbito da saúde que
os homens com práticas homossexuais possam estar expressando, não somente aquelas
relacionadas ao HIV/AIDS, também a outras doenças e fatores de vulnerabilidade.

Prevenção e Assistência

Calcula-se que menos de 5% dos recursos totais empregados em prevenção na América


Latina tenham sido destinados ao HIV/AIDS na população homossexual (Cáceres;
Chequer, 2000). No Brasil, essa proporção pode ser um pouco maior, mas certamente não
corresponde à importância que a transmissão homo-bissexual tem no perfil da epidemia na
região. No entanto, estudos têm demonstrado que a população de homens que fazem sexo
com homens está entre aquelas que mais praticam sexo seguro e que são melhor informadas
sobre as DST/AIDS, o que certamente colabora para que, de uma forma geral, a epidemia
venha diminuindo sua incidência nessa população, ainda que possivelmente de maneira
não-uniforme (Brasil, 2001b).

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Como já mencionei, segmentos da população mais jovem, em situação de pobreza ou sob
efeitos de fatores de vulnerabilidade, como opressão sexual, violência familiar e policial,
entre outros, apresentam níveis preocupantes de HIV e merecem cada vez mais a atenção
das iniciativas de prevenção (Pimenta et al., 2001). As dificuldades para a prevenção nessas
populações estão relacionadas à vergonha e à culpa que ainda cercam a abordagem da
homossexualidade nas iniciativas de prevenção e mesmo de assistência (Warner, 1999). A
culpa e a vergonha podem estar fundamentando as representações que dizem que todo
homossexual é potencialmente um doente de AIDS e responsável pela disseminação do
vírus em outros segmentos populacionais, o silêncio e a invisibilidade de expressões,
imagens ligadas à homossexualidade na mídia e nas campanhas de prevenção, o medo que
os homossexuais sentem de fazer o teste ou a crise que se segue ao receber um resultado
soropositivo, já que pode se considerar ou ser considerado culpado de ter se infectado pelo
HIV.

A culpa e a vergonha podem ainda estar mesmo embutidas nas mensagens de prevenção,
quando recomendam o sexo mais seguro como um mandamento a ser cumprido à risca, sem
chances de falhas, que, quando acontecem, são vistas como irresponsabilidade, negligência
ou fracasso do indivíduo em negociar e praticar o sexo seguro. As iniciativas de prevenção
devem levar em conta que a negociação do sexo mais seguro está sujeita a uma série de
fatores e circunstâncias que variam ao longo da história do indivíduo. Talvez não seja
possível praticar sexo seguro sempre, em todas as relações sexuais, durante toda a vida. É
importante, no entanto, procurar entender estas variações e circunstâncias ao longo do
projeto de vida dos indivíduos, em vez de reforçar os aspectos normativos e de controle que
as mensagens de prevenção possam conter, e que podem alimentar sentimentos de culpa e
vergonha, cada vez que alguma prática de risco ocorrer.

Um outro desafio para a prevenção do HIV em homens com práticas homossexuais tem
sido as abordagens metodológicas a serem utilizadas. Até a segunda metade dos anos 90, os
modelos e teorias comportamentais foram os mais utilizados nas iniciativas de prevenção
(Parker, 2000). Nos últimos anos, esses modelos vêm sendo criticados e reformulados, já

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que priorizam mudanças comportamentais, como se o risco pudesse ser evitado a partir de
normas técnicas a serem recomendadas e adotadas e que seriam as práticas de sexo mais
seguro. Tais modelos comportamentais mais tradicionais, ao se concentrar em alterar e
medir um aspecto do indivíduo - a mudança comportamental - terminam por deixar de lado
outros aspectos mais sociais e culturais, que também têm se mostrado importantes de se
considerar e trabalhar nas iniciativas de prevenção. Nesse sentido, outros modelos vêm
orientando as intervenções, chamando a atenção para questões mais estruturais, como a
situação socioeconômica e o respeito de direitos civis, e para fatores, como a opressão
sexual, violência familiar e policial, racismo, nível de escolaridade, entre outros; vêm
também, de forma isolada ou em sinergia, determinando a vulnerabilidade ao HIV/AIDS e
também a outras doenças.

