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Subject: Excelente Artigo!
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A desassistência psiquiátrica
Gestada por cerca de dez anos, a Reforma da Assistência Psiquiátrica, que deu origem à
Lei 10216/02, tem sido permanentemente desconsiderada. Cabe lembrar que o Projeto de
lei original tinha o objetivo claro de desmoralizar a Psiquiatria como especialidade médica,
reduzindo-a a uma ação policialesca pura e simples, com a finalidade de encarcerar seres
humanos e privá-los do convívio social. O outro objetivo era o de desqualificar o médico
psiquiatra, considerando-o como um torturador, seqüestrador e carcereiro de pessoas
inocentes da sociedade, arrastadas para os hospícios.
Porém, o trabalho valoroso dos Psiquiatras, reforçado pelo bom conceito da Psiquiatria
junto à sociedade, o trabalho insano das Associações Estaduais de Psiquiatria e dos
Conselhos de Medicina e as Associações de Pacientes e de Familiares de Pacientes
Psiquiátricos foi capaz de reverter o quadro delirante antimanicomial. Através do
esclarecimento permanente junto ao legislativo foi possível elaborar uma lei equilibrada,
justa e que visa reformar o modelo assistencial em Psiquiatria, preservando os direitos dos
pacientes a uma assistência digna, eficiente, de boa qualidade e que resgata sua cidadania
de modo cabal.
Eis porém que surge mais uma vez o grupo antimanicomial, influente desde 1986 na
elaboração dos programas do Ministério da Saúde, e formula a Portaria 2391, antítese da
Lei, que fere a Ética, ultrapassa os direitos assistenciais da sociedade e cria uma comissão
aberrante sob o aspecto técnico e legal. Tal comissão é ilegal pois só poderia ser criada em
Lei, e o que é pior, composta por pessoas não médicas, tem por missão promover a alta
hospitalar, que é ato médico, configurando inequivocamente o exercício ilegal da
Medicina.
Insistentemente, o mesmo grupo antimanicomial, já algo encanecido em sua ideologia e
ação, inspira um projeto de avaliação de unidades, burlesco até no nome – PNASH –
versão Psiquiatria. Por este sistema equivocado de avaliação, por exemplo, hospital
psiquiátrico que tenha em seu arsenal terapêutico o aparelho de eletrochoque (ECT) ou que
indique para tratamento a eletroconvulsoterapia, é penalizado com a perda de pontos.
Como se depreende, anticientífico, medieval e desatualizado, já que provavelmente ainda
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pensam que o ECT é um instrumento de tortura, ao invés de se constituir num dos recursos
mais modernos em uso no mundo inteiro e que tem evitado quantitativo significativo de
suicídios de pacientes com depressão psicótica e de mulheres com psicose puerperal.
O propósito do referido mecanismo de avaliação, tem por claro objetivo extinguir os leitos
hospitalares psiquiátricos de vez, desqualificando as unidades assistenciais e caminhando
para o descredenciamento das mesmas junto ao SUS, diminuindo o aporte financeiro e,
consequentemente, lançando os hospitais no caminho da falência e os pacientes
psiquiátricos na desassistência.
Ao contrário, precisamos de mais leitos e criar e implantar emergência psiquiátrica e
enfermarias de crise (internação breve) nos hospitais gerais (notadamente nos hospitais de
pronto-socorro e de emergência), privilegiando as unidades públicas, leitos estes quase
inexistentes em nosso Estado.
Apenas a guisa de lembrete, é necessário que se entenda que o ataque à Psiquiatria e aos
Psiquiatras não é isolado. Faz, na realidade, parte da estratégia orquestrada pelo mesmo
“...precisamos de mais leitos e
criar e implantar emergência psiquiátrica e enfermarias de
crise nos hospitais gerais...”
grupo ideológico que pretende criar alternativas ao trabalho médico, dando a profissionais
desqualificados para tanto, atribuições médicas, criando uma geléia geral na Saúde, com
discursos aparentemente progressistas e modernos, mas prenhes de bazófia e furor. São os
mesmos que criaram as Casas de Parto, instituição sem médicos, dita para partos
humanizados, considerando evidentemente que os médicos obstetras, neonatologistas e
pediatras não são humanos, mas levianos e desatenciosos. Criaram também o atendimento
infantil sem Médico Pediatra e o Saúde da Família sem médico (a bem da verdade, médico
opcional).
As mais novas façanhas do tal grupo são, por um lado o patrocínio e o incentivo ao
movimento contra o Ato Médico (risível se não fosse ridículo) e, por outro lado, o fim da
Residência Médica, transformando-a em uma Residência em Saúde, para qualquer
profissional da área, com o argumento de que as equipes de saúde são multidiscipli-
-res.
Na realidade, na Saúde as atividades são complementares, mas não é possível querer
considerar no mesmo plano o Saber médico, com o saber de outras profissões, se mais não
o fosse, pela dificuldade de acesso às Faculdades de Medicina, pelo tempo integral de seus
cursos (não é possível criar um curso de Medicina noturno, para esforçados interessados
em saúde), pelo custo financeiro dos estudos, pelo tempo de ensino e de aperfeiçoamento
(seis anos na Escola e mais dois a quatro anos, depois de formado dependendo da
especialidade) e pela responsabilidade, pelos sacrifícios e esforços abnegados exigidos dos
Médicos.
Não adianta bater panelas, esbravejar em atrofiadas passeatas ou tentar enganar a
população. Não passarão. A sociedade já está por demais cansada de demagogia e
fanfarronices e é em seu próprio interesse e bem estar que o bom senso e a verdade
prevalecerão sempre: NÃO HÁ PSIQUIATRIA SEM PSIQUIATRAS, da mesma forma
que NÃO HÁ MEDICINA SEM MÉDICOS.
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Re: Excelente Artigo! Paulo Bento Bandarra 02:58:58 02/24/05 Thu
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