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Computação Brasil

Ano VII – no 23 – Setembro/Outubro e Novembro 2006

Poscomp acontece no Peru


EVENTOS
Há 10 anos, a quantidade de es-ponsabilidade de Ernesto Cuadros- SBAC/PAD – XVIII International Symposium on Computer
tudantes que circula entre as fron-Vargas, presidente da Sociedade Pe- Architecture and High Performance Computing
ruana de Computação e ex-aluno de
teiras do Brasil e do Peru vem cres- 18 a 20 de outubro - Ouro Preto (MG)
cendo consideravelmente. pós-graduação do ICMC-USP de São
Enquanto estudantes brasileirosCarlos (SP). A cidade de Arequipa SBRN – IX Brazilian Neural Networks Symposium
procuram as universidades do sul dofoi escolhida porque, segundo 23 a 27 de outubro - Ribeirão Preto (SP)
Peru para cursar graduação em áre- Cuadros-Vargas, é a origem da gran-
as como Medicina e Odontologia, de maioria de peruanos que têm fei- SBIA – XVIII Brazilian Artificial Intelligence Symposium
alunos peruanos vêm ao Brasil para to pós-graduação em Ciência da 23 a 27 de outubro - Ribeirão Preto (SP)
fazer pós-graduação em Computa- Computação no Brasil.
ção, área em que o País se destaca A Universidade Catolica San SBIE – VII Simpósio Brasileiro de Informática na
na América do Sul. Pablo foi o local da prova. Houve Educação
Em virtude dessa forte relação 130 candidatos inscritos para o exa- 7 a 10 de novembro - Brasília (DF)
entre ambos os países, o Exame Na- me. Além dos estudantes de
cional para Pós-graduação em Com- Arequipa, alguns alunos viajaram de SBGAMES – V Simpósio Brasileiro de Jogos e
putação (POSCOMP), tradicional- Trujillo (1.600km), Lima (1.000km), Entretenimento Digital
mente realizado pela Sociedade Bra-Cusco (600km) e Puno (300km) 8 a 11 de novembro - Recife (PE)
sileira de Computação no Brasil, para fazer a prova.
aconteceu pela primeira vez este ano De acordo com Ernesto MP – Maratona de Programação
na cidade de Arequipa, sul do Peru.Cuadros-Vargas, o aumento do nú- 10 e 11 de novembro - Rio de Janeiro (RJ)
mero de estudantes estrangeiros no
O exame foi realizado sob a res-
Brasil é um sinal do alto nível IHC – VII Simpósio de Fatores Humanos em Sistemas
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de exigência que está sendo Computacionais


observado nessa área na 19 a 22 de novembro - Rio Grande do Norte (RN)
América Latina.
“Os alunos que estudam GEOINFO – VIII Simpósio Brasileiro de Geoinformática
no Brasil e voltam para seus 19 a 22 de novembro - Campos do Jordão (SP)
países de origem mantêm for-
tes vínculos com os colegas WEBMEDIA – XII Simpósio Brasileiro de Sistemas
brasileiros. Isso permite au- Multimídia e Web
mentar ainda mais a influên- 19 a 22 de novembro - Rio Grande do Norte (RN)
cia da pesquisa brasileira em
Ciência da Computação e,
SBSC – III Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos
também, a cooperação entre
20 e 21 de novembro - Rio Grande do Norte (RN)
os países”, destacou o presi-
dente da Sociedade Peruana
Presidente da SBC e Cuadros-Vargas de Computação. Mais informações em www.sbc.org.br.

Importante
Se você deseja se associar à SBC, confira o valor da anuidade: * A anuidade da SBC vale pelo ano fiscal (ja-
Estudante: R$30,00 neiro a dezembro). Sócios da SBMicro têm
Efetivo /Fundador: R$80,00 desconto.
Institucional: R$450,00
Assinante Institucional C: R$900,00 Adquira as publicações editadas pela SBC
Assinante Institucional B: R$1.700,00 por meio do site da livraria Tempo Real:
Assinante Institucional A: R$3.100,00 www.temporeal.com.br.
Impresso
Especial
N0 0327/2001 - DR/RS
SBC
UP. ACFPUC

Correios

Computação Brasil
Ano VII – no 23 Setembro/Outubro e Novembro 2006

ARTE MASTREY

Pesquisadores falam sobre multidisciplinaridade Entrevista com Gilberto Câmara, diretor do INPE
Páginas 10 e 11 Páginas 14 e 15
Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006

Expediente Editorial Aluno Destaque

Desafios da Pesquisa em Computação Conheça os novos estudantes homenageados


O
blicação, o foco do trabalho no se- prêmio Aluno Destaque A cerimônia acontece durante a das suas instituições devem entrar em
* Claudia Bauzer Medeiros é entregue pelos delegados colação de grau e a entrega é feita pes- contato com Themis Tubino, respon-
minário foi a discussão da pesquisa de

E
ste número do Computação ponta em Computação – problemas em institucionais da Sociedade soalmente pelo delegado institucional sável pelo atendimento às secretarias
Brasil é dedicado a um even- aberto, estratégias e ações para atacá- Brasileira de Computação aos estudan- da delegacia regional onde a universi- regionais e delegacias instituicionais,
Claudia Maria Bauzer Medeiros
to pioneiro no País – o Semi- los, competências existentes no Brasil, tes de Computação que se sobressaí- dade se localiza. via e-mail: tctubino@sbc.org.br.
Presidente
José Carlos Maldonado nário Grandes Desafios da Pesquisa em parcerias possíveis. Um dos grandes di- ram em suas instituições de ensino. Confira nos quadros abaixo os no-
Nota: Uma listagem completa com os
Vice-Presidente Computação no Brasil 2006-2016. ferenciais em relação a iniciativas seme- Desde o segundo semestre de mes dos estudantes homenageados.
nomes dos estudantes homenageados, cur-
Carla Maria Dal Sasso Freitas O evento, promovido pela SBC em lhantes nos Estados Unidos e Grã- 2006 os alunos recebem, além do cer- sos, instituições e delegados institucionais
Diretora Administrativa e de Finanças
maio de 2006, foi concebido para de- Bretanha foi a preocupação com os im- tificado de Aluno Destaque, uma Participação – Delegados da SBC está disponível em: www.sbc.org.br/
Karin Breitmann
bater visões de futuro e preparar uma pactos sociais e econômicos no Brasil placa personalizada. interessados em homenagear alunos alunodestaque.
Diretora de Eventos e Comissões Especiais
Edson Norberto Cáceres agenda para a pesquisa em Computa- da solução dos desafios identificados.
Diretor de Educação ção, no Brasil, nos próximos 10 anos. Com isto, a SBC visa contribuir Regional Centro Oeste 2 Regional Santa Catarina
Marta Lima de Queiros Mattoso Esta iniciativa, que teve financia- para os programas de pós-graduação
Diretora de Publicações Aluno/Universidade Aluno/Universidade
mento da FAPESP e da CAPES, foi na área, subsidiar políticas públicas e
Virgílio Augusto Fernandes Almeida Késlio André Lopes dos Santos/UFMT Caroline Helena Miranda da Luz/Unisul
Diretor de Planejamento e Programas Especiais organizada a partir da constatação, definir algumas metas de longo alcan- Daniel de Oliveira/Uniplac
Aline dos Santos Andrade pela diretoria da Sociedade, que a co- ce para nortear ações da Sociedade.
Diretora de Secretarias Regionais
Evandro Fasolo/Unisul
munidade brasileira de Computação Espera-se, igualmente, propiciar a for-
Altigran Soares da Silva
precisaria ser mais proativa e definir mação de novas gerações de pesqui- Regional Espírito Santo Fábio Castro Bergmann/Unisul
Diretor de Divulgação e Marketing
Aluno/Universidade Fernando de Medeiros Marcon/Unisul
metas de longo prazo, podendo com sadores. Esta iniciativa já começou a
Roberto da Silva Bigonha Giovani de Oliveira/ESUCRI
Diretor de Regulamentação da Profissão isto melhor contribuir para o desen- dar resultados, com repercussão nos Gildásio Lecchi Cravo/Uniaracruz
Marcioni Serafim/UNESC
Carlos Eduardo Ferreira volvimento científico, tecnológico, meios acadêmicos e programação de
Diretor de Eventos Especiais
Thiago Anselmo Florêncio/Unisul
econômico e social do Brasil. seminários multidisciplinares que
Ana Carolina Salgado (UFPE)
O relatório detalhado do Seminário, aprofundem os temas identificados. Regional Minas Gerais
Ariadne Maria B. Carvalho (Unicamp) com a discussão dos desafios e ações Além de aspectos de pesquisa, os Aluno/Universidade
Daniel Schwabe (PUC/Rio) propostas, está no site da SBC. O Com- participantes debateram várias ações André Treno Ricarte/PUCMinas Regional São Paulo Leste
Flávio Rech Wagner (UFRGS) putação Brasil complementa o conteú- necessárias para promover o cresci-
Jaime Simão Sichman (USP) Davi Carlos Leocádio/Unifenas Aluno/Universidade
do do relatório com entrevistas e depo- mento continuado da Computação no
José Valdeni de Lima (UFRGS) Geraldo Luís Rodrigues/PUCMinas Danilo Sarti Luna /Unicamp
Luiz Fernando Gomes Soares (PUC/Rio)
imentos de alguns dos participantes. Brasil. As linhas de ação incluem, por
Ivre Marjorie Machado/PUCMinas Stella Emy Ota/Unicamp
Marcelo Walter (UFPE) Espera-se que, além disto, esta pu- exemplo, mudanças de currículo, in-
Paulo Roberto de Oliveira/UFU Vitor Hugo Almeida Marques/Unicamp
Raul Sidnei Wazlawick (UFSC) blicação contribua para despertar a centivo à formação multidisciplinar,
Ricardo de Oliveira Anido (UNICAMP) atenção para problemas relevantes da projetos com outras áreas do conhe-
Ricardo Reis (UFRGS)
ciência. cimento, criação de um centro para
Robert Carlisle Burnett (PUC/PR)
Siang Wu Song (USP) Os participantes do Seminário fo- encontros de pesquisa e maior Regional Paraná
Taisy Silva Weber (UFRGS) ram selecionados a partir de uma cha- interação com a indústria como for- Aluno/Universidade Regional São Paulo Oeste
Corpo Editorial/Conselho mada por “visões de futuro para a ma de fortalecer a aplicação da pes- Jaime Vieira Júnior/FAFIMAN Aluno/Universidade
pesquisa brasileira em Computação”. quisa desenvolvida. Outras medidas Camila Figueiredo Bianchi/UNOESTE
Sirlei Pastore – DRT-RS 9866
Jornalista Responsável
Quarenta e sete propostas foram en- igualmente importantes são mecanis- Juliana Tiemi Kato/UNOESTE
viadas de todas as regiões do Brasil, mos para atração de jovens e a
Claudia Judá – DRT-RS 12614 Regional Rio Grande do Sul
Reportagem e Redação das quais 22 foram selecionadas pela interação com outros países.
Rodrigo Vizzotto comissão organizadora. À comissão Outras matérias do CB destacam Aluno/Universidade
Projeto Gráfico
e aos participantes se juntaram qua- César Mattos Rocha/PUCRS
iniciativas da SBC nestes dois últimos Regional Nordeste 2
Computação Brasil tro convidados, dois dos quais indi- aspectos, com reportagens sobre a re- Débora de Freitas Barcelos/URCAMP
Fernando Trebien/UFRGS Aluno/Universidade
Av. Bento Gonçalves, 9500 - Setor 4 cados pela Academia Brasileira de Ci- alização do POSCOMP no Peru, a co-
Prédio 43424 sala 116 Ingrid Oliveira Nunes/UFRGS Sindolfo Luiz de Miranda Freire Filho/UFPB
ências – Carlos Nobre (CPTEC- laboração com a IFIP e o convênio com
Cx Postal 15012 Leonardo Henrique Bonet Zordan/UFRGS
INPE), Gilberto Câmara (INPE), Pau- a Fundação Carlos Chagas para a atra-
Agronomia - Porto Alegre /RS Luciano Bocker Preto/Unilassale
CEP 91501-970 lo Artaxo (USP) e Renato Janine Ri- ção e formação de jovens a partir da
fone: (51) 3316.6835 beiro (Capes). Olimpíada Brasileira de Informática e Márcio Bastos Castro/PUCRS
fax: (51) 3316.7142 Reginaldo Souza Pereira/Ulbra Regional Norte 2
Enquanto que na maioria das reu- da Maratona de Programação.
home page: www.sbc.org.br niões científicas predomina a apresen- Ruthiano Simioni Munaretti/Unisinos Aluno/Universidade
* Os artigos publicados são de responsabilidade
exclusiva de seus autores tação de artigos associada à sua pu- * Presidente da SBC Vilson Franceschini/Unisinos Daniel Henriques Moreira/UFPA

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
SBCCI
Grandes Desafios da Pesquisa em Computação
Presidente da SBMicro toma posse durante evento * José Carlos Maldonado longos períodos de tempo. Mas, du- Computação permeia todas as ativida-

D
urante o Chip on the vimento de Semicondutores, coorde- surgiu naturalmente. O Secretário Paulo Virgílio Augusto Almeida rante essa busca da solução de um des da sociedade brasileira e tem um
Mountains, evento forma- nado pelo professor Wilhelmus van Kleber salientou que a Fapemig já des- grande desafio, é possível criar no- potencial significativo de impacto eco-
do pelo Simpósio Brasilei- Noije (USP). A atividade contou com tinou R$ 2 milhões para cursos de es- Quais são os grandes problemas vas gerações de pesquisadores, fo- nômico e social no País. Essa maturi-
ro de Concepção de Circuitos Integra- a presença do secretário de Política pecialização visando a decisão do go- de pesquisa que a área de Computa- mentar a criatividade científica e am- dade da área torna possível o planeja-
dos (SBCCI), Simpósio Brasileiro de de Informática do Ministério da Ci- verno mineiro em apoiar a instalação de ção deverá enfrentar nos próximos pliar o grau de colaboração entre equi- mento de longo-prazo, essencial para
Microeletrônica (SBMicro) e Fórum ência e Tecnologia uma fábrica de circui- 10 anos? Como conciliar o avanço pes e laboratórios de pesquisa. Os formar grupos capazes de trabalhar em

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de Estudantes (SForum), tomou pos- (SEPIN), Augusto tos integrados. científico da Computação no Brasil e grandes desafios proporcionam uma problemas complexos e de relevância
se o novo presidente da Sociedade Bra- Gadelha, do secretário Jacobi salientou a solução de problemas de relevân- visão de futuro para a área, que fo- para o Brasil. O estabelecimento de
sileira de Microeletrônica (SBMicro), de C&T de Minas Ge- que os aspectos funda- cia para o País, tanto do ponto de menta os avanços evolucionários na uma agenda de pesquisa de longo pra-
Altamiro Susin (UFRGS). rais, Paulo Kleber, do mentais para o suces- vista social como do ponto de vista descoberta do conhecimento, geran- zo pode trazer avanços significativos
Alguns dos desafios de Susin para o consultor do governo so de uma política in- econômico? Quais seriam as ações do como subprodutos tecnologias para a área de Computação como pode
biênio 2006-2008 são trabalhar a de Minas Gerais, Mar- dustrial incluem a de formação de recursos humanos avançadas, processos novos de enge- também, de maneira seletiva, servir de
interface com governo (executivo e co Fontes, e do repre- alocação de uma quan- em Computação que efetivamente nharia e pessoal qualificado em pes- base para a formulação das políticas
legislativo), órgãos de fomento e finan- sentante da Comissão tidade adequada de re- consolidariam a cadeia de habilida- quisa. A tradição de grandes desafios de agências de financiamento de pes-
ciamento; promover a formação de re- Especial de Circuitos cursos por parte do go- des e de competências necessárias é comum em várias áreas da ciência, quisa no País. A adoção e promoção
cursos humanos em todos os níveis; Integrados da SBC, verno federal; incenti- para a solução desses problemas, em com alguns exemplos que são bem de grandes desafios não competem
interagir com a indústria EletroEletrônica, Ricardo Jacobi (UnB). Susin é o novo presidente vo à criação de design princípio de grande complexidade e difundidos e que servem como com as formas mais tradicionais de
de Informática, de Comunicações, de Gadelha falou sobre as ações do houses; incentivo à inovação, apoio e con- multidisciplinar? Em busca de res- parâmetros para se definir o que é um conduzir a pesquisa e não limitam a
Instrumentação e de Automação. governo para criar condições favorá- solidação de programas de formação de postas a questões fundamentais grande desafio em Ciência e liberdade de escolha e adoção de ou-
Outro destaque do evento, que veis à microleletrônica. A TV Digital recursos humanos; e sensibilização da como essas, surgiu na SBC a idéia Tecnologia. tros tópicos de pesquisa na área. As-
aconteceu em Ouro Preto (MG), foi foi discutida em reuniões de vários mi- indústria local para a utilização de chips de procurar identificar sim, a SBC reuniu vários
Levar um homem à Lua em 10 anos (realizado, 1960)
o painel sobre a Política de Desenvol- nistros, onde o tema da microeletrônica desenvolvidos no Brasil. os Grandes Desafios pesquisadores em um
da Pesquisa em Com- Curar o câncer dentro de 10 anos (falhou, 1970) workshop e foram identi-
putação no Brasil. Mapear o Genoma Humano (realizado) ficados os seguintes gran-
A idéia de formular Mapear o Proteoma Humano (ainda muito difícil) des desafios para os pró-
grandes desafios em Unificar as Quatro Forças da Física (em investigação) ximos 10 anos: (veja em
pesquisa tem sido ado- www.sbc.org.br o texto
tada em várias áreas do conhecimen- É pouco provável que as pesqui- completo)
to em países com forte tradição de sas simplesmente motivadas pelo mer- 1 – Gestão da Informação em gran-
pesquisa, como Estados Unidos e In- cado tenham a natureza do avanço des volumes de dados multimídia dis-
glaterra, Coréia e outros. Mas afinal, evolucionário que os grandes desafi- tribuídos;
o que são grandes desafios de pes- os requerem. Daí a importância des- 2 – Modelagem computacional de
quisa? Um grande desafio representa sa iniciativa da SBC que procura iden- sistemas complexos artificiais, natu-
um compromisso da comunidade ci- tificar grandes problemas, cuja solu- rais e socioculturais e da interação ho-
entífica de trabalhar conjuntamente em ção é importante para o Brasil e para a mem-natureza;
direção a um objetivo comum, cujo comunidade científica. 3 – Impactos para a área da Com-
valor científico e a relevância do pro- A área de Computação já atingiu putação da transição do silício para no-
blema estão claramente estabelecidos. um grau de maturidade, que está re- vas tecnologias;
A formulação de grandes desafios fletido por mais de 40 programas de 4 – Acesso participativo e uni-
emerge da própria comunidade cien- pós-graduação (mestrado e doutora- versal do cidadão brasileiro ao co-
tífica e pode necessitar de anos de tra- do) reconhecidos pela CAPES, com nhecimento;
balho e de grandes equipes de pesqui- classificações que variam de 3 a 7 e 5–Desenvolvimento
sadores. Os desafios em geral surgem se distribuem por todo território bra- tecnológico de qualidade: siste-
quando uma certa área atinge um grau sileiro. A Computação no Brasil tem mas disponíveis, corretos, se-
de maturidade com a acumulação de ampliado consideravelmente sua par- guros, escaláveis, persistentes e
uma grande quantidade de conheci- ticipação na geração de resultados ubíquos.
mento científico e tecnológico que lhe tecnológicos e científicos avançados
permite projetar avanços no cenário internacional, como mos-
evolucionários ao invés de avanços tra o número crescente de publicações * Vice-presidente e diretor de
incrementais. Os grandes desafios são brasileiras em periódicos e conferên- Planejamento e Programas Es-
projetados para serem resolvidos em cias internacionais. Além disso, a peciais da SBC