Os modelos comportamentais foram importantes para, num momento de emergência,


ampliar os níveis de informação sobre os riscos e sobre as formas de prevenção e chamar a
atenção para a urgência e a necessidade de mudar certos comportamentos. Mostraram como
é possível, evitando certas práticas e adotando outras, manter uma vida sexual, mesmo em
presença do HIV/AIDS. Porém, até por conta dessas condições de emergência, muita
ênfase foi dada ao HIV/AIDS, a ponto de este terminar quase que sendo a única doença ou
marcador de saúde possível para os homossexuais. Da mesma forma, foram privilegiados
aspectos técnicos e normativos, que visam à eficácia do indivíduo em manejar as técnicas
de prevenção, e terminam por apresentar o sexo mais seguro como mais um regulamento de
controle da sexualidade, sem levar em conta outros aspectos da vida do indivíduo, como a
qualidade de sua vida sexual, o prazer e a felicidade.

Ao tentarmos levar esses modelos comportamentais para outros segmentos sociais, sua
aplicação também se mostrou limitada, pois, para muitos, a adoção e manutenção de
práticas mais seguras está intimamente relacionada a mudanças de fatores de
vulnerabilidade, como aqueles já mencionados. Nesse caso podemos mencionar grupos
étnicos oprimidos, populações empobrecidas, onde a defesa dos direitos humanos, além das

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recomendações para mudanças comportamentais, é fundamental na prevenção do
HIV/AIDS e na promoção da saúde.

Nas próximas décadas, torna-se necessário a elaboração e o emprego de modelos com


perspectivas mais integrais e holísticas de saúde num sentido mais amplo. Não apenas o
HIV deve ser enfatizado, mas também a identificação de outras necessidades, a prevenção a
outras doenças, a defesa dos direitos humanos, o enfrentamento das condições de opressão
sexual e social e, principalmente, a promoção da felicidade como um objetivo a ser
alcançado na busca de uma saúde coletiva e individual plena (Ayres, 2002).

A categoria orientação sexual geralmente não é considerada nas pesquisas clínicas sobre o
risco para diferentes doenças que podem afetar os homens. Dessa maneira, os problemas e
necessidades de saúde de populações com diferentes orientações sexuais terminam não
sendo conhecidas pela profissão médica (Tuller, 2001). Esse tem sido uma dos grandes
obstáculos para o tratamento de homens com práticas homossexuais. Temas como saúde
mental, abuso de substâncias, outras doenças sexualmente transmissíveis e prevenção à
violência pouco têm levado em conta a questão da orientação sexual, o que revela uma
lacuna nos programas de pesquisa em saúde. Seria interessante, além dos efeitos do HIV,
conhecer também como a questão de orientação sexual influencia na vulnerabilidade para
doenças como hepatite C, HPV (papiloma vírus, que pode causar câncer cervical nas
mulheres e câncer no ânus em homossexuais), entre outras infecções virais transmitidas
sexualmente, assim como na prevenção e tratamento ao câncer de próstata.

Com relação à saúde mental, é pouco conhecido como os efeitos do estresse de viver numa
sociedade com tantos preconceitos contra a homossexualidade afetam a saúde psíquica e
física dos homossexuais. Assim sendo, mais estudos são necessários sobre como a
depressão, atitudes destrutivas e uso de drogas, entre outros, estão relacionados às
dificuldades de viver uma orientação sexual diferente da dominante.

A homofobia, que ainda acontece nos serviços de saúde, é outro obstáculo para o acesso a
serviços de saúde e para um tratamento correto. Diferentemente de países como os EUA e

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alguns da Europa Ocidental, onde há serviços de saúde dirigidos por profissionais de saúde
assumidamente homossexuais, no Brasil esta é uma realidade distante, e tampouco existem
programas de assistência para a população de homossexuais, tal como já existe para outras
populações, como os programas de saúde da mulher.

