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in, O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna

se o individualismo deve aparecer numa sociedade do tipo tradicional, holista, será


em oposicão à sociedade e como uma espécie de suplemento em relação a ela, ou seja, sob
a forma de indivíduo-fora-do-mundo. Será possível pensar que o individualismo começou
desse modo no ocidente? É precisamente isso o que vou tentar mostrar; quaisquer que
sejam as diferenças no conteúdo das representações, o mesmo tipo sociológico que
encontramos na Índia - o indívíduo-fora-do-mundo - está inegavelmente presente no
cristianismo e em torno dele no começo da nossa era."ii[2]
Alguém opõe ao individualismo o nacionalismo, sem explicação. Sem dúvida, é
preciso entender que o nacionalismo corresponde a um sentimento de grupo que se
opõe ao sentimento "individualista". Na realidade, nação, no sentido preciso e
moderno do termo, e o nacionalismo - distinto do simples patriotismo - estão
historicamente vinculados ao individualismo como valor. A nação é precisamente o
tipo de sociedade global correspondente ao reino do individualismo como valor.
Não só ela o acompanha historicamente, mas a interdependência entre ambos
impõe-se, de sorte que se pode dizer que a nação é a sociedade global composta de
pessoas que se consideram como indivíduos."
a configuração individualista de idéias e valores que nos é familiar não existiu
sempre nem aparece de um dia para outro. Fez-se remontar a origem do "individualismo"
a um época mais ou menos remota, segundo, sem dúvida, a idéia que dele se fazia e a
definição que se lhe dava."iv[4] Pode sustentar que o mundo helenístico estava, no que tange
às pessoas instruídas, tão impregnado dessa mesma concepção que o cristianismo não
teria podido triunfar, a longo prazo, nesse meio, se tivesse oferecido um individualismo de
tipo diferente. Eis uma tese muito forte que parece à primeira vista contradizer concepções
bem estabelecidas."v[5]
Se tentarmos ver em paralelo a situação cristã medieval e a situação hindu
tradicional a primeira dificuldade está em que, ao passo que na Índia, os brâmanes
contentavam-se com sua supremacia espiritual, a Igreja no ocidente exercia
também um poder temporal, sobretudo na pessoa de seu chefe, o Papa. Vendo as
coisas grosso modo, a Idade Média parece ter conhecido uma dupla autoridade
temporal. Além, disso, uma vez que a instância espiritual não desdenhava revestir-
se de poder temporal, podia-se perguntar até se a temporalidade não desfrutava, de
fato, de uma certa primazia. (...)"
Para os modernos, sob a influência do individualismo cristão e estóico, aquilo a
que se chama direito natural (por oposição ao direito positivo) não trata de seres
sociais mas de indivíduos, ou seja, de homens que se bastam a si mesmos enquanto
feitos à imagem de Deus e enquanto depositários da razão. Daí resulta que, na
concepção dos juristas, em primeiro lugar, os princípios fundamentais da
constituição do Estado (e da sociedade) devem ser extraídos, ou deduzidos, das
propriedades e qualidades inerentes no homem, considerando como um ser
autônomo, independentemente do todo e qualquer vínculo social ou político.

os princípios fundamentais da constituição do Estado (e da sociedade) devem ser


extraídos, ou deduzidos, das propriedades e qualidades inerentes no homem, considerado
como um ser autônomo, independentemente de todo e qualquer vínculo social ou
político."viii[8]
O valor infinito do indivíduo é, ao mesmo tempo, o aviltamento, a desvalorização
do mundo tal como existe..."ix[9]
indivíduo
democracia,
filosofiaideologia