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Desafio 1 SBGAMES

Gestão da informação em grandes volumes de dados Simpósio acontece no Porto Digital de Recife
multimídia distribuídos
D
e 8 a 10 de novembro, acon- do Brasil”, disse Ramalho. mou-se na trilha SBGames-Industry.
por meio de modelagem tece o V Brazilian A novidade de 2006 fica por conta Com essa formatação o participante
* Nívio Ziviani Ainda, outros fatores de pesquisa a
considerar são formas distintas de computacional, simulações e outros; Symposium on Computer do formato do Festival de Artes que vai conhecer o que está sendo
Marcos Gonçalves
entrada e saída multimodal, desen- – Definição e uso da noção de con- Games and Digital Entertainment foi mudado. “Neste ano só serão acei- pesquisado em concepção de roteiros,
O objetivo deste desafio é desen- volvimento de infra-estruturas texto para a recuperação de informa- (SBGames), nas dependências do Por- tos vídeos. Além disso, teremos uma desde como montar uma pequena em-
volver soluções escaláveis para o tra- computacionais escaláveis baseadas ção, considerando-se fatores como lo- to Digital, em Recife (PE). apresentação dos trabalhos seleciona- presa, passando por novas técnicas de
tamento, a recuperação e a dissemi- em grids ou redes peer-to-peer, calização do usuário, perfil de interes- Segundo o organizador do dos à noite no formato de um festival Computação Gráfica e discussões so-
nação de informação relevante a par- algoritmos e estruturas para ses, objetivos, dentre outros; simpósio, professor Geber Ramalho de cinema”, destaca o organizador. bre formação de RH em jogos.
tir de volumes exponencialmente processamento de redução e de con- – Projeto e implementação de (UFPE), o fato de o evento acontecer De acordo com Ramalho, alguns O Porto Digital é resultado de
crescentes de dados multimídia dis- sulta aos dados, com atendimento a descritores de conteúdo multimodal e no Porto Digital promove uma maior eventos paralelos foram reformulados um ambiente de inovação que se con-
tribuídos. Quase tudo que vemos, le- diferentes perfis e necessidades de algoritmos para extração e indexação integração. “Por não ser em uma uni- para unificar e reforçar o SBGames. solidou em Pernambuco nas últimas
mos, ouvimos, escreve- desses descritores, permitindo buscas versidade, acredito que conseguiremos O Wjogos tornou-se uma trilha cha- décadas. O espaço reúne instituições,
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aplicações e usuários.
mos, medimos é coleta- O grande desafio é a multimodais; uma maior aproximação com as em- mada SBGames-Computing; o Game empresas, universidades e governos.
do e disponibilizado em integração de todas es- – Utilização de estruturas de presas da área no Recife que, hoje, Art, agora é denominado SBGames- Para mais informações, acesse:
sistemas de informação sas linhas e áreas para indexação dinâmicas e distribuídas do representam o maior pólo tecnológico Art&design; e o IN2Games transfor- www.sbgames.org.br.
computacionais. Vários conduzir a aplicações tipo peer-to-peer; GEOINFO
fatores contribuem para
o atual crescimento ex-
que possam beneficiar o
contexto sócio-econô- mos
– Estudos em modelos e mecanis-
de conciliação e integração de
Comitê de programa do evento é formado por 42 doutores
plosivo de dados e infor- mico-cultural do País. dados com larga escala de Este ano o comitê de programa do VIII Simpósio Bra- sentação, que permite aos participantes interagirem com os
mação, tais como a Embora haja resultados heterogeneidade; sileiro de Geoinformática (Geoinfo) cresceu. Atualmente autores, foi criada no sentido de buscar a cooperação e a
Internet e a Web, onde de pesquisa em cada – Consideração, no armazenamento ele é formado por 42 doutores, sendo 15 estrangeiros oriun- continuidade do melhoramento das atividades de pesquisa”.
massivas quantidades de Nívio Ziviani uma das áreas isoladas, e recuperação, de fatores temporais, dos de nove países, além de dois brasileiros radicados no Um dos palestrantes convidados é o professor da Uni-
informação são produzidas em tem- alguns ainda incipientes, não existem culturais e tecnológicos, tais como exterior. Entre os brasileiros existem pesquisadores de 17 versidade de Harvard, Martin Kulldorff, que ministrará a
po real a cada segundo, ou o uso de propostas que consideram a sua sensores, celulares, PDAs (i.e., instituições acadêmicas diferentes. palestra sobre sistemas de alerta espaço-temporais.
dispositivos que capturam novos ti- integração. O presente desafio é im- personal digital assistant); Uma das novidades do evento é a exclusão da sessão O professor Kulldorff trabalha com estatística espacial
pos de dados extremamente comple- portante porque, além de estimular a – Estudo de formas alternativas de de pôsteres. “Em 2006 teremos artigos completos e cur- na área de Saúde. Os sistemas espaço-temporais buscam,
xos – satélites, microssensores, te- pesquisa em áreas básicas em Com- disponibilização da informação, inclu- tos, todos com apresentação em sessão única”, explica o por meio da análise de eventos, detectar situações em que a
lescópios, câmeras de vídeo em ex- putação, sua integração pode influir no indo pesquisa em novos tipos de coordenador do evento, Antônio Miguel Vieira Monteiro concentração de casos estaria acima do razoável e disparar
perimentos de interações humanas, desenvolvimento de inúmeras aplica- interfaces; (INPE). Segundo ele, esse formato oferece ao participante um alerta para a tomada de decisão por parte dos agentes
entre tantos outros. ções-chave em vários seto- – Tratamento da a possibilidade de conhecer cada trabalho e interagir com competentes.
Todo esse imenso conjunto dis- res da sociedade. Exemplos confiabilidade e validade os autores. “Além de aplicável à saúde pública, os sistemas de alerta
tribuído e heterogêneo de dados pre- são: criação de conteúdo dos dados e da proprie- De acordo com Clodoveu Davis Júnior (PUC-Minas), espaço-temporais podem ser usados na análise de eventos
cisa ser processado, armazenado e para atividades educacio- dade intelectual; também coordenador do evento, a interação tem sido um de criminalidade”, completa Monteiro. Mais informações:
disponibilizado para tornar possível nais (e-learning), gestão – Trabalho em mode- dos grandes destaques do Geoinfo. “Essa forma de apre- http://www.geoinfo.info/.
a extração de informação para os eficiente da informação vi- los conceituais de entre- WEBMEDIA
mais diferentes tipos de aplicações. sando apoio a governo ele- tenimento digital, incluin-
Isso exige, dentre outros enfoques, trônico (e-gov), extração do o desenvolvimento de Evento recebe número recorde de submissões de trabalhos
pesquisa em novas técnicas e mé- de subconjuntos inter-rela- métodos para a manipula- A XII edição do Simpósio Brasilei- tores Humanos em Sistemas O simpósio conta com a par-
todos escaláveis de coleta, cionados de dados para ção de enredos; ro de Sistemas Multimídia e Web Computacionais (IHC) e o III ticipação de palestrantes inter-
gerenciamento, extração, apoio à pesquisa científica Marcos Gonçalves – Estudo de infra-es- (WEBMEDIA) recebeu um número Simpósio Brasileiro de Sistemas nacionais como Darko Kirovski,
integração, indexação e recupera- (e-science), disponibilização de infor- truturas adaptáveis e inteligentes para recorde de submissões, foram 120 ar- Colaborativos (SBSC), já que diver- da Microsoft Research. Ele vai
ção de dados e informação. Além mações relevantes para diagnóstico o processamento distribuído de infor- tigos completos submetidos. “Além dos sos tópicos desses três simpósios apre- falar sobre “A Economia da
disso, apresenta desafios de pre- médico à distância (telemedicina) e en- mações; e artigos completos, tivemos uma enor- sentam intersecção entre as áreas. Multimídia”, proposta recente
servação e segurança. Mais ain- tretenimento digital. – Estudo de técnicas e métodos me quantidade de propostas de Segundo Rodrigues, o fato dos de sistema econômico para
da, tendo em vista a constante evo- Resumidamente, alguns dos gran- que garantam a persistência de dados minicursos e submissões para as de- eventos ocorrerem em conjunto é uma construir um mercado off-line
lução tecnológica, é preciso garantir des problemas técnicos e científicos e informações por longos períodos de mais trilhas, sessões e workshops”, ótima oportunidade para fomentar um baseado em incentivos para
que dados armazenados continu- a abordar para fazer frente a este de- tempo, para fins de arquivamento his- afirma o coordenador geral do evento, maior intercâmbio de idéias e traba- mídias digitais.
em acessíveis com o passar dos safio são: tórico. Rogério Ferreira Rodrigues (PUC-Rio). lhos das áreas de Multimídia, Confira a programação em:
anos – ou seja, garantia de durabi- – Redução (abstração e O WEBMEDIA acontece em con- Hipermídia, Interfaces e Sistemas www.telemidia.puc-rio.br/
lidade e acesso em longo prazo. sumarização) das massas de dados * Professores DCC/UFMG junto com o VII Simpósio sobre Fa- Colaborativos. webmedia2006.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Tutorial Técnico Desafio 2
Self-Protecting (Auto-Proteção) minho para a implantação gradual des- avanço do grau de automação e da
– Sistemas autonômicos devem ser sa visão em ambientes reais de produ- maturidade autonômica, esses profis- Modelagem computacional de sistemas complexos artificiais,
capazes de detectar e reagir a amea- ção. Esses níveis e suas característi- sionais não necessitam mais conhe-
ças potenciais a seus objetivos, a sua cas prinicpais são: cer detalhes de ferramentas e aplica- naturais e socioculturais e da interação homem natureza
integridade e a de seus componentes. BÁSICO – processos e tarefas ções específicas, em vez disso podem
Assim como num ambiente não- manuais e repetitivas; requer profissi- se dedicar a tarefas que trazem um * Claudia Bauzer Medeiros modelos computacionais para vários tudos sobre pandemias são outros
automatizado, deve-se proteger o aces- onais altamente treinados. benefício real ao negócio, atividades tipos de domínios. De fato, a modela- claros casos das vantagens da pes-
O que os seguintes estudos têm gem computacional se preocupa com quisa nessa área.
so à informação e garantir que todas as GERENCIADO – sistemas com que apesar de importantes, não são
desempenhadas pela maioria dos pro- em comum: análise do desempenho modelos complexos que nos ajudam Do ponto de vista de Computa-
ações tenham seu acesso controlado. maior monitoração e controle, mas ain-
fissionais de suporte hoje em dia. Um de uma rede com milhões de compu- a entender o mundo que nos cerca. A ção, há um sem-número de pontos
da com envolvimento de operadores
tadores, o funcionamento de um avião especificação dos modelos demanda em aberto a investigar. Um exemplo
humanos; profissionais devem ser ana- dos principais objetivos da Computa-
ção Autonômica é a liberação dos pro- em uma área turbulenta, a previsão dos equipes multidisciplinares de pesqui- dos requisitos multidisciplinares den-
listas de situações complexas.
fissionais de Informática de tarefas ro- efeitos a longo prazo de um novo sadores, freqüentemente lidando com tro da própria área é quando há ne-
PREDITIVO – sinais e tendênci-
medicamento no metabolismo huma- centenas de tipos e de fontes de da- cessidade, para criar modelos, de
as geram recomendações de tineiras para que esses se dediquem a
atividades que deveriam ser efetiva- no, o impacto do vôo de um beija-flor dos. Sua programação requer especi- utilizar a pesquisa em redes de
gerenciamento; profissionais devem
mente suas tarefas principais. na polinização de flores, o comporta- alistas em várias áreas da Computa- sensores. Isso requer combinar as-
ser capazes de decidir se as recomen-
Figura 2 mento de multidões em situações de ção; sua execução pode exigir cálcu- pectos de processamento e fusão em
dações devem ser executadas.
Estes últimos conceitos são também pânico ou as consequências do efeito los que envolvam milhares de tempo real dos dados enviados, defi-
ADAPTATIVO – sistemas que
conhecidos como as disciplinas funci- estufa? Resposta: são alguns exem- processadores durante dias – por nição de quais sensores usar, onde
possam automaticamente executar
onais da Computação Autonômica, e em plos de aplicações do vasto campo de exemplo, usando as chamadas “grids” colocá-los, como mantê-los e quais
ações recomendadas pelos sinais e ten-
modelagem computacionais; das variáveis medidas devem ser con-

FOTO ARQUIVO SBC


conjunto formam os quatro quadrantes dências do nível preditivo; profissio-
da esfera funcional mostrada pela figu- computacional, a validação do sideradas. Outros exemplos incluem,
nais têm funções mínimas de acom-
ra 2. Esses quatro quadrantes constitu- envolvendo fenô- modelo e a inter- dentre outros, trabalho em grandes
panhamento e otimização.
em o acrônimo “Self-CHOP” (em in- menos artificiais pretação dos re- bancos de dados, redes de computa-
AUTONÔMICO – sistemas que
glês, CHOP significa “cortar”, “separar” Figura 3 (computadores), sultados são dores, construção e análise de
além de adaptativos se baseiam em po-
ou “desmembrar”), sendo um fácil naturais (pássa- igualmente tare- algoritmos, visualização científica,
líticas de negócios e nos processos Finalizando, deve-se ter em mente
mneumônico para a lembrança das fun- ro), sociais (mul- fas altamente processamento de imagens, compu-
do ambiente; profissionais são volta- que a Computação Autonômica não é
ções fundamentais. tidão) e da especializadas. tação gráfica ou computação de alto
dos apenas para a decisão das políti- somente uma coleção de novos con-
Existe também na literatura técnica interação do ho- Este campo desempenho, envolvendo hardware e
cas de negócios. ceitos, mas sim uma necessidade da
diversas outras funções autonômicas mem com a natu- vem atraindo software otimizados. Ainda outra área
A figura 3 mostra a evolução dos indústria e que já existe progresso sig-
menos comuns, que de uma forma ou reza (efeito estu- bastante atenção, que deverá contribuir para a pesqui-
níveis de maturidade da Computação nificativo na área (veja o “Autonomic
outra são facetas das quatro funções fa). Neste grande pelas repercus- sa nesse grande desafio é a Engenha-
Autonômica. Observa-se que existe Computing Blueprint”3 para mais in-
fundamentais, conhecidas coletivmente desafio apontado sões que tem no ria de Software, com preocupações
uma progressão natural de sistemas e formações), mas que ainda há muitas
como “Self-Star” ou “Self-*” (Auto- pelo Seminário avanço da ciên- que vão desde a novas formas de ex-
processos manuais (BÁSICO e outras oportunidades e desafios que
Estrela). De uma maneira geral, porém, Grandes Desafi- cia, mas também tração de requisitos e análise dos pro-
GERENCIADO) para sistemas mais só serão superados com a participa-
qualquer função autonômica, seja ela os da Pesquisa pelos potenciais blemas a serem modelados, até avan-
interativos (PREDITIVO) e finalmen- ção e colaboração de todos.
“Self-Star” ou “Self-Chop”, pode ser em Computação benefícios soci- ços em testes e gerenciamento dos
te para sistemas inteligentes
generalizada como uma função de “Self- (ADAPTATIVO e AUTONÔMICO), Referências no Brasil: 2006- Claudia Bauzer Medeiros ais e econômi- modelos construídos.
Management” (Auto-Gerenciamento). 2016, a construção do modelo é um cos. A possibilidade de usar ferramen- Um aspecto final a ressaltar é que
capazes de realizar inferência e tomar 1.IBM, “Autonomic Computing: IBM’s
Nesse sentido, pode-se dizer que siste- Perspective on the State of Information dos principais alvos da pesquisa. Por tas computacionais para estudo de fe- este desafio, além de considerar
ações corretivas previamente configu-
mas auto-gerenciáveis que também Technology”, Outubro de 2001, http:// exemplo, o avião em área turbulen- nômenos dos mais diversos tipos per- situações mais conhecidas de mo-
radas. Observa-se também que as ati- www.research.ibm.com/autonomic/mani-
implementem os outros quatro con- ta requer considerar forças de vári- mite a cientistas investigarem pro- delagem computacional, como as
vidades e o conhecimento dos profis- festo/autonomic_computing.pdf.
ceitos fundamentais da Computação 2.Kephart, J.O. & Chess, D. M., “The os tipos, com a interação entre fe- blemas que até pouco tempo não que consideram fenômenos arti-
sionais de Informática em cada um dos
Autonômica podem também ser con- Vision of Autonomic Computing”, IEEE nômenos naturais e dispositivos fei- eram tratáveis, quer pela quantidade ficiais ou naturais, também res-
níveis de maturidade são diferentes. Em
Computer Magazine, Janeiro de 2001, tos pelo homem. A análise de remé- de dados a analisar, quer pela quanti- salta a necessidade de tratamento
siderados sistemas autonômicos. níveis mais básicos, o profissional deve h t t p : / / w w w. r e s e a r c h . i b m . c o m /
Uma outra importante e práti- dios combina estudos em química, dade de cálculos a serem realizados, computacional de interações so-
ser altamente qualificado em ferramen- autonomic/research/papers/
ca noção da Computação AC_Vision_Computer_Jan_2003.pdf. fisiologia do corpo humano, bioquí- ou mesmo por alguma impossibilida- ciais e culturais. Esses dois últi-
tas e aplicações específicas.
Autonômica é o fato de se reco- 3.IBM, “Autonomic Computing mica, além de fatores como hábitos de física – como em estudos visan- mos tipos de estudo ainda são re-
Centros de suporte normalmente Blueprint”, 4th edition, Julho de 2006,
nhecer que sistemas puramente alimentares, culturais e até mesmo o do entender camadas do centro da lativamente novos, quando se trata
se organizam em "silos de conheci- http://www.ibm.com/autonomic/pdfs/
autonômicos são extremamente di- gênero dos pacientes. Terra. O exemplo mais citado de su- do envolvimento de pesquisado-
mento" e times de suporte diferentes AC_Blueprint_White_Paper_4th.pdf.
fíceis de se atingir. Por isso mes- O objetivo deste desafio é criar, cesso em modelagem computacional res em Computação.
para cada um desses "silos" (exem-
mo definem-se cinco “níveis de * Autonomic Computing Group, IBM especificar, avaliar, modificar, com- são os fenômenos climáticos, mas a
plo: profissionais qualificados em DB2,
maturidade” que fornecem um ca- Corporation por, executar, gerenciar e explorar preservação da biodiversidade ou es- * Presidente da SBC
WebSphere, Tivoli e Lotus). Com o

20 5
Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Desafio 3 Tutorial Técnico

Impactos para a área de Computação da Computação Autonômica


transição do silício para novas tecnologias * Marcelo Perazolo te a mente humana não se preocupa
em executar funções como a
Sistemas autonômicos devem conhe-
cer o contexto de suas atividades e
Os conceitos por trás da Compu- regulagem do ritmo cardíaco, movi- também de outros sistemas
* Flávio Rech Wagner reativos: recebendo estímulos (con- complexidade e os requisitos de time- tação Autonômica foram criados mentos digestivos, regulagem de tem- autonômicos que possam auxiliá-los
dições ambientais e presença/ausên- to-market do projeto de software quando Bill Horn – um pesquisador peratura através do suor, reações alér- na obtenção de seus objetivos.
A Lei de Moore está perdendo ve- cia de certas substâncias), a célula pro- multiprocessado de grande porte, da IBM – lançou, em outubro de 2001, gicas, etc. O sistema nervoso autô- Must be Open (Deve ser Aber-
locidade, pelos simples limites físicos duz uma reação (proteínas/enzimas com o projeto conjunto e otimizado o manifesto “Autonomic Computing: nomo é responsável pela execução to) – Sistemas autonômicos devem ser
do átomo. As novas tecnologias que para tratar o estímulo). O DNA no do software e do hardware, visando IBM’s Perspective on the State of dessas funções no nosso corpo. Do capazes de funcionar em um ambien-
estão sendo pesquisadas para substi- núcleo das células contém informa- a eficiência energética e a compen- Information Technology”1. Esse ma- mesmo modo, em um sistema te heterogêneo onde, por meio da pa-
tuir o silício, embora ofereçam enor- ções exatas sobre a produção destas sação da baixa confiabilidade das nifesto observa que a indústria da computacional autonômico, várias dronização, consigam suportar a com-
me capacidade de integração, são bem proteínas. Podemos ver o DNA como novas tecnologias? Tecnologia de Informação enfrenta atividades complexas podem ser exe- plexidade inerente a esses ambientes.
mais lentas do que as atuais e têm alta o software (dados e programa) e a Neste cenário, todo sistema de uma crise de complexidade que só cutadas automaticamente, de modo Must be Transparent (Deve ser
sensibilidade a ruídos e defeitos, pro- célula como o hardware biológico. computação deverá ser visto como tende a piorar com o passar do tempo a liberar profissionais de Informática Transparente) – Sistemas
blema que já está ocorrendo mesmo Como outras novas tecnologias, a um sistema embarcado de grande e com o crescimento dos sistemas a desempenharem atividades mais autonômicos devem antecipar quais
com o silício, devido à diminuição no computação biológica é adequada a porte, combinando paralelismo ma- computacionais, das aplicações e dos “nobres”, como controle, planeja- são as funções que poderão desempe-
tamanho dos transistores. Adicional- sistemas maciçamente paralelos e su- ciço, eficiência energética, ambientes utilizados em vários seto- mento, estabelecimento de políticas nhar, assim como as de seus compo-
mente, a maioria dos dispositivos para jeita a falhas: um sistema contém mi- confiabilidade e heterogeneidade. Isso res da indústria. Como um exemplo, de negócios, aperfeiçoamento de pro- nentes, enquanto ao mesmo tempo
aplicações pervasivas será movida a lhares de “processadores” (células) exigirá a busca de novos paradigmas basta vermos o progresso recente cessos, etc. escondem a sua complexidade. Somen-
bateria, mas a capacidade destas não executando a mesma tarefa e a rea- de projeto em muitas áreas da Com- obtido em várias áreas da Computa- te assim, a escalabilidade necessária
tem aumentado de maneira ção do sistema é garantida pelo fato putação, como Engenharia de ção, como a capacidade de para a realização de tarefas cada vez
exponencial, causando um gargalo na de que a maioria de- Software (por exem- processamento, a densidade de me- mais complexas pode ser atingida.

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energia disponível. Por outro lado, les agirá “correta- plo, novas abstra- mória e a velocidade das linhas de Self-Configuring (Auto-Confi-
aumentos de desempenho já não po- mente”. ções para capturar a comunicação, que registraram cres- guração) – Sistemas autonômicos de-
dem mais ser obtidos por aumentos Neste novo cená- verticalidade neces- cimento da ordem de dezenas de mi- vem ser capazes de se auto-regularem,
ilimitados da freqüência de operação, rio tecnológico, as sária às otimizações lhares de vezes desde que estas mesmo em presença de condições
em função do impacto sobre a po- técnicas de projeto de físicas, novos con- tecnologias foram criadas. O proble- impredizíveis, que são comuns em sis-
tência dissipada. Isso levará, no fu- hardware e software ceitos de desenvolvi- ma se complica ainda mais com a cri- temas altamente complexos.
turo próximo, a chips com até cen- precisarão ser muito mento baseado em ação da Internet e a explosão no nú- Self-Healing (Auto-Cura) – Sis-
tenas de processadores que, em alteradas. No modelo componentes que le- mero de usuários e sistemas de infor- temas autonômicos devem ser capa-
muitos domínios de Computação atual, o projeto de vem em considera- mação no mundo. Se a tendência con- zes de se recuperar de falhas, conhe-
embarcada, serão de diferentes ti- software utiliza uma ção características tinuar, em pouco tempo o número de cidas ou impredizíveis. Devem tam-
profissionais de Informática necessá- Figura 1 bém ser capazes de detectar novos pro-
pos (RISC, DSP, VLIW, SIMD, abstração de alto ní- não-funcionais e no-
etc.), visando maior eficiência rio para gerenciar esses sistemas será Outro excelente artigo que cola- blemas, isolá-los (estabelecer a pro-
vel do hardware. Isso vas técnicas de veri-
energética. Além disso, veremos proibitivo e a indústria de Tecnologia bora historicamente para estabelecer cedência), determinar a melhor ação
terá de ser modifica- ficação de software
de Informação tenderá a entrar em co- a visão da Computação Autonômica para remediação e executar essas
combinações de processadores ba- do para aproveitar a Flávio Wagner na presença de fa-
lapso. A solução, ainda segundo o é entitulado “The Vision of ações, levando ainda em conta o im-
seados em silício com outros não- computação maciçamente paralela e lhas), Sistemas Operacionais (por
mesmo manifesto, é um avanço sig- Autonomic Computing”2. Esse arti- pacto que podem causar em ou-
convencionais, baseados em Com- ao mesmo tempo cuidar do consu- exemplo, controle do consumo de
nificativo na automação desses sis- go estabelece os conceitos funda- tras partes do ambiente.
putação quântica ou biológica. mo de energia e da confiabilidade, energia e migração de serviços entre
temas complexos e dos seus respec- mentais para se atingir a visão da Self-Optimizing (Auto-
As bases teóricas da Compu- hoje considerados apenas no projeto hardware e software para
tivos processos. Para tanto, um pa- Computação Autonômica na prática, Otimização) – Sistemas
tação são independentes de máqui- do hardware. Por outro lado, a de- minimização energética), Compilado-
ralelo com o sistema nervoso autô- enumerados a seguir: autonômicos estão sempre procu-
nas concretas. Geralmente asso- manda crescente pela solução de no- res (por exemplo, maior visibilidade
nomo do corpo humano é estabele- Self-Awareness (Auto-Conheci- rando novas maneiras de atingir
ciamos a noção de programa ao vos problemas leva a softwares cada de recursos de hardware não padro- cido, e as facilidades de auto-ajuste mento) – Sistemas autonômicos de- seus objetivos de uma forma mais
computador baseado em silício no vez mais complexos, o que exige o nizados) e Processamento Paralelo proporcionados por este modelo são vem ter uma identidade e conhecer econômica para o ambiente como
qual ele executa. Os grandes avan- seu projeto em níveis mais altos de (por exemplo, exploração de o fundamento do novo paradigma: a suas próprias capacidades. É extre- um todo. Em algumas situações,
ços na Biologia Molecular podem abstração e com doses crescentes de paralelismo massivo heterogêneo, Computação Autonômica. mamente importante que tenham um o caminho mais curto não é o mais
mudar esse panorama, dando à automação, indispensáveis num ce- combinado a eficiência energética e Para ilustrar melhor o paralelo com modelo que represente seus estados e econômico. Políticas de negóci-
Computação uma máquina bioló- nário de grande competitividade. confiabilidade). o sistema nervoso autônomo, consi- os estados de seus componentes. os devem governar a maneira
gica completamente diferente. Os Como conciliar a automação e a abs- derem-se as funções autônomas Know its Environment (Co- como o ambiente autonômico é
organismos vivos são sistemas tração, requeridas para lidar com a * Conselheiro da SBC exemplificadas na figura 1. Obviamen- nhecimento do seu Ambiente) – otimizado.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Homenagem Desafio 4

SBC é uma das vencedoras do Prêmio Sucesu 40 anos Acesso participativo e universal do cidadão
Criação da Sociedade Brasileira de Computação foi um dos fatos mais importantes das últimas décadas
brasileiro ao conhecimento
E
m comemoração aos 40 anos so Nacional de Informática.

