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o diagnóstico diferencial deve ser fei to com base na história pessoal (na doença
bipolar, os quadros são agudos e seguidos por períodos de depressão ou de remissão)
e familiar (com certa freqüência , podem ser identificados quadros de mania e
depressão nas família) .
epidemiologia
e s t u d o s e p i d e m i o l ó g i c o s ( c o m o o “n a t i o n a l c o m o r b i d i t y s u r v e y ” , n o s e s t a d o s u n i d o s )
indicam que o transtorno bipolar é rela tivament e freqüente (prevalência de 1,6% para
o tipo i, e de 0,5% para o tipo ii) . a idade média de início dos quadros bipolares situa-
se logo após os 20 anos, embora alguns casos se iniciem ainda na adolescência e
outros possam começar mais tardiamente (após os 50 anos). os episódios maníacos
costumam ter início súbito, com rápida progressão dos sintomas; freqüentemnete os
primeiros episódios ocorrem associados a estressores psicossociais. com a evo lução
da doença, os episódios podem se tornar mais freqüentes, e os intervalos livres
p o d e m s e e n c u r t a r. p a r a a l g u m a s m u l h e r e s , o p r i m e i r o e p i s ó d i o m a n í a c o p o d e
acontecer no período puerperal.
diagnóstico diferencial
tratamento
sais de lítio
antes de se iniciar o tratamento, o paciente deve ser avaliado pelo exame físico geral
e por exames laboratorias que incluem: hemograma comple to; eletról itos (na+, k+); e
aval iação da função renal (uréia , creatinina, exame de urina tipo i) e da função
ti roideana (t3 , t4 e tsh). em pacientes com mais de 40 anos ou com antecedentes de
doença cardíaca, recomenda-se solic itar eletrocardiograma (depressão do nó sinusal e
a l t e r a ç õ e s d a o n d a t p o d e m s u r g i r e m d e c o r r ê n c i a d o l í t i o , e é c o n v e n i e n t e o b t e r- s e
um traçado inicial para comparação posterior) . como o lít io freqüent emente acarre ta
polidipsia e poliúria (por antagonizar os efei tos do hormônio antidiurét ico), deve- se
também solic itar dosagem da glicemia ant es de sua introdução. algumas vezes, o
diabetes melli tus pode passar desapercebido; o psiquiatra julga que a polidpsia e
p o l ú r i a d e v e m - s e , ex c l u s i v a m e n t e , a o e s p e r a d o d i a b e t e s i n s i p i d u s p r o d u z i d o p e l o
lí tio, quando, na verdade , o prime iro pode também estar presente.
as queixas relati vas aos ef eitos colaterais mais comuns são: sede e polúria;
problemas de memória; tremores; ganho de peso; sonolência/cansaço, e diarréia. no
início do tratamento, são comuns: azia; náuseas; fezes amolecidas, assim como a
sensação de peso nas pernas e cansaço, desaparec endo com o t empo. diarréia e
tremores grosseiros, aparec endo tardiament e no curso do tratamento , podem indicar
intoxicação e requerem imedia ta avaliação.
dentre os efe itos colat erais tardios do lí tio, os efe itos sobre a tiróide merec em
particular atenção; o desenvol vimento de um hipotiroidismo clinicamente significa tivo
ocorre em até 5% dos pacientes (em alguns casos, chegando ao bócio) , enquanto
elevações do tsh chegam a 30% dos casos. muitas vezes, a complementação com
hormônios da ti reóide (mais comumente t4) torna desnecessária a interrupção do uso
do lí tio, mas, eventualmente , o médico precisará mudar para outro estabilizador do
h u m o r. o l í t i o p o d e a u m e n t a r o s n í v e i s s é r i c o s d o c á l c i o , e a a s s o c i a ç ã o c o m
anormalidades da parat iróide pode ocorrer, embora mais rarament e. outros efei tos
são: edema; acne; agravamento de psoríase; tremores (eventualment e tratados com
beta-bloqueadores); e ganho de peso (25% dos pacientes em uso do lít io tornam-se
obesos, razão pela qual nunca será demais insistir precocemente em cuidados
r e l a t i v o s à d i e t a e a o s e xe r c í c i o s ) . c u m p r e n o t a r t a m b é m q u e o l í t i o p o d e d i m i n u i r o
limiar convulsígeno e, em alguns casos, pode causar ataxia , fala pastosa e síndrome
extrapiramidal (particularmente em idosos). os efei tos renais do lítio incluem
aumento da diurese , conseqüente à diminuição da capacidade de concentração da
urina e oposição à ação do hormônio antidiurético (adh); fala-se em diabetes
insipidus, quando os pacientes produzem mais que três litros de urina por dia. o lí tio
pode causar nefrite intersticial, a qual geralmente não tem importância clínica. as
alterações cardíacas são geralmente benignas e incluem achatamento ou possível
inversão da onda t, diminuição da frequência cardíaca e, raramente , arritmias. casos
isolados de disfunção do nó sinusal têm sido descritos que eventualmente podem
ocasionar síncope; esses eventos são mais comuns em idosos. leucocitose pode se
desenvolver , não se consti tuindo, em geral, em moti vo de preocupação. efei tos
teratogênicos (anomalias da tricúspide e dos vasios da base) têm sido associados ao
uso do lít io, particularmente , no prime iro trimestre da gravidez; o uso do lít io, ao fim
da gravidez , pode fazer com que o bebê nasça com hipotonia (síndrome do floppy
baby).
