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Brockwood Park
3ª Conversa Pública 2 de setembro de 1978
1. Nós temos falado sobre várias coisas que dizem respeito às nossas vidas
diárias. Nós não estamos aqui nos viciando em qualquer forma de teorias,
convicções, ou entretenimento ideológico, especulativo. Nós estamos
profundamente interessados -eu espero- em nossa vida diária e em descobrir
se é de todo possível provocar uma mudança radical nos nossos modos de
viver. Porque nossa vida não é o que deveria ser. Nós estamos confusos,
miseráveis, presos ao sofrimento, lutando, lutando dia após dia até nossa
morte. E isso parece ser nosso destino. Este conflito infinito, não só em nossas
relações pessoais mas também com o mundo que está deteriorando a cada
dia, que fica mais perigoso, mais imprevisível, incerto, onde os políticos e as
nações estão buscando poder.
2.
Eu acho que nós deveríamos conversar juntos esta manhã sobre liberdade:
seja da mulher ou do homem, quando eu usar a palavra 'homem' eu incluo a
mulher, eu espero que vocês do "Women's Lib" não se importem (risos) - pois
parece que, se alguém observa no mundo, e na sua vida diária, que a liberdade
é cada vez menor. Quanto mais restritivos nós vamos ficando, mais limitadas
as nossas ações, mais estreitas nossas perspectivas, ou amargas, cínicas, ou
mesmo, muito esperançosas, e nós nunca parecemos livres de nosso próprio
conflito e miséria diária, completamente livres de todo este fardo da vida.
E eu penso que nós deveríamos discutir juntos esta questão da liberdade.
Claro que nos estados totalitários não há nenhuma liberdade. Aqui no mundo
ocidental e parcialmente no mundo oriental, há um pouco mais de liberdade —
liberdade para mudar de trabalho, liberdade para viajar, dizer o que você gosta,
pensar o que você gosta, expressar o que você gosta, escrever o que você
gosta. Mas até mesmo esta liberdade que alguém tem está ficando mais e mais
mecânica, ela não é mais liberdade.
3.
4
Porque enquanto nós vivermos em opostos, ciúme e não-ciúme, o bem e o
mal, o ignorante e o iluminado, haverá este conflito constante da dualidade.
Claro que há dualidade, homem, mulher, luz e sombra, luz e escuridão, dia e
noite e assim por diante, mas psicologicamente, interiormente, nós estamos
perguntando se há qualquer oposto? É a bondade o resultado do que é ruim?
Se for o resultado do que é ruim, mal "evil" — Eu não gosto de usar a palavra
'evil' porque infelizmente ela é deturpada, assim como qualquer palavra na
língua Inglesa - se a bondade é o oposto do mau então aquela mesma
bondade é o resultado do mau, então não é bondade nenhuma. Certo?
Nós podemos ver isto por nós mesmos? Não como uma idéia, como uma
conclusão, como algo que alguém sugeriu a você, mas de fato nós podemos
ver que qualquer coisa nascida de seu oposto tem que contê-lo em si mesma?
Então, se isso é assim, só há “o que é”, o que não tem oposto. Certo?
Alguém está me acompanhando? Nós estamos juntos?
5.
Assim nós estamos dizendo: liberdade não está relacionada com escravidão,
seja à escravidão do hábito, físico ou psicológico, à escravidão do apego e
assim por diante. Assim há só liberdade, não seu oposto. Se nós entendemos a
verdade disto então nós só lidaremos com o 'que é', e não com 'o que deve ser'
que é seu oposto. Eu estou nisto. Nós estamos juntos? Certo? Nós podemos ir
adiante?
Assim, é muito claro que só há o fato, o 'que é' e não há nenhum oposto para
'o que é'. Se você compreende isto fundamentalmente, a verdade disso, você
está lidando com fatos, não emocionalmente, não sentimentalmente, então
você pode fazer algo a respeito. O próprio fato pode fazer algo. Mas enquanto
nós ficamos longe do fato, o fato e o seu oposto continuarão. Assim nós
estamos perguntando agora se isso está claro, não porque alguém disse
assim, mas porque você fundamentalmente descobriu isto por você, é seu,
não meu, então nós podemos prosseguir e investigar a totalidade desta
questão muito complexa que é o amor?
6.