Sem esquecer dos esforços de prevenção e tratamento para o HIV/AIDS, a intenção deste
artigo é chamar a atenção para estratégias que possam reforçá-los e fazer com que alcancem
um número cada vez de maior de homens com práticas homossexuais. No que diz respeito à
assistência, possivelmente a inclusão da orientação sexual nos estudos clínicos sobre as
doenças pode ampliar as possibilidades de atenção para uma saúde mais integral, incluindo
o HIV. Conhecer as diferentes condições e necessidades de saúde das populações
homossexuais, valorizando as suas variadas identidades, expressões e projetos políticos e
culturais é uma forma de reconhecê-las socialmente e romper com o referencial da doença,
que tem prevalecido até a atualidade em grande parte do pensamento sobre
homossexualidade e saúde. Isso certamente permitirá uma atenção menos massificada,
estigmatizada e mais respeitosa com as diferenças.

Uma das lições aprendidas na atenção à saúde de grupos sociais marginalizados é a


importância de incluir na noção de tratamento, a noção de cuidado, que, segundo Ayres
(2002), ampliaria o foco para além de tratar sintomas, mas considerar também a trajetória e
os projetos de vida dos indivíduos. O tratamento seria, assim, uma forma de contribuir não
apenas para a supressão dos sintomas clínicos, mas também para o desenvolvimento de
projetos de vida, de estímulo à inserção social e de realização pessoal.

Conclusão
Em 14 de setembro de 2004, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da
Câmara de Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 5.448 de 2001, que estabelece o crime de
discriminação em razão de doença de qualquer natureza, alterando a Lei nº 7.716, de 5 de
janeiro de 1989. Trata-se de um grande avanço do ordenamento Jurídico Brasileiro e da
sociedade civil visto que amplia a proteção legal a parcelas da população vitimas do odioso
preconceito e discriminação em relação a doenças de qualquer tipo, como AIDS e câncer.

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Os portadores dessas doenças são impedidos de freqüentar clubes, escolas, hotéis,
restaurantes, transportes públicos e outros ambientes.
O projeto tem como autor o Deputado Nelson Pellegrino e, como relatora, a Deputada Juíza
Denise Frossard.
Os desafios aqui expostos, apontam para a importância da interdisciplinaridade dos
diferentes saberes, da solidariedade entre pesquisadores e ativistas, e da integralidade das
ações de prevenção e assistência como princípios norteadores para a identificação e
enfrentamento, para a prevenção e o tratamento do HIV/AIDS e de outras questões de
saúde dos homens homossexuais. Os estudos epidemiológicos devem estar em sintonia com
a pesquisa social sobre a homossexualidade, incluindo a compreensão de fatores de
vulnerabilidade social ao HIV/AIDS, de forma que as análises sobre o impacto da epidemia
sejam as mais precisas, e a definição de políticas de prevenção, melhor orientadas. Os
estudos clínicos também poderiam considerar a questão da orientação sexual para uma
melhor compreensão sobre incidência, risco e vulnerabilidade e outras doenças que podem
afligir homens com práticas homossexuais.
A prevenção e a assistência devem estar integradas, como maneira de garantir uma atenção
mais completa e que vise à felicidade individual e coletiva. A prevenção, em qualquer
grupo populacional, mas especialmente em grupos estigmatizados, não deve se converter
em mais um regulamento de normas com caráter disciplinador sobre o que é certo ou
errado, mas sim em um conjunto de ações que visem a emancipação e a felicidade. Nesse
caso, a promoção dos direitos humanos de ser parte fundamental deste conjunto das ações e
intervenções no campo da saúde.

ANEXO VIII
Oficina G – 14/10/06

Tema: Como o Direito Acolhe o Homossexual? (PRATICA)


Objetivo: A oficina desenvolvida pelo projeto JÁ tratou do Homossexual e o Direito. Teve
como abordagem principal os direitos que a eles são negados e que eles pleiteiam.

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Desenvolvimento: Durante a pesquisa e também durante a oficina que, começou com uma
dinâmica em que todos colocaram numa folha de papel qual direito eles achavam que era
mais negado, verificou-se que o maior direito que eles pleiteiam é a união civil porque
através dela eles passam a ter vários benefícios que um casal de heterossexuais casado ou
com união estável tem, como direito de herança, seguro social, luto, entre outros benefícios
só concedidos a casais heterossexuais De 1989 aos dias atuais, vários paises vêm
regulamentando essa questão, garantindo por lei que os casais homossexuais possam se unir
civilmente e gozar dos direitos advindos dessa união, como exemplos podemos citar a
Dinamarca (que foi o primeiro pais a permitir a união civil entre pessoas do mesmo sexo), a
Noruega, França, entre outros. No Brasil existe um projeto de lei que visa disciplinar a
união civil entre pessoas do mesmo sexo. Essa união tão almejada vem só regulamentar
uma situação que já existe de fato.