as intoxicações pelo lí tio costumam ocorrer com concentrações séricas acima de 1,5
meq/l, e podem ser precipitadas por desidratação, dietas hipossódicas, ingestão
excessiva de lít io, alterações na excreção renal ou interação com outros
medicamentos que aumentam seus nív eis séricos (anti inflamatórios, diuréticos etc.) .
constituem-se em sinais e sintomas da intoxicação pelo lítio: sonolência;
f a s c i c u l a ç õ e s m u s c u l a t r e s ; t r e m o r e s m a i s g r o s s e i r o s ; h i p e r- r e f l e x i a ; a t a x i a ; v i s ã o
turva; fala pastosa; arritmias cardíacas; e convulsões. recomenda-se a estri ta
monitoração dos níveis séricos. em casos leves, basta a manutenção do equilíbrio
hidroele trolí tico, eventualment e, forçando -se a diurese com manitol , e alcalinizando -
se a urina. a diálise pode ser requerida em intoxicações mais graves (níve is séricos
maiores do que 4 meq/l ou na dependência do estado geral e da função renal do
paciente).
cumpre notar que o uso de antidepressivos (em especial os tricíc licos) pode causar
mudança para a fase maníaca em pacient es bipolares, ainda quando em uso
concomitante de lí tio, além de poderem eliciar o aparecim ento de ciclos rápidos e de
episódios mistos. o tratamento da depressão nos pacientes bipolares deve ser tentado
antes com estabilizadores do humor, empregando - se, ev entualmente, também o
bupropion ou imaos (com as cautelas requeridas para esse grupo de pacientes) ou
também a ect , nos casos resistentes aos tratamentos habituais (retirando - se
prev iamente o lí tio).
anticonvulsivantes
o valproato ou o divalproex (um composto contendo iguais proporções de ácido
valpróico e valproato de sódio) têm sido amplamente util izados, nos últimos anos,
p a r a o t r a t a m e n t o d o t r a n s t o r n o b i p o l a r. e x i s t e m e s t u d o s c o n t r o l a d o s m o s t r a n d o s u a
eficác ia no tratamento da mania aguda; há também dados indicando que o valproato
pode ser mais eficaz do que o lí tio para a mania mista e para os cicladores rápidos.
embora fal tem estudos controlados sobre o uso do valproato na manutenção, existem
estudos abertos e naturalíst icos que apontam para sua eficác ia também na profilax ia
da mania e da depressão. há menos ev idências que sustent em o uso do va lproato no
tratam ento da depressão bipolar, embora alguns estudos sugiram certa eficácia . o
valproa to ou o divalproex podem ser combinados com o lítio. respeitando - se as
interações farmacocinét icas, eventualmente , o valproato ou o diva lproex podem ser
combinados também com a carbamazepina, nos casos resist entes à monoterapia .
efe itos cola terais comuns do valproato incluem: sedação; perturbações
gastrointestinais; náusea; vômi tos; diarréia; elevação benigna das transaminases; e
t r e m o r e s . l e u c o p e n i a a s s i n t o m á t i c a e t r o m b o c i t o p e n i a p o d e m o c o r r e r. o u t r o s e f e i t o s
incluem: queda de cabelo (às vezes acentuada) e aumento do peso e do apetite. em
alguns casos, a leucpenia pode ser severa e acarretar a int errupção do tratam ento.
efeitos idiossincráticos incluem o desenvolvimento de ovários policísticos e
hiperandrogenismo. casos de morte , embora raros, têm sido descritos dev ido a
hepatotoxicidade, pancreati te e agranuloci tose. os pacientes ou seus responsáve is
devem ser adver tidos a respei to dos sinais e sintomas precoces dessas raras
complicações. a intoxicação com doses excessivas eventualment e requer
h e m o d i á l i s e , a l é m d a s m e d i d a s d e s u p o r t e e , à s v e z e s , d o n a l t r e xo n e . o v a l p r o a t o
deve ser iniciado com doses baixas (250 mg por dia), titulando-se a dose em
aumentos graduais de 250 mg com espaço de alguns dias, até a concentração sérica
d e 5 0 m i c r o g r a m a s a 1 0 0 m i c r o g r a m a s p o r m l ( n ã o s e ex c e d e n d o a d o s e d e 6 0 m g / k g
por dia). controles dos níveis séricos, do hemograma e das enzimas hepáticas são
requeridos. os níveis séricos do valproato podem ser diminuídos pela carbamazepina
e a u m e n t a d o s p o r d r o g a s c o m o a f l u o xe t i n a . o v a l p r o a t o a u m e n t a o s n í v e i s s é r i c o s d o
fenobarbital, da fenitoína e dos tricícl icos. a aspirina desloca o va lproato de sua
ligação às proteínas, aumentando sua fração livre .