FOTOS DIVULGAÇÃO
da Associação de Usuários de De 1976 a 1985, os vencedores * M. Cecília C. Baranauskas científica fazer a nossa parte. nam (im)possíveis.
Informática e Telecomunica- foram a fundação da SBC; o O grande desafio da Computação Acessibilidade como qualidade do
Clarisse S. de Souza
ções (Sucesu), a entidade criou o Prê- desembargador Carlos Prudêncio com para o Brasil é estabelecer sistemas e que é acessível remete-nos aos vári-
mio Sucesu 40 anos para homenage- a urna eletrônica; a Cobra com o pri- Grandes desafios para o futuro métodos que promovam e sustentem os aspectos de seus significado: o do
ar personalidades e organizações que meiro microcomputador nacional; a lembram também grandes enganos, a uma cultura digital em nossa socieda- acesso físico (como a um local ou
protagonizaram os 40 fatos de maior criação da Assespro; a Microsoft com exemplo do que declarou em 1977 Ken de, que busquem resgatar valores de rede), econômico (de valor, que tem
destaque das últimas quatro décadas. a primeira versão do Windows; o Olsen, co-fundador e principal exe- cidadania respeitando a diversidade de custo associado), cognitivo (que pode
A criação da Sociedade Brasileira de Bradesco com o primeiro caixa ele- cutivo da Digital Equipment nossa sociedade. Nesse cenário, sis- ser facilmente compreendido), e
Computação (SBC) foi uma das ven- trônico do Brasil; a Embratel pelos da- Corporation, numa convenção sobre temas computacionais são instrumen- sociocultural (que tem sentido e valor
cedoras como um dos acontecimen- dos via telefone; a professora Liane a sociedade do futuro: “There is no tos de transformação profunda da so- para comunidades e sociedades bra-
tos mais importantes ocorridos entre Tarouco pela publicação do primeiro reason for any individual to have a ciedade, o que vai além do ofereci- sileiras). Como pensar essa noção am-
as décadas de 1976 e 1985. livro sobre o tema Redes e Comuni- computer in his home”. Hoje mento de serviços via pla de “acesso” ao conhecimento para

FOTOS DIVULGAÇÃO
A Diretora de Eventos e Comissões cação de Dados; a criação da Datasul; somos, só no Brasil, no pri- Internet e novos artefatos todo cidadão brasileiro? A Sociedade
Especiais da SBC, professora Karin o senhor Nicola Mazzola com a intro- Vencedores recebem a homenagem meiro trimestre do ano, mais (como TV digital e dispositi- Brasileira de Computação convida-nos
Breitman (PUC-Rio), representou a dução da Informática na Engenharia sociação Brasileira das Empresas de de 21 milhões a utilizar a vos móveis). O próprio a fazer esta reflexão em vários níveis:
SBC na cerimônia de entrega do prê- de Projetos e Construção Civil. Software (ABES); a Embratel pelo lan- Internet de casa. O exercício design de sistemas deve ser conceitual, buscando fundamentos
mio que aconteceu no dia 11 de julho, Os ganhadores da década de 1986 çamento do serviço definitivo de aces- que fomos chamados a reali- pensado para a diversidade em abordagens inclusivas para
no hotel Sofitel, no Rio de Janeiro (RJ). a 1995 foram o MCT com a explora- so comercial da Internet. zar, em 8 e 9 de maio de 2006 do potencial humano brasilei- tecnologias da informação e comuni-
Foram identificados e premiados os ção comercial da Internet; a criação De 1996 a 2005 os ganhadores fo- em São Paulo, para discutir e Cecília ro. Isso significa tornar a in- cação; metodológico, buscando novos
fatos mais importantes que mudaram do Comitê Gestor de Internet no Bra- ram a Receita Federal pelo Imposto de propor Grandes Desafios de Pesqui- formação e comunicação acessíveis, modelos de processos de design e de-
os rumos ou marcaram época, frutos sil; o senhor Tadao Takahashi com o Renda via Internet; o ex-presidente sa em Computação no Brasil 2006- utilizáveis e úteis a todos, e se traduz senvolvimento de software, onde as
de lançamento de produtos de software lançamento do projeto RNP (Rede Na- Fernando Henrique Cardoso pela Me- 20161 , é mais focalizado: refere-se aos em serviços de saúde efetivos, edu- interfaces são elaboradas numa pers-
ou hardware, do desenvolvimento de cional de Pesquisa); a Secretaria da dida Provisória 2.200/01 que institui o próximos 10 anos e define fronteiras cação continuada, governo compro- pectiva sócio-técnica; e de formação
novas metodologias, do uso inovador Receita Federal pela declaração do Im- documento eletrônico como tendo mes- com clareza: desafios da Computação metido com todos os cidadãos. A rea- de nossos profissionais, repensando
da tecnologia disponível na época, de posto de Renda por meio eletrônico; a mo valor que o em papel e pela no contexto Brasileiro2 . lização dessas possibilidades requer e revisando o currículo de forma a
mudanças na legislação ou de outros Fapesp pelo nascimento da Internet privatização da Telebrás; a criação do Formamos hoje um cenário de muito mais do que hardware de baixo permitir ao formado colaborar efeti-
acontecimentos relevantes. acadêmica no Brasil; o senhor Max Google; o acesso a Internet grátis (IG); vastas diferenças socioeconômicas, custo e redes de banda larga. Acessi- vamente com profissionais das áreas
Os vencedores da década de Gonçalves pela idealização da 1 a o Tribunal Superior Eleitoral pelas ur- culturais, regionais e de acesso à bilidade, usabilidade e design para to- sociais e humanas. Certamente, solu-
1966 a 1975 foram a Escola Poli- Fenasoft; o senhor Aleksandar Mandic nas de votação eletrônica; o deputado tecnologia e ao conhecimento. Se- dos são palavras-chave. ções devem ser construídas por e com
técnica da USP com o fato “A cons- pelo primeiro provedor comercial de Júlio Semeghine pela criação da Frente gundo dados oficiais de órgãos do go- Algumas iniciativas de governo e seus próprios atores: a comunidade ci-
trução do patinho feio”; a criação do Internet no Brasil; a criação do Comi- Parlamentar de Informática; o Incor verno e organizações de mobilização universidades têm buscado soluções entífica ao lado do cidadão e das or-
Serviço Federal de Processamento tê para a Democratização da pela cirurgia via computador; o social3 , somos uma população onde tecnológicas de alcance social; pro- ganizações sociais.
de Dados (Serpro); a criação do De- Informática (CDI); a fundação da As- C.E.S.A.R. pelo primeiro contrato para 34% vivem abaixo da linha de pobre- jetos de e-gov e TV digital são exem- 1 http://www.sbc.org.br
partamento de Informática exportação da urna eletrô- za, sem acesso a condições básicas plos. Em nossa perspectiva, soluções 2 Grifo das autoras
da PUC-Rio; a Unicamp pela nica; a RNP pelo backbone de vida; 26% têm mais de 15 anos para esse desafio envolvem 3 COEP Brasil. Comi-
criação do primeiro ba- da Rede Nacional de Ensi- tê de Entidades no Com-
de idade e menos de quatro anos de desde os níveis técnicos de bate à Fome e pela Vida,
charelado em Computa- no e Pesquisa; a criação da escolaridade, contribuindo para es- infra-estrutura tecnológica 2006. http://
ção do País; a USP pela Anatel; a Softex pelo desen- tatísticas assustadoras de analfabe- necessária à veiculação dos www.coepbrasil.org.br
primeira transmissão de volvimento e implantação tismo funcional; 14,5% têm alguma sistemas até as interfaces Portal do Cidadão –
dados via modem no Bra- do projeto MPS.BR; o Ban- deficiência física ou sensorial, que dos sistemas sócio-técnicos. Ministério da Justiça do
sil; a fundação da Sucesu/ co do Brasil por ser o pri- limita o acesso à informação. É cla- Se considerarmos a conver- Brasil. Ministério da Jus-
RJ; a fundação da meiro banco brasileiro a tiça, 2006b. http://
ro que esse cenário é bastante com- gência de mídias (com a da Clarisse www.mj.gov.br/
Procergs; a fundação da oferecer atendimento via plexo e não há ação isolada em área TV, Internet, telefone celular), o gar- Portal do Mec. Ministério da
Cobra; a Embratel com a celular; a Conectiva pela dis- de pesquisa específica que sozinha galo de tais sistemas é sem dúvida Educação, 2006c. http://
criação da Rede Nacional tribuição do Linux; o MCT dê conta de propor soluções que pos- possibilitar o acesso. Em particular, portal.mec.gov.br/
de Comunicação de Da- pelo programa Sociedade da sibilitem melhores indicadores em são as interfaces de usuário que re-
dos; a Sucesu/RJ com a Informação; e o Bradesco futuro próximo. Entretanto, é nossa presentam os sistemas e é por meio * Professoras PUC-Rio e
realização do I Congres- Diretora da SBC Karin Breitman no coquetel de premiação pelo Internet banking. responsabilidade como comunidade delas que diversas (inter)ações se tor- Unicamp

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Desafio 5

Desenvolvimento tecnológico de qualidade: sistemas disponíveis,


SBC amplia ações internacionais por meio da IFIP
* Ricardo Reis va, TC10: Ricardo Reis e TC13: Cecília Unesco, co-organizadora do evento.
corretos, seguros, escaláveis, persistentes e ubíquos Baranauskas). Dois Grupos de Traba- Desde então, o professor tem sido
A IFIP – International Federation lho da IFIP são atualmente coordena- convidado pela Unesco para efetuar
* Arndt von Staa ses sejam fidedignos. Um sistema é perda de vidas, danos à ecologia e ru- for Information Processing, é uma fe- dos por membros da SBC: WG3.2 (Raul consultorias internacionais. Eu já fui
José Palazzo M. de Oliveira dito fidedigno (inglês: dependable) ína de empresas. Um dos objetivos a deração não governamental e sem fins Waslawick) e WG10.5 (Flávio membro do Comitê de Programa In-
quando se pode depender dele assu- alcançar é eliminar o risco de danos lucrativos criada em 1959 sob o Wagner). ternacional do Congresso Mundial da
A Computação tornou-se ubíqua, mindo riscos de danos compatíveis de modo que o seu custo médio po- auspício da Unesco, visando congre- Neste período a SBC já trouxe para IFIP de 2004 e Tutorial Chair do mes-
ou seja, encontra-se em todos os lu- com o serviço prestado pelo mesmo. tencial (risco é dano) seja compatível gar os países por meio de suas socie- o Brasil diversos eventos internacio- mo evento, sendo que a Claudia
gares. Não é preciso ir muito longe A construção e manutenção de siste- com o custo de sua prevenção e ob- dades científicas mais significativas nais da IFIP (cerca de 20), o que pro- Bauzer Medeiros, presidente da SBC,
para buscar exemplos. Os mais vari- mas fidedignos exigem profissionais servação. Em uma análise superfici- na área da Informática/Computação. move de forma expressiva o contato foi Tutorial Chair do WCC2006.
ados dispositivos são controlados por qualificados e compromissos de lon- al, e visto que não é possível Cada país é representado por sua so- da comunidade científica e tecnológica A IFIP por meio de seu Comitê de
software executado em processadores go prazo, que permitam manter, ex- quantificar adequadamente riscos e ciedade científica mais conceituada na nacional com a comunidade interna- Apoio a Países em Desenvolvimento
das mais diversas arquiteturas. São al- pandir e gerenciar o sistema. Praticar danos, isto quer dizer que se deve pro- área, sendo que o Brasil é representa- cional. Por duas ocasiões foi trazido tem disponibilizado grants que permi-
guns poucos exemplos: eletrodomés- engenharia de sistemas fidedignos é curar eliminar o risco de danos gran- do pela Sociedade Brasileira de Com- para o Brasil a Assembléia Geral da tem a participação de diversos pes-
ticos, elevadores, carros, aviões, ce- bem mais amplo do que incorporar to- des ou catastróficos. putação (SBC). O único país que pos- IFIP (1997 e 2001). quisadores e alunos brasileiros em
lulares, decodificadores digitais de TV lerância a falhas e assegurar corretude, Ao examinar com cuidado os sui uma dupla representação é os Es- Em 2004 a proposta efetuada pela eventos internacionais.
a cabo, sistemas de controle de tráfe- entre outras propriedades. O entendi- exemplos, vemos que o problema de tados Unidos, devido ao reconheci- SBC para trazer o WCCE – World Outra possibilidade de apoio da
go e salas de cirurgia. Enquanto al- mento da noção de fidedignidade de- fidedignidade não é relevante somen- mento de que ambas, a IEEE Conference on Computers in IFIP é com as despesas referentes à
guns desses exemplos correspondem pende do serviço que o sistema pres- te em sistemas de controle de pro- Computer Society e a ACM possuem Education, foi a vencedora. O evento vinda de palestrantes convidados em
a sistemas relativamente simples, ou- ta. Em alguns serviços, por exemplo, cessos, sistemas embarcados ou si- uma atuação internacional. será realizado em Florianópolis, em conferências que têm a IFIP como
tros custam muito caro e envolvem comando e controle, uma falha pode milares, é importante também ao de- A atuação da IFIP é ampla e in- julho de 2009, sob a coordenação de co-sponsor, como aconteceu em 2004
milhões de linhas de código e, algu- ter conseqüências catastróficas. Já em senvolver sistemas convencionais. tensa, tanto na promoção da Raul Waslawick (UFSC). com o SBRC, onde a IFIP
mas vezes, hardware complexo. Se outros, como busca de informação na Quantas vezes perdemos horas de interação científica quanto na reali- Diversos eventos da cobriu os gastos de viagem
essa ubiqüidade traz conforto, tam- Web, uma pesquisa incorreta (falsos trabalho em virtude de algum defeito zação de ações que visam ampliar a SBC passaram a contar de um dos palestrantes.
bém acarreta problemas. Como depen- positivos ou ausência de respostas re- de software? Quantas vezes gasta- inserção dos diferentes países na So- com o co-sponsor da IFIP. A SBC realizou junto
demos desses sistemas, eles precisam levantes) é tolerável desde que isso mos um tempo enorme para tentar ciedade da Informação. A IFIP pro- Entre eles, o Symposium com o TC2 da IFIP, a First
estar sempre disponíveis e não apre- ocorra com uma freqüência baixa. En- fazer com que o resultado de um move cerca de 100 eventos científi- on Integrated Circuits and IFIP Academy on the State
sentar falhas; devem funcionar da for- tretanto, não é tolerável o sistema can- software se apresente tal como de- cos por ano, nas diferentes áreas da Systems Design (SBCCI), of Software Theory and
ma prevista e ser escaláveis e segu- celar a execução, invadir privacidade sejamos? Quantas vezes já fomos Computação, sendo que parte dos o Brazilian Symposium on Practice, em Porto Alegre,
ros. Imagine uma falha ou não dispo- ou representar um risco à segurança forçados a desistir de utilizar um trabalhos apresentados gera mais de Computer Architecture and em julho de 2005, sendo
nibilidade de um sistema crítico como de quem o usa. É utópico almejar sis- equipamento simplesmente por não 50 livros publicados por ano via High-Performance que a IFIP patrocinou o
o controle de tráfego. Mas mesmo sis- temas absolutamente fidedignos por conseguirmos que produza resulta- Springer Academic Publishers. Os Computing (SBAC-PAD), transporte e a estadia de to-
temas do dia-a-dia podem ser muito construção. Conseqüentemente, como dos na qualidade esperada? dois principais eventos da IFIP são o Simpósio de Tolerância dos os participantes.
desagradáveis como uma falha no não se pode assegurar a ausência de Deseja-se então desenvolver, ava- o IFIP WCC – World Computer a Falhas e o Brazilian Symposium on Cabe observar que por meio da
decodificador digital da TV a cabo na falhas, deve-se tentar conviver com a liar e aprimorar fundamentos, proces- Congress (realizado nos anos pares, Computer Networks (SBRC) ganham interação com a IFIP, o Brasil passou
hora do jogo decisivo do seu time de- presença delas por meio da constru- sos, frameworks, métodos, técnicas sendo que o WCC2008 acontece em maior visibilidade internacional com o a participar das Olimpíadas Interna-
vido a um problema no sistema de pay- ção de sistemas robustos, tolerantes padrões de arquitetura e de projeto Milano, Itália) e o WITFOR – World fato de terem a IFIP como co-pro- cionais de Informática, que têm sido
per-view! Este desafio, identificado a falhas ou capazes de se auto-corri- capazes de efetiva e eficazmente au- Information Technology Forum rea- motora. Outros eventos da SBC têm um canal de divulgação e promoção
pela SBC, estimula a pesquisa em girem (self-healing), ou capazes de xiliar desenvolvedores de sistemas a lizado em parceria com a Unesco (em o apoio da IFIP, inclusive financeiro. da SBC na comunidade brasileira
ambientes, métodos, técnicas, mo- continuar gerando serviços fidedignos desenvolverem e manterem sistemas anos ímpares). A parceria entre SBC e IFIP também e internacional.
delos, dispositivos e padrões de ar- apesar de em volume ou funcionali- fidedignos. Como muitos dos proble- A SBC passou a representar o Brasil tem estimulado a submissão de arti- Além do WCC2009, diversos
quitetura e de projeto capazes de dade menor (graceful degradation). mas são decorrentes da formação ina- na IFIP em 1995. Desde então a comu- gos de outros países aos eventos da outros eventos da IFIP estão pro-
auxiliar os projetistas e Falhas e erros não observados pro- dequada dos profissionais que atuam nidade científica brasileira tem amplia- Sociedade. Isso tem ampliado a qua- gramados para serem realizados
desenvolvedores de sistemas de vocam danos. Estes podem variar em Engenharia de Sistemas, é neces- do de forma significativa a sua partici- lificação de eventos da SBC e contri- no Brasil: ICGT2006 (Natal),
software e hardware a criarem sis- pação nos eventos e ações da IFIP. A buído para aumentar de forma expres- ICSICDC (São Paulo), Interact
desde danos de pequena monta, por sário também reestruturar currículos
SBC também tem direito a indicar um siva a participação de pesquisadores 2007 (Rio de Janeiro),
temas disponíveis, corretos, segu- exemplo perda de algum tempo, ne- e desenvolver material de ensino de
representante nos diferentes Comitês brasileiros em comitês de programa NOMS2008 (Salvador) e VLSI-
ros, persistentes e ubíquos. cessidade de repetir uma operação, modo que os profissionais formados
Técnicos da IFIP, sendo que atualmen- de eventos internacionais. Podemos SoC 2009.
Em virtude da crescente parti- passando por danos consideráveis, estejam preparados a utilizar este novo
te a SBC possui representação em seis destacar a participação de Raul Para mais informações,
cipação de sistemas computacionais como perda de oportunidade, quebra instrumental.
dos 13 comitês (TC1: Imre Simon, TC3: Waslawick na organização do progra- acesse: www.ifip.org.
na sociedade, torna-se cada vez de equipamento, prejuízos financei-
Raul Waslawick, TC6: José Neuman de ma do WITFOR 2003, o que propi-
mais necessário assegurar que es- ros, até danos catastróficos, tais como * Professores PUC-Rio e UFRGS
Souza, TC7: Edmundo de Souza e Sil- ciou a sua interação com membros da * Representante da SBC na IFIP

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Parceria
Seminário reúne especialistas em Computação
Fundação Carlos Chagas patrocina eventos da SBC
O
s professores Carlos José Lucena e Lucchesi – O evento foi CB – Durante o Congresso da
Maratona de Programação e Olimpíada Brasileira de Informática recebem recursos da FCC Pereira de Lucena (PUC- bastante inspirado em uma iniciativa se- SBC, se falou muito que a Compu-
Rio) e Cláudio Leonardo melhante da NSF [National Science tação estaria passando por uma

A
Fundação Carlos Chagas contribuir, ao longo do tempo, para a dependeria fundamentalmente do de- Lucchesi (Unicamp) participaram Foundation]. O estilo próprio da co- transformação. Vocês puderam ob-
(FCC) está patrocinando melhoria do desenvolvimento científi- senvolvimento dessa área”, lembra. munidade brasileira servar isso durante o evento?
da organização do se-

FOTOS DIVULGAÇÃO
duas grandes competições co e tecnológico no País”, ressalta o Além da parceria com a SBC, a marcou as diferenças. Lucena e Lucchesi – Sem dúvida.
minário Grandes De-
promovidas pela Sociedade Brasilei- diretor-presidente da FCC, Rubens Fundação Carlos Chagas desenvolve Por exemplo, foi dada A complexidade consistiu em identifi-
safios da Pesquisa em
ra de Computação: a Maratona de Murillo Marques. inúmeros projetos na área educacio- muita ênfase nos as- car (preliminarmente) as naturezas
Computação no Brasil:
Programação, voltada para estudan- Marques estimula iniciativas nal, como a Ação Afirmativa que dis- pectos socioculturais. destas tranformações.
2006-2016. Em entre-
tes de graduação e início de pós-gra- para identificar talentos tribui bolsas de estudo para a rea- O Virgílio e a Cláudia
vista ao Computação
duação dos cursos da área de Ciência na área de Informática lização de mestrado e douto- foram os grandes mo- CB – Na opinião de vocês, qual
Brasil, esses pesquisa-
da Computação; e a Olimpíada Brasi- desde os tempos em rado no Brasil e no exterior tores da iniciativa. é o ponto mais crítico quando se
dores, reconhecidos