Mas o grande problema esta na nossa Lei Maior, a Constituição, que trata o
casamento, a formação de família e a união estável especificadamente entre homem e
mulher (art. 226, §3º e §5º), o que gera um grande impasse para que haja uma reforma no
nosso código civil para regulamentar a união dos homo afetivos, já que todo o nosso
ordenamento jurídico deriva da CF. Seria necessária então uma emenda à Constituição, para
a promulgação do projeto de lei. Por enquanto q única solução encontrada por eles é fazer
um contrato de convivência, mas que não garante os benefícios da união civil, somente da
uma maior segurança.

Outro grande problema enfrentado pelos homossexuais é a discriminação e o


preconceito. Como nosso código penal não tipifica a homofobia como crime, não há como
punir pessoas que cometem esse tipo de “delito”. A única coisa que se pode fazer é
denunciar as pessoas que cometem esse tipo de ato discriminatório por injúria, calúnia ou
difamação, os quais as penas (quando se consegue punir as pessoas) são pequenas para a
gravidade do ato. No Piauí através da Lei 5431/1194 e suas regulamentações, pune-se
administrativamente, atos discriminatórios contra gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros
do Estado. Entre as sanções, estão previstas aplicações de multa entre R$ 1 mil e R$ 50 mil,

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suspensão da licença de funcionamento por 30 dias ou até mesmo a interdição do
estabelecimento, e que, segundo integrantes do Grupo Miridiwa, nunca chegaram a ser
aplicadas a casos concretos. Ainda é grande o preconceito e a discriminação existente
contra esse grupo de pessoas e providencias devem ser tomadas porque cada vez mais vem
aumentando a violência contra essas pessoas que apenas querem ter o direito de viver
dignamente suas vidas, exercer seus direitos de cidadãos e principalmente de pessoas
humanas, sem importar a quem elas são ligadas afetivamente, pessoa do mesmo sexo ou
não.

A adoção é outro direito que os homo afetivos almejam, e que muitos casos tem sido
negada. A adoção é feita por uma pessoa ou duas que recebem a guarda da criança, que tem
como sustentá-la, dar boa educação, uma vida digna. Só que a realidade que se vê é que
muitos casais homossexuais querem e podem adotar uma criança, mas esse direito é negado
a eles somente pela sua opção sexual.

O último tema discutido foi a violência contra eles, principalmente contra os


travestis, que são os mais marginalizados. Muitos são os casos relatados, pelos próprios
integrantes do grupo, de violência contra essa faixa da população, mas o grande problema
deriva justamente do preconceito e da discriminação. A única coisa que se pode fazer ate o
momento é fazer com que eles (homo afetivos) conheçam seus direitos, lute por eles e não
deixem que ninguém negue a eles ou os fira injustamente, por simples preconceito.

Talvez, ou quem sabe com certeza, o gerador de todos os problemas aqui relatados,
seja justamente da falta de conhecimento e do preconceito das pessoas. Se a união civil
fosse permitida e a homofobia fosse tipificada como crime, talvez o preconceito e a
discriminação diminuíssem ou pelo menos não seriam tão às claras como é hoje. O
problema, na verdade, está na cabeça das pessoas que tem medo das diferenças, do
diferente, essa é a grande verdade.

ANEXO IX

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Oficina H – 21/10/06

Tema: Como o Homossexual se sente na sociedade? (PRATICA)


Objetivo: Questionar as formas de discriminação que acontecem na sociedade e como o
homossexual se sente e reage diante delas.
Desenvolvimento:
1° Momento – Como a oficina envolveria atuação e necessitaria da maior descontração
possível dos integrantes do JA e Miridiwa, a dinâmica inicial foi buscada nas aulas de
Teatro. Tratava-se de dividir o grupo em duplas e cada uma, de frente para a outra, fixando
o olhar em alguma parte no corpo da pessoa à sua frente, deveria movimentar-se sem tirar
os olhos dela, acompanhando uma os passos da outra.