entre os ef eitos colaterais da cbz estão: diplopia, visão borrada, fadiga, náusea e
ataxia. esses efeitos geralmente são transitórios, melhorando com o tempo e/ou com
a r e d u ç ã o d a d o s e . m e n o s f r e q ü e n t e m e n t e o b s e r v a m - s e “r a s h ” c u t â n e o , l e u c o p e n i a
le ve, trombocitopenia lev e, hipoosmolaridade e le ve elevação das enzimas hepáticas
(em 5% a 15% dos pacientes). caso os níveis da leucopenia e a elevação das enzimas
hepáticas se agravem, a cbz deve ser interrompida. a hiponatremia deve- se à
re tenção de água devido ao efeito antidiurét ico da cbz, mais comum nos idosos; às
vez es, a hiponatremia leva à necessidade de interromper o uso desse medicamento. a
cbz pode diminuir os níveis de tiroxina e el evar os níveis do cortisol. no entanto,
raramente esses efei tos são clinicamente significati vos. efeitos raros, mas
potencialmente fatais, incluem: agranulocitose, anemia aplásica, dermatite esfoliativa
( p o r exe m p l o , s t e v e n s - j o h n s o n ) e p a n c r e a t i t e . o s p a c i e n t e s d e v e m s e r a l e r t a d o s s o b r e
os sinais e sintomas que precocemente fazem suspei tar dessas condições. muito
raramente pode ocorrer insufic iência renal e alterações da condução cardíaca. os
cuidados prévios na introdução da cbz incluem, além da anamnese a respeito de
história prévia de discrasias sangüíneas e doença hepática , hemograma completo ,
enzimas hepáticas, bilirrubinas, fosfatase alcalina, elet rólitos (dado o risco de
hiponatremia) e avaliação da função renal. as doses devem ser iniciadas aos poucos
(100 mg/dia a 200 mg/dia, inicialmente), aumentando-se gradualmente até atingir
níveis séricos compatíveis ou melhora terapêutica; as doses devem ser divididas em
três ou quatro tomadas, aumentando -se o intervalo para as preparações de liberação
lenta . doses superiores a 1.200 mg/dia não são geralmente recomendadas.
inicialmente monitoram-se o hemograma e a função hepática a cada duas semanas,
nos primeiros dois meses, e, post eriorment e, a monitoração ocorre a cada três meses.
muitas das condições descritas acima não são previstas por meio desses exames,
devendo os pacient es serem instruídos a relatar os sintomas precoces de cada
condição potencialment e perigosa (l eucopenia , quadros alérgicos, ict erícia, entre
outros sintomas).
a ox c a r b a z e p i n a é o 1 0 - c e t o a n á l o g o d a c a r b a m a z e p i n a ( c b z ) , q u e e m c o n t r a s t e c o m
esta, não induz ao aumentodo metabolismo oxidativo hepático. aparentem ente, a
o x c a r b a z e p i n a c a u s a m e n o s s e d a ç ã o e “r a s h ” c u t â n e o d o q u e a c b z , a s s i m c o m o n ã o
el eva as enzimas hepáticas na mesma freqüência do que a cbz. alguns estudos
controlados indicam sua eficác ia na mania aguda, podendo ev entualmente substituir a
cbz, quando ela não for bem tolerada. faltam , no entanto , estudos refe rentes à
d e p r e s s ã o e à p r o f i l a x i a d o t r a n s t o r n o b i p o l a r. a s d o s e s u t i l i z a d a s , e m d i f e r e n t e s
estudos, têm variado entre 600 mg/dia a 2.400 mg/dia , administradas em dois a três
tomadas diárias; o aumento das doses deve ser gradual.
o topiramato tem sido , mais rec entemente , testado no transtorno bipolar; seus
efe itos cola terias incluem: perda de peso, redução do apet ite , náuseas, parestesias,
sonolência , tonturas e cansaço. em monoterapia, o topiramato mostrou-se útil em
cinco dos 11 pacientes com mania refratár ia, em doses de 50 mg/dia a 1.300 mg/dia.
em associação a outras drogas, tem-se mostrado útil também na depressão bipolar,
mania, hipomania e em estados mistos. aguardam-se estudos prospect ivos,
controlados, com número maior de pacientes.
neurolépticos
outros agentes
el etroconvulsoterapia
ref erências
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