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Bush, como lhes disse, é pós-moderno sem o saber. Não sei que curso ele
fez lá no Texas. (Dizem que antes da Casa Branca ele nunca tinha ido à
Europa). Por que ele seria pós-moderno? Porque um dos traços da
malfadada pós-modernidade é o pastiche. Em arte se diz: fulano fez um
pastiche de sicrano. Quer dizer: copiou, aproveitou o que já existia,
escondeu sob a máscara do outro a sua precária criatividade. Pois Bush filho
é primeiramente o pastiche do Bush pai. O pastiche é a impotência
travestida de potência. A vontade de ser aquilo que não se é. O pastiche é o
oposto da paródia, esta sim, uma revivificação da linguagem. Enfim, a arte
das últimas décadas, confessadamente, vive recorrendo ao pastiche como
outros recorrem ao viagra.
Por essas e por outras é que deveriam dar mais cursos de História, de
antropologia e de arte contemporânea nos quartéis americanos. Uma das
tolices do século XX foi, através de silogismos fascinantes, anunciar a morte
da História, a morte da arte, a morte do homem. Pois a História está
renascendo, a arte está renascendo, o homem está renascendo no cemitério
de mortes anunciadas do finado século. Essa guerra, pelo avesso, pode ser a
contestação e o princípio do fim da globalização e da cultura pós-moderna
que se comprazem no pastiche, na repetição inócua, na valorização da
quantidade sobre a qualidade, no culto à imagem e ao simulacro em
detrimento do real. Essa pós-modernidade que descontextualiza as pessoas
e desterritorializa as culturas.