FOTO DIVULGAÇÃO FCC


leira de Informática, dirigida a alunos que era diretor do Ins- para as minorias étnicas; a dis- fala em pesquisa em Computação:
no Brasil e no exte-
do ensino Fundamental e Médio. tituto de Matemática tribuição de bolsas para pes- CB – Por que foi multidisciplinaridade, financia-
rior pela contribuição
A Tecnologia da Informação é con- da Universidade Esta- quisadores na América estabelecido um mento, recursos humanos?
que dão à área da
siderada uma área estratégica para o dual de Campinas Latina, visando o desenvolvi- prazo de 10 anos? Lucena e Lucchesi – Recursos
desenvolvimento de uma nação. Pen- (Unicamp). “Em 1968 mento de pesquisas em Direi- Computação, fala-
ram sobre a experi- Lucena e humanos, que depende dos outros
sando nisso a FCC está incentivando propus a criação do tos Reprodutivos da Mulher; Lucchesi – É uma fatores, é um aspecto essencial. Fala-
competições, como a Maratona e a primeiro curso a implantação de mestrados ência de organizar Carlos José de Lucena
um evento pioneiro e sobre alguns técnica usual de pla- mos muito na evasão de pesquisado-
Olimpíada, que estimulam os jovens de bacharela- em Direitos Humanos em vá- nejamento estratégico: nem tão pou- res da área para o exterior.
a investirem nessa área. “Percebemos do em Ciência rias universidades do País. tópicos que foram discutidos du-
rante o seminário. co tempo para as propostas não to-
que são iniciativas que procuram de- da Computa- A FCC também mantém a marem ares de imediatismo, nem tão CB – Além da produção de um
tectar novos talentos na área da ção no Brasil, publicação regular das revistas longo, para não parecer advinhação relatório, qual é o resultado práti-
Computação Brasil – Como fo-
Informática e estimular a utilização de pois acreditava Estudos em Avaliação Educa- sem fundamento. co do seminário Grandes Desafios
ram selecionados os pesquisadores
metodologias e processos que possam que o futuro Rubens Murillo Marques cional e Cadernos de Pesquisa. da Pesquisa em Computação no
que iriam participar do
seminário? Qual foi o critério para CB – Os participantes foram Brasil 2006-2016?
Entidade realiza concursos em todo o território nacional a escolha dos nomes?
Carlos José Pereira de Lucena e
divididos em grupos de trabalho.
Essa dinâmica facilitou a discussão?
Lucena e Lucchesi – Falou-se na
continuidade dos trabalhos sem preo-
A Fundação Carlos Chagas é uma entidade de direi- Educacionais (DPE) é formado por pesquisadores al- Cláudio Leonardo Lucchesi – A SBC Lucena e Lucchesi – O mérito e a cupações, ainda, com os aspectos
to privado, sem fins lucrativos, reconhecida como de uti- tamente especializados, que desenvolvem projetos vol- fez uma chamada pública solicitando complexidade do enfoque deveram-se organizacionais. O esforço precisa ser
lidade pública nos âmbitos federal, estadual e municipal. tados, principalmente, para políticas de alfabetização e visões de futuro de todos os pesqui- a esta divisão. A motivação dos gru- contínuo e os seus produtos (relató-
Com mais de 2.600 concursos realizados e com a par- de ensino Fundamental e Médio; para educação da cri- sadores da comunidade sobre a área. pos superou as dificuldades e, para a rios, recomendações, etc) precisam
ticipação de 33 milhões de candidatos em todo o territó- ança de 0 a 6 anos; para trabalho e educação; e para Foram escolhidos os melhores proje- surpresa geral, a convergência de idéi- atingir das agências de financiamento
rio nacional, a FCC está habilitada a realizar todo tipo de relações de gênero. tos e, não por coincidência, 80% dos as foi relativamente rápida. à pesquisa em todos os níveis de go-
concurso, assim como a desenvolver projetos de avalia- Esses projetos, bem como os trabalhos desenvolvidos pesquisadores 1A em Ciência da Com- verno, com o enten-
ção educacional, independentemente de sua dimensão ou por pesquisadores de outras instituições, integram o “Ca- putação participaram do seminário. CB – Foram dimento que ele deve
abrangência geográfica. Os requisitos de segurança e dernos de Pesquisa” e o “Estudos em Avaliação Educacio- muitas as opiniões ser parte de um pro-
confiabilidade, aliados à qualidade dos serviços presta- nal”, publicados e distribuídos regularmente pela funda- CB – De que forma as propos- divergentes ou foi grama de Estado.
dos, são a marca da fundação. ção. O DPE presta, ainda, assessoria e treinamento a ou- tas foram enviadas e selecionadas fácil atingir um con-
A fundação atua desde 1971 no campo da pes- tras instituições de pesquisa, a órgãos públicos e privados pela organização do evento? senso? CB – Porque
quisa educacional. O Departamento de Pesquisas nacionais e internacionais que atuam em áreas afins. Lucena e Lucchesi – As propostas Lucena e o evento foi im-
foram submetidas nos moldes habitu- Lucchesi – Houve portante e o que
ais dos workshops desta natureza. A divergências de opi- muda a partir de
Maratona de Programação – Dia 9 de setembro aconte- Olimpíada Brasileira de Informática – A partir deste ano comissão de seleção foi formada por nião, como ocorre agora?
ceu a primeira fase do evento que reuniu 172 times em a competição passou a ser realizada em duas etapas. A nós e pelos professores Cláudia Bauzer normalmente em Lucena e
26 sedes distribuídas pelo Brasil. A Maratona é a regio- primeira fase aconteceu entre os dias 6 e 13 de abril e Medeiros, José Carlos Maldonado e eventos dessa natu- Lucchesi – Foi a
nal brasileira do Concurso de Programação da a segunda, no dia 13 de maio. Entre os dias 12 e 20 de Virgílio Almeida. reza. Não surgiram primeira iniciativa
Association for Computing Machinery (ACM), o agosto ocorreu a final mundial da OBI em Merida, Mé- posições radicais da comunidade
International Collegiate Programming Contest (ICPC). xico. A equipe brasileira conquistou duas medalhas de CB – O evento foi inspirado em nem intransigências. Cláudio Leonardo Lucchesi científica da área
A final brasileira acontece no Rio de Janeiro, nos dias bronze com os estudantes Paulo Costa (Colégio Téc- iniciativas estrangeiras semelhan- O consenso foi possível graças à e exigiu reflexões importantes so-
10 e 11 de novembro. nico da Unicamp) e Gabriel Bujokas (ITA). tes. O que foi copiado e o que foi flexibilização de posições de diver- bre a importância e o futuro da
modificado? Por quê? sos participantes. nossa disciplina no Brasil.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006

Especialistas debatem a multidisciplinaridade acadêmicos e não industriais. A ges-


tão do CT-INFO poderia ser mais
que a lista de periódicos e congressos
do Citeseer. Não alimentemos quime-
um mega-choque de oferta de mão-
de-obra barata no mundo. Tudo o que

A
multidisciplinaridade foi um des teriam que ser mais dinâmicas, há correntes de pensamento que acre- dirigida para aumentar a ras: nunca seremos muito citados no depender de escala de produção, e não
dos tópicos mais discutidos respondendo de modo mais rápido às ditam que a excessiva automação, competitividade industrial e a geração exterior. É raríssimo encontrar um for dependente de design e de inteli-
durante o seminário Gran- novas necessidades e questões cien- viabilizada pela TI, acaba adormecen- de produtos inovadores. pesquisador de Computação brasilei- gência, será feito na China e na Índia.
des Desafios da Computação no tíficas que se renovam em prazos do essas capacidades cognitivas e tor- ro com mais de 1 mil citações no Por isso, a tendência é que todos os
Brasil: 2006-2016. Como a Compu- cada vez mais curtos. Em particular nando as pessoas intelectualmente pre- CB – Existem peculiaridades Google Scholar ou no Science Citation celulares sejam fabricados na China e
tação permeia as demais áreas do co- as áreas interdisciplinares têm uma guiçosas. Acredito que na raiz da brasileiras que atrapalham os in- Index. Numa área sintética como a na Índia, mas o design deles continue
nhecimento, a comunidade acadêmica dinâmica muito rápida, que a univer- tecnofobia moderna existe um pouco vestimentos em Computação? Computação não há qualquer razão a ser feito na Finlândia e nos Estados
reconhece que, cada vez mais, é im- sidade brasileira tem dificuldade em desse temor da escravização da men- GC – A principal peculiaridade bra- estrutural para um aluno de doutora- Unidos. Os ipods já são feitos na Chi-
possível se pensar em Tecnologia da acompanhar. te pela máquina. sileira é a grande distância entre a co- do americano citar um artigo brasilei- na, mas o design é da Apple. E nunca
Informação sem debruçar-se sobre a munidade acadêmica (cuja agenda é ro. O mesmo não acontece em áreas haverá um substituto chinês para
questão da interação das ciências. CB – Atualmente é impossível CB – Alguns cientistas da Com- exógena) e a sociedade (cuja necessi- como Geociências. Quem estuda a Hollywood. O diferencial da Rússia é
Para tratar desse assunto, foram se fazer ciência sem utilizar algu- putação acreditam que a área está dade de Computação é endógena). Amazônia, mesmo nos Estados Uni- a formação intelectual. Eles são os me-
convidados dois especialistas, Paulo ma ferramenta de Computação. evoluindo para uma nova ciência, Sem romper essa barreira, a Compu- dos, tem quase a obrigação de citar lhores matemáticos do mundo e óti-
Artaxo, do Instituto de Física da USP, Apesar disso, muitos cientistas ain- que estaria ainda mais integrada tação feita pela academia será sempre brasileiros. O Brasil tem uma boa co- mos engenheiros. São ainda exporta-
e Carlos Nobre, do Instituto Nacional da têm certa resistência em relação com as demais áreas do conheci- periférica em nosso desenvolvimento munidade de pesquisa em programa- dores de energia e têm uma capacida-
de Pesquisas Espaciais (INPE), que à Tecnologia da Informação. Ao que mento. Vocês acreditam nessa ten- econômico. A comunidade acadêmi- ção funcional, um dos mais importan- de tecnológica respeitável. O Brasil
também concederam entrevista ao vocês atribuem essa “tecnofobia”? dência? ca, por definição, é conservadora. Ela tes paradigmas de Engenharia de está numa situação singular. Temos
Computação Brasil. PA - Existe sim uma certa fobia ao teme se envolver com a sociedade e Software. Quantos dois diferenciais

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CN – Eu noto que cada vez mais a
uso de Tecnologia da Informação, es- Ciência da Computação se torna par- perder suas referências de excelência membros desta co- fortes: nosso terri-
Computação Brasil – Como pecialmente da parte de pesquisadores te integrante de novas áreas do co- e qualidade. Sou solidário com esses munidade se preocu- tório e nossa capa-
vocês avaliam a dificuldade dos pes- formados antes do advento em larga nhecimento, por exemplo, da receios. Quebrar a barreira entre aca- pam em desenvolver cidade de design. O
quisadores de áreas diferentes tra- escala da Computação como ferramen- Bioinfomática. Mais do que ferramen- demia e sociedade não é colocar pes- aplicações reais? Brasil é o único dos
balharem em conjunto? ta auxiliar de pes- tas de atuação de quisadores para fazer projetos de ser- Frustrado, eu resol- BRICs que possui

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Carlos Nobre – É uma dificuldade quisa. Em muitas outras áreas cientí- vidores Web. Isso seria um desastre. vi aprender e ensinar um território capaz
que tem a ver com a formação dos áreas, essa ferra- ficas, a Computação Quebrar a barreira significa pensar programação funci- de sustentar um
pesquisadores. Nossa formação é menta é mais que passa a ser incorpo- formas inteligentes de melhorar o aten- onal no INPE. Hoje, desenvolvimento
muito disciplinar e mudar essa cultu- essencial. Na área rada integralmente dimento à saúde coletiva do Brasil por usamos a linguagem econômico. A Índia
ra tem sido bastante difícil, mas exis- de ciências sociais e ao desenvolvimento meio de telemedicina, usando as no- funcional Haskell não tem mais terra
tem várias iniciativas na universidade humanas, as ques- e à linguagem des- vas tecnologias de TV digital. para desenvolver apli- disponível. A Rússia
brasileira que mostram que já há um tões podem ser sas áreas. Esse pro- cações inovadoras tem uma Sibéria ge-
caminho para pesquisadores de disci- abordadas de modo cesso está aconte- CB – Segundo o senhor, existe em geoinformação. lada. Para extrair
plinas diferentes trabalharem em con- adequado sem o cendo acelerada- preciosismo na avaliação da produ- Pouca gente sabe, riqueza da terra
junto. Muito lentamente essa barreira uso de TI. Nas ci- mente e eu não sei se ção científica de Computação no mas o programa que Gilberto Câmara brasileira, o Brasil
cultural está sendo ultrapassada. ências exatas, prati- o resultado final será Brasil. Que tipo de consideração calcula a taxa anual de desmatamento precisa usar tecnologia eficiente em
Paulo Artaxo – O desafio da camente todas as ati- uma nova ciência da deve ser feita em adição aos da Amazônia (um dos mais impor- nossos processos produtivos. Foi o
interdisciplinaridade está sendo ven- vidades dependem Computação ou a ci- parâmetros já considerados? tantes produtos do INPE) foi escrito que aconteceu com a pesquisa de pe-
cido por meio de uma série de pro- do uso de ferramen- ência da Computação A Computação brasileira precisa em Haskell. tróleo em águas profundas da
jetos científicos integrativos no Bra- tas computacionais. acabará sendo quase deixar de tentar competir com os fí- Petrobras e o desenvolvimento da soja
sil. Os Institutos do Milênio do Essa fobia poderia que uma grande lin- sicos e achar o seu próprio caminho. CB – Um dos desafios propos- adaptada ao cerrado pela
MCT, em geral, compõem equi- ser diminuída com Carlos Nobre guagem universal. Nossa comunidade precisa se libertar tos – modelagem computacional de Embrapa. Temos de saber explo-
pes multidisciplinares em grandes cursos de formação específicos nas áre- Nós utilizamos várias linguagens, em vá- de seu complexo de inferioridade e ter fenômenos artificiais, naturais, rar nossos recursos naturais de
questões de ciência, que envol- as mais refratárias a seu uso. rias ciências, mas a linguagem é uma coragem de abraçar a revolução do socioculturais e de interação ho- forma responsável, como a
vem uma abordagem ampla e CN – Acho que a tecnofobia atual parte integral de uma nova ciência, no conhecimento interdisciplinar digital. mem-natureza – vem ao encontro biodiversidade e a agroindústria;
grandes equipes de cientistas. A é uma certa resposta cultural ao te- entanto nós não dizemos que emerge O Qualis do Comitê de Computação do trabalho que o senhor desenvol- modelar com extremo cuidado
Capes está tendo um papel ativo mor de que a Tecnologia da Informa- uma nova área científica sobre as lin- da CAPES é um exemplo de nossa ve no INPE. Quais são alguns dos nossos recursos hídricos e
na pós-graduação em áreas ção comece a substituir a capacidade guagens. Então eu acho que a ciência visão restrita. Revistas e congressos problemas a serem enfrentados pelo energéticos; saber como as mu-
interdisciplinares, mas os de reflexão, que é fundamental para o da Computação tem essa propriedade, de reconhecida qualidade e exigência Brasil para vencer esses desafios? danças climáticas globais vão afe-
“feudos” universitários ainda são avanço do conhecimento. Considero mas não está claro se vai emergir uma são mal avaliados porque não cabem GC – Para pensar o futuro do Bra- tar o Brasil; e ordenar nossas ci-
muito fortes, e o isolamento dis- esse temor exagerado, mas real, quer nova ciência da Computação. em limites artificialmente restritos. sil, é fundamental citar as quatro gran- dades para que elas sejam mais ha-
ciplinar é certamente um fator dizer, a Tecnologia da Informação não PA – Sim, sem dúvida hoje não Isso desencoraja os pesquisadores a des potências emergentes (Brasil, bitáveis e menos inseguras. Para
limitante no desenvolvimento ci- vem de modo algum substituir a ca- se faz previsão climática ou estudo ousar e “sair fora da casca”. Nosso Rússia, China e Índia), os chamados tudo isso, precisamos de muita
entífico brasileiro. As universida- pacidade reflexiva do pesquisador, mas de seqüenciamento de DNA sem Qualis consegue ser mais restritivo BRICs. A China e a Índia estão dando Computação de qualidade.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006

Diretor do INPE fala sobre investimentos em pesquisa forte apoio computacional, só para dar
dois exemplos. Métodos estatísticos
razões. Isso está mudando muito len-
tamente, numa velocidade muito me-
CB – Qual a sua avaliação so-
bre o evento promovido pela SBC?

O engenheiro Gilberto Câ- da Internet e da TV Digital no acesso estarmos condicionados a uma agen- que requerem Computação científica nor do que os desafios de manter a em- O senhor conhece iniciativas seme-
mara, que dirige o Insti- ao conhecimento e na melhoria das po- da na qual o resto da nossa sociedade pesada são cada vez mais necessári- presa brasileira competitiva no merca- lhantes no Brasil?
tuto Nacional de Pesqui- líticas públicas no Brasil. está desconectado. Isso pode e deve os. Essa tendência certamente está se do mundial. PA – Aumentar a interação de ci-
sas Espaciais (INPE), maior insti- Há uma revolução em curso no mudar. Somente com ênfase em re- fortalecendo em quase todas as áreas PA – A iniciativa privada deveria entistas de Computação com pesqui-
tuto de pesquisa do Ministério da mundo. É a revolução do conhecimen- sultados poderemos ter recursos na do conhecimento, mas nas ciências contribuir concretamente com a am- sadores de áreas que necessitam de
to interdisciplinar digital. Ela passa pelo medida do talento de nossas equipes ditas exatas e também nas biológicas pliação de pesqui- boas ferramentas

FOTO DIVULGAÇÃO
Ciência e Tecnologia (MCT), foi um
dos convidados do seminário Gran- uso da Tecnologia de Informação para de Computação. o uso de ferramentas computacionais sas em seus pró- computacionais é
des Desafios da Pesquisa em Com- fins nunca antes sonhados. O futuro já é praticamente essencial. prios laboratóri- essencial para o
putação no Brasil: 2006-2016. da Computação brasileira está em par- CB – De que forma as empresas os. O apoio a gru- desenvolvimento
Em entrevista ao Computação ticipar ativamente desta revolução. e as indústrias podem investir mais CB – Como vocês avaliam a pes- pos de pesquisas científico brasilei-
Brasil, o pesquisador fala sobre for- em pesquisas em Computação? quisa que vem sendo desenvolvida universitários ro. Há uma deman-
mas de atrair mais recursos para a CB – Que iniciativas internaci- GC – No mundo inteiro, quem in- no Brasil? deve seguir em da importante de
a investigação científica e onais para patrocinar a Computa- veste em pesquisa básica é o gover- PA – O nível da pesquisa em Com- paralelo à amplia- muitas áreas cien-
tecnológica. ção poderiam ser seguidas pelo no. As empresas investem em seus putação no Brasil é bastante alto, com ção da pesquisa tíficas que ainda
Brasil? próprios laboratórios de P&D, para grupos sólidos em várias universida- na própria indús- precisam ser pre-
Computação Brasil – Na sua GC – Estou muito interessado em gerar produtos inovadores para o des e institutos de pesquisas, mas ainda tria, onde avan- enchidas, e even-
opinião, como a comunidade aca- e-science. Um exemplo é o programa mercado. Vejamos um exemplo: du- são relativamente poucos, e há muito ços tecnológicos tos onde pesquisa-
dêmica pode atrair mais recursos “Towards 2020 Science” (veja em rante a década de 90, houve um gran- espaço para crescimento. têm que ser feitos dores de áreas di-
para a área da Computação? http://research.microsoft.com/ de investimento de pesquisa em Ban- CN – A ciência brasileira avançou para garantir a versas sentam para
Gilberto Câmara – A Computação towards2020science/). A idéia básica cos de Dados de Imagens e muito nos últimos anos, principalmen- competitividade conversar sobre
está presente hoje em todos os domí- de e-science é que os conceitos e fer- Multimídia, como fizeram te na última década, e todos os indi- tanto interna, Paulo Artaxo suas necessidades
nios de ponta do conhecimento. Suas ramentas da Computação permitem- Stonebraker em Berkeley e DeWitt em cadores de quantidade e qualidade do quanto no mercado internacional. e interagirem entre si é extremamente
tecnologias são usadas para prever o se fazer ciência de uma nova manei- Wisconsin, ambos financiados pela avanço científico no Brasil são muito benéfico para a ciência brasileira.
futuro do planeta, desenvolver a ra. Não se trata de resolver equações NASA. Quando a tecnologia amadu- positivos. Isso se deve principalmente à CB – Em relação aos editais CN – Foi a primeira vez que eu
biotecnologia e os recursos genéticos, diferenciais com simulação numérica. receu, indústrias como a Oracle se consolidação das atividades e cursos de para financiar pesquisas, vocês têm participei de um seminário em que uma
e avançar em nanotecnologia e A nova Computação fornece um apa- apropriaram dela e incluiriam suporte pós-graduação do sistema público de edu- sugestões para melhorá-los, sociedade científica prospecta o fu-
robótica. Para conseguir novos recur- rato organizado e formal para que as para objetos multimídia em suas no- cação brasileiro e também aos mecanis- modificá-los? turo e convida até pessoas de fora da
sos, nossa comunidade precisa atuar outras ciências proponham soluções vas gerações de SGBD. A Oracle não mos de incentivo, por exemplo, as bol- PA – Os recentes editais dos Fun- área de especialização para contribuir
em programas interdisciplinares nas científicas antes impensáveis. financia pesquisa básica, mas tem equi- sas de produtividade do CNPq. Esses são dos Setoriais do CNPq e da FINEP com algumas idéias. Nunca participei
quais a Computação seja básica. Isto pes que conseguem filtrar o essencial aspectos positivos, mas ainda há dificul- têm aprimorado e direcionado mais a de outros eventos do gênero, por isso
implica em algumas mudanças: CB – Em entrevista ao boletim dos resultados acadêmicos para pro- dade na geração de inovação e desenvol- pesquisa aplicada no País. Para o fi- eu parabenizo a SBC pela inovação e
– Buscar o apoio do CNPq e da Unicamp, o senhor disse que o dutos comerciais. Se assim é nos Es- vimento tecnológicos. Esse é o calcanhar nanciamento da pesquisa básica, os acho que essa atividade tem que ser
FINEP para lançar programas de pes- INPE tem mais dinheiro porque tados Unidos, porque deveria ser dife- de Aquiles da comunidade científica e instrumentos disponíveis hoje são permanente.
quisa interdisciplinar com base em funciona e funciona porque tem rente no Brasil? É irreal esperar que as tecnológica brasileira: nossa pequena ca- principalmente os de “balcão” das
Computação. mais dinheiro. De acordo com essa empresas brasileiras invistam em pes- pacidade de gerar inovação tecnológica. agências de fomento estaduais, como CB – Que recomendações vocês
– Mudar o perfil dos comitês as- lógica, a Computação não recebe quisa acadêmica. O que poderia e de- a Fapesp e o CNPq, que disponibilizam fariam à SBC para a continuação
sessores da CAPES e do CNPq para dinheiro porque as pesquisas não veria acontecer no Brasil é que deverí- CB – E quanto ao financiamen- relativamente poucos recursos nessa dessas atividades?
valorizar os programas e pesquisado- têm resultados práticos? amos reduzir a endogenia no financia- to das pesquisas? Como a iniciati- modalidade. CN – A sugestão é que no próximo
res com atuação interdisciplinar. Hoje, a Computação brasileira está mento da pesquisa acadêmica. Hoje, va privada poderia contribuir mais? CN – Há uma competição por re- evento participem mais pessoas
– Mudar a composição do con- presa a uma lógica de atuação que se- quem fixa as metas de pesquisa da CN – A melhor maneira de empre- cursos dos Fundos Setoriais. Talvez de fora da área da Computação.
selho do CT-INFO para incluir pes- gue o paradigma americano. Nosso Computação brasileira é, em larga me- sas públicas ou privadas investirem em o número excessivo de editais esteja PA – Seria excelente se a SBC
soas que valorizem a ideal é publicar artigos nas revistas da dida, a própria comunidade acadêmi- pesquisa é por meio da criação de la- até confundindo a comunidade. Ao intensificasse e fizesse esses en-
interdisciplinaridade e a inovação ACM [Association for Computing ca da área. O resultado é uma agenda boratórios modernos de pesquisa e de- longo do tempo esses editais têm sido contros de modo mais sistemáti-
realizada na indústria. Machinery]. Ocorre que nos Estados de pesquisa auto-referente, que reflete senvolvimento. O grande investimen- aperfeiçoados, alguns buscam respon- co, escutando áreas diversas e fa-
– Ajustar o currículo dos pro- Unidos há um enorme parque mais a moda atual fora do Brasil do que to que as empresas têm que fazer é der diretamente a questões científicas zendo um planejamento estraté-
gramas de pós-graduação em Com- tecnológico que pode transformar ra- as infinitas possibilidades de programas nelas mesmas. Em relação a outros pa- e tecnológicas multidisciplinares e até gico nesta área crítica de pesqui-
putação para incluir disciplinas so- pidamente qualquer nova idéia em pro- inovadores que temos em nosso País. íses, a indústria brasileira aplica mui- fomentar pesquisas para resolver pro- sa no Brasil. A SBC poderia to-
bre Bioinformática, Ciências dutos para o mercado. Isso nunca Isso precisa mudar. Também é neces- to pouco em P&D. A empresa brasi- blemas que são inerentemente mar iniciativas proativas em cada
Cognitivas, Modelagem Ambiental, acontecerá no Brasil. A Computação sário rever o uso dos recursos dos fun- leira não acredita muito nos retornos interdisciplinares. No entanto, os área, de modo sistemático, au-
Nanociência e Robótica. brasileira precisa deixar de ser ameri- dos setoriais, especialmente do CT- de se criar um laboratório de P&D, editais ainda estão organizados em mentando progressivamente sua
– Enfatizar linhas de pesquisa que cana. Estamos deixando passar opor- INFO. Hoje, boa parte dos projetos do porque é considerada uma atividade de função da estrutura de pesquisa bra- interação e importância dentro do
evidenciem o poder transformador tunidades de ter mais recursos, por CT-INFO é dirigida para objetivos risco, com retorno incerto por várias sileira que é bastante disciplinar. cenário científico nacional.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006

Diretor do INPE fala sobre investimentos em pesquisa forte apoio computacional, só para dar
dois exemplos. Métodos estatísticos
razões. Isso está mudando muito len-
tamente, numa velocidade muito me-
CB – Qual a sua avaliação so-
bre o evento promovido pela SBC?

