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Entrevista

2007-02-04 - 00:00:00
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=229924&idselect=229&idCanal=229&p=200

Entrevista CM: António Câmara


Universidades têm de aprender com desporto
Natália Ferraz
António Câmara, professor da Universidade Nova e fundador da
Ydreams, empresa que esteve esta semana em foco na visita do
primeiro-ministro à China ao apresentar o jogo que tem como
protagonista Cristiano Ronaldo. Com o mercado global como
horizonte, este empresário e académico manifesta-se preocupado com
o mau ensino da língua portuguesa e com a falta de entendimento
entre as universidades e o mundo empresarial. Mas a vivência dos
Estados Unidos, onde estudou e se pós-doutorou, deu-lhe uma lição
fundamental: tudo é possível e mesmo uma pessoa normal pode ser
bem-sucedida.

Correio da Manhã – É um exemplo de como um professor universitário se pode transformar num


empresário bem sucedido. Uma união rara em Portugal. O que é que tem falhado na relação
entre as universidades e as empresas?

António Câmara – Acho que isso acontece por várias razões. Uma delas é porque a maior parte da
investigação feita em Portugal não tem nenhum interesse para o mundo empresarial. E isso acontece
porque a orientação dos professores universitários é publicar artigos nas revistas internacionais, que
são avaliados pelos seus pares. E todos os seus pares pensam da mesma forma. Há uma discrepância
enorme entre o que é o mundo académico e o empresarial. E não é porque não seja, em alguns casos,
investigação aplicada. É porque não é boa.

– O facto de ter estudado nos EUA ajudou-o a ter outra visão do mundo, nomeadamente a de
conciliar a academia com o mundo empresarial?

– Depois de termos estado nos EUA e vermos pessoas perfeitamente normais serem bem sucedidas,
nós achamos que tudo é possível. Em Portugal, ao contrário, há esta atitude depressiva e incrivelmente
exigente: esta atitude de que nada é possível.

– Então provavelmente não teria fundado a sua empresa tecnológica, a Ydreams, se não tivesse
estudado lá.

– É difícil responder mas provavelmente não. Ter estudado nos EUA teve uma influência enorme em
mim e também nos meus estudantes. Cerca de 30 pessoa da Ydreams estudaram lá. Há uma enorme
influência americana. E não só em termos de conhecimento científico e tecnológico mas também de
atitude perante o mundo.

– Mas foi em Portugal que criou a empresa. Deparou-se com constrangimentos, como o Código
Laboral?

– Nós não temos problemas. Mas acredito que outras indústrias os possam ter. A nossa dificuldade é
contratar boas pessoas. Esse é o nosso entrave, não é a legislação laboral. Se criarmos mais 50
empresas nos próximos anos e cada uma crescer até 100 empregados, vamos precisar contratar cinco
mil engenheiros e não vamos conseguir. E esse é o grande constrangimento.

– Outro dos problemas com que se debatem as empresas é o atraso nos pagamentos. Vocês têm
esse problema?

– Nós passámos quatro anos com esse problema. É uma experiência duríssima. Muito difícil mesmo,
pura e simplesmente devido a atrasos nos pagamentos. Essa é uma das razões fundamentais que nos
levou a ter outra estratégia. Em primeiro lugar, ir buscar investimento, depois criar produtos e ir para o
mercado global. Nós hoje estamos muito felizes a trabalhar no Reino Unido, que paga a 15 dias. Na
Holanda o pagamento é quase imediato. O prazo de pagamento é um dos problemas estruturais do
País.

– Daí a procura dos mercados externos, da globalização... vocês estão com uma série de
projectos internacionais, certo?

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