2° Momento – Foi feito um Teatro onde cada grupo pode repassar um pouco do visto na
Oficina anterior em forma de dramatização. Cada grupo contou com um integrante do
Miridiwa e teve que montar uma pequena peça aos moldes do Teatro do Oprimido.
Segundo a técnica desse Teatro, cada grupo representava pela dramatização uma situação
de opressão e injustiça na sociedade e as pessoas do projeto que assistiam à peça poderiam
interagir ao final apontando formas com as quais o oprimido poderia dar fim à sua situação
de opressão.

Fig.11 – OFICINA H Fig.12 – OFICINA H

ANEXO X
Oficina I – 11/11/06

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Tema: E a saúde como está? (PRATICA)
Objetivo: momento em que foi explanado por um profissional da área de saúde acerca da
AIDS e das Doenças Sexualmente Transmissíveis: prevenção, tratamento etc.
Desenvolvimento: A oficina ocorreu em forma de debate. A estudante de biomedicina,
Ester Miranda, apresentou conteúdos específicos sobre medidas profiláticas de doenças
sexualmente transmissíveis.

ANEXO X1
Oficina J – 18/11/06

Tema: Protagonismo Social (TEÓRICA)


Objetivo: refletir sobre o papel, em geral omisso, do homossexual na sociedade, que se
deixa oprimir; e discussão de formas de emancipação do oprimido, em particular, desse
homossexual.
Desenvolvimento:
• 1º Momento: Dinâmica do emboladão - Faz-se um círculo de mãos dadas com
todos os participantes da dinâmica. O Coordenador deve pedir que cada um grave
exatamente a pessoa em que vai dar a mão direita e a mão esquerda. Em seguida
pede que todos larguem as mãos e caminhem aleatoriamente, passando uns pelos
outros olhando nos olhos (para que se despreocupem com a posição original em que
se encontravam). Ao sinal, o Coordenador pede que todos se abracem no centro do
círculo" bem apertadinhos". Então, pede que todos se mantenham nesta posição
como estátuas, e em seguida dêem as mãos para as respectivas pessoas que estavam
de mãos dadas anteriormente (sem sair do lugar). Então pedem para que todos,
juntos, tentem abrir a roda, de maneira que valha como regras: Pular, passar por
baixo, girar e saltar. O efeito é que todos, juntos, vão tentar fazer o melhor para que
esta roda fique totalmente aberta. Esta dinâmica propõe uma maior interação entre
os participantes e proporciona observar-se a capacidade de improviso e socialização,
dinamismo, paciência e liderança dos integrantes do grupo.

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• 2º Momento: Divide-se a turma em 4 grupos, sendo entregue para cada um deles 2


textos: 1 que é repassado para todos os grupos (texto1), e outro dentre 4 textos
diferentes que mantêm relação entre si através da temática( textos 2 a 5)
TEXTO 1:

DISCRIMINAÇÃO

Há duas formas de discriminar: a primeira, visível, reprovável de imediato e a segunda,


indireta, que diz respeito a prática de atos aparentemente neutros, mas que produzem
efeitos diversos sobre determinados grupos.

A discriminação pode se dar por sexo, idade, cor, estado civil, ou por ser a pessoa,
portadora de algum tipo de deficiência. Pode ocorrer ainda, simplesmente porque o
empregado propôs uma ação reclamatória, contra um ex-patrão ou porque participou de
uma greve. Discrimina-se, ainda, por doença, orientação sexual, aparência, e por uma série
de outros motivos, que nada têm a ver com os requisitos necessários ao efetivo desempenho
da função oferecida.

Na esfera do direito, a Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas


de Discriminação Racial, de 1966, em seu artigo 1º, conceitua discriminação como sendo:
“Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor descendência
ou origem nacional ou étnica que tenha o propósito ou o efeito de anular ou prejudicar o
reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro
domínio da vida pública.”

Deve-se destacar que os termos discriminação e preconceito não se confundem, embora a


discriminação tenha muitas vezes sua origem no simples preconceito.

Ivair Augusto Alves dos Santos afirma que o preconceito não pode ser tomado como
sinônimo de discriminação, pois esta é fruto daquela, ou seja, a discriminação pode ser
provocada e motivada por preconceito. Diz ainda que:Discriminação é um conceito mais

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amplo e dinâmico do que o preconceito. Ambos têm agentes diversos: a discriminação
pode ser provocada por indivíduos e por instituições e o preconceito, só pelo indivíduo. A
discriminação possibilita que o enfoque seja do agente discriminador para o objeto da
discriminação. Enquanto o preconceito é avaliado sob o ponto de vista do portador, a
discriminação pode ser analisada sob a ótica do receptor.