O engenheiro Gilberto Câ- da Internet e da TV Digital no acesso estarmos condicionados a uma agen- que requerem Computação científica nor do que os desafios de manter a em- O senhor conhece iniciativas seme-
mara, que dirige o Insti- ao conhecimento e na melhoria das po- da na qual o resto da nossa sociedade pesada são cada vez mais necessári- presa brasileira competitiva no merca- lhantes no Brasil?
tuto Nacional de Pesqui- líticas públicas no Brasil. está desconectado. Isso pode e deve os. Essa tendência certamente está se do mundial. PA – Aumentar a interação de ci-
sas Espaciais (INPE), maior insti- Há uma revolução em curso no mudar. Somente com ênfase em re- fortalecendo em quase todas as áreas PA – A iniciativa privada deveria entistas de Computação com pesqui-
tuto de pesquisa do Ministério da mundo. É a revolução do conhecimen- sultados poderemos ter recursos na do conhecimento, mas nas ciências contribuir concretamente com a am- sadores de áreas que necessitam de
to interdisciplinar digital. Ela passa pelo medida do talento de nossas equipes ditas exatas e também nas biológicas pliação de pesqui- boas ferramentas

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Ciência e Tecnologia (MCT), foi um
dos convidados do seminário Gran- uso da Tecnologia de Informação para de Computação. o uso de ferramentas computacionais sas em seus pró- computacionais é
des Desafios da Pesquisa em Com- fins nunca antes sonhados. O futuro já é praticamente essencial. prios laboratóri- essencial para o
putação no Brasil: 2006-2016. da Computação brasileira está em par- CB – De que forma as empresas os. O apoio a gru- desenvolvimento
Em entrevista ao Computação ticipar ativamente desta revolução. e as indústrias podem investir mais CB – Como vocês avaliam a pes- pos de pesquisas científico brasilei-
Brasil, o pesquisador fala sobre for- em pesquisas em Computação? quisa que vem sendo desenvolvida universitários ro. Há uma deman-
mas de atrair mais recursos para a CB – Que iniciativas internaci- GC – No mundo inteiro, quem in- no Brasil? deve seguir em da importante de
a investigação científica e onais para patrocinar a Computa- veste em pesquisa básica é o gover- PA – O nível da pesquisa em Com- paralelo à amplia- muitas áreas cien-
tecnológica. ção poderiam ser seguidas pelo no. As empresas investem em seus putação no Brasil é bastante alto, com ção da pesquisa tíficas que ainda
Brasil? próprios laboratórios de P&D, para grupos sólidos em várias universida- na própria indús- precisam ser pre-
Computação Brasil – Na sua GC – Estou muito interessado em gerar produtos inovadores para o des e institutos de pesquisas, mas ainda tria, onde avan- enchidas, e even-
opinião, como a comunidade aca- e-science. Um exemplo é o programa mercado. Vejamos um exemplo: du- são relativamente poucos, e há muito ços tecnológicos tos onde pesquisa-
dêmica pode atrair mais recursos “Towards 2020 Science” (veja em rante a década de 90, houve um gran- espaço para crescimento. têm que ser feitos dores de áreas di-
para a área da Computação? http://research.microsoft.com/ de investimento de pesquisa em Ban- CN – A ciência brasileira avançou para garantir a versas sentam para
Gilberto Câmara – A Computação towards2020science/). A idéia básica cos de Dados de Imagens e muito nos últimos anos, principalmen- competitividade conversar sobre
está presente hoje em todos os domí- de e-science é que os conceitos e fer- Multimídia, como fizeram te na última década, e todos os indi- tanto interna, Paulo Artaxo suas necessidades
nios de ponta do conhecimento. Suas ramentas da Computação permitem- Stonebraker em Berkeley e DeWitt em cadores de quantidade e qualidade do quanto no mercado internacional. e interagirem entre si é extremamente
tecnologias são usadas para prever o se fazer ciência de uma nova manei- Wisconsin, ambos financiados pela avanço científico no Brasil são muito benéfico para a ciência brasileira.
futuro do planeta, desenvolver a ra. Não se trata de resolver equações NASA. Quando a tecnologia amadu- positivos. Isso se deve principalmente à CB – Em relação aos editais CN – Foi a primeira vez que eu
biotecnologia e os recursos genéticos, diferenciais com simulação numérica. receu, indústrias como a Oracle se consolidação das atividades e cursos de para financiar pesquisas, vocês têm participei de um seminário em que uma
e avançar em nanotecnologia e A nova Computação fornece um apa- apropriaram dela e incluiriam suporte pós-graduação do sistema público de edu- sugestões para melhorá-los, sociedade científica prospecta o fu-
robótica. Para conseguir novos recur- rato organizado e formal para que as para objetos multimídia em suas no- cação brasileiro e também aos mecanis- modificá-los? turo e convida até pessoas de fora da
sos, nossa comunidade precisa atuar outras ciências proponham soluções vas gerações de SGBD. A Oracle não mos de incentivo, por exemplo, as bol- PA – Os recentes editais dos Fun- área de especialização para contribuir
em programas interdisciplinares nas científicas antes impensáveis. financia pesquisa básica, mas tem equi- sas de produtividade do CNPq. Esses são dos Setoriais do CNPq e da FINEP com algumas idéias. Nunca participei
quais a Computação seja básica. Isto pes que conseguem filtrar o essencial aspectos positivos, mas ainda há dificul- têm aprimorado e direcionado mais a de outros eventos do gênero, por isso
implica em algumas mudanças: CB – Em entrevista ao boletim dos resultados acadêmicos para pro- dade na geração de inovação e desenvol- pesquisa aplicada no País. Para o fi- eu parabenizo a SBC pela inovação e
– Buscar o apoio do CNPq e da Unicamp, o senhor disse que o dutos comerciais. Se assim é nos Es- vimento tecnológicos. Esse é o calcanhar nanciamento da pesquisa básica, os acho que essa atividade tem que ser
FINEP para lançar programas de pes- INPE tem mais dinheiro porque tados Unidos, porque deveria ser dife- de Aquiles da comunidade científica e instrumentos disponíveis hoje são permanente.
quisa interdisciplinar com base em funciona e funciona porque tem rente no Brasil? É irreal esperar que as tecnológica brasileira: nossa pequena ca- principalmente os de “balcão” das
Computação. mais dinheiro. De acordo com essa empresas brasileiras invistam em pes- pacidade de gerar inovação tecnológica. agências de fomento estaduais, como CB – Que recomendações vocês
– Mudar o perfil dos comitês as- lógica, a Computação não recebe quisa acadêmica. O que poderia e de- a Fapesp e o CNPq, que disponibilizam fariam à SBC para a continuação
sessores da CAPES e do CNPq para dinheiro porque as pesquisas não veria acontecer no Brasil é que deverí- CB – E quanto ao financiamen- relativamente poucos recursos nessa dessas atividades?
valorizar os programas e pesquisado- têm resultados práticos? amos reduzir a endogenia no financia- to das pesquisas? Como a iniciati- modalidade. CN – A sugestão é que no próximo
res com atuação interdisciplinar. Hoje, a Computação brasileira está mento da pesquisa acadêmica. Hoje, va privada poderia contribuir mais? CN – Há uma competição por re- evento participem mais pessoas
– Mudar a composição do con- presa a uma lógica de atuação que se- quem fixa as metas de pesquisa da CN – A melhor maneira de empre- cursos dos Fundos Setoriais. Talvez de fora da área da Computação.
selho do CT-INFO para incluir pes- gue o paradigma americano. Nosso Computação brasileira é, em larga me- sas públicas ou privadas investirem em o número excessivo de editais esteja PA – Seria excelente se a SBC
soas que valorizem a ideal é publicar artigos nas revistas da dida, a própria comunidade acadêmi- pesquisa é por meio da criação de la- até confundindo a comunidade. Ao intensificasse e fizesse esses en-
interdisciplinaridade e a inovação ACM [Association for Computing ca da área. O resultado é uma agenda boratórios modernos de pesquisa e de- longo do tempo esses editais têm sido contros de modo mais sistemáti-
realizada na indústria. Machinery]. Ocorre que nos Estados de pesquisa auto-referente, que reflete senvolvimento. O grande investimen- aperfeiçoados, alguns buscam respon- co, escutando áreas diversas e fa-
– Ajustar o currículo dos pro- Unidos há um enorme parque mais a moda atual fora do Brasil do que to que as empresas têm que fazer é der diretamente a questões científicas zendo um planejamento estraté-
gramas de pós-graduação em Com- tecnológico que pode transformar ra- as infinitas possibilidades de programas nelas mesmas. Em relação a outros pa- e tecnológicas multidisciplinares e até gico nesta área crítica de pesqui-
putação para incluir disciplinas so- pidamente qualquer nova idéia em pro- inovadores que temos em nosso País. íses, a indústria brasileira aplica mui- fomentar pesquisas para resolver pro- sa no Brasil. A SBC poderia to-
bre Bioinformática, Ciências dutos para o mercado. Isso nunca Isso precisa mudar. Também é neces- to pouco em P&D. A empresa brasi- blemas que são inerentemente mar iniciativas proativas em cada
Cognitivas, Modelagem Ambiental, acontecerá no Brasil. A Computação sário rever o uso dos recursos dos fun- leira não acredita muito nos retornos interdisciplinares. No entanto, os área, de modo sistemático, au-
Nanociência e Robótica. brasileira precisa deixar de ser ameri- dos setoriais, especialmente do CT- de se criar um laboratório de P&D, editais ainda estão organizados em mentando progressivamente sua
– Enfatizar linhas de pesquisa que cana. Estamos deixando passar opor- INFO. Hoje, boa parte dos projetos do porque é considerada uma atividade de função da estrutura de pesquisa bra- interação e importância dentro do
evidenciem o poder transformador tunidades de ter mais recursos, por CT-INFO é dirigida para objetivos risco, com retorno incerto por várias sileira que é bastante disciplinar. cenário científico nacional.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006

Especialistas debatem a multidisciplinaridade acadêmicos e não industriais. A ges-


tão do CT-INFO poderia ser mais
que a lista de periódicos e congressos
do Citeseer. Não alimentemos quime-
um mega-choque de oferta de mão-
de-obra barata no mundo. Tudo o que

A
multidisciplinaridade foi um des teriam que ser mais dinâmicas, há correntes de pensamento que acre- dirigida para aumentar a ras: nunca seremos muito citados no depender de escala de produção, e não
dos tópicos mais discutidos respondendo de modo mais rápido às ditam que a excessiva automação, competitividade industrial e a geração exterior. É raríssimo encontrar um for dependente de design e de inteli-
durante o seminário Gran- novas necessidades e questões cien- viabilizada pela TI, acaba adormecen- de produtos inovadores. pesquisador de Computação brasilei- gência, será feito na China e na Índia.
des Desafios da Computação no tíficas que se renovam em prazos do essas capacidades cognitivas e tor- ro com mais de 1 mil citações no Por isso, a tendência é que todos os
Brasil: 2006-2016. Como a Compu- cada vez mais curtos. Em particular nando as pessoas intelectualmente pre- CB – Existem peculiaridades Google Scholar ou no Science Citation celulares sejam fabricados na China e
tação permeia as demais áreas do co- as áreas interdisciplinares têm uma guiçosas. Acredito que na raiz da brasileiras que atrapalham os in- Index. Numa área sintética como a na Índia, mas o design deles continue
nhecimento, a comunidade acadêmica dinâmica muito rápida, que a univer- tecnofobia moderna existe um pouco vestimentos em Computação? Computação não há qualquer razão a ser feito na Finlândia e nos Estados
reconhece que, cada vez mais, é im- sidade brasileira tem dificuldade em desse temor da escravização da men- GC – A principal peculiaridade bra- estrutural para um aluno de doutora- Unidos. Os ipods já são feitos na Chi-
possível se pensar em Tecnologia da acompanhar. te pela máquina. sileira é a grande distância entre a co- do americano citar um artigo brasilei- na, mas o design é da Apple. E nunca
Informação sem debruçar-se sobre a munidade acadêmica (cuja agenda é ro. O mesmo não acontece em áreas haverá um substituto chinês para
questão da interação das ciências. CB – Atualmente é impossível CB – Alguns cientistas da Com- exógena) e a sociedade (cuja necessi- como Geociências. Quem estuda a Hollywood. O diferencial da Rússia é
Para tratar desse assunto, foram se fazer ciência sem utilizar algu- putação acreditam que a área está dade de Computação é endógena). Amazônia, mesmo nos Estados Uni- a formação intelectual. Eles são os me-
convidados dois especialistas, Paulo ma ferramenta de Computação. evoluindo para uma nova ciência, Sem romper essa barreira, a Compu- dos, tem quase a obrigação de citar lhores matemáticos do mundo e óti-
Artaxo, do Instituto de Física da USP, Apesar disso, muitos cientistas ain- que estaria ainda mais integrada tação feita pela academia será sempre brasileiros. O Brasil tem uma boa co- mos engenheiros. São ainda exporta-
e Carlos Nobre, do Instituto Nacional da têm certa resistência em relação com as demais áreas do conheci- periférica em nosso desenvolvimento munidade de pesquisa em programa- dores de energia e têm uma capacida-
de Pesquisas Espaciais (INPE), que à Tecnologia da Informação. Ao que mento. Vocês acreditam nessa ten- econômico. A comunidade acadêmi- ção funcional, um dos mais importan- de tecnológica respeitável. O Brasil
também concederam entrevista ao vocês atribuem essa “tecnofobia”? dência? ca, por definição, é conservadora. Ela tes paradigmas de Engenharia de está numa situação singular. Temos
Computação Brasil. PA - Existe sim uma certa fobia ao teme se envolver com a sociedade e Software. Quantos dois diferenciais

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CN – Eu noto que cada vez mais a
uso de Tecnologia da Informação, es- Ciência da Computação se torna par- perder suas referências de excelência membros desta co- fortes: nosso terri-
Computação Brasil – Como pecialmente da parte de pesquisadores te integrante de novas áreas do co- e qualidade. Sou solidário com esses munidade se preocu- tório e nossa capa-
vocês avaliam a dificuldade dos pes- formados antes do advento em larga nhecimento, por exemplo, da receios. Quebrar a barreira entre aca- pam em desenvolver cidade de design. O
quisadores de áreas diferentes tra- escala da Computação como ferramen- Bioinfomática. Mais do que ferramen- demia e sociedade não é colocar pes- aplicações reais? Brasil é o único dos
balharem em conjunto? ta auxiliar de pes- tas de atuação de quisadores para fazer projetos de ser- Frustrado, eu resol- BRICs que possui

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Carlos Nobre – É uma dificuldade quisa. Em muitas outras áreas cientí- vidores Web. Isso seria um desastre. vi aprender e ensinar um território capaz
que tem a ver com a formação dos áreas, essa ferra- ficas, a Computação Quebrar a barreira significa pensar programação funci- de sustentar um
pesquisadores. Nossa formação é menta é mais que passa a ser incorpo- formas inteligentes de melhorar o aten- onal no INPE. Hoje, desenvolvimento
muito disciplinar e mudar essa cultu- essencial. Na área rada integralmente dimento à saúde coletiva do Brasil por usamos a linguagem econômico. A Índia
ra tem sido bastante difícil, mas exis- de ciências sociais e ao desenvolvimento meio de telemedicina, usando as no- funcional Haskell não tem mais terra
tem várias iniciativas na universidade humanas, as ques- e à linguagem des- vas tecnologias de TV digital. para desenvolver apli- disponível. A Rússia
brasileira que mostram que já há um tões podem ser sas áreas. Esse pro- cações inovadoras tem uma Sibéria ge-
caminho para pesquisadores de disci- abordadas de modo cesso está aconte- CB – Segundo o senhor, existe em geoinformação. lada. Para extrair
plinas diferentes trabalharem em con- adequado sem o cendo acelerada- preciosismo na avaliação da produ- Pouca gente sabe, riqueza da terra
junto. Muito lentamente essa barreira uso de TI. Nas ci- mente e eu não sei se ção científica de Computação no mas o programa que Gilberto Câmara brasileira, o Brasil
cultural está sendo ultrapassada. ências exatas, prati- o resultado final será Brasil. Que tipo de consideração calcula a taxa anual de desmatamento precisa usar tecnologia eficiente em
Paulo Artaxo – O desafio da camente todas as ati- uma nova ciência da deve ser feita em adição aos da Amazônia (um dos mais impor- nossos processos produtivos. Foi o
interdisciplinaridade está sendo ven- vidades dependem Computação ou a ci- parâmetros já considerados? tantes produtos do INPE) foi escrito que aconteceu com a pesquisa de pe-
cido por meio de uma série de pro- do uso de ferramen- ência da Computação A Computação brasileira precisa em Haskell. tróleo em águas profundas da
jetos científicos integrativos no Bra- tas computacionais. acabará sendo quase deixar de tentar competir com os fí- Petrobras e o desenvolvimento da soja
sil. Os Institutos do Milênio do Essa fobia poderia que uma grande lin- sicos e achar o seu próprio caminho. CB – Um dos desafios propos- adaptada ao cerrado pela
MCT, em geral, compõem equi- ser diminuída com Carlos Nobre guagem universal. Nossa comunidade precisa se libertar tos – modelagem computacional de Embrapa. Temos de saber explo-
pes multidisciplinares em grandes cursos de formação específicos nas áre- Nós utilizamos várias linguagens, em vá- de seu complexo de inferioridade e ter fenômenos artificiais, naturais, rar nossos recursos naturais de
questões de ciência, que envol- as mais refratárias a seu uso. rias ciências, mas a linguagem é uma coragem de abraçar a revolução do socioculturais e de interação ho- forma responsável, como a
vem uma abordagem ampla e CN – Acho que a tecnofobia atual parte integral de uma nova ciência, no conhecimento interdisciplinar digital. mem-natureza – vem ao encontro biodiversidade e a agroindústria;
grandes equipes de cientistas. A é uma certa resposta cultural ao te- entanto nós não dizemos que emerge O Qualis do Comitê de Computação do trabalho que o senhor desenvol- modelar com extremo cuidado
Capes está tendo um papel ativo mor de que a Tecnologia da Informa- uma nova área científica sobre as lin- da CAPES é um exemplo de nossa ve no INPE. Quais são alguns dos nossos recursos hídricos e
na pós-graduação em áreas ção comece a substituir a capacidade guagens. Então eu acho que a ciência visão restrita. Revistas e congressos problemas a serem enfrentados pelo energéticos; saber como as mu-
interdisciplinares, mas os de reflexão, que é fundamental para o da Computação tem essa propriedade, de reconhecida qualidade e exigência Brasil para vencer esses desafios? danças climáticas globais vão afe-
“feudos” universitários ainda são avanço do conhecimento. Considero mas não está claro se vai emergir uma são mal avaliados porque não cabem GC – Para pensar o futuro do Bra- tar o Brasil; e ordenar nossas ci-
muito fortes, e o isolamento dis- esse temor exagerado, mas real, quer nova ciência da Computação. em limites artificialmente restritos. sil, é fundamental citar as quatro gran- dades para que elas sejam mais ha-
ciplinar é certamente um fator dizer, a Tecnologia da Informação não PA – Sim, sem dúvida hoje não Isso desencoraja os pesquisadores a des potências emergentes (Brasil, bitáveis e menos inseguras. Para
limitante no desenvolvimento ci- vem de modo algum substituir a ca- se faz previsão climática ou estudo ousar e “sair fora da casca”. Nosso Rússia, China e Índia), os chamados tudo isso, precisamos de muita
entífico brasileiro. As universida- pacidade reflexiva do pesquisador, mas de seqüenciamento de DNA sem Qualis consegue ser mais restritivo BRICs. A China e a Índia estão dando Computação de qualidade.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Parceria
Seminário reúne especialistas em Computação
Fundação Carlos Chagas patrocina eventos da SBC
O
s professores Carlos José Lucena e Lucchesi – O evento foi CB – Durante o Congresso da
Maratona de Programação e Olimpíada Brasileira de Informática recebem recursos da FCC Pereira de Lucena (PUC- bastante inspirado em uma iniciativa se- SBC, se falou muito que a Compu-
Rio) e Cláudio Leonardo melhante da NSF [National Science tação estaria passando por uma

A
Fundação Carlos Chagas contribuir, ao longo do tempo, para a dependeria fundamentalmente do de- Lucchesi (Unicamp) participaram Foundation]. O estilo próprio da co- transformação. Vocês puderam ob-
(FCC) está patrocinando melhoria do desenvolvimento científi- senvolvimento dessa área”, lembra. munidade brasileira servar isso durante o evento?
da organização do se-

