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APELAÇÃO CRIMINAL Nº 399.

579-9, DE
PONTA GROSSA – 2ª VARA CRIMINAL

APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO


APELADOS : DOMINGOS MARTINS DE GOUVEIA
E OUTRO
RELATOR : DES. RONALD J. MORO

APELAÇÃO CRIMINAL – CASA DE PROSTITUIÇÃO


– ARTIGO 229, DO CÓDIGO PENAL – INSURGÊN-
CIA MINISTERIAL CONTRA A SENTENÇA ABSOLU-
TÓRIA – IMPROCEDÊNCIA DAS RAZÕES RECUR-
SAIS – INEXISTÊNCIA DE PROVAS A ATESTAR A
MATERIALIDADE DO DELITO NARRADO NA
EXORDIAL – PROVAS REPRODUZIDAS EM JUÍZO
INÁBEIS A DEMONSTRAR A HABITUALIDADE DA
CONDUTA IMPUTADA AOS ACUSADOS –
MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO DOS DENUNCIA-
DOS, COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 386, INCISO
VI, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL –
RECURSO IMPROVIDO.
“Absolvição. Existência de dúvidas acerca da
ocorrência dos fatos, tal como narrados na
denúncia. Necessidade de se concluir em favor do
réu que se impõe. Aplicação do princípio in dubio
pro reo. – “existindo dúvida acerca da ocorrência
dos fatos, tal como narrados na denúncia, é de
rigor a absolvição do acusado, uma vez que, nessa
hipótese, vigora o brocado in dubio pro reo". (RT
808/642).

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de


APELAÇÃO CRIMINAL sob nº 399.579-9, de Ponta Grossa – 2° Vara Criminal,
em que é apelante o MINISTÉRIO PÚBLICO, sendo apelados DOMINGOS
MARTINS DE GOUVEIA e ERONILDA FERREIRA DE GOUVEIA.
Apelação Criminal nº 399.579-9 2

RELATÓRIO

Trata-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público


contra Domingos Martins de Gouveia e Eronilda Ferreira de Gouveia, como
incursos nas sanções do artigo 229, combinado com o artigo 29, ambos do
Código Penal, estando descrito o fato delituoso na exordial da seguinte forma:

“No decorrer do ano de 2002, constatou-se que os


denunciados, de comum acordo e um aderindo livre e
consciente a conduta do outro, com intuito de lucro,
mantinham por conta própria e de forma habitual, no
endereço situado na Rua Maringá, n°975, Vila Izabel,
onde se encontrava instalado o Bar Nossa Senhora da
Aparecida, nesta cidade e comarca, uma casa de
prostituição com quartos destinados a encontros para
fins libidinosos, no caso, relações sexuais mediante
pagamento, verificando-se, ainda, que naquele período
os acusados facilitaram a prostituição das
adolescentes Rosana Santos de Quadros, Débora
Santos de Quadros que mercadejavam, junto com
outras mulheres, seus corpos naquele lupanar.”

Recebida a exordial em 17.09.2004 (fls. 114), seguiu o


processo seu trâmite regular. Ao final, a Julgadora monocrática proferiu sentença
(fls. 188/194), oportunidade em que julgou improcedente a denúncia, absolvendo
os acusados, com base no artigo 386, inciso VI, do Código Processo Penal, da
imputação ao delito previsto no artigo 229, do Código Penal.

Inconformado com o decisum, o Ministério Público


apelou a este Tribunal (fls. 196). Em suas razões recursais (fls. 197/202), aduziu,
em suma, existirem nos autos provas suficientes a demonstrar que os acusados
mantinham casa de prostituição, onde havia envolvimento de menores, motivo
pelo qual pugnou pela condenação dos réus, nos termos da exordial acusatória.

Contra-arrazoado o recurso (fls. 207/216), vieram os


autos a este Tribunal.

Nesta instância, a douta Procuradoria de Justiça


opinou pelo provimento do recurso (fls. 226/234).

É, na essência, o relatório.
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VOTO

O recurso merece ser conhecido e, no mérito, não


comporta provimento, mantendo-se, destarte, a absolvição dos recorridos,
conforme se verá a seguir:

Pretende o agente ministerial a condenação dos


acusados pela prática do delito de manutenção de casa de prostituição,
asseverando que, no local citado na denúncia, os recorridos mantinham uma casa
de prostituição onde havia envolvimento de menores.

Em que pesem as argumentações expendidas pelo


recorrente, da análise das provas colacionadas nos autos, verifica-se a
inexistência de provas seguras a amparar a pretensão acusatória, eis que
ausente a demonstração acerca da materialidade do delito em comento, conforme
explanado pela Julgadora singular.