Renata Malta Vilas-Bôas destaca que apesar do termo “discriminação” ser geralmente
utilizado com conotação negativa, nem toda a discriminação tem esse sentido.

Afirma que quando esta consistir em dar um tratamento diferenciado a um grupo, ou


categoria de pessoas, visando menosprezá-las, como já foi estudado, será chamada de
discriminação negativa. Ao contrário, quando se tratar de ações que visam equiparar
grupos ou pessoas que são discriminadas negativamente, de modo a trazê-las para a
sociedade de uma forma igualitária, ter-se-á a chamada discriminação positiva.

Entre as várias formas de implementação da discriminação positiva, a ação afirmativa se


encontra como uma das mais conhecidas por procurar minimizar as desigualdades
existentes entre grupos discriminados negativamente ao longo da história, através da
aplicação de políticas públicas.

TEXTO 2:

OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO SÉCULO XXI

Devemos começar por negar que o preceito referido possa ser considerado suficiente
para a resolução do problema. Se é certo que aí se afirma claramente que os preceitos
constitucionais vinculam as entidades privadas, não se diz em que termos se processa essa
vinculação e, designadamente, não se estabelece que a vinculação seja idêntica àquela
que obriga as entidades públicas.
Também a solução não pode ser deduzida simplesmente do conceito de liberdade
definido pela Constituição. A nossa lei fundamental não crisma uma opção liberal-
individualista, nem uma opção colectivistatotalitária.

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Afinal, estamos perante um conflito entre duas dimensões da liberdade, ou da liberdade
com a igualdade. A liberdade que os direitos fundamentais pretendem garantir não é apenas
um abstracto valor social, mas sobretudo o poder de disposição ou a auto-determinação dos
indivíduos concretos, e é, por sua vez, em nome da liberdade geral ou da liberdade negocial
que podem defender-se certas compressões à aplicabilidade dos preceitos constitucionais
nas relações entre particulares.
As primeiras pretendem dar maior protecção aos indivíduos em face dos grupos privados
ou indivíduos poderosos, revelando uma especial sensibilidade às relações de desigualdade
que se multiplicam no mundo do trabalho, da política, da vida social e até da vida familiar.
Fazem apelo para isso ao forte pendor socializante da Constituição e à necessidade de os
poderes públicos assegurarem a todos os níveis a igualdade e a justiça social, intervindo e
organizando, estabelecendo imperativos, disciplinando e proibindo.
As segundas procuram defender uma margem de liberdade de acção para os particulares,
tentando evitar que, através de um intervencionismo asfixiante ou de um igualitarismo
extremo, se afecte o sentimento de liberdade, a iniciativa e a capacidade de realização dos
indivíduos concretos. Privilegiam, por isso, as normas constitucionais que indiciam a
autonomia privada, o livre desenvolvimento da personalidade, a liberdade negocial.
Porém, todos acabam por concordar em certos pontos essenciais: que os sujeitos
privados poderosos não podem ser tratados como quaisquer outros indivíduos e que devem
ser consideradas ilícitas nas relações privadas as diferenças de tratamento ou as restrições
que atinjam a dignidade das pessoas, por um lado; mas, que não pode destruir-se a
autonomia pessoal e que a liberdade negocial e geral não pode ser negada, por outro lado.
Daqui resulta a nossa convicção de que, seja qual for a teoria adaptada, os seus quadros são
capazes de suportar soluções concretas equilibradas e justas.
No entanto, não pode ignorar-se, pelo menos, que, por detrás da pluralidade de opiniões
da doutrina jurídica nesta matéria, estão em jogo questões teóricas estruturais, como são a
do significado do instituto jurídico-constitucional dos direitos fundamentais e a do papel do
legislador e dos tribunais (enquanto órgãos de fiscalização da constitucionalidade) no
contexto da divisão constitucional dos poderes.