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duas grandes competições co e tecnológico no País”, ressalta o Além da parceria com a SBC, a marcou as diferenças. Lucena e Lucchesi – Sem dúvida.
minário Grandes De-
promovidas pela Sociedade Brasilei- diretor-presidente da FCC, Rubens Fundação Carlos Chagas desenvolve Por exemplo, foi dada A complexidade consistiu em identifi-
safios da Pesquisa em
ra de Computação: a Maratona de Murillo Marques. inúmeros projetos na área educacio- muita ênfase nos as- car (preliminarmente) as naturezas
Computação no Brasil:
Programação, voltada para estudan- Marques estimula iniciativas nal, como a Ação Afirmativa que dis- pectos socioculturais. destas tranformações.
2006-2016. Em entre-
tes de graduação e início de pós-gra- para identificar talentos tribui bolsas de estudo para a rea- O Virgílio e a Cláudia
vista ao Computação
duação dos cursos da área de Ciência na área de Informática lização de mestrado e douto- foram os grandes mo- CB – Na opinião de vocês, qual
Brasil, esses pesquisa-
da Computação; e a Olimpíada Brasi- desde os tempos em rado no Brasil e no exterior tores da iniciativa. é o ponto mais crítico quando se
dores, reconhecidos

FOTO DIVULGAÇÃO FCC


leira de Informática, dirigida a alunos que era diretor do Ins- para as minorias étnicas; a dis- fala em pesquisa em Computação:
no Brasil e no exte-
do ensino Fundamental e Médio. tituto de Matemática tribuição de bolsas para pes- CB – Por que foi multidisciplinaridade, financia-
rior pela contribuição
A Tecnologia da Informação é con- da Universidade Esta- quisadores na América estabelecido um mento, recursos humanos?
que dão à área da
siderada uma área estratégica para o dual de Campinas Latina, visando o desenvolvi- prazo de 10 anos? Lucena e Lucchesi – Recursos
desenvolvimento de uma nação. Pen- (Unicamp). “Em 1968 mento de pesquisas em Direi- Computação, fala-
ram sobre a experi- Lucena e humanos, que depende dos outros
sando nisso a FCC está incentivando propus a criação do tos Reprodutivos da Mulher; Lucchesi – É uma fatores, é um aspecto essencial. Fala-
competições, como a Maratona e a primeiro curso a implantação de mestrados ência de organizar Carlos José de Lucena
um evento pioneiro e sobre alguns técnica usual de pla- mos muito na evasão de pesquisado-
Olimpíada, que estimulam os jovens de bacharela- em Direitos Humanos em vá- nejamento estratégico: nem tão pou- res da área para o exterior.
a investirem nessa área. “Percebemos do em Ciência rias universidades do País. tópicos que foram discutidos du-
rante o seminário. co tempo para as propostas não to-
que são iniciativas que procuram de- da Computa- A FCC também mantém a marem ares de imediatismo, nem tão CB – Além da produção de um
tectar novos talentos na área da ção no Brasil, publicação regular das revistas longo, para não parecer advinhação relatório, qual é o resultado práti-
Computação Brasil – Como fo-
Informática e estimular a utilização de pois acreditava Estudos em Avaliação Educa- sem fundamento. co do seminário Grandes Desafios
ram selecionados os pesquisadores
metodologias e processos que possam que o futuro Rubens Murillo Marques cional e Cadernos de Pesquisa. da Pesquisa em Computação no
que iriam participar do
seminário? Qual foi o critério para CB – Os participantes foram Brasil 2006-2016?
Entidade realiza concursos em todo o território nacional a escolha dos nomes?
Carlos José Pereira de Lucena e
divididos em grupos de trabalho.
Essa dinâmica facilitou a discussão?
Lucena e Lucchesi – Falou-se na
continuidade dos trabalhos sem preo-
A Fundação Carlos Chagas é uma entidade de direi- Educacionais (DPE) é formado por pesquisadores al- Cláudio Leonardo Lucchesi – A SBC Lucena e Lucchesi – O mérito e a cupações, ainda, com os aspectos
to privado, sem fins lucrativos, reconhecida como de uti- tamente especializados, que desenvolvem projetos vol- fez uma chamada pública solicitando complexidade do enfoque deveram-se organizacionais. O esforço precisa ser
lidade pública nos âmbitos federal, estadual e municipal. tados, principalmente, para políticas de alfabetização e visões de futuro de todos os pesqui- a esta divisão. A motivação dos gru- contínuo e os seus produtos (relató-
Com mais de 2.600 concursos realizados e com a par- de ensino Fundamental e Médio; para educação da cri- sadores da comunidade sobre a área. pos superou as dificuldades e, para a rios, recomendações, etc) precisam
ticipação de 33 milhões de candidatos em todo o territó- ança de 0 a 6 anos; para trabalho e educação; e para Foram escolhidos os melhores proje- surpresa geral, a convergência de idéi- atingir das agências de financiamento
rio nacional, a FCC está habilitada a realizar todo tipo de relações de gênero. tos e, não por coincidência, 80% dos as foi relativamente rápida. à pesquisa em todos os níveis de go-
concurso, assim como a desenvolver projetos de avalia- Esses projetos, bem como os trabalhos desenvolvidos pesquisadores 1A em Ciência da Com- verno, com o enten-
ção educacional, independentemente de sua dimensão ou por pesquisadores de outras instituições, integram o “Ca- putação participaram do seminário. CB – Foram dimento que ele deve
abrangência geográfica. Os requisitos de segurança e dernos de Pesquisa” e o “Estudos em Avaliação Educacio- muitas as opiniões ser parte de um pro-
confiabilidade, aliados à qualidade dos serviços presta- nal”, publicados e distribuídos regularmente pela funda- CB – De que forma as propos- divergentes ou foi grama de Estado.
dos, são a marca da fundação. ção. O DPE presta, ainda, assessoria e treinamento a ou- tas foram enviadas e selecionadas fácil atingir um con-
A fundação atua desde 1971 no campo da pes- tras instituições de pesquisa, a órgãos públicos e privados pela organização do evento? senso? CB – Porque
quisa educacional. O Departamento de Pesquisas nacionais e internacionais que atuam em áreas afins. Lucena e Lucchesi – As propostas Lucena e o evento foi im-
foram submetidas nos moldes habitu- Lucchesi – Houve portante e o que
ais dos workshops desta natureza. A divergências de opi- muda a partir de
Maratona de Programação – Dia 9 de setembro aconte- Olimpíada Brasileira de Informática – A partir deste ano comissão de seleção foi formada por nião, como ocorre agora?
ceu a primeira fase do evento que reuniu 172 times em a competição passou a ser realizada em duas etapas. A nós e pelos professores Cláudia Bauzer normalmente em Lucena e
26 sedes distribuídas pelo Brasil. A Maratona é a regio- primeira fase aconteceu entre os dias 6 e 13 de abril e Medeiros, José Carlos Maldonado e eventos dessa natu- Lucchesi – Foi a
nal brasileira do Concurso de Programação da a segunda, no dia 13 de maio. Entre os dias 12 e 20 de Virgílio Almeida. reza. Não surgiram primeira iniciativa
Association for Computing Machinery (ACM), o agosto ocorreu a final mundial da OBI em Merida, Mé- posições radicais da comunidade
International Collegiate Programming Contest (ICPC). xico. A equipe brasileira conquistou duas medalhas de CB – O evento foi inspirado em nem intransigências. Cláudio Leonardo Lucchesi científica da área
A final brasileira acontece no Rio de Janeiro, nos dias bronze com os estudantes Paulo Costa (Colégio Téc- iniciativas estrangeiras semelhan- O consenso foi possível graças à e exigiu reflexões importantes so-
10 e 11 de novembro. nico da Unicamp) e Gabriel Bujokas (ITA). tes. O que foi copiado e o que foi flexibilização de posições de diver- bre a importância e o futuro da
modificado? Por quê? sos participantes. nossa disciplina no Brasil.

16 9
Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Desafio 5

Desenvolvimento tecnológico de qualidade: sistemas disponíveis,


SBC amplia ações internacionais por meio da IFIP
* Ricardo Reis va, TC10: Ricardo Reis e TC13: Cecília Unesco, co-organizadora do evento.
corretos, seguros, escaláveis, persistentes e ubíquos Baranauskas). Dois Grupos de Traba- Desde então, o professor tem sido
A IFIP – International Federation lho da IFIP são atualmente coordena- convidado pela Unesco para efetuar
* Arndt von Staa ses sejam fidedignos. Um sistema é perda de vidas, danos à ecologia e ru- for Information Processing, é uma fe- dos por membros da SBC: WG3.2 (Raul consultorias internacionais. Eu já fui
José Palazzo M. de Oliveira dito fidedigno (inglês: dependable) ína de empresas. Um dos objetivos a deração não governamental e sem fins Waslawick) e WG10.5 (Flávio membro do Comitê de Programa In-
quando se pode depender dele assu- alcançar é eliminar o risco de danos lucrativos criada em 1959 sob o Wagner). ternacional do Congresso Mundial da
A Computação tornou-se ubíqua, mindo riscos de danos compatíveis de modo que o seu custo médio po- auspício da Unesco, visando congre- Neste período a SBC já trouxe para IFIP de 2004 e Tutorial Chair do mes-
ou seja, encontra-se em todos os lu- com o serviço prestado pelo mesmo. tencial (risco é dano) seja compatível gar os países por meio de suas socie- o Brasil diversos eventos internacio- mo evento, sendo que a Claudia
gares. Não é preciso ir muito longe A construção e manutenção de siste- com o custo de sua prevenção e ob- dades científicas mais significativas nais da IFIP (cerca de 20), o que pro- Bauzer Medeiros, presidente da SBC,
para buscar exemplos. Os mais vari- mas fidedignos exigem profissionais servação. Em uma análise superfici- na área da Informática/Computação. move de forma expressiva o contato foi Tutorial Chair do WCC2006.
ados dispositivos são controlados por qualificados e compromissos de lon- al, e visto que não é possível Cada país é representado por sua so- da comunidade científica e tecnológica A IFIP por meio de seu Comitê de
software executado em processadores go prazo, que permitam manter, ex- quantificar adequadamente riscos e ciedade científica mais conceituada na nacional com a comunidade interna- Apoio a Países em Desenvolvimento
das mais diversas arquiteturas. São al- pandir e gerenciar o sistema. Praticar danos, isto quer dizer que se deve pro- área, sendo que o Brasil é representa- cional. Por duas ocasiões foi trazido tem disponibilizado grants que permi-
guns poucos exemplos: eletrodomés- engenharia de sistemas fidedignos é curar eliminar o risco de danos gran- do pela Sociedade Brasileira de Com- para o Brasil a Assembléia Geral da tem a participação de diversos pes-
ticos, elevadores, carros, aviões, ce- bem mais amplo do que incorporar to- des ou catastróficos. putação (SBC). O único país que pos- IFIP (1997 e 2001). quisadores e alunos brasileiros em
lulares, decodificadores digitais de TV lerância a falhas e assegurar corretude, Ao examinar com cuidado os sui uma dupla representação é os Es- Em 2004 a proposta efetuada pela eventos internacionais.
a cabo, sistemas de controle de tráfe- entre outras propriedades. O entendi- exemplos, vemos que o problema de tados Unidos, devido ao reconheci- SBC para trazer o WCCE – World Outra possibilidade de apoio da
go e salas de cirurgia. Enquanto al- mento da noção de fidedignidade de- fidedignidade não é relevante somen- mento de que ambas, a IEEE Conference on Computers in IFIP é com as despesas referentes à
guns desses exemplos correspondem pende do serviço que o sistema pres- te em sistemas de controle de pro- Computer Society e a ACM possuem Education, foi a vencedora. O evento vinda de palestrantes convidados em
a sistemas relativamente simples, ou- ta. Em alguns serviços, por exemplo, cessos, sistemas embarcados ou si- uma atuação internacional. será realizado em Florianópolis, em conferências que têm a IFIP como
tros custam muito caro e envolvem comando e controle, uma falha pode milares, é importante também ao de- A atuação da IFIP é ampla e in- julho de 2009, sob a coordenação de co-sponsor, como aconteceu em 2004
milhões de linhas de código e, algu- ter conseqüências catastróficas. Já em senvolver sistemas convencionais. tensa, tanto na promoção da Raul Waslawick (UFSC). com o SBRC, onde a IFIP
mas vezes, hardware complexo. Se outros, como busca de informação na Quantas vezes perdemos horas de interação científica quanto na reali- Diversos eventos da cobriu os gastos de viagem
essa ubiqüidade traz conforto, tam- Web, uma pesquisa incorreta (falsos trabalho em virtude de algum defeito zação de ações que visam ampliar a SBC passaram a contar de um dos palestrantes.
bém acarreta problemas. Como depen- positivos ou ausência de respostas re- de software? Quantas vezes gasta- inserção dos diferentes países na So- com o co-sponsor da IFIP. A SBC realizou junto
demos desses sistemas, eles precisam levantes) é tolerável desde que isso mos um tempo enorme para tentar ciedade da Informação. A IFIP pro- Entre eles, o Symposium com o TC2 da IFIP, a First
estar sempre disponíveis e não apre- ocorra com uma freqüência baixa. En- fazer com que o resultado de um move cerca de 100 eventos científi- on Integrated Circuits and IFIP Academy on the State
sentar falhas; devem funcionar da for- tretanto, não é tolerável o sistema can- software se apresente tal como de- cos por ano, nas diferentes áreas da Systems Design (SBCCI), of Software Theory and
ma prevista e ser escaláveis e segu- celar a execução, invadir privacidade sejamos? Quantas vezes já fomos Computação, sendo que parte dos o Brazilian Symposium on Practice, em Porto Alegre,
ros. Imagine uma falha ou não dispo- ou representar um risco à segurança forçados a desistir de utilizar um trabalhos apresentados gera mais de Computer Architecture and em julho de 2005, sendo
nibilidade de um sistema crítico como de quem o usa. É utópico almejar sis- equipamento simplesmente por não 50 livros publicados por ano via High-Performance que a IFIP patrocinou o
o controle de tráfego. Mas mesmo sis- temas absolutamente fidedignos por conseguirmos que produza resulta- Springer Academic Publishers. Os Computing (SBAC-PAD), transporte e a estadia de to-
temas do dia-a-dia podem ser muito construção. Conseqüentemente, como dos na qualidade esperada? dois principais eventos da IFIP são o Simpósio de Tolerância dos os participantes.
desagradáveis como uma falha no não se pode assegurar a ausência de Deseja-se então desenvolver, ava- o IFIP WCC – World Computer a Falhas e o Brazilian Symposium on Cabe observar que por meio da
decodificador digital da TV a cabo na falhas, deve-se tentar conviver com a liar e aprimorar fundamentos, proces- Congress (realizado nos anos pares, Computer Networks (SBRC) ganham interação com a IFIP, o Brasil passou
hora do jogo decisivo do seu time de- presença delas por meio da constru- sos, frameworks, métodos, técnicas sendo que o WCC2008 acontece em maior visibilidade internacional com o a participar das Olimpíadas Interna-
vido a um problema no sistema de pay- ção de sistemas robustos, tolerantes padrões de arquitetura e de projeto Milano, Itália) e o WITFOR – World fato de terem a IFIP como co-pro- cionais de Informática, que têm sido
per-view! Este desafio, identificado a falhas ou capazes de se auto-corri- capazes de efetiva e eficazmente au- Information Technology Forum rea- motora. Outros eventos da SBC têm um canal de divulgação e promoção
pela SBC, estimula a pesquisa em girem (self-healing), ou capazes de xiliar desenvolvedores de sistemas a lizado em parceria com a Unesco (em o apoio da IFIP, inclusive financeiro. da SBC na comunidade brasileira
ambientes, métodos, técnicas, mo- continuar gerando serviços fidedignos desenvolverem e manterem sistemas anos ímpares). A parceria entre SBC e IFIP também e internacional.
delos, dispositivos e padrões de ar- apesar de em volume ou funcionali- fidedignos. Como muitos dos proble- A SBC passou a representar o Brasil tem estimulado a submissão de arti- Além do WCC2009, diversos
quitetura e de projeto capazes de dade menor (graceful degradation). mas são decorrentes da formação ina- na IFIP em 1995. Desde então a comu- gos de outros países aos eventos da outros eventos da IFIP estão pro-
auxiliar os projetistas e Falhas e erros não observados pro- dequada dos profissionais que atuam nidade científica brasileira tem amplia- Sociedade. Isso tem ampliado a qua- gramados para serem realizados
desenvolvedores de sistemas de vocam danos. Estes podem variar em Engenharia de Sistemas, é neces- do de forma significativa a sua partici- lificação de eventos da SBC e contri- no Brasil: ICGT2006 (Natal),
software e hardware a criarem sis- pação nos eventos e ações da IFIP. A buído para aumentar de forma expres- ICSICDC (São Paulo), Interact
desde danos de pequena monta, por sário também reestruturar currículos
SBC também tem direito a indicar um siva a participação de pesquisadores 2007 (Rio de Janeiro),
temas disponíveis, corretos, segu- exemplo perda de algum tempo, ne- e desenvolver material de ensino de
representante nos diferentes Comitês brasileiros em comitês de programa NOMS2008 (Salvador) e VLSI-
ros, persistentes e ubíquos. cessidade de repetir uma operação, modo que os profissionais formados
Técnicos da IFIP, sendo que atualmen- de eventos internacionais. Podemos SoC 2009.
Em virtude da crescente parti- passando por danos consideráveis, estejam preparados a utilizar este novo
te a SBC possui representação em seis destacar a participação de Raul Para mais informações,
cipação de sistemas computacionais como perda de oportunidade, quebra instrumental.
dos 13 comitês (TC1: Imre Simon, TC3: Waslawick na organização do progra- acesse: www.ifip.org.
na sociedade, torna-se cada vez de equipamento, prejuízos financei-
Raul Waslawick, TC6: José Neuman de ma do WITFOR 2003, o que propi-
mais necessário assegurar que es- ros, até danos catastróficos, tais como * Professores PUC-Rio e UFRGS
Souza, TC7: Edmundo de Souza e Sil- ciou a sua interação com membros da * Representante da SBC na IFIP

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Homenagem Desafio 4

SBC é uma das vencedoras do Prêmio Sucesu 40 anos Acesso participativo e universal do cidadão
Criação da Sociedade Brasileira de Computação foi um dos fatos mais importantes das últimas décadas
brasileiro ao conhecimento
E
m comemoração aos 40 anos so Nacional de Informática.

FOTOS DIVULGAÇÃO
da Associação de Usuários de De 1976 a 1985, os vencedores * M. Cecília C. Baranauskas científica fazer a nossa parte. nam (im)possíveis.
Informática e Telecomunica- foram a fundação da SBC; o O grande desafio da Computação Acessibilidade como qualidade do
Clarisse S. de Souza
ções (Sucesu), a entidade criou o Prê- desembargador Carlos Prudêncio com para o Brasil é estabelecer sistemas e que é acessível remete-nos aos vári-
mio Sucesu 40 anos para homenage- a urna eletrônica; a Cobra com o pri- Grandes desafios para o futuro métodos que promovam e sustentem os aspectos de seus significado: o do
ar personalidades e organizações que meiro microcomputador nacional; a lembram também grandes enganos, a uma cultura digital em nossa socieda- acesso físico (como a um local ou
protagonizaram os 40 fatos de maior criação da Assespro; a Microsoft com exemplo do que declarou em 1977 Ken de, que busquem resgatar valores de rede), econômico (de valor, que tem
destaque das últimas quatro décadas. a primeira versão do Windows; o Olsen, co-fundador e principal exe- cidadania respeitando a diversidade de custo associado), cognitivo (que pode
A criação da Sociedade Brasileira de Bradesco com o primeiro caixa ele- cutivo da Digital Equipment nossa sociedade. Nesse cenário, sis- ser facilmente compreendido), e
Computação (SBC) foi uma das ven- trônico do Brasil; a Embratel pelos da- Corporation, numa convenção sobre temas computacionais são instrumen- sociocultural (que tem sentido e valor
cedoras como um dos acontecimen- dos via telefone; a professora Liane a sociedade do futuro: “There is no tos de transformação profunda da so- para comunidades e sociedades bra-
tos mais importantes ocorridos entre Tarouco pela publicação do primeiro reason for any individual to have a ciedade, o que vai além do ofereci- sileiras). Como pensar essa noção am-
as décadas de 1976 e 1985. livro sobre o tema Redes e Comuni- computer in his home”. Hoje mento de serviços via pla de “acesso” ao conhecimento para