Se nós somos sentimentais, românticos e imaginativos ou "Rafaélicos" ou
"Vitorianos", então nós nem mesmo colocaremos tal questão. Mas se nós
apartássemos todo o sentimento, toda a resposta emocional para com esta
palavra (*o amor), não trazendo nenhuma conclusão a seu respeito, então nós
podemos prosseguir sãos, sadiamente, racionalmente, abordando esta questão
do que é o amor. Você compreende? Então, em primeiro lugar, nós estamos
chegando a esta questão sem motivo, sem sentimentalismo, sem preconceito?
Porque a abordagem é muito importante, mais do que o seu objeto — certo?
Nós estamos juntos? Eu estou fazendo-os dormir?
Assim nós sabemos como abordar esta questão? Nós estamos atentos à nossa
abordagem à ela? Nós dizemos, "Sim, eu sei o que é o amor" e então você
deixou de investigar. Assim, como dizíamos, a abordagem do problema é mais
importante que o próprio problema. Não faça disso um slogan! Ou um clichê,
porque então você perdeu isto. Assim nós temos clareza de como abordar esta
questão? Se a aproximação for correta, precisa, no sentido de não existir
nenhuma conclusão pessoal, ou opinião, ou experiência passada, então você
está chegando a isto pela primeira vez, então você está chegando nisto com
um questionamento profundo.
O que não significa que nós só temos de olhar ao que os outros fizeram à essa
palavra, como eles impuseram certas conclusões em nossas mentes ao longo
dos tempos, mas também quais são nossas próprias inclinações, estando
conscientes de tudo isso, tentemos abordá-lo.
O que é o amor? É prazer? Vamos senhores, investiguem, cavem em vocês
mesmos e descubram. É prazer? Para a maioria de nós é prazer sexual, que é
chamado amor, prazer sensorial. E parece que isto domina o mundo. Domina o
mundo porque provavelmente em nossas próprias vidas nos domina. Assim
nós temos identificado o amor com aquela coisa chamada prazer, mas é o
amor prazer? O que não quer dizer que o amor não é nenhum prazer.
Investiguemos isto, pode ser algo completamente diferente. Primeiro nós temos
que investigar isto, certo? É o amor desejo? É o amor memória? Por favor.
É o amor a experiência lembrada com prazer, a demanda do pensamento
lembrada com desejo, com sua imagem e a perseguição desta?. Isto é o amor?
Tudo bem senhores?
7.
E também temos que ver quais as conseqüências se o amor não for nenhum
prazer. Então aquilo que é o amor não é ciúme, nem apego, nem memórias,
perseguição de prazer por imaginação e desejo e assim por diante?
É o amor o oposto de tudo isso então? Você está acompanhando?
Eu estou perdido?
Assim nós estamos descobrindo juntos — por favor venham e vocês verão
algo extraordinário emergir disto. Eu não sei o que está saindo disto, mas eu
posso sentir algo extraordinário emergindo disto. Se vocês escutam de fato.
E as religiões criaram o amor de deus, amor de Jesus, amor de Krishna, amor
de Buddha — você segue? Totalmente sem conexão com a vida diária.
E nós nos ocupamos com a compreensão e em achar a verdade em nossa vida
diária, à totalidade disto, não só sexo, poder ou posição, ou ciúme, ou algum
complexo idiota que temos, mas a estrutura total da natureza desta vida
extraordinária que nós vivemos.
Assim, como nós dissemos, o oposto não é amor. Se nós entendemos isto,
pela negação do que não é, que não significa negar no sentido de repelir isto,
de resistir a isto, controlar isto, mas entender toda a natureza e a estrutura e as
implicações do desejo, do prazer, das memórias, fora disto surge o senso de
inteligência que é a mesma essência do amor — certo? Nós estamos juntos
senhores?
Ele disse que é impossível. “Eu sou jovem e cheio de vida e estou repleto de
sexo, e eu quero me entregar a isso. Você pode chamar isto do que quiser,
mas é isto que eu quero”. Até que eu pegue alguma doença ou meu homem ou
a minha mulher fujam com outro, então recomeçando todo o círculo
— ciúmes, ansiedade, medo, ódio e assim por diante.
Assim o que a pessoa pode fazer quando é jovem, cheia de vida, com todas as
glândulas muito ativas, o que a pessoa pode fazer? Não olhem para mim!
(Risada) Olhem para vocês. Quer dizer, por favor ouçam a si mesmos
—vocês não podem depender de outro para descobrir a resposta.