justificação pela fé"sacerdócio universal dos crentes". "graça divina",


Os puritanos que fundaram as colônias na América do Norte tinham dado o
exemplo do estabelecimento de uma Estado por contato. Assim, os famosos "Peregrinos"
do May-flower concluíram um pacto de estabelecimento antes de fundarem New Plymouth
em 1620, e outros fizeram o mesmo. Vimos os Levellers irem mais longe em 1647 e
acentuarem os direitos do homem como homem e, sobretudo, o direito à liberdade
religiosa. Esse direito fora introduzido desde cedo em várias colônias americanas: em
Rhode Island por um alvará de Carlos I (1543), na Carolina do Norte pela Constituição
redigida por Locke( 1669).
Tratado Sobre o Governo Civil
`Para entender o poder político corretamente, e derivá-lo de sua origem, devemos
considerar o estado em que todos os homens naturalmente estão, o qual é um estado de
perfeita liberdade para regular suas ações e dispor de suas posses e pessoas do modo
como julgarem acertado, dentro dos limites da lei da natureza, sem pedir licença ou
depender da vontade de qualquer outro homem."xii[12]
luta de todos contra todos.
"Portanto, onde não há o seu, isto é, não há propriedade, não pode haver injustiça.
E onde não foi estabelecido um poder coercitivo, isto é, onde não há Estado, não há
propriedade, pois todos os homens têm direito a todas as coisas. Portanto, onde não há
Estado nada pode ser injusto. De modo que a natureza da justiça consiste no cumprimento
dos pactos válidos, mas a validade dos pactos só começa com a instituição de um poder
civil suficiente para obrigar os homens a cumpri-los, e também só aí que começa a haver
propriedade."
Com o predomínio do individualismo contra o holismo, o social nesse sentido foi
substituído pelo jurídico, o político e, mais tarde, o econômico."xiv[14]
O individualismo subentende, ao mesmo tempo, igualdade e liberdade. Distingue-
se, portanto, com razão, uma teoria igualitária "liberal", a qual recomenda uma igualdade
ideal, igualdade de direitos ou de oportunidades, compatível com a liberdade máxima de
cada um, e uma teoria "socialista" que quer realizar a igualdade nos fatos, por exemplo,
abolindo a propriedade privada."xv[15] E mais: "

"... em todos aqueles casos em que não há juiz sobre a Terra, não tem o povo outro
remédio além do apelo aos céus.
"que os tratados de Locke considerados políticos contêm a ata de batismo da
propriedade privadaxix[19]."

"O individualismo subentende, ao mesmo tempo, igualdade e liberdade."xxi[21]


A ausência de um juiz comum dotado de autoridade coloca todos os homens em
estado de natureza; a força sem direito sobre a pessoa de um homem causa o estado de
guerra, havendo ou não um juiz comum."xxii[22]
A Democracia na América

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, adotada pela Assembléia


Constituinte no verão de 1789 marca, num sentido, o triunfo do indivíduo

As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos dias.


O individualismo: uma perspectiva antropológica da sociedade moderna
Models of Democracy. Cambridge/
Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil.
Dois Tratados sobre o Governo.
Sobre a liberdade
____. Considerações sobre o governo representativo.
Do contrato social.
A democracia na América.
i
Notas:

[1]
DUMONT, Louis. O individualismo: uma perspectiva antropológica da sociedade moderna.
Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.
ii

[2]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 38/39.

[3]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 21.
iv

[4]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 22.
v

[5]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 39.
vi

[6]
DUMONT, L. op. Cit., pag. 80.
vii

[7]
DUMONT, L., Op. Cit., pag. 87.
viii

[8]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 87
ix

[9]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 43.
x

[10]
HELD, David. Models of Democracy, pag. 15.
xi

[11]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 110/111.
[12]
LOCKE, J. O segundo tratado sobre o governo, §4º, pag. 381/382.
xiii

[13]
HOBBES, T., Leviatã, pag. 123/124.
xiv

[14]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 91
xv

[15]
DUMONT, L. Op. cit., pag. 91.
xvi

[16]
Idem.
xvii

[17]
LOCKE, J., Op. Cit,. § 167, pag. 535.
xviii

[18]
LOCKE, J. Op. Cit., Cap. III.
xix

[19]
DUMONT, L. Op. Cit, pag. 22.
xx

[20]
LOCKE, J. Op. Cit., Cap. V.
xxi

[21]
DUMONT, l. Op. Cit., pag. 105.
xxii

[22]
LOCKE, J. Op. Cit., § 19, pag. 398.
xxiii

[23]
DUMONT, L. Op. Cit., pag. 109.

Resumo:

O texto tem por propósito refletir sobre os princípios do individualismo e do liberalismo a partir da
leitura sistemática de alguns clássicos sobre o assunto.

Palavras-chave: Indivíduo, Individualismo liberal, liberdade e propriedade.

(*) O autor é bacharel em Ciências Sociais (IFCS/UFRJ) e em Direito (UFF), mestrando de Ciência
Política do IFCS/UFRJ e ocupa o cargo de Juiz de Direito no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

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