FOTOS DIVULGAÇÃO
A Diretora de Eventos e Comissões cação de Dados; a criação da Datasul; somos, só no Brasil, no pri- Internet e novos artefatos todo cidadão brasileiro? A Sociedade
Especiais da SBC, professora Karin o senhor Nicola Mazzola com a intro- Vencedores recebem a homenagem meiro trimestre do ano, mais (como TV digital e dispositi- Brasileira de Computação convida-nos
Breitman (PUC-Rio), representou a dução da Informática na Engenharia sociação Brasileira das Empresas de de 21 milhões a utilizar a vos móveis). O próprio a fazer esta reflexão em vários níveis:
SBC na cerimônia de entrega do prê- de Projetos e Construção Civil. Software (ABES); a Embratel pelo lan- Internet de casa. O exercício design de sistemas deve ser conceitual, buscando fundamentos
mio que aconteceu no dia 11 de julho, Os ganhadores da década de 1986 çamento do serviço definitivo de aces- que fomos chamados a reali- pensado para a diversidade em abordagens inclusivas para
no hotel Sofitel, no Rio de Janeiro (RJ). a 1995 foram o MCT com a explora- so comercial da Internet. zar, em 8 e 9 de maio de 2006 do potencial humano brasilei- tecnologias da informação e comuni-
Foram identificados e premiados os ção comercial da Internet; a criação De 1996 a 2005 os ganhadores fo- em São Paulo, para discutir e Cecília ro. Isso significa tornar a in- cação; metodológico, buscando novos
fatos mais importantes que mudaram do Comitê Gestor de Internet no Bra- ram a Receita Federal pelo Imposto de propor Grandes Desafios de Pesqui- formação e comunicação acessíveis, modelos de processos de design e de-
os rumos ou marcaram época, frutos sil; o senhor Tadao Takahashi com o Renda via Internet; o ex-presidente sa em Computação no Brasil 2006- utilizáveis e úteis a todos, e se traduz senvolvimento de software, onde as
de lançamento de produtos de software lançamento do projeto RNP (Rede Na- Fernando Henrique Cardoso pela Me- 20161 , é mais focalizado: refere-se aos em serviços de saúde efetivos, edu- interfaces são elaboradas numa pers-
ou hardware, do desenvolvimento de cional de Pesquisa); a Secretaria da dida Provisória 2.200/01 que institui o próximos 10 anos e define fronteiras cação continuada, governo compro- pectiva sócio-técnica; e de formação
novas metodologias, do uso inovador Receita Federal pela declaração do Im- documento eletrônico como tendo mes- com clareza: desafios da Computação metido com todos os cidadãos. A rea- de nossos profissionais, repensando
da tecnologia disponível na época, de posto de Renda por meio eletrônico; a mo valor que o em papel e pela no contexto Brasileiro2 . lização dessas possibilidades requer e revisando o currículo de forma a
mudanças na legislação ou de outros Fapesp pelo nascimento da Internet privatização da Telebrás; a criação do Formamos hoje um cenário de muito mais do que hardware de baixo permitir ao formado colaborar efeti-
acontecimentos relevantes. acadêmica no Brasil; o senhor Max Google; o acesso a Internet grátis (IG); vastas diferenças socioeconômicas, custo e redes de banda larga. Acessi- vamente com profissionais das áreas
Os vencedores da década de Gonçalves pela idealização da 1 a o Tribunal Superior Eleitoral pelas ur- culturais, regionais e de acesso à bilidade, usabilidade e design para to- sociais e humanas. Certamente, solu-
1966 a 1975 foram a Escola Poli- Fenasoft; o senhor Aleksandar Mandic nas de votação eletrônica; o deputado tecnologia e ao conhecimento. Se- dos são palavras-chave. ções devem ser construídas por e com
técnica da USP com o fato “A cons- pelo primeiro provedor comercial de Júlio Semeghine pela criação da Frente gundo dados oficiais de órgãos do go- Algumas iniciativas de governo e seus próprios atores: a comunidade ci-
trução do patinho feio”; a criação do Internet no Brasil; a criação do Comi- Parlamentar de Informática; o Incor verno e organizações de mobilização universidades têm buscado soluções entífica ao lado do cidadão e das or-
Serviço Federal de Processamento tê para a Democratização da pela cirurgia via computador; o social3 , somos uma população onde tecnológicas de alcance social; pro- ganizações sociais.
de Dados (Serpro); a criação do De- Informática (CDI); a fundação da As- C.E.S.A.R. pelo primeiro contrato para 34% vivem abaixo da linha de pobre- jetos de e-gov e TV digital são exem- 1 http://www.sbc.org.br
partamento de Informática exportação da urna eletrô- za, sem acesso a condições básicas plos. Em nossa perspectiva, soluções 2 Grifo das autoras
da PUC-Rio; a Unicamp pela nica; a RNP pelo backbone de vida; 26% têm mais de 15 anos para esse desafio envolvem 3 COEP Brasil. Comi-
criação do primeiro ba- da Rede Nacional de Ensi- tê de Entidades no Com-
de idade e menos de quatro anos de desde os níveis técnicos de bate à Fome e pela Vida,
charelado em Computa- no e Pesquisa; a criação da escolaridade, contribuindo para es- infra-estrutura tecnológica 2006. http://
ção do País; a USP pela Anatel; a Softex pelo desen- tatísticas assustadoras de analfabe- necessária à veiculação dos www.coepbrasil.org.br
primeira transmissão de volvimento e implantação tismo funcional; 14,5% têm alguma sistemas até as interfaces Portal do Cidadão –
dados via modem no Bra- do projeto MPS.BR; o Ban- deficiência física ou sensorial, que dos sistemas sócio-técnicos. Ministério da Justiça do
sil; a fundação da Sucesu/ co do Brasil por ser o pri- limita o acesso à informação. É cla- Se considerarmos a conver- Brasil. Ministério da Jus-
RJ; a fundação da meiro banco brasileiro a tiça, 2006b. http://
ro que esse cenário é bastante com- gência de mídias (com a da Clarisse www.mj.gov.br/
Procergs; a fundação da oferecer atendimento via plexo e não há ação isolada em área TV, Internet, telefone celular), o gar- Portal do Mec. Ministério da
Cobra; a Embratel com a celular; a Conectiva pela dis- de pesquisa específica que sozinha galo de tais sistemas é sem dúvida Educação, 2006c. http://
criação da Rede Nacional tribuição do Linux; o MCT dê conta de propor soluções que pos- possibilitar o acesso. Em particular, portal.mec.gov.br/
de Comunicação de Da- pelo programa Sociedade da sibilitem melhores indicadores em são as interfaces de usuário que re-
dos; a Sucesu/RJ com a Informação; e o Bradesco futuro próximo. Entretanto, é nossa presentam os sistemas e é por meio * Professoras PUC-Rio e
realização do I Congres- Diretora da SBC Karin Breitman no coquetel de premiação pelo Internet banking. responsabilidade como comunidade delas que diversas (inter)ações se tor- Unicamp

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Desafio 3 Tutorial Técnico

Impactos para a área de Computação da Computação Autonômica


transição do silício para novas tecnologias * Marcelo Perazolo te a mente humana não se preocupa
em executar funções como a
Sistemas autonômicos devem conhe-
cer o contexto de suas atividades e
Os conceitos por trás da Compu- regulagem do ritmo cardíaco, movi- também de outros sistemas
* Flávio Rech Wagner reativos: recebendo estímulos (con- complexidade e os requisitos de time- tação Autonômica foram criados mentos digestivos, regulagem de tem- autonômicos que possam auxiliá-los
dições ambientais e presença/ausên- to-market do projeto de software quando Bill Horn – um pesquisador peratura através do suor, reações alér- na obtenção de seus objetivos.
A Lei de Moore está perdendo ve- cia de certas substâncias), a célula pro- multiprocessado de grande porte, da IBM – lançou, em outubro de 2001, gicas, etc. O sistema nervoso autô- Must be Open (Deve ser Aber-
locidade, pelos simples limites físicos duz uma reação (proteínas/enzimas com o projeto conjunto e otimizado o manifesto “Autonomic Computing: nomo é responsável pela execução to) – Sistemas autonômicos devem ser
do átomo. As novas tecnologias que para tratar o estímulo). O DNA no do software e do hardware, visando IBM’s Perspective on the State of dessas funções no nosso corpo. Do capazes de funcionar em um ambien-
estão sendo pesquisadas para substi- núcleo das células contém informa- a eficiência energética e a compen- Information Technology”1. Esse ma- mesmo modo, em um sistema te heterogêneo onde, por meio da pa-
tuir o silício, embora ofereçam enor- ções exatas sobre a produção destas sação da baixa confiabilidade das nifesto observa que a indústria da computacional autonômico, várias dronização, consigam suportar a com-
me capacidade de integração, são bem proteínas. Podemos ver o DNA como novas tecnologias? Tecnologia de Informação enfrenta atividades complexas podem ser exe- plexidade inerente a esses ambientes.
mais lentas do que as atuais e têm alta o software (dados e programa) e a Neste cenário, todo sistema de uma crise de complexidade que só cutadas automaticamente, de modo Must be Transparent (Deve ser
sensibilidade a ruídos e defeitos, pro- célula como o hardware biológico. computação deverá ser visto como tende a piorar com o passar do tempo a liberar profissionais de Informática Transparente) – Sistemas
blema que já está ocorrendo mesmo Como outras novas tecnologias, a um sistema embarcado de grande e com o crescimento dos sistemas a desempenharem atividades mais autonômicos devem antecipar quais
com o silício, devido à diminuição no computação biológica é adequada a porte, combinando paralelismo ma- computacionais, das aplicações e dos “nobres”, como controle, planeja- são as funções que poderão desempe-
tamanho dos transistores. Adicional- sistemas maciçamente paralelos e su- ciço, eficiência energética, ambientes utilizados em vários seto- mento, estabelecimento de políticas nhar, assim como as de seus compo-
mente, a maioria dos dispositivos para jeita a falhas: um sistema contém mi- confiabilidade e heterogeneidade. Isso res da indústria. Como um exemplo, de negócios, aperfeiçoamento de pro- nentes, enquanto ao mesmo tempo
aplicações pervasivas será movida a lhares de “processadores” (células) exigirá a busca de novos paradigmas basta vermos o progresso recente cessos, etc. escondem a sua complexidade. Somen-
bateria, mas a capacidade destas não executando a mesma tarefa e a rea- de projeto em muitas áreas da Com- obtido em várias áreas da Computa- te assim, a escalabilidade necessária
tem aumentado de maneira ção do sistema é garantida pelo fato putação, como Engenharia de ção, como a capacidade de para a realização de tarefas cada vez
exponencial, causando um gargalo na de que a maioria de- Software (por exem- processamento, a densidade de me- mais complexas pode ser atingida.

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energia disponível. Por outro lado, les agirá “correta- plo, novas abstra- mória e a velocidade das linhas de Self-Configuring (Auto-Confi-
aumentos de desempenho já não po- mente”. ções para capturar a comunicação, que registraram cres- guração) – Sistemas autonômicos de-
dem mais ser obtidos por aumentos Neste novo cená- verticalidade neces- cimento da ordem de dezenas de mi- vem ser capazes de se auto-regularem,
ilimitados da freqüência de operação, rio tecnológico, as sária às otimizações lhares de vezes desde que estas mesmo em presença de condições
em função do impacto sobre a po- técnicas de projeto de físicas, novos con- tecnologias foram criadas. O proble- impredizíveis, que são comuns em sis-
tência dissipada. Isso levará, no fu- hardware e software ceitos de desenvolvi- ma se complica ainda mais com a cri- temas altamente complexos.
turo próximo, a chips com até cen- precisarão ser muito mento baseado em ação da Internet e a explosão no nú- Self-Healing (Auto-Cura) – Sis-
tenas de processadores que, em alteradas. No modelo componentes que le- mero de usuários e sistemas de infor- temas autonômicos devem ser capa-
muitos domínios de Computação atual, o projeto de vem em considera- mação no mundo. Se a tendência con- zes de se recuperar de falhas, conhe-
embarcada, serão de diferentes ti- software utiliza uma ção características tinuar, em pouco tempo o número de cidas ou impredizíveis. Devem tam-
profissionais de Informática necessá- Figura 1 bém ser capazes de detectar novos pro-
pos (RISC, DSP, VLIW, SIMD, abstração de alto ní- não-funcionais e no-
etc.), visando maior eficiência rio para gerenciar esses sistemas será Outro excelente artigo que cola- blemas, isolá-los (estabelecer a pro-
vel do hardware. Isso vas técnicas de veri-
energética. Além disso, veremos proibitivo e a indústria de Tecnologia bora historicamente para estabelecer cedência), determinar a melhor ação
terá de ser modifica- ficação de software
de Informação tenderá a entrar em co- a visão da Computação Autonômica para remediação e executar essas
combinações de processadores ba- do para aproveitar a Flávio Wagner na presença de fa-
lapso. A solução, ainda segundo o é entitulado “The Vision of ações, levando ainda em conta o im-
seados em silício com outros não- computação maciçamente paralela e lhas), Sistemas Operacionais (por
mesmo manifesto, é um avanço sig- Autonomic Computing”2. Esse arti- pacto que podem causar em ou-
convencionais, baseados em Com- ao mesmo tempo cuidar do consu- exemplo, controle do consumo de
nificativo na automação desses sis- go estabelece os conceitos funda- tras partes do ambiente.
putação quântica ou biológica. mo de energia e da confiabilidade, energia e migração de serviços entre
temas complexos e dos seus respec- mentais para se atingir a visão da Self-Optimizing (Auto-
As bases teóricas da Compu- hoje considerados apenas no projeto hardware e software para
tivos processos. Para tanto, um pa- Computação Autonômica na prática, Otimização) – Sistemas
tação são independentes de máqui- do hardware. Por outro lado, a de- minimização energética), Compilado-
ralelo com o sistema nervoso autô- enumerados a seguir: autonômicos estão sempre procu-
nas concretas. Geralmente asso- manda crescente pela solução de no- res (por exemplo, maior visibilidade
nomo do corpo humano é estabele- Self-Awareness (Auto-Conheci- rando novas maneiras de atingir
ciamos a noção de programa ao vos problemas leva a softwares cada de recursos de hardware não padro- cido, e as facilidades de auto-ajuste mento) – Sistemas autonômicos de- seus objetivos de uma forma mais
computador baseado em silício no vez mais complexos, o que exige o nizados) e Processamento Paralelo proporcionados por este modelo são vem ter uma identidade e conhecer econômica para o ambiente como
qual ele executa. Os grandes avan- seu projeto em níveis mais altos de (por exemplo, exploração de o fundamento do novo paradigma: a suas próprias capacidades. É extre- um todo. Em algumas situações,
ços na Biologia Molecular podem abstração e com doses crescentes de paralelismo massivo heterogêneo, Computação Autonômica. mamente importante que tenham um o caminho mais curto não é o mais
mudar esse panorama, dando à automação, indispensáveis num ce- combinado a eficiência energética e Para ilustrar melhor o paralelo com modelo que represente seus estados e econômico. Políticas de negóci-
Computação uma máquina bioló- nário de grande competitividade. confiabilidade). o sistema nervoso autônomo, consi- os estados de seus componentes. os devem governar a maneira
gica completamente diferente. Os Como conciliar a automação e a abs- derem-se as funções autônomas Know its Environment (Co- como o ambiente autonômico é
organismos vivos são sistemas tração, requeridas para lidar com a * Conselheiro da SBC exemplificadas na figura 1. Obviamen- nhecimento do seu Ambiente) – otimizado.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Tutorial Técnico Desafio 2
Self-Protecting (Auto-Proteção) minho para a implantação gradual des- avanço do grau de automação e da
– Sistemas autonômicos devem ser sa visão em ambientes reais de produ- maturidade autonômica, esses profis- Modelagem computacional de sistemas complexos artificiais,
capazes de detectar e reagir a amea- ção. Esses níveis e suas característi- sionais não necessitam mais conhe-
ças potenciais a seus objetivos, a sua cas prinicpais são: cer detalhes de ferramentas e aplica- naturais e socioculturais e da interação homem natureza
integridade e a de seus componentes. BÁSICO – processos e tarefas ções específicas, em vez disso podem
Assim como num ambiente não- manuais e repetitivas; requer profissi- se dedicar a tarefas que trazem um * Claudia Bauzer Medeiros modelos computacionais para vários tudos sobre pandemias são outros
automatizado, deve-se proteger o aces- onais altamente treinados. benefício real ao negócio, atividades tipos de domínios. De fato, a modela- claros casos das vantagens da pes-
O que os seguintes estudos têm gem computacional se preocupa com quisa nessa área.
so à informação e garantir que todas as GERENCIADO – sistemas com que apesar de importantes, não são
desempenhadas pela maioria dos pro- em comum: análise do desempenho modelos complexos que nos ajudam Do ponto de vista de Computa-
ações tenham seu acesso controlado. maior monitoração e controle, mas ain-
fissionais de suporte hoje em dia. Um de uma rede com milhões de compu- a entender o mundo que nos cerca. A ção, há um sem-número de pontos
da com envolvimento de operadores
tadores, o funcionamento de um avião especificação dos modelos demanda em aberto a investigar. Um exemplo
humanos; profissionais devem ser ana- dos principais objetivos da Computa-
ção Autonômica é a liberação dos pro- em uma área turbulenta, a previsão dos equipes multidisciplinares de pesqui- dos requisitos multidisciplinares den-
listas de situações complexas.
fissionais de Informática de tarefas ro- efeitos a longo prazo de um novo sadores, freqüentemente lidando com tro da própria área é quando há ne-
PREDITIVO – sinais e tendênci-
medicamento no metabolismo huma- centenas de tipos e de fontes de da- cessidade, para criar modelos, de
as geram recomendações de tineiras para que esses se dediquem a
atividades que deveriam ser efetiva- no, o impacto do vôo de um beija-flor dos. Sua programação requer especi- utilizar a pesquisa em redes de
gerenciamento; profissionais devem
mente suas tarefas principais. na polinização de flores, o comporta- alistas em várias áreas da Computa- sensores. Isso requer combinar as-
ser capazes de decidir se as recomen-
Figura 2 mento de multidões em situações de ção; sua execução pode exigir cálcu- pectos de processamento e fusão em
dações devem ser executadas.
Estes últimos conceitos são também pânico ou as consequências do efeito los que envolvam milhares de tempo real dos dados enviados, defi-
ADAPTATIVO – sistemas que
conhecidos como as disciplinas funci- estufa? Resposta: são alguns exem- processadores durante dias – por nição de quais sensores usar, onde
possam automaticamente executar
onais da Computação Autonômica, e em plos de aplicações do vasto campo de exemplo, usando as chamadas “grids” colocá-los, como mantê-los e quais
ações recomendadas pelos sinais e ten-
modelagem computacionais; das variáveis medidas devem ser con-

FOTO ARQUIVO SBC


conjunto formam os quatro quadrantes dências do nível preditivo; profissio-
da esfera funcional mostrada pela figu- computacional, a validação do sideradas. Outros exemplos incluem,
nais têm funções mínimas de acom-
ra 2. Esses quatro quadrantes constitu- envolvendo fenô- modelo e a inter- dentre outros, trabalho em grandes
panhamento e otimização.
em o acrônimo “Self-CHOP” (em in- menos artificiais pretação dos re- bancos de dados, redes de computa-
AUTONÔMICO – sistemas que
glês, CHOP significa “cortar”, “separar” Figura 3 (computadores), sultados são dores, construção e análise de
além de adaptativos se baseiam em po-
ou “desmembrar”), sendo um fácil naturais (pássa- igualmente tare- algoritmos, visualização científica,
líticas de negócios e nos processos Finalizando, deve-se ter em mente
mneumônico para a lembrança das fun- ro), sociais (mul- fas altamente processamento de imagens, compu-
do ambiente; profissionais são volta- que a Computação Autonômica não é
ções fundamentais. tidão) e da especializadas. tação gráfica ou computação de alto
dos apenas para a decisão das políti- somente uma coleção de novos con-
Existe também na literatura técnica interação do ho- Este campo desempenho, envolvendo hardware e
cas de negócios. ceitos, mas sim uma necessidade da
diversas outras funções autonômicas mem com a natu- vem atraindo software otimizados. Ainda outra área
A figura 3 mostra a evolução dos indústria e que já existe progresso sig-
menos comuns, que de uma forma ou reza (efeito estu- bastante atenção, que deverá contribuir para a pesqui-
níveis de maturidade da Computação nificativo na área (veja o “Autonomic
outra são facetas das quatro funções fa). Neste grande pelas repercus- sa nesse grande desafio é a Engenha-
Autonômica. Observa-se que existe Computing Blueprint”3 para mais in-
fundamentais, conhecidas coletivmente desafio apontado sões que tem no ria de Software, com preocupações
uma progressão natural de sistemas e formações), mas que ainda há muitas
como “Self-Star” ou “Self-*” (Auto- pelo Seminário avanço da ciên- que vão desde a novas formas de ex-
processos manuais (BÁSICO e outras oportunidades e desafios que
Estrela). De uma maneira geral, porém, Grandes Desafi- cia, mas também tração de requisitos e análise dos pro-
GERENCIADO) para sistemas mais só serão superados com a participa-
qualquer função autonômica, seja ela os da Pesquisa pelos potenciais blemas a serem modelados, até avan-
interativos (PREDITIVO) e finalmen- ção e colaboração de todos.
“Self-Star” ou “Self-Chop”, pode ser em Computação benefícios soci- ços em testes e gerenciamento dos
te para sistemas inteligentes
generalizada como uma função de “Self- (ADAPTATIVO e AUTONÔMICO), Referências no Brasil: 2006- Claudia Bauzer Medeiros ais e econômi- modelos construídos.
Management” (Auto-Gerenciamento). 2016, a construção do modelo é um cos. A possibilidade de usar ferramen- Um aspecto final a ressaltar é que
capazes de realizar inferência e tomar 1.IBM, “Autonomic Computing: IBM’s
Nesse sentido, pode-se dizer que siste- Perspective on the State of Information dos principais alvos da pesquisa. Por tas computacionais para estudo de fe- este desafio, além de considerar
ações corretivas previamente configu-
mas auto-gerenciáveis que também Technology”, Outubro de 2001, http:// exemplo, o avião em área turbulen- nômenos dos mais diversos tipos per- situações mais conhecidas de mo-
radas. Observa-se também que as ati- www.research.ibm.com/autonomic/mani-
implementem os outros quatro con- ta requer considerar forças de vári- mite a cientistas investigarem pro- delagem computacional, como as
vidades e o conhecimento dos profis- festo/autonomic_computing.pdf.
ceitos fundamentais da Computação 2.Kephart, J.O. & Chess, D. M., “The os tipos, com a interação entre fe- blemas que até pouco tempo não que consideram fenômenos arti-
sionais de Informática em cada um dos
Autonômica podem também ser con- Vision of Autonomic Computing”, IEEE nômenos naturais e dispositivos fei- eram tratáveis, quer pela quantidade ficiais ou naturais, também res-
níveis de maturidade são diferentes. Em
Computer Magazine, Janeiro de 2001, tos pelo homem. A análise de remé- de dados a analisar, quer pela quanti- salta a necessidade de tratamento
siderados sistemas autonômicos. níveis mais básicos, o profissional deve h t t p : / / w w w. r e s e a r c h . i b m . c o m /
Uma outra importante e práti- dios combina estudos em química, dade de cálculos a serem realizados, computacional de interações so-
ser altamente qualificado em ferramen- autonomic/research/papers/
ca noção da Computação AC_Vision_Computer_Jan_2003.pdf. fisiologia do corpo humano, bioquí- ou mesmo por alguma impossibilida- ciais e culturais. Esses dois últi-
tas e aplicações específicas.
Autonômica é o fato de se reco- 3.IBM, “Autonomic Computing mica, além de fatores como hábitos de física – como em estudos visan- mos tipos de estudo ainda são re-
Centros de suporte normalmente Blueprint”, 4th edition, Julho de 2006,
nhecer que sistemas puramente alimentares, culturais e até mesmo o do entender camadas do centro da lativamente novos, quando se trata
se organizam em "silos de conheci- http://www.ibm.com/autonomic/pdfs/
autonômicos são extremamente di- gênero dos pacientes. Terra. O exemplo mais citado de su- do envolvimento de pesquisado-
mento" e times de suporte diferentes AC_Blueprint_White_Paper_4th.pdf.
fíceis de se atingir. Por isso mes- O objetivo deste desafio é criar, cesso em modelagem computacional res em Computação.
para cada um desses "silos" (exem-
mo definem-se cinco “níveis de * Autonomic Computing Group, IBM especificar, avaliar, modificar, com- são os fenômenos climáticos, mas a
plo: profissionais qualificados em DB2,
maturidade” que fornecem um ca- Corporation por, executar, gerenciar e explorar preservação da biodiversidade ou es- * Presidente da SBC
WebSphere, Tivoli e Lotus). Com o