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TEXTO 3:

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o


Executivo e o Judiciário.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

TEXTO 4:

Os Direitos Fundamentais e o Direito Penal

Na realidade, sendo o direito penal um ordenamento historicamente anterior ao direito


constitucional, com uma antiga tradição normativa e um notável desenvolvimento doutrinal
e jurisprudencial, poderia à primeira vista estranhar-se a convocação do direito
constitucional para a regulação e a resolução de questões penais.
Por um lado, as determinações criminalizadoras seriam materialmente constitucionais,
corporizando os valores éticos básicos da comunidade. Por outro lado, os princípios gerais
de direito criminal e, designadamente, o princípio da legalidade, só por si, implicando a
definição estrita do tipo legal do crime, constituiriam, no plano substantivo, fundamento
adequado e garantia suficiente para assegurar a justiça penal e a protecção dos direitos das
pessoas no contexto de uma actividade processualmente jurisdicionalizada e reservada aos
tribunais.
Esse entendimento de auto-suficiência do direito penal não é, porém, hoje, compatível
com os princípios da constitucionalidade efectiva e da aplicabilidade directa dos preceitos
respeitantes aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Apesar da anterioridade
histórica do direito penal, o direito constitucional, pela sua superioridade e anterioridade
normativa, tem de entender-se sempre convocado, pela simples razão de que neste espaço
normativo se determina a possibilidade de aplicação de medidas de privação da liberdade
das pessoas.
Por isso, o legislador criminal não é livre ao definir os tipos legais de crime, tendo de
respeitar os valores constitucionais e, especificamente, segundo se afirma na própria
doutrina penalista, as regras e os princípios constitucionais que regem a restrição dos
direitos, liberdades e garantias, precisamente porque tal definição justifica a privação da
liberdade individual.

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Para além dessa ligação básica, que vale para a generalidade das normas incriminadoras,
o direito constitucional há-de entender-se especialmente convocado quando estejam
directamente envolvidos, como bens jurídicos protegidos ou restringidos, os direitos
fundamentais.
De facto, os direitos fundamentais das pessoas, na sua dimensão objectiva, constituem
valores comunitários e, nessa medida, bens jurídicos valiosos, cuja protecção pode ou deve
ser assegurada pelo Estado através da incriminação da respectiva ofensa, seja por
autoridades públicas, seja por outros particulares – por isso, as leis penais prevêem e punem
os crimes contra as pessoas: contra a honra, contra a reserva da vida privada, bem como
contra outros bens jurídicos pessoais, como a imagem e a palavra. E, em determinadas
hipóteses, a lei penal tem mesmo de regular situações nas quais se verifica, pelo menos na
aparência, uma colisão entre direitos fundamentais ou um conflito entre um direito
fundamental e um outro valor comunitário, como acontece claramente, em face da
liberdade da expressão ou do direito de informação dos jornalistas, na definição do tipo e
das condições de punibilidade da difamação e da injúria ou na punição da violação do
segredo de justiça.
Ora, aí necessariamente, os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos
fundamentais têm de estar implicados a título principal, quando se determina a intensidade
normativa da protecção dos bens pessoais e, sobretudo, quando se harmonizam ou se
estabelecem preferências entre direitos fundamentais ou entre esses direitos e valores
sociais ou estaduais.
E essa intervenção principal dos preceitos constitucionais não se dirige então apenas ao
legislador, quando este configura o crime, mas sobretudo ao julgador, quando é chamado a
aplicar o preceito da lei penal ao caso concreto.

TEXTO 5:

Estado laico é Estado leigo, neutro.

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Conforme De Plácido e Silva: "LAICO. Do latim laicus, é o mesmo que leigo,
equivalendo ao sentido de secular, em oposição do de bispo, ou religioso." (SILVA, 1997, p.
45)

O termo laico remete-nos, obrigatoriamente, à idéia de neutralidade, indiferença. É


também o que se compreende nos ensinamentos de Celso Ribeiro Bastos, onde

"A liberdade de organização religiosa tem uma dimensão


muito importante no seu relacionamento com o Estado. Três modelos
são possíveis: fusão, união e separação. O Brasil enquadra-se
inequivocadamente neste último desde o advento da República, com
a edição do Decreto119-A, de 17 de janeiro de 1890, que instaurou a
separação entre a Igreja e o Estado.

