16/05/2005 - Legitimação e Objeto em ADIN e ADECON
Bom dia,
Tratarei, hoje, de uma inovação trazida pela Emenda Constitucional
nº 45/2004, no tocante aos legitimados para agir no controle abstrato perante o Supremo Tribunal Federal.
Antes, porém, uma resposta aos que indagam sobre um novo curso on-line de Direito Constitucional, de minha autoria, aqui no site.
Ministrei um único curso de Direito Constitucional aqui no site,
iniciado em 2004 e encerrado em 2005. Devido a outros compromissos anteriormente assumidos, só ministrarei um único curso on-line neste ano de 2005, no início do segundo semestre. Isso porque o primeiro curso foi um aprendizado e tanto e, a partir das indagações, dúvidas e sugestões dos alunos, certamente terei como aperfeiçoar, em muito, as aulas pretéritas, para a sua reapresentação no novo curso. Faz parte do aprendizado, dessa salutar troca de experiências entre professor e alunos...
Mas, para isso - e também para responder satisfatoriamente às
perguntas dos alunos, enviadas para o fórum de dúvidas, e para atualizar o que necessário for, em termos de orientações do STF e mudanças da legislação - é necessário tempo, muito tempo, o que, neste momento, me falta.
Portanto, em breve será divulgada a data de início e demais
condições para a realização do meu próximo – e único neste ano de 2005 – curso teórico on-line de Direito Constitucional.
Quanto ao curso on-line de exercícios de Direito Constitucional, bem,
isso é assunto para outra data (não tão próxima!), pois no momento não tenho tempo nem de pensar nessa hipótese... risos.
Vamos à questão dos legitimados para agir no controle em abstrato
perante o Supremo Tribunal Federal.
Sabe-se que a EC nº 45/2004 ampliou a legitimação para agir no
controle abstrato perante o Supremo Tribunal Federal, igualando os legitimados em ação declaratória de constitucionalidade aos legitimados em ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 103, I ao IX).
Atualmente, portanto, os mesmos legitimados perante o Supremo
Tribunal Federal podem propor todas as ações do controle abstrato: ação direta de inconstitucionalidade genérica, ação direta de inconstitucionalidade por omissão, ação declaratória de constitucionalidade e argüição de descumprimento de preceito fundamental.
Somente a ação direta de inconstitucionalidade interventiva –
também denominada “representação interventiva” - proposta perante o Supremo Tribunal Federal, para o fim de fiscalizar o procedimento interventivo da União em Estado ou no Distrito Federal (CF, art. 36, III) possui legitimação restrita, exclusiva do Procurador-Geral da República.
Porém, em sala de aula, muitos alunos têm confundido essa
ampliação da legitimação para agir na ação declaratória de constitucionalidade com a ampliação do objeto desta ação, isto é, têm entendido que, após a EC nº 45/2004, o objeto da ação declaratória de constitucionalidade passou a ser o mesmo da ação direta de inconstitucionalidade.
Entretanto, isso não aconteceu. O texto promulgado da EC nº
45/2004 não ampliou o objeto da ação declaratória de constitucionalidade, que continua sendo, tão-somente, leis e atos normativos federais (CF, art. 102, I, a).
Havia, de fato, essa intenção, mas o texto final aprovado não
contemplou essa ampliação. O objeto da ação declaratória continua sendo exatamente o mesmo: somente leis e atos normativos federais (ao contrário da ação direta de inconstitucionalidade, que admite leis e atos normativos federais, estaduais e do Distrito Federal, desde que expedidos no desempenho de atribuição estadual).
Note-se que, com a ampliação dos legitimados e a não-aprovação da
ampliação do objeto da ação declaratória de constitucionalidade, a mudança ficou meio “capenga”, pelo menos em relação a alguns dos legitimados. Afinal, difícil imaginar uma situação em que a Mesa da Assembléia Legislativa de um Estado-membro tenha interesse em requerer ao STF, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, a constitucionalidade de uma lei federal!
Mas, não vamos perder tempo com maiores elucubrações jurídicas, se
estamos pensando em concursos – e estamos! – o fato é que mudou, e mudou, tenha ou não sentido...
Finalmente, cabe esclarecer que, de agora em diante, o Supremo
Tribunal Federal exigirá de alguns legitimados – dos denominados “legitimados especiais” – a comprovação de pertinência temática para a propositura da ação declaratória de constitucionalidade.
Até a promulgação da EC nº 45/2004 não fazia sentido falar-se em
exigência de pertinência temática para a propositura da ação declaratória de constitucionalidade, pois todos os legitimados de então eram “legitimados universais”, em relação aos quais não se exige a comprovação de pertinência temática (os antigos legitimados em ação declaratória de constitucionalidade eram o Presidente da República, o Procurador-Geral da República, a Mesa da Câmara dos Deputados e a Mesa do Senado Federal).
Agora, com a ampliação dos legitimados, certamente o Supremo
Tribunal Federal exigirá dos legitimados especiais a comprovação de pertinência temática, também, para a propositura da ação declaratória de constitucionalidade.
Em síntese: os legitimados especiais - a Mesa de Assembléia
Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o Governador de Estado ou do Distrito Federal e a confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional – somente poderão requerer, em sede de ação declaratória de constitucionalidade perante o STF, a declaração da constitucionalidade de leis e atos normativos federais se comprovarem pertinência temática; se não comprovado o interesse na matéria disciplinada pela norma federal, a ação declaratória não será conhecida pelo Supremo Tribunal Federal.