Vocês tem que ser uma luz para si mesmos. Vocês tem que ser uma luz para
vocês entendendo o desejo, a memória do prazer, todo o apego a isso -
compreender isto, viver isto, descobrir isto. Descubra como o pensamento
procura eternamente por prazer. Se você entende isso com profundidade,
totalidade e clareza, então você não estará preso a um estado de perpétuo
controle, culpa e arrependimento—vocês seguem? Tudo aquilo pelo que a
pessoa passa quando é jovem, se é sensível. Se você simplesmente é
insensível ao prazer, bem, então isso é uma outra questão...
8.
Assim amor não é o oposto do ódio, do desejo, do prazer. Assim amor é algo
completamente diferente de tudo aquilo, porque o amor não tem nenhum
oposto. Se você realmente entende isto, mergulha nisto, não captura meu
entusiasmo, minha vitalidade, meu interesse, minha intensidade, então você
descobre o que é muito mais inclusivo, que é a compaixão. A palavra é paixão
pelo todo — pela rocha, pelos animais errantes, pelos pássaros, pelas árvores,
pela natureza, pelos seres humanos. Como aquela compaixão se manifesta?
— quando existe tal compaixão de fato, não teoricamente, cessa tudo aquilo
sem sentido — quando há aquele estado de compaixão de fato, toda a ação é
fruto da inteligência. Porque você não pode ter amor se você não entendeu o
movimento inteiro do pensamento. A pessoa não pode captar a beleza
completa, a significação e a profundidade daquela palavra sem entender
completamente a questão do apego, não intelectualmente, mas de fato, se
você é livre do apego — seja do homem, da mulher, da casa, do tapete
especial ou de algo particular que possui—certo?
Então você pode deixar de lado o apego, a dependência, e assim mesmo não
se tornar irônico, amargo, isolado e teimoso?
Porque você entendeu isto, o que o anexo significa e nesta compreensão total
isto cai fora, fica de fora porque você é inteligente, há inteligência. Esta
nteligência que não é sua ou minha, é inteligência.
9.
Se nós entendemos isto em toda profundidade, então nós podemos prosseguir
investigando este problema do medo da morte —certo? Você quer entrar nisto?
Por favor, não diga casualmente, "Sim, façamos por diversão". Porque a
maioria de nós jovens ou velhos, doentes, ou mancos, ou cegos ou surdos ou
ignorantes, pobres, nós tememos a morte. Faz parte de nossa tradição, faz
parte de nossa cultura, parte de nossa vida diária evitar esta coisa chamada
morte. Nós lemos em toda parte isto. Nós vimos as pessoas morrerem, você
derramou lágrimas sobre elas e sentiu este imenso sentimento de isolamento,
solidão, e o medo de tudo aquilo. E disso fica uma grande tristeza, aflição, não
só a tristeza humana de dois seres,mas também há esta grande tristeza, a
tristeza global, a tristeza do mundo. Eu não sei se você está atento a isso.
Nós tivemos recentemente duas guerras mundiais— isso criou imensa tristeza
para a espécie humana,não? Pense quantas mulheres, crianças, pessoas,
choraram e derramaram lágrimas — não suas lágrimas ou minhas, mas
lágrimas da humanidade. Assim há uma tristeza global, a tristeza do mundo e
um ser humano particular com a sua tristeza.
Vocês estão sendo hipnotizados por mim? Eu pergunto isto todo o tempo
porque vocês estão muito calados eeu espero que este silêncio indique
quietude do físico e quietude do pensamento, indique que vocês realmente
estão interessados profundamente, enquanto investigando profundamente,
colocando todo seu coração e sua mente e tudo que vocês têm nesta
compreensão "do que é".
10.
Assim a tristeza: a palavra tristeza, nela a paixão está envolvida. Paixão, não
luxúria, mas aquela qualidade da mente quando a tristeza é totalmente
entendida ,enquanto vê a significação inteira disto, então fora disso vem a
paixão. Não crie imagens — Não me refiro aquele tipo de paixão romântica —
mas àquela qualidade de energia que não depende de qualquer coisa.
Ambiente,comida e assim por diante, é aquela qualidade de energia que pode
ser chamada paixão. Ela surge da compreensão deste fardo que o homem
carrega por milênios. Por que nós sofremos, psicologicamente? Você pode ter
dor física, dano, doença, paralisia e é possível —por favor ouçam—é possível
colocar a dor física em seu devido lugar, não permitindo que interfira com o
estado psicológico da mente?—você entende o que eu estou dizendo?