Observa-se que a hipótese dos autos foi trazida à


análise jurisdicional após coleta de provas realizadas em sede de inquérito que
indicavam que adolescentes se prostituíam em estabelecimento mantido pelos
acusados.

Das provas coletadas na fase policial, verifica-se que


três adolescentes (netas da apelada), a mãe destas e uma testemunha,
afirmaram que a acusada explorava um bar de prostituição (fls. 17, 18, 79 e 92).
As demais pessoas que prestaram declarações não souberam, ou negaram, que
no estabelecimento ocorresse a exploração da prostituição.

Em âmbito jurisdicional, foram novamente ouvidas a


mãe das adolescentes supra referidas (fls. 139) e a Sra. Maria Elisabete de Melo
(fls. 161), as quais confirmaram a versão apresentada em sede policial, no sentido
de que a ré Eronilde mantinha casa de prostituição. Nesta mesma seara, os
denunciados voltaram a negar que as dependências do bar de propriedade de
Eronilde fossem destinadas à prática sexual.

Analisados referidos depoimentos, insta esclarecer


que, consoante disserta JÚLIO FABBRINI MIRABETE, in Código Penal
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Interpretado – 5ª ed, São Paulo: Atlas, 2004, p. 1905, importa no crime de casa de
prostituição “quem mantém, sustenta, conserva, provê a casa de prostituição ou
local destinado a encontros libidinosos. Trata-se, assim, de crime habitual e, para
alguns, de crime permanente, exigindo-se a repetição de atos de meretrício ou
libidinagem [...]”.

Das provas reproduzidas em juízo, percebe-se que não


foi possível a reconstrução dos fatos, de modo a tornar evidente a habitualidade
da prática proibida pelo artigo 229, do estatuto repressivo, eis que os
depoimentos da nora da acusada devem ser vistos com reservas, uma vez que foi
suscitado pela apelada um entrevero familiar entre elas, além disso, não se pode
fechar os olhos para as suspeitas de que a mãe daquelas menores as incentiva a
vender o corpo. No que se reporta ao depoimento da Sra. Elisabete Aparecida
Ferreira de Quadros, denota-se que ela apenas indicou, de forma indireta, que no
estabelecimento de propriedade de Eronilde havia cômodos próprios para a
prática da prostituição.

Com efeito, verifica-se ausente uma exposição


minuciosa dos fatos, eis que as testemunhas de acusação se restringiram a
afirmar que a acusada mantinha o bar, para fins de que mulheres e adolescentes
ali praticassem o comércio sexual, e que seria notório na região que o lugar era
utilizado para a prostituição de mulheres. Todavia, as fotos acostadas nos autos,
não foram hábeis a demonstrar a materialidade da conduta imputada aos
acusados. Ao contrário, verificou-se que os aposentos localizados junto ao bar
serviam para abrigar parentes, como esclarecido nos autos, inclusive crianças, eis
que se observa a existência de berço, brinquedos e camas de solteiro, não
transparecendo que seriam acomodações destinadas à prática da libidinagem.

Anote-se que, muito embora fosse perfeitamente


possível que os acusados mantivessem a conduta delituosa contra eles imputada,
sendo admissível que as pessoas que freqüentavam o bar praticassem a venda
de seus corpos, não se infere que os mínimos indícios colhidos sejam suficientes
para a responsabilização pela prática do delito de casa de prostituição.

A propósito:

“Absolvição. Existência de dúvidas acerca da


ocorrência dos fatos, tal como narrados na
denúncia. Necessidade de se concluir em favor do
réu que se impõe. Aplicação do princípio in dubio
pro reo. – “existindo dúvida acerca da ocorrência
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dos fatos, tal como narrados na denúncia, é de
rigor a absolvição do acusado, uma vez que, nessa
hipótese, vigora o brocado in dubio pro reo". (RT-
808/642).

Frustrada, destarte, a pretensão punitiva estatal, posto


que não demonstrada suficientemente a materialidade do delito previsto no artigo
229, do Código Penal, com a certeza exigível a embasar o decreto condenatório,
impõe-se sejam estes absolvidos, nos termos do artigo 386, inciso VI, do Código
de Processo Penal.

Voto em conclusão, no sentido do improvimento do


recurso de apelação, para manter a absolvição dos réus Domingos Martins de
Gouveia e Eronilda Ferreira de Gouveia, com fulcro no artigo 386, inciso VI, do
Código de Processo Penal.

DECISÃO

ACORDAM os membros integrantes da Quarta Câmara


Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos,
em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Desembargador Relator.

Participaram do julgamento, presidido pelo


Desembargador CARLOS HOFFMANN (sem voto), os Desembargadores
ANTONIO MARTELOZZO e LUIZ ZARPELON.

Curitiba, 06 de março de 2008.

RONALD J. MORO
DESEMBARGADOR RELATOR

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