O Estado brasileiro tornou-se desde então laico. (...) Isto


significa que ele se mantém indiferente às diversas igrejas que
podem livremente constituir-se (...)".

(BASTOS, 1996, p. 178)

O Estado laico é garantia essencial para o exercício dos direitos humanos.


Confundir Estado com religião implica a adoção oficial de dogmas incontestáveis, que, ao
imporem uma moral única, inviabilizam qualquer projeto de sociedade pluralista, justa e
democrática. A ordem jurídica em um Estado democrático de Direito não pode se converter
na voz exclusiva da moral católica ou da moral de qualquer religião." ( Folha de São Paulo,
06/10/03, Tendências/Debates)

ANEXO XII
Oficina L – 25/11/06

Tema: Sou protagonista ou coadjuvante nessa sociedade? (PRATICA)


Objetivo: conceituar o que é protagonismo social, emancipação e necessidade de ser
multiplicador em Direitos Humanos.
Desenvolvimento:
1º Momento: Dinâmica do beijo – é feito um circulo e
cada integrante deve beijar a bochecha de seu integrante
da direita. Ao completar o beijo na roda completa, o que
iniciou volta o beijo, invertendo o sentido.

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2º Momento: Os integrantes foram divididos em grupos
e a cada um deles foi distribuído um texto sobre
Protagonismo Social. Após a leitura e discussão do texto
entre si, cada grupo montaria uma esquete tentando
mostrar o antes e depois dos grupos oprimidos que
percebem-se protagonistas sociais
Fig.13 – OFICINA L

TEXTO:
A Ânsia de Protagonismo Social
Qual o sentido de tamanha azáfama neste mundo? Qual a finalidade da
avareza e da ambição, da perseguição de riqueza, do poder e da
proeminência? Satisfazer as necessidades da natureza? O salário do mais
humilde trabalhador pode satisfazê-las. Quais serão então as vantagens desse
grande objectivo da vida humana a que chamamos melhorar a nossa condição?
Ser observado, ser correspondido, ser notado com simpatia, complacência e aprovação,
são tudo vantagens que podemos propor-nos retirar daí. O homem rico compraz-se na
sua riqueza porque sente que ela faz recair as atenções do mundo sobre si. O homem
pobre, pelo contrário, envergonha-se da sua pobreza. Sente que ela o coloca fora do
horizonte dos seus semelhantes. Sentir que não somos notados representa
necessariamente uma desilusão para os desejos mais candentes da natureza humana. O
homem pobre sai e volta a entrar despercebido, e permanece na mesma obscuridade seja
no meio de uma multidão seja no recato do seu covil. O homem de nível e distinção,
pelo contrário, é visto por todo o mundo. Toda a gente anseia por vê-lo. As suas acções
são objecto de atenções públicas. Raro será o gesto, rara a palavra que ele deixe escapar
que passe despercebida.

Adam Smith, in 'Teoria dos Sentimentos Morais'

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ANEXO XIII
Oficina M – 02/12/06

Tema: Hora de avaliar? (PRATICA)


Objetivo: Hora de avaliar a atuação do Projeto durante todo o semestre. Pontuar as
atividades feitas, analisando as questões abordadas dentro da temática Diversidade Sexual.
Desenvolvimento: Uma grande roda, assim como no dia de inserção do JA na comunidade
foi usada nesse dia para avaliar a atuação do Projeto durante sua parceria com o Grupo
Miridiwa. A dinâmica utilizada, muito simples, porém de grande entrosamento foi a de cada
integrante tentar sentar-se ao lado dos mesmos integrantes da roda do dia de inserção do
Projeto, por ultimo compondo a roda os que não estiveram presentes na roda anterior.

ANEXO XIV
Oficina N – 09/12/06

Tema: Encerramento e Avaliação Interna (PRATICA)


Objetivo: em um momento de muita descontração, o JA encerrou suas atividades 2006. O
encerramento foi marcado por um anjo secreto entre os participantes do projeto e do Grupo
Midiwa durante a confraternização ocorrida em sua ultima oficina. Uma parceria formada
durante o 2º semestre e que pretende ser continuada, promovendo maior protagonismo no
que se refere às questões homo afetivas.

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Figs.14 a17 – CONFRATERNIZAÇÃO FINAL

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