O doente não era titular de direitos e a sua relação com o médico
era desigual. Esta situação tem-se vindo a alterar, nas sociedades de influência anglo – saxónica e mais lentamente nos países latinos, como Portugal.
Pode-se dizer que o modelo clássico da relação médico paciente,
em que o médico é que sabia o que era melhor para o paciente, sem que este pudesse sequer emitir uma opinião, modelo paternalista, deu lugar a um compromisso deontológico. Passa a existir uma relação entre duas pessoas igualmente autónomas e livres. É preciso informar o paciente o que é possível e aplicável informar. Acto de comunicação entre o doente e o médico.
Este novo modelo pode ser esquematizado assim:
- A medicina é um trabalho realizado numa sociedade secular e
plural. Médicos e pacientes estão alheios moralmente entre si, em vários sentidos:
- é pouco provável que partilhem os mesmos valores e crenças.
Assim sendo o doente e o médico não se têm que compreender um ao outro. O doente considera-se estrangeiro quando entra o campo do médico.
- Há que ter em atenção que médico é médico e paciente é
paciente. Os direitos dos doentes no mundo moderno
- O doente é autónomo e tem o direito de participar nas decisões
que lhe são propostas e a liberdade de as aceitar ou não, depois de devidamente informado e esclarecido.
- Os pacientes têm todo o direito de serem informados acerca
do seu estado de saúde, incluindo os fatos médicos acerca do seu estado, sobre os procedimentos médicos que lhe são propostos juntamente com os riscos e benefícios potenciais de cada procedimento, alternativas aos procedimentos propostos incluído o efeito do não – tratamento. Acerca do diagnostico, do prognostico e do progresso do tratamento.
Em 1995, foi aprovada uma declaração universal que compreende
os seguintes parâmetros:
- Direito aos cuidados médicos de boa qualidade.
- Não pode haver descriminação na escolha dos doentes para determinado tratamento que seja limitado.
- Direito à liberdade de escolha
- Direito à auto – determinação.
- Direitos do doente inconsciente ou legalmente incapaz para o
seu consentimento
- Direito à informação – apenas o paciente pode escolher quem
deve ter acesso aos seus dados.
- Direito à confidencialidade – mesmo após a Morte do paciente
este direito mantém-se. - Direito à educação para a Saúde.
- Direito à dignidade.
- Direito à assistência religiosa.
É dever do médico respeitar a liberdade de escolha e decisão da
pessoa doente seja qual for o seu grau de cultura.
A questão da verdade…
No modelo paternalista, em casos graves, o paciente era mantido
na ignorância quanto ao seu verdadeiro estado de saúde, dando- lhe falsas esperanças, mas mantendo os seus familiares próximos informados. No padrão autónomo o médico tem tendência para informar de modo exaustivo o doente e só o doente para obter o consentimento para o tratamento proposto. Tenta convencer o paciente acerca do tratamento que vai ser feito, tendo a certeza de que é o mais adequado.
É absolutamente impensável que a primeira consulta não ocorra
num ambiente de total privacidade. A confidencialidade é a base da relação médico paciente.
As virtudes dos médicos.
Por muito importantes que sejam os modelos e princípios éticos, o
essencial para um bom relacionamento, está nas virtudes dos profissionais de saúde.
- Fidelidade – à verdade com os outros e acima de tudo consigo
próprio. - Compaixão – que é a capacidade de compreender o sofrimento, não se limitando apenas ao físico.
- Equidade – não fazer distinção
- Justiça igual para todos.
- A fortaleza
- a temperança
- a integridade
- A modéstia.
O médico é um agente moral e actua como tal, quando se
relaciona com a pessoa doente. Daqui que deva se sentir compelido a ser VIRTUOSO.