Assim nós vivemos em tristeza e talvez isso esteja se ampliando. Pelo divórcio,
as pessoas divorciam-se e seus filhos passam por um tempo terrível, as
crianças sofrem, tornam-se neuróticas. Tudo aquilo entra nas crianças;
Uns almoçam com sua esposa atual e por razões sexuais e outras várias,eles
perseguem outra mulher, ou homem — vocês acompanham isso, isto está
acontecendo. E há tremendo sofrimento no mundo, as pessoas que estão na
prisão, na pobreza que existe na Índia e na Ásia, pobreza incrível. E a tristeza
no mundo daqueles que vivem em Estados Totalitários. Eu estava falando outro
dia com uma pessoa, nós nos encontramos na Suiça e eu lhe fiz uma pergunta,
como você tolera tudo isso? Ele disse, " Nós nos acostumamos com isto ".
Você vê quais são as implicações? Nós nos acostumamos à opressão,
repressão, medo, sempre espionando o que nós estamos dizendo, que nós nos
acostumamos a isto. Como nos acostumamos a nosso particular e pequeno
meio -entendem o que estou dizendo?
11.
Então nós já podemos entrar na questão da morte. Eu desejo saber por que
todos nós temos tanto medo disto. Você já se perguntou: o que significa o fim
de qualquer coisa? O que significa o fim do apego? Terminar isto. Diga neste
momento, enquanto sentado aí, enquanto se observando muito
cuidadosamente percebendo que você é preso a uma pessoa, a algo ou a
outro, a idéias, a sua experiência e assim por diante. Terminar este apego
agora sem argumento, sem etc. etc. Só terminar com isto. Então o que
acontece? Você entende minha pergunta? Eu estou preso a esta casa, atrás de
mim — (Espero que não) E percebendo que eu sou apegado, não teoricamente
ou em abstração, mas de fato, o sentimento, possuindo aquilo, sendo algo lá
naquilo, toda aquela tolice. Observar, estar atento deste apego e terminar isto
instantaneamente. O fim é tremendamente importante. O fim de um hábito,
fumar ou qualquer outro hábito que alguém tem, terminar isto. Assim a pessoa
tem que perceber o que significa terminar algo sem esforço, sem vontade, sem
perguntar, "Se eu termino isto o que ganho em troca "? — então que você está
no mercado. Na feira você diz: "eu lhe darei isto, me dê aquilo" o que muitos
de nós fazemos consciente ou inconscientemente. Isso não é terminar.
Terminar e descobrir o que acontece.
Assim, do mesma maneira, é a morte. Por favor fique com isto por um minuto,
não diga, "Há vida após a morte? Você acredita em reencarnação"? — como
eu disse, eu não acredito em nada. Ponto final. Incluindo reencarnação. Mas eu
quero descobrir, a pessoa precisa descobrir o que significa morrer. Deve ser
um estado extraordinário. Que é livre do conhecido — entende? Eu conheço a
minha vida, a sua vida. Você sabe da sua vida, se você foi nisto, observou isto,
cuidadosamente ,observou todas as reações e seu comportamento, sua falta
de sensibilidade, ou sendo sensível, sua fuga para a insensibilidade e assim
por diante. Você sabe muito bem da sua vida, se você observou isto. E tudo
aquilo vai terminar — certo? Seu apego vai terminar quando você morre. Você
não pode levar isto com você, mas você gosta de manter isto até o último
momento. Certo? Assim você pode terminar com seu hábito, sem discutir,
racionalizar, lutar com isto, você sabe, acabar, terminar? Então o que
acontece? Você só descobrirá se você não exercitar a vontade — certo? "eu
me renderei"— qualquer que seja seu hábito particular. Então você está
lutando com isto, você está lutando contra isto, você está fugindo disto,
suprimindo isto e todo o resto, e isto continua. Mas se você diz, " Sim, eu
terminei isto, não importa, eu terminei isto" — veja o que acontece.
E assim a pessoa tem que descobrir se a mente pode estar livre do conhecido.
Não daqui trinta anos, mas agora. O fim do conhecido que é o 'eu', o mundo
em que vivo, tudo aquilo. O 'eu' é recordação,por favor escute isso, o 'eu' é
memória, experiência, o conhecimento que acumulei por quarenta, sessenta,
trinta, vinte, ou cem anos, o 'eu' que lutou, o 'eu' que está preso a esta casa, a
esta mulher, a esta terra, a esta criança, a esta mobília, a este tapete, o 'eu'
que é a experiência que juntei por vários anos, o conhecimento, a dor, as
ansiedades, os medos, os ciúmes, as feridas, as convicções como cristão, tudo
aquilo é o 'eu'. E o 'eu' é só um monte de palavras — não é?
muitas recordações.