20 5
Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
Desafio 1 SBGAMES

Gestão da informação em grandes volumes de dados Simpósio acontece no Porto Digital de Recife
multimídia distribuídos
D
e 8 a 10 de novembro, acon- do Brasil”, disse Ramalho. mou-se na trilha SBGames-Industry.
por meio de modelagem tece o V Brazilian A novidade de 2006 fica por conta Com essa formatação o participante
* Nívio Ziviani Ainda, outros fatores de pesquisa a
considerar são formas distintas de computacional, simulações e outros; Symposium on Computer do formato do Festival de Artes que vai conhecer o que está sendo
Marcos Gonçalves
entrada e saída multimodal, desen- – Definição e uso da noção de con- Games and Digital Entertainment foi mudado. “Neste ano só serão acei- pesquisado em concepção de roteiros,
O objetivo deste desafio é desen- volvimento de infra-estruturas texto para a recuperação de informa- (SBGames), nas dependências do Por- tos vídeos. Além disso, teremos uma desde como montar uma pequena em-
volver soluções escaláveis para o tra- computacionais escaláveis baseadas ção, considerando-se fatores como lo- to Digital, em Recife (PE). apresentação dos trabalhos seleciona- presa, passando por novas técnicas de
tamento, a recuperação e a dissemi- em grids ou redes peer-to-peer, calização do usuário, perfil de interes- Segundo o organizador do dos à noite no formato de um festival Computação Gráfica e discussões so-
nação de informação relevante a par- algoritmos e estruturas para ses, objetivos, dentre outros; simpósio, professor Geber Ramalho de cinema”, destaca o organizador. bre formação de RH em jogos.
tir de volumes exponencialmente processamento de redução e de con- – Projeto e implementação de (UFPE), o fato de o evento acontecer De acordo com Ramalho, alguns O Porto Digital é resultado de
crescentes de dados multimídia dis- sulta aos dados, com atendimento a descritores de conteúdo multimodal e no Porto Digital promove uma maior eventos paralelos foram reformulados um ambiente de inovação que se con-
tribuídos. Quase tudo que vemos, le- diferentes perfis e necessidades de algoritmos para extração e indexação integração. “Por não ser em uma uni- para unificar e reforçar o SBGames. solidou em Pernambuco nas últimas
mos, ouvimos, escreve- desses descritores, permitindo buscas versidade, acredito que conseguiremos O Wjogos tornou-se uma trilha cha- décadas. O espaço reúne instituições,
FOTOS DIVULGAÇÃO

aplicações e usuários.
mos, medimos é coleta- O grande desafio é a multimodais; uma maior aproximação com as em- mada SBGames-Computing; o Game empresas, universidades e governos.
do e disponibilizado em integração de todas es- – Utilização de estruturas de presas da área no Recife que, hoje, Art, agora é denominado SBGames- Para mais informações, acesse:
sistemas de informação sas linhas e áreas para indexação dinâmicas e distribuídas do representam o maior pólo tecnológico Art&design; e o IN2Games transfor- www.sbgames.org.br.
computacionais. Vários conduzir a aplicações tipo peer-to-peer; GEOINFO
fatores contribuem para
o atual crescimento ex-
que possam beneficiar o
contexto sócio-econô- mos
– Estudos em modelos e mecanis-
de conciliação e integração de
Comitê de programa do evento é formado por 42 doutores
plosivo de dados e infor- mico-cultural do País. dados com larga escala de Este ano o comitê de programa do VIII Simpósio Bra- sentação, que permite aos participantes interagirem com os
mação, tais como a Embora haja resultados heterogeneidade; sileiro de Geoinformática (Geoinfo) cresceu. Atualmente autores, foi criada no sentido de buscar a cooperação e a
Internet e a Web, onde de pesquisa em cada – Consideração, no armazenamento ele é formado por 42 doutores, sendo 15 estrangeiros oriun- continuidade do melhoramento das atividades de pesquisa”.
massivas quantidades de Nívio Ziviani uma das áreas isoladas, e recuperação, de fatores temporais, dos de nove países, além de dois brasileiros radicados no Um dos palestrantes convidados é o professor da Uni-
informação são produzidas em tem- alguns ainda incipientes, não existem culturais e tecnológicos, tais como exterior. Entre os brasileiros existem pesquisadores de 17 versidade de Harvard, Martin Kulldorff, que ministrará a
po real a cada segundo, ou o uso de propostas que consideram a sua sensores, celulares, PDAs (i.e., instituições acadêmicas diferentes. palestra sobre sistemas de alerta espaço-temporais.
dispositivos que capturam novos ti- integração. O presente desafio é im- personal digital assistant); Uma das novidades do evento é a exclusão da sessão O professor Kulldorff trabalha com estatística espacial
pos de dados extremamente comple- portante porque, além de estimular a – Estudo de formas alternativas de de pôsteres. “Em 2006 teremos artigos completos e cur- na área de Saúde. Os sistemas espaço-temporais buscam,
xos – satélites, microssensores, te- pesquisa em áreas básicas em Com- disponibilização da informação, inclu- tos, todos com apresentação em sessão única”, explica o por meio da análise de eventos, detectar situações em que a
lescópios, câmeras de vídeo em ex- putação, sua integração pode influir no indo pesquisa em novos tipos de coordenador do evento, Antônio Miguel Vieira Monteiro concentração de casos estaria acima do razoável e disparar
perimentos de interações humanas, desenvolvimento de inúmeras aplica- interfaces; (INPE). Segundo ele, esse formato oferece ao participante um alerta para a tomada de decisão por parte dos agentes
entre tantos outros. ções-chave em vários seto- – Tratamento da a possibilidade de conhecer cada trabalho e interagir com competentes.
Todo esse imenso conjunto dis- res da sociedade. Exemplos confiabilidade e validade os autores. “Além de aplicável à saúde pública, os sistemas de alerta
tribuído e heterogêneo de dados pre- são: criação de conteúdo dos dados e da proprie- De acordo com Clodoveu Davis Júnior (PUC-Minas), espaço-temporais podem ser usados na análise de eventos
cisa ser processado, armazenado e para atividades educacio- dade intelectual; também coordenador do evento, a interação tem sido um de criminalidade”, completa Monteiro. Mais informações:
disponibilizado para tornar possível nais (e-learning), gestão – Trabalho em mode- dos grandes destaques do Geoinfo. “Essa forma de apre- http://www.geoinfo.info/.
a extração de informação para os eficiente da informação vi- los conceituais de entre- WEBMEDIA
mais diferentes tipos de aplicações. sando apoio a governo ele- tenimento digital, incluin-
Isso exige, dentre outros enfoques, trônico (e-gov), extração do o desenvolvimento de Evento recebe número recorde de submissões de trabalhos
pesquisa em novas técnicas e mé- de subconjuntos inter-rela- métodos para a manipula- A XII edição do Simpósio Brasilei- tores Humanos em Sistemas O simpósio conta com a par-
todos escaláveis de coleta, cionados de dados para ção de enredos; ro de Sistemas Multimídia e Web Computacionais (IHC) e o III ticipação de palestrantes inter-
gerenciamento, extração, apoio à pesquisa científica Marcos Gonçalves – Estudo de infra-es- (WEBMEDIA) recebeu um número Simpósio Brasileiro de Sistemas nacionais como Darko Kirovski,
integração, indexação e recupera- (e-science), disponibilização de infor- truturas adaptáveis e inteligentes para recorde de submissões, foram 120 ar- Colaborativos (SBSC), já que diver- da Microsoft Research. Ele vai
ção de dados e informação. Além mações relevantes para diagnóstico o processamento distribuído de infor- tigos completos submetidos. “Além dos sos tópicos desses três simpósios apre- falar sobre “A Economia da
disso, apresenta desafios de pre- médico à distância (telemedicina) e en- mações; e artigos completos, tivemos uma enor- sentam intersecção entre as áreas. Multimídia”, proposta recente
servação e segurança. Mais ain- tretenimento digital. – Estudo de técnicas e métodos me quantidade de propostas de Segundo Rodrigues, o fato dos de sistema econômico para
da, tendo em vista a constante evo- Resumidamente, alguns dos gran- que garantam a persistência de dados minicursos e submissões para as de- eventos ocorrerem em conjunto é uma construir um mercado off-line
lução tecnológica, é preciso garantir des problemas técnicos e científicos e informações por longos períodos de mais trilhas, sessões e workshops”, ótima oportunidade para fomentar um baseado em incentivos para
que dados armazenados continu- a abordar para fazer frente a este de- tempo, para fins de arquivamento his- afirma o coordenador geral do evento, maior intercâmbio de idéias e traba- mídias digitais.
em acessíveis com o passar dos safio são: tórico. Rogério Ferreira Rodrigues (PUC-Rio). lhos das áreas de Multimídia, Confira a programação em:
anos – ou seja, garantia de durabi- – Redução (abstração e O WEBMEDIA acontece em con- Hipermídia, Interfaces e Sistemas www.telemidia.puc-rio.br/
lidade e acesso em longo prazo. sumarização) das massas de dados * Professores DCC/UFMG junto com o VII Simpósio sobre Fa- Colaborativos. webmedia2006.

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006
SBCCI
Grandes Desafios da Pesquisa em Computação
Presidente da SBMicro toma posse durante evento * José Carlos Maldonado longos períodos de tempo. Mas, du- Computação permeia todas as ativida-

D
urante o Chip on the vimento de Semicondutores, coorde- surgiu naturalmente. O Secretário Paulo Virgílio Augusto Almeida rante essa busca da solução de um des da sociedade brasileira e tem um
Mountains, evento forma- nado pelo professor Wilhelmus van Kleber salientou que a Fapemig já des- grande desafio, é possível criar no- potencial significativo de impacto eco-
do pelo Simpósio Brasilei- Noije (USP). A atividade contou com tinou R$ 2 milhões para cursos de es- Quais são os grandes problemas vas gerações de pesquisadores, fo- nômico e social no País. Essa maturi-
ro de Concepção de Circuitos Integra- a presença do secretário de Política pecialização visando a decisão do go- de pesquisa que a área de Computa- mentar a criatividade científica e am- dade da área torna possível o planeja-
dos (SBCCI), Simpósio Brasileiro de de Informática do Ministério da Ci- verno mineiro em apoiar a instalação de ção deverá enfrentar nos próximos pliar o grau de colaboração entre equi- mento de longo-prazo, essencial para
Microeletrônica (SBMicro) e Fórum ência e Tecnologia uma fábrica de circui- 10 anos? Como conciliar o avanço pes e laboratórios de pesquisa. Os formar grupos capazes de trabalhar em

FOTO DIVULGAÇÃO
de Estudantes (SForum), tomou pos- (SEPIN), Augusto tos integrados. científico da Computação no Brasil e grandes desafios proporcionam uma problemas complexos e de relevância
se o novo presidente da Sociedade Bra- Gadelha, do secretário Jacobi salientou a solução de problemas de relevân- visão de futuro para a área, que fo- para o Brasil. O estabelecimento de
sileira de Microeletrônica (SBMicro), de C&T de Minas Ge- que os aspectos funda- cia para o País, tanto do ponto de menta os avanços evolucionários na uma agenda de pesquisa de longo pra-
Altamiro Susin (UFRGS). rais, Paulo Kleber, do mentais para o suces- vista social como do ponto de vista descoberta do conhecimento, geran- zo pode trazer avanços significativos
Alguns dos desafios de Susin para o consultor do governo so de uma política in- econômico? Quais seriam as ações do como subprodutos tecnologias para a área de Computação como pode
biênio 2006-2008 são trabalhar a de Minas Gerais, Mar- dustrial incluem a de formação de recursos humanos avançadas, processos novos de enge- também, de maneira seletiva, servir de
interface com governo (executivo e co Fontes, e do repre- alocação de uma quan- em Computação que efetivamente nharia e pessoal qualificado em pes- base para a formulação das políticas
legislativo), órgãos de fomento e finan- sentante da Comissão tidade adequada de re- consolidariam a cadeia de habilida- quisa. A tradição de grandes desafios de agências de financiamento de pes-
ciamento; promover a formação de re- Especial de Circuitos cursos por parte do go- des e de competências necessárias é comum em várias áreas da ciência, quisa no País. A adoção e promoção
cursos humanos em todos os níveis; Integrados da SBC, verno federal; incenti- para a solução desses problemas, em com alguns exemplos que são bem de grandes desafios não competem
interagir com a indústria EletroEletrônica, Ricardo Jacobi (UnB). Susin é o novo presidente vo à criação de design princípio de grande complexidade e difundidos e que servem como com as formas mais tradicionais de
de Informática, de Comunicações, de Gadelha falou sobre as ações do houses; incentivo à inovação, apoio e con- multidisciplinar? Em busca de res- parâmetros para se definir o que é um conduzir a pesquisa e não limitam a
Instrumentação e de Automação. governo para criar condições favorá- solidação de programas de formação de postas a questões fundamentais grande desafio em Ciência e liberdade de escolha e adoção de ou-
Outro destaque do evento, que veis à microleletrônica. A TV Digital recursos humanos; e sensibilização da como essas, surgiu na SBC a idéia Tecnologia. tros tópicos de pesquisa na área. As-
aconteceu em Ouro Preto (MG), foi foi discutida em reuniões de vários mi- indústria local para a utilização de chips de procurar identificar sim, a SBC reuniu vários
Levar um homem à Lua em 10 anos (realizado, 1960)
o painel sobre a Política de Desenvol- nistros, onde o tema da microeletrônica desenvolvidos no Brasil. os Grandes Desafios pesquisadores em um
da Pesquisa em Com- Curar o câncer dentro de 10 anos (falhou, 1970) workshop e foram identi-
putação no Brasil. Mapear o Genoma Humano (realizado) ficados os seguintes gran-
A idéia de formular Mapear o Proteoma Humano (ainda muito difícil) des desafios para os pró-
grandes desafios em Unificar as Quatro Forças da Física (em investigação) ximos 10 anos: (veja em
pesquisa tem sido ado- www.sbc.org.br o texto
tada em várias áreas do conhecimen- É pouco provável que as pesqui- completo)
to em países com forte tradição de sas simplesmente motivadas pelo mer- 1 – Gestão da Informação em gran-
pesquisa, como Estados Unidos e In- cado tenham a natureza do avanço des volumes de dados multimídia dis-
glaterra, Coréia e outros. Mas afinal, evolucionário que os grandes desafi- tribuídos;
o que são grandes desafios de pes- os requerem. Daí a importância des- 2 – Modelagem computacional de
quisa? Um grande desafio representa sa iniciativa da SBC que procura iden- sistemas complexos artificiais, natu-
um compromisso da comunidade ci- tificar grandes problemas, cuja solu- rais e socioculturais e da interação ho-
entífica de trabalhar conjuntamente em ção é importante para o Brasil e para a mem-natureza;
direção a um objetivo comum, cujo comunidade científica. 3 – Impactos para a área da Com-
valor científico e a relevância do pro- A área de Computação já atingiu putação da transição do silício para no-
blema estão claramente estabelecidos. um grau de maturidade, que está re- vas tecnologias;
A formulação de grandes desafios fletido por mais de 40 programas de 4 – Acesso participativo e uni-
emerge da própria comunidade cien- pós-graduação (mestrado e doutora- versal do cidadão brasileiro ao co-
tífica e pode necessitar de anos de tra- do) reconhecidos pela CAPES, com nhecimento;
balho e de grandes equipes de pesqui- classificações que variam de 3 a 7 e 5–Desenvolvimento
sadores. Os desafios em geral surgem se distribuem por todo território bra- tecnológico de qualidade: siste-
quando uma certa área atinge um grau sileiro. A Computação no Brasil tem mas disponíveis, corretos, se-
de maturidade com a acumulação de ampliado consideravelmente sua par- guros, escaláveis, persistentes e
uma grande quantidade de conheci- ticipação na geração de resultados ubíquos.
mento científico e tecnológico que lhe tecnológicos e científicos avançados
permite projetar avanços no cenário internacional, como mos-
evolucionários ao invés de avanços tra o número crescente de publicações * Vice-presidente e diretor de
incrementais. Os grandes desafios são brasileiras em periódicos e conferên- Planejamento e Programas Es-
projetados para serem resolvidos em cias internacionais. Além disso, a peciais da SBC

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Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006 Computação Brasil Setembro/outubro e novembro 2006

Expediente Editorial Aluno Destaque

Desafios da Pesquisa em Computação Conheça os novos estudantes homenageados


O
blicação, o foco do trabalho no se- prêmio Aluno Destaque A cerimônia acontece durante a das suas instituições devem entrar em
* Claudia Bauzer Medeiros é entregue pelos delegados colação de grau e a entrega é feita pes- contato com Themis Tubino, respon-
minário foi a discussão da pesquisa de

E
ste número do Computação ponta em Computação – problemas em institucionais da Sociedade soalmente pelo delegado institucional sável pelo atendimento às secretarias
Brasil é dedicado a um even- aberto, estratégias e ações para atacá- Brasileira de Computação aos estudan- da delegacia regional onde a universi- regionais e delegacias instituicionais,
Claudia Maria Bauzer Medeiros
to pioneiro no País – o Semi- los, competências existentes no Brasil, tes de Computação que se sobressaí- dade se localiza. via e-mail: tctubino@sbc.org.br.
Presidente
José Carlos Maldonado nário Grandes Desafios da Pesquisa em parcerias possíveis. Um dos grandes di- ram em suas instituições de ensino. Confira nos quadros abaixo os no-
Nota: Uma listagem completa com os
Vice-Presidente Computação no Brasil 2006-2016. ferenciais em relação a iniciativas seme- Desde o segundo semestre de mes dos estudantes homenageados.
nomes dos estudantes homenageados, cur-
Carla Maria Dal Sasso Freitas O evento, promovido pela SBC em lhantes nos Estados Unidos e Grã- 2006 os alunos recebem, além do cer- sos, instituições e delegados institucionais
Diretora Administrativa e de Finanças
maio de 2006, foi concebido para de- Bretanha foi a preocupação com os im- tificado de Aluno Destaque, uma Participação – Delegados da SBC está disponível em: www.sbc.org.br/
Karin Breitmann
bater visões de futuro e preparar uma pactos sociais e econômicos no Brasil placa personalizada. interessados em homenagear alunos alunodestaque.
Diretora de Eventos e Comissões Especiais
Edson Norberto Cáceres agenda para a pesquisa em Computa- da solução dos desafios identificados.
Diretor de Educação ção, no Brasil, nos próximos 10 anos. Com isto, a SBC visa contribuir Regional Centro Oeste 2 Regional Santa Catarina
Marta Lima de Queiros Mattoso Esta iniciativa, que teve financia- para os programas de pós-graduação
Diretora de Publicações Aluno/Universidade Aluno/Universidade
mento da FAPESP e da CAPES, foi na área, subsidiar políticas públicas e
Virgílio Augusto Fernandes Almeida Késlio André Lopes dos Santos/UFMT Caroline Helena Miranda da Luz/Unisul
Diretor de Planejamento e Programas Especiais organizada a partir da constatação, definir algumas metas de longo alcan- Daniel de Oliveira/Uniplac
Aline dos Santos Andrade pela diretoria da Sociedade, que a co- ce para nortear ações da Sociedade.
Diretora de Secretarias Regionais
Evandro Fasolo/Unisul
munidade brasileira de Computação Espera-se, igualmente, propiciar a for-
Altigran Soares da Silva
precisaria ser mais proativa e definir mação de novas gerações de pesqui- Regional Espírito Santo Fábio Castro Bergmann/Unisul
Diretor de Divulgação e Marketing
Aluno/Universidade Fernando de Medeiros Marcon/Unisul
metas de longo prazo, podendo com sadores. Esta iniciativa já começou a
Roberto da Silva Bigonha Giovani de Oliveira/ESUCRI
Diretor de Regulamentação da Profissão isto melhor contribuir para o desen- dar resultados, com repercussão nos Gildásio Lecchi Cravo/Uniaracruz
Marcioni Serafim/UNESC
Carlos Eduardo Ferreira volvimento científico, tecnológico, meios acadêmicos e programação de
Diretor de Eventos Especiais
Thiago Anselmo Florêncio/Unisul
econômico e social do Brasil. seminários multidisciplinares que
Ana Carolina Salgado (UFPE)
O relatório detalhado do Seminário, aprofundem os temas identificados. Regional Minas Gerais
Ariadne Maria B. Carvalho (Unicamp) com a discussão dos desafios e ações Além de aspectos de pesquisa, os Aluno/Universidade
Daniel Schwabe (PUC/Rio) propostas, está no site da SBC. O Com- participantes debateram várias ações André Treno Ricarte/PUCMinas Regional São Paulo Leste
Flávio Rech Wagner (UFRGS) putação Brasil complementa o conteú- necessárias para promover o cresci-
Jaime Simão Sichman (USP) Davi Carlos Leocádio/Unifenas Aluno/Universidade
do do relatório com entrevistas e depo- mento continuado da Computação no
José Valdeni de Lima (UFRGS) Geraldo Luís Rodrigues/PUCMinas Danilo Sarti Luna /Unicamp
Luiz Fernando Gomes Soares (PUC/Rio)
imentos de alguns dos participantes. Brasil. As linhas de ação incluem, por
Ivre Marjorie Machado/PUCMinas Stella Emy Ota/Unicamp
Marcelo Walter (UFPE) Espera-se que, além disto, esta pu- exemplo, mudanças de currículo, in-
Paulo Roberto de Oliveira/UFU Vitor Hugo Almeida Marques/Unicamp
Raul Sidnei Wazlawick (UFSC) blicação contribua para despertar a centivo à formação multidisciplinar,
Ricardo de Oliveira Anido (UNICAMP) atenção para problemas relevantes da projetos com outras áreas do conhe-
Ricardo Reis (UFRGS)
ciência. cimento, criação de um centro para
Robert Carlisle Burnett (PUC/PR)
Siang Wu Song (USP) Os participantes do Seminário fo- encontros de pesquisa e maior Regional Paraná
Taisy Silva Weber (UFRGS) ram selecionados a partir de uma cha- interação com a indústria como for- Aluno/Universidade Regional São Paulo Oeste
Corpo Editorial/Conselho mada por “visões de futuro para a ma de fortalecer a aplicação da pes- Jaime Vieira Júnior/FAFIMAN Aluno/Universidade
pesquisa brasileira em Computação”. quisa desenvolvida. Outras medidas Camila Figueiredo Bianchi/UNOESTE
Sirlei Pastore – DRT-RS 9866
Jornalista Responsável
Quarenta e sete propostas foram en- igualmente importantes são mecanis- Juliana Tiemi Kato/UNOESTE
viadas de todas as regiões do Brasil, mos para atração de jovens e a
Claudia Judá – DRT-RS 12614 Regional Rio Grande do Sul
Reportagem e Redação das quais 22 foram selecionadas pela interação com outros países.
Rodrigo Vizzotto comissão organizadora. À comissão Outras matérias do CB destacam Aluno/Universidade
Projeto Gráfico
e aos participantes se juntaram qua- César Mattos Rocha/PUCRS
iniciativas da SBC nestes dois últimos Regional Nordeste 2
Computação Brasil tro convidados, dois dos quais indi- aspectos, com reportagens sobre a re- Débora de Freitas Barcelos/URCAMP
Fernando Trebien/UFRGS Aluno/Universidade
Av. Bento Gonçalves, 9500 - Setor 4 cados pela Academia Brasileira de Ci- alização do POSCOMP no Peru, a co-
Prédio 43424 sala 116 Ingrid Oliveira Nunes/UFRGS Sindolfo Luiz de Miranda Freire Filho/UFPB
ências – Carlos Nobre (CPTEC- laboração com a IFIP e o convênio com
Cx Postal 15012 Leonardo Henrique Bonet Zordan/UFRGS
INPE), Gilberto Câmara (INPE), Pau- a Fundação Carlos Chagas para a atra-
Agronomia - Porto Alegre /RS Luciano Bocker Preto/Unilassale
CEP 91501-970 lo Artaxo (USP) e Renato Janine Ri- ção e formação de jovens a partir da
fone: (51) 3316.6835 beiro (Capes). Olimpíada Brasileira de Informática e Márcio Bastos Castro/PUCRS
fax: (51) 3316.7142 Reginaldo Souza Pereira/Ulbra Regional Norte 2
Enquanto que na maioria das reu- da Maratona de Programação.
home page: www.sbc.org.br niões científicas predomina a apresen- Ruthiano Simioni Munaretti/Unisinos Aluno/Universidade
* Os artigos publicados são de responsabilidade
exclusiva de seus autores tação de artigos associada à sua pu- * Presidente da SBC Vilson Franceschini/Unisinos Daniel Henriques Moreira